Para o Major Ney a pessoa deve observar as mãos e os olhos do suspeito Fotos: Naira Hofmeister/Jornal JÁ
Naira Hofmeister
Adaptar estratégias de defesa para a população nas ruas para o ambiente dos shoppings centers. Esse foi o desafio do Major Antônio Ney da Silva Júnior, comandante da 4ª Companhia do 9º Batalhão da Brigada Militar. Ele palestrou na manhã dessa terça-feira, 16 de maio, em reunião com lojistas e moradores no Shopping Total.
Depois de Iguatemi e Lindóia, no último sábado, dia 13, foi a vez do Bourbon Ipiranga sofrer ataque à mão armada de uma quadrilha interessada nas vitrines e caixas registradoras de joalherias e óticas. O fenômeno tem assustado comerciantes e clientes, que já não acreditam na segurança plena desses empreendimentos. “Nenhum lugar é 100% seguro”, sublinha o Major Ney.
O público ouviu com atenção as dicas de segurança, que podem ser resumidas em comportamento preventivo. O primeiro destaque foi desmistificar a crença de ladrão é um homem maltrapilho. “Grande parte dos assaltos são cometidos por pessoas de terno e gravata. O número de mulheres em ação também aumentou”, observa. Segundo o Major Ney, assim que detectar um suspeito – tanto na rua como num shopping – a pessoa deve observar as mãos, que em geral ficam dentro dos bolsos, e os olhos, pois “são o reflexo da alma” e denotam as reais intenções do indivíduo.
Ao se confirmarem características para um crime, o maior cuidado deve ser em relação ao espaço de uma possível ação do bandido. O representante da Brigada orienta para que se mantenha uma distância mínima de 20 metros do suspeito, mudando de direção continuamente e buscando ajuda de um profissional. “O ladrão precisa se aproximar para agir”.
Gritar também pode ser uma saída. Se lembrar, a vítima deve optar por chamar algum nome ou dar um aviso, ao invés de pedir socorro, o que afasta as pessoas, ao invés de aproximá-las. Se a perseguição acontecer dentro do shopping, a ajuda pode vir de um lojista ou mesmo da segurança do empreendimento.
O major também orientou para o comportamento nos estacionamentos. Ao perceber uma movimentação estranha, o proprietário deve passar reto pelo seu veículo para evitar ser reconhecido pelo assaltante. No trânsito, o princípio é o mesmo: jamais se deve parar o carro numa situação de risco, “nem mesmo se furar um pneu”, ressalta o comandante.
Se nenhuma ação evitar a abordagem, a dica é não reagir, entregar o que o ladrão pede e, principalmente, manter-se calmo. Se após o roubo os assaltantes quiserem levar a vítima para outro lugar, deve-se desconfiar, verificar a arma que o bandido porta – se for uma faca, não há problema em gritar e pedir ajuda. No caso de um revólver, cabe reavaliar a situação. “A melhor reação nesse caso é enfatizar para o bandido que não vai sair do lugar onde está, de jeito nenhum. Em geral, eles desistem pois não querem se expor”, diz o major.
Comunidade vigilante é estratégia preferencial
O comandante da 4a Cia do 9º BPM, Major Antônio Ney da Silva Júnior, diz que a saída para a insegurança está na cooperação entre sociedade e poder público: “Comunidade unida é violência diminuída”, ensina. O oficial cita o exemplo do programa Vizinhança Solidária, que consiste na vigilância da própria comunidade em seu entorno. “Este shopping é ideal para praticar essa técnica, pois as lojas são todas de vidro, o que facilita a observação constante do vizinho”, sugere.
O Major Ney destaca que não é preciso se preocupar com uma falsa suspeita, o que importa é manter o contato com a polícia. “Estaremos mais tranqüilos por responder um delito que não se confirma do que fazendo uma ocorrência onde a vítima disse que tinha suspeitado de alguém”. Além do aumento da vigilância, esse tipo de organização cria, segundo o oficial, uma resistência nos bandidos em atacarem determinados locais.
Para Beatriz França, proprietária de um café e membro do comitê de lojistas do Shopping Total, a dica é válida e de fácil aplicação. “O shopping está se antecipando à essa situação e assim, espanta o temor dos lojistas”, acredita.
Para o coordenador de segurança do empreendimento, Ilmar da Silva Carpes, essa atitude ajuda não só na vigilância, mas na preparação dos lojistas em caso de roubo: “Manter a calma é essencial para que acabe rápido e ninguém seja levado refém”, lembra. Carpes ainda salienta a ação dos seguranças particulares na área externa aos prédios, onde devem estar atentos a carros muito potentes, com vidros escuros e motorista aguardando.
A parceria entre a comunidade e o poder público, no entanto, não precisa acabar aí. No Shopping Total existe um projeto de aproximação que inclui almoço liberado para a Brigada, contribuições da administração na manutenção de viaturas e a doação de outros instrumentos, como o telefone celular que fica à disposição da comunidade para atendimento de emergência (número abaixo). “É essencial essa participação direta da comunidade com a Brigada, pois eles permanecem mais tempo próximos ao empreendimento”, defende Carpes.
Para o Major Ney, a ajuda é bem vinda, porém, ele destaca que “quem tem que suprir as necessidades logísticas é o Estado”, o que garante que o restante da comunidade não será prejudicada por ações pontuais. No entanto, frente ao aumento da marginalidade e queda nos quadros da brigada – no 9º BPM o déficit chega a 50% – o contato estreito com a sociedade pode incrementar o sucesso das ações.
Telefones do 9º Batalhão de Polícia Militar
Quartel General – 32883200
Patrulha Comunitária – 84364172
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