Na reta final Sartori se compromete com a continuidade.
Tenta assumir uma bandeira que o governo não soube defender adequadamente
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Chega-se ao fim de uma campanha em que a crise das finanças públicas do Rio Grande do Sul esteve no centro dos debates.
Lamentavelmente, o aspecto mais importante desta crise ficou de lado nas discussões, mais uma vez.
Me refiro à falta de continuidade que tem marcado a administração pública no Rio Grande do Sul.
Há pesquisadores que detectam raízes históricas nesse comportamento eleitoral dos gaúchos. Não precisa ir a tanto.
Fiquemos no período recente, a partir de 1982, quando voltaram as eleições diretas para os governos estaduais.
Já foram eleitos oito governadores desde então. Nenhum conseguiu fazer o sucessor ou reeleger-se.
“Hay gobierno, soy contra!”.
Mesmo que haja algum atavismo nesse comportamento eleitoral dos gaúchos, é facil perceber que o cofre raspado é o que derruba os governos, um a um.
O ex- secretário da Fazenda, Jorge Babot Miranda, previu isso, lá em 1977.
Ele foi o primeiro a alertar que o governo do Rio Grande do Sul vinha há muito tempo cobrindo déficits continuados com empréstimos e isso estava levando a um endividamento insustentável.
Nesse caminho, advertiu, o Estado se tornaria “ingovernável”.
Desde então discute-se o déficit e a dívida e não se discute o que alimenta o déficit e a dívida.
Os governos se sucedem recomeçando quase do zero, lançando mão de expedientes – empréstimos, venda de ativos, depósitos judiciais – e chegam à próxima eleição numa situação ainda pior.
Na Secretaria da Fazenda, os antigos funcionários conhecem bem o ritual: cada novo governo leva dois anos para arrumar a casa e tomar pé na situação que encontra.
No terceiro ano, encaminha alguns projetos e prepara algumas obras… aí vem o quarto ano, o ano da eleição, do qual só lhe restam quatro meses para fazer alguma coisa…
As políticas de longo prazo, indispensáveis para alcançar a raiz do desequilíbrio, não se efetivam. A descontinuidade dos programas só piora a situação.
É lamentável, mas compreensível que o tema – a falta de continuidade – não emplaque no debate eleitoral.
No momento, só quem tem interesse nisso é o atual governador, candidato à reeleição.
E nesse ponto, ele e seu partido falharam: não quiseram levantar essa discussão antes da eleição e, na campanha, não souberam explorar o tema.
A parceria de Tarso e Dilma foi bem enfatizada, como justificativa pela reeleição.
Mas a continuidade de projetos de longo prazo não foi bem defendida. Os programas de irrigação seriam um belo exemplo…
Ironicamente, na reta final, quem levanta a bandeira da continuidade é Sartori. Seu programa no horario eleitoral nestes últimos dias, dá ênfase ao compromisso de dar continuidade às obras iniciadas por Tarso. Até um jingle foi criado.
Uma bandeira de Tarso na mão de Sartori
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