Tríplice aliança contra as fraudes no leite

Os três Estados do Sul do Brasil formalizaram nesta terça-feira (2/9) na Expointer um inédito pacto sanitário em defesa da imagem de qualidade do leite, comprometida por fraudes no transporte do produto dos sítios para as indústrias lácteas.
A cúpula da agropecuária sulina perfilou-se no auditório do Parque Assis Brasil diante de três de dezenas de jornalistas sedentos por leite bom, “livre de porcarias adicionadas no caminho”, como disse o secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, natural de Frederico Westphalen, RS.
O secretário da Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, que fez mestrado na Nova Zelândia e doutorado na Austrália, países que lideram a exportação mundial de lácteos, disse que o Brasil tem melhores condições naturais do que esses países de assumir uma posição de liderança no mercado internacional.
Basta que cuide da sanidade do rebanho leiteiro e zele pela qualidade do transporte até as indústrias de laticínios. Esses são os objetivos imediatos da Aliança Láctea Sul Brasileira para eliminar a desconfiança reinante no mercado consumidor de leite. “Formamos no Sul um bloco técnico-político-econômico para liquidar esse crise para sempre”, disse aos repórteres o secretário da Agricultura do RS, Claudio Fioreze.
Por conta de “adulterações bizarras” com “substâncias hediondas” como formol, ureia, água oxigenada e soda cáustica, sete pessoas já estão cumprindo penas que variam de dois a 18 anos de reclusão. Mais de 40 caminhões foram apreendidos e três indústrias obrigadas a fechar por falta de matéria-prima.
Outras condenações estão a caminho. As fraudes foram investigadas pelo Ministério Público Federal, a partir de denúncias do Ministério da Agricultura, que “cansou de combater sozinho”, como disse Roberto Schroeder, representante do MAPA no RS.
Envolvendo 300 mil propriedades rurais, a maior parte de pequenas ou médias dimensões e tocadas por famílias, a cadeia produtiva do leite é a mais extensa do Sul do Brasil, superando a de calçados, têxteis e a construção civil como geradora de empregos. Em vias de superar o Sudeste, o Sul produz atualmente 11 bilhões de litros de leite por ano (o mesmo volume da Argentina) e projeta chegar a 19 bilhões em 2020, quando o Brasil estará produzindo 45 bilhões de litros por ano.

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