Elmar Bones
Em 13 anos, o número de moradores de rua quadruplicou na capital. São 1203 adultos perambulando pela cidade, conforme pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 29 de maio, pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). O último levantamento, realizado em 1995, apontava aproximadamente 300 pessoas nessa situação.
O novo estudo da Prefeitura, executado pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS, além de identificar os moradores de rua, mapeou os locais de maior incidência, revelou hábitos e o perfil socioeconômico dessa população.
“É um número elevado, mas está dentro da média nacional. Temos consciência da nossa responsabilidade e esse trabalho dará suporte aos programas sociais”, informa a presidente da Fasc, Brizabel Rocha. Para Brizabel, o resultado reflete a desagregação familiar. “A maioria dos entrevistados diz que está na rua por ruptura familiar, ou seja, maus tratos, desavenças, abandono, separação ou morte”.
O coordenador da pesquisa, professor Ivaldo Gehlen, concorda que o aumento não é exorbitante. “A capital é atrativa para todos. Não tem relação com êxodo rural, mas com a instalação de instituições públicas no centro da cidade”. O sociólogo reforça a necessidade de programas específicos e dá como exemplo a capital mineira, que foi pioneira em assistência aos sem-teto e hoje registra 900 pessoas em situação de rua, num universo de 2,5 milhões de habitantes – Porto Alegre tem cerca de 1,5 milhão.
Panorama
De acordo com o estudo, as atividades dos moradores de rua tendem a se concentrar em autônomas e de pouca estabilidade, como catar materiais recicláveis (22.9%), guardar e lavar carros (12,3%) e pedir (15%).
Quanto aos motivos de ida para as ruas, a grande maioria dos entrevistados (41,1%) atribui rupturas familiares – por maus tratos, desavenças, rejeições, falta de apoio, ameaças, abandono, por separação ou morte. Incluindo nesse tipo de justificativa problemas com bebidas alcoólicas, drogas ou tráfico na família, o percentual seria acrescido de 3,2%, chegando a um total de 44,3%.
A segunda razão mais referida, com um total de 22,8%, é a carência de condições materiais e financeiras, notadamente relativas ao desemprego e à busca de trabalho ou de alguma forma de renda ou auxílio (16,3%), seguida da perda da moradia (6,5%). Consumo de álcool, drogas ou fumo por parte do entrevistado aparece em terceiro lugar, com 12,1% das razões citadas.
A pesquisa faz parte de um estudo amplo, dividido em cinco segmentos. Além dos adultos em situação de rua, o trabalho irá identificar as crianças que moram na rua, a população indígena, afrodescendente e quilombola.
Dados:
– Metade dos moradores de rua foi encontrada em três bairros: Centro (23%); Floresta (15,9%) e Menino Deus (11,7);
– Mais da metade nasceu em Porto Alegre;
– Mais de 70% têm idade de até 44 anos;
– A maioria passa do dia sozinho;
– 11,6% estão nessa situação há menos de um ano;
– Quase a metade possui o ensino fundamental incompleto;
– 60% dessa população dorme cotidianamente em lugares considerados de risco e improvisados, enquanto 35,8% dormem em abrigos e albergues municipais ou conveniados com a prefeitura;
– 34,6% dizem receber doações em residências, restaurantes ou nas ruas;
– Um terço (29,1%) tem ganho mensal de até meio salário mínimo.
Programas
A Fasc apresentou uma lista de medidas que pretende desenvolver até o final do ano:
– Inclusão das pessoas em situação de rua no Cadastro Único de Assistência Social, para que possam ter acesso ao Programa Bolsa Família.
– Desenvolvimento do Programa de Reinserção na Atividade Produtiva.
– Construção do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Crea) na região Centro de Porto Alegre.
– Ampliação do serviço ao migrante no Módulo Centro de Assistência Social
– Implantação do Sistema Único de Assistência Social, que prevê a instalação de cinco Creas nas regiões Centro, Glória, Leste e Lomba do Pinheiro para o segundo semestre de 2008 e na região Sul, em 2009, que farão abordagem e acompanhamento de pessoas adultas e crianças em situação de vulnerabilidade social
– Inserção ao trabalho por meio de Centros de Inclusão Produtiva, propostos inicialmente na região Leste e outro na região Glória.
– Adequação de espaços da Casa de Convivência, que faz o Serviço Social de Rua, na região Centro.
-Reforma do Albergue Municipal e da Casa de Convivência II. – Aquisição de bens de consumo para o Albergue Municipal e demais abrigos da população adulta
– Ampliação dos serviços do Programa de Saúde da Família Sem Domicílio na região Centro.
– Ampliação da equipe de redução de danos da Secretaria Municipal de Saúde que atua no Centro, nos espaços dos abrigos e albergues.
Estes numeros não valem a realidade, pois nos últimos 3 anos a população excluida de rua em Poa-RS, duplicou, isso está aos nosso olhos, é a miséria humana disfarçada, e a FASC e o governo do Estado sabem disso, e dinheiro tem chegado aos cofres públicos,mas não são colocados /distribuidos corretamente, a qt. do ProJovem é mais um exemplo,de disfarce, e até hoje não explicada…
E o que dizer da questão da Saúde em Poa-RS é mais um exemplo, e não é a qt. de passar esta triste realidade para o novo prefeito, isso é secular,violento e estremamente de mau caráter da elite politica local.
Atte.