Uma revista de turismo, uma história de resistência

GERALDO  HASSE
Iniciava-se o governo Sinval Guazzelli quando o secretário de Turismo, Roberto Eduardo Xavier, sugeriu a alguns amigos jornalistas a criação de um veículo capaz de integrar arte, lazer e turismo.
Nasceu assim em 1975 em formato pequeno (14 x 20 cm) a revista Programa, criada pela editora Intermédio, que produzia jornais para empresas, sob a liderança de Políbio Braga em sociedade com Ana Amélia Lemos e Isnar Ruas.
Por sua origem e natureza, Programa sempre foi uma publicação “chapa branca”, que circulava sob a chancela oficial mas explorava também filões alternativos no amplo espaço aberto para o jornalismo, a arte, a cultura, o lazer e o turismo, que abria os caminhos, como uma espécie de síntese de tudo.
O mercado de publicações institucionais era disputado por outros grupos profissionais, inclusive pela Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (Coojornal), que tinha entre sua dúzia de clientes o poderoso Sindicato dos Bancários dirigido por Olivio Dutra, futuro prefeito da capital e governador do Estado.
Nos seus melhores anos, a revista Programa saiu com 120 páginas e teve tiragens de 15 mil exemplares por mês. “Cansei de viajar ao interior para fazer reportagens”, recorda Ayres Cerutti, um dos mais antigos colaboradores de Programa e seu atual diretor-mantenedor.
Ele assumiu a revista há cerca de 15 anos, quando Políbio Braga anunciou a disposição de fechá-la, caso não encontrasse alguém disposto a mantê-la em circulação.
Mesmo tendo de encarar um passivo trabalhista, Cerutti assumiu o que ainda parecia um negócio de futuro. A sede ainda funcionava num conjunto de salas da Galeria Chaves, um dos grandes pontos da Rua das Andradas, no centro da capital.
Entre seus anunciantes, a revista Programa tinha muitos restaurantes e boates da Avenida Farrapos e adjacências. Por circular principalmente em redutos da gastronomia e da boemia, ficou conhecida como a pequena notável da noite portoalegrense.
De fácil manuseio, era útil e charmosa, impressa em cores em papel couché. Não tinha similar nem concorrente. Não era molestada nem pelo Jornal da Noite, tablóide editado em papel de imprensa pelo jornalista Danilo Ucha, colunista de Zero Hora e do Jornal do Comércio.
O declínio começou de forma imperceptível, afirma Cerutti, sem precisar o ano em que o problema apareceu. No início, a perda de um ou dois anunciantes parecia normal, mas na sequência ocorria outra defecção e, assim, aos poucos, se tornou impossível reverter a retração mais ou menos generalizada dos clientes.
Desde quando vem esse processo? Difícil precisar, mas não há dúvida de que o fenômeno se precipitou no atual governo gaúcho.
Olhando retrospectivamente, não há dúvida de que a queda da revista acompanha a crise dos veículos impressos provocada pela ascensão da mídia digital, que se intensificou nos últimos dez anos. Nesse tempo, o editor da revista foi enxugando os custos operacionais, culminando com a transferência da redação da Galeria Chaves para sua casa na Avenida Duque de Caxias.
No seu estágio atual, que pode ser definido como o mais crítico de sua história de 43 anos, a revista encolheu a ponto de abandonar a periodicidade mensal. Na realidade, Cerutti está testando um novo formato (pôster dobrável, sem grampo na dobra de página) que favorece a edição de mapas de bairros centrais de Porto Alegre. Desde que obtenha 12 anunciantes que cubram o custo da gráfica, Programa circula e vai em frente com a periodicidade “eventual” que caracteriza tantos veículos antes mensais.  Enquanto isso, o editor trabalha para fortalecer o site www.programa.com.br.

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