Higino Barros
“A bichice nas ruas, sem vergonha de ser feliz”. Esse foi o título, politicamente incorreto nos tempos de hoje, de matéria publicada no Jornal JÁ, em 2004. Assinado pelo repórter Renan Antunes de Oliveira, o texto conta que no ensolarado domingo de 4 de julho, uma raridade no inverno da capital gaúcha, se comemorava, em grande estilo, sete anos de existência da Parada Livre.
Público estimado em cem mil pessoas, pela Brigada Militar, o que se leva a crer que pode ter sido bem mais e um clima de celebração absoluta. Na primeira edição da parada, em 1997, foram cerca de 150 pessoas, segundo o registro do grupo Nuances, criador do evento.
“O dia bonito desentocou bichas, sapas, gogoboys e bofes. O desfile engrossou com famílias inteiras que passeavam no Brique, agregou ONGs de todas as vertentes, inclusive sindicatos. Candidatos pegaram carona para panfletagem”, conta a matéria. Trilha sonora preferida dos dez carros de som que desfilaram: “I will survive”, com Gloria Gaynor, “hino oficial da bichice”, informa o repórter.
Percepção imediata
Foram duas horas de desfile no total. Poucas, comparadas ao tempo do desfile atual. O evento de agora, realizado em palco fixo na Redenção, teve público de 30 mil pessoas, segundo cálculo dos organizadores e da Brigada Militar. Agora não houve patrocínio público, ao contrário do evento de 2004, quando a Secretaria da Saúde e o Ministério da Saúde colocavam dinheiro nos desfiles, em troca de publicidade para suas campanhas de educação sexual.
Entre os 20 anos que separam a primeira Parada Livre de Porto Alegre, em 1997, aos tempos de hoje, há uma percepção imediata de quem se debruça sobre as conquistas do movimento gay na sociedade contemporânea. Houve um avanço na questão do comportamento e da sexualidade. O desfile, onde quer que seja realizado, é a prova cabal, visível e irreversível disso.
O fotógrafo Ricardo Stricher esteve na Parada Gay do dia 19 de novembro, domingo passado. Através de seu visão, temos as imagens de um pouco do que aconteceu no Parque da Redenção.
Bom olhar.

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