Semana de negociações no PP

Naira Hofmeister
A segunda-feira foi marcada por gestos de cordialidade entre os principais envolvidos na crise gerada depois da reprovação do pacote de Yeda Crusius, na Assembléia Legislativa, na última quarta-feira, 14 de novembro.
Em declarações oficias, enviadas através das respectivas assessorias de imprensa, o Secretário da Fazenda, Aod Cunha, e o presidente estadual do PP, Jerônimo Goergen, manifestaram disposição para o diálogo “acima de vaidades pessoais”, pois superar o déficit seria um problema de todos os gaúchos. Yeda Crusius também abrandou o discurso de cortar repasses aos demais poderes para “dividir o ônus com o 13º salário”. Ministério Público e Tribunal de Justiça ameaçaram mover ações contra o poder executivo, caso a medida fosse levada em conta. A partir da quarta-feira, Yeda tem intensa agenda de negociação com os outros poderes. “Vamos ver até que ponto este conjunto orçamentário representa e viabiliza a todos”.
Apesar do discurso conciliatório, a governadora fez um alerta, pois segue sem recursos definidos para pagar o 13º salário do funcionalismo. “Não se pode cortar em segurança, em saúde e em educação. Se pode fazer melhor com o que se tem, mas eu não tenho dúvidas de que para manter o que é básico, nós vamos ter que cortar em outras fontes”.
A hipótese de um empréstimo do Banrisul não foi totalmente descartada pela fazenda estadual, porém, a governadora observou que não sabe “de onde sairá o pagamento dos juros em um orçamento que já tem previsto R$ 1,3 bilhão de déficit”. Yeda segue acreditando que a União repassará verbas provenientes da federalização das estradas, que seriam aplicadas no pagamento do 13º.
Durante a tarde, Aod Cunha concedeu entrevista coletiva na Secretaria da Fazenda, onde avaliou como frustrante o resultado da votação na Assembléia, que derrotou a proposta do governo para tentar equilibrar as finanças públicas. “Foi negada a opção apresentada pelo governo para ampliar a receita e conter o aumento de despesas previsto na Lei de Responsabilidade Estadual”, atacou.
Sem o Plano de Recuperação do Estado para garantir sustentação mínima ao orçamento, o secretário da Fazenda aposta suas fichas numa redução de investimentos ainda mais drástica que a aplicada em 2007. No último ano do governo Germano Rigotto, o percentual não superou os 4% do orçamento, taxa que a atual governadora reduziu para 2%. “Vamos baixar o investimento em 200 milhões”, anunciou Aod Cunha.
A manutenção do Simples Nacional – que o governo propunha ser substituído pelo estadual, medida que isentaria a cobrança de impostos de pequenas e microempresas – vai garantir uma soma de R$ 200 milhões. Os cortes no pagamento de créditos presumidos, que estavam previstos em R$ 60 milhões, dobraram de valor e na dívida dos precatórios – que deveria ser reduzida com os repasses de um fundo no valor de R$ 300 milhões ao ano – não tem mais verbas previstas para seu pagamento.
Apesar da crítica, Aod garantiu que o compromisso maior da gestão Yeda Crusius continua sendo reduzir o déficit estadual. “O gasto com custeio foi reduzido em 30%, o combate à sonegação foi intensificado. E fizemos a maior operação de colocação de ações de um banco, público ou privado, da história da América Latina”, observou.
Pedro Américo Leal: “O PP virou um saco de gatos”
Pouco mais de duas horas antes da reunião da executiva estadual que fecharia questão sobre a permanência ou não do PP na base aliada, os progressistas desmarcaram o compromisso. O presidente estadual do partido, Jerônimo Goergen, afirmou que a decisão foi tomada depois das declarações da governadora Yeda Crusius de que “esse é um momento de calma e prudência”.
“Yeda não falou nada concretamente sobre se deseja ou não a manutenção do PP no seu governo, mas entendemos a importância da presença do PP no esforço coletivo para encontrar saídas que possibilitem a recuperação das finanças do Estado”, observou.
Ex-presidente estadual da sigla e um dos diretores do Banco Regional de Desenvolvimento Econômico (BRDE), Francisco Turra pediu mais transparência na condução do partido pelo atual líder estadual. As declarações irritaram um terceiro progressista tradicional no Estado, Pedro Américo Leal, pai da atual secretária de Cultura, Mônica Leal, única integrante do PP que não colocou o cargo à disposição depois da derrota na Assembléia.
“Não sei em quem acreditar. O PP virou um saco de gatos, um salve-se quem puder”, desabafou Pedro Américo Leal, logo após chegar de Torres, na tarde de ontem. Segundo Leal, o partido encontra-se atualmente numa encruzilhada. Pedro Américo leal disse que tem se mantido afastado da política para ceder lugar à filha, mas que diante da situação, se viu obrigado a estudar os casos. “Permaneço numa expectativa armada”, esbravejou.
Secretários de Estado se manifestam em solenidade
Ainda na manhã dessa segunda-feira, a assinatura de um convênio para reforma dos telhados do ginásio do Instituto de Educação Gal. Flores da Cunha, em Porto Alegre, transformou-se num ato político em defesa da governadora Yeda Crusius.
Com as presenças da secretária de Educação Mariza Abreu e do titular da pasta de Obras Públicas, Coffy Rodrigues defenderam a “coragem da governadora em relatar a verdade para os gaúchos”.
“A situação de abandono vivida pelo IE nada mais é do que o reflexo de 30 anos de crise fiscal, que diminuem as possibilidades de investimentos públicos na educação”, atacou Mariza Abreu.
Coffy Ridrigues foi irônico ao garantir que o governo estadual vai colocar seus técnicos à disposição da escola para viabilizar as reformas. “Vamos buscar os recursos no governo federal, pois lá eles têm dinheiro, que veio com a aprovação da CPMF”.
A presença mais esperada na solenidade era a da secretária da Cultura, Mônica Leal, que chegou a ser anunciada pelo cerimonial, mas não compareceu nem deu explicações da sua ausência.

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