Higino Barros
Ao lado de Edgar Vasques, Neltair Santiago Abreu, 66 anos, é considerado o cartunista mais completo do Rio Grande do Sul. Tem reconhecimento nacional, premiações no exterior e um numeroso público leitor regional que se reconhece, se identifica e se delicia com as histórias de seus personagens, todos marcadamente gaúchos. Pois Santiago lança terça-feira, 22, no Clube de Cultura, às 19h, o álbum de quadrinhos “A menina do Circo Tibúrcio e outros causos desenhados”.
É sua 17ª publicação em formato de álbum, bancado por ele e pela editora Libretos, que se caracteriza por publicar obras de autores gaúchos, num mercado globalizado e conflagrado pela crise econômica que assola o País. É Santiago que explica: “A edição do álbum, feita com rigor e paixão pela Clô Barcellos, está primorosa. Além do design, ela cuidou especialmente da impressão, dos tons das cores dos desenhos, já que são feitos com aquarelas. É uma tonalidade líquida e para funcionar tem que se respeitar a sua translucidez. E isso foi obtido”, assegura.
Hergé, a referência
Santiago tem como referência o belga Hergé, criador do personagem Tin Tin, para quem o desenho não pode brigar com a cor, o traçado que é importante e a cor é secundária. É a chamada linha clara belga, em que a cor mais insinua do que explicita. No seu desenho não há muita sombra e a linha é o mais importante. Santiago brinca: “procuro não perder a linha”.
O álbum que está sendo lançado é o segundo que tem como tema os “causos”, frutos de sua memória, de relatos, de experiências de vida e andanças. Os outros trazem cartuns e charges feitos ao longo de sua trajetória. Santiago conta que consultou diversos dicionários e em nenhum deles o termo “causos” é registrado.
“O corretor de palavras do computador, toda vez que escrevo causos troca para casos. Pois o que faço são causos desenhados. São histórias de apelo oral que têm outro sabor quando desenhadas. A maioria tem um componente de humor, mas há tragédia também. A partir dos 60 anos me permiti registrar fatos pessoais, na primeira pessoa. Deu boa repercussão e descobri um universo comum à muita gente”.
Histórias realistas
Santiago conta que no início de sua carreira tentou fazer histórias realistas, já que seu sonho era ser desenhista de histórias em quadrinhos. Quadrinizou um conto de Simões Lopes Neto. Inclusive no novo álbum essa história é publicada. “Eu tinha 20 e poucos anos e logo vi que não era a minha. Teria que saber mais de anatomia e percebi que no desenho de humor eu teria mais espaço”, relembra.
Nos últimos 30 anos, Santiago tem marcado sua presença na cena cultural do Estado, algumas vezes trabalhando em jornais da capital e publicações de entidades sindicais. Crítico ferrenho do golpe político praticado em 2016 e das mazelas nacionais em geral, deixou esses temas fora dos “causos”. Mas compensa isso, com histórias saborosas em que transbordam poesia, leveza e humanidade. Tudo que anda em falta no Brasil de hoje.
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Santiago lança novo álbum de “causos” desenhados
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