As perdas de água das capitais brasileiras nas áreas urbanas irregulares dariam para abastecer 2,7 milhões de pessoas durante um ano. Somam 1,7 bilhão de metros cúbicos.
A conclusão é da pesquisa “Perdas de água nas capitais do Brasil – Um olhar sobre as áreas irregulares”, divulgada pela ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) na dia 22, durante a Semana da Água.
O IBGE contou, no Censo 2010, cerca de 50 milhões de pessoas vivendo nas 27 capitais, que concentram mais de 3 mil aglomerados subnormais, ou áreas irregulares. É mais da metade (54%) destes aglomerados no país.
Em geral são ocupações ilegais, fora dos padrões vigentes de urbanização ou em condições precárias com relação aos serviços públicos essenciais, que é um dos elementos mais significativos para se caracterizar a vulnerabilidade social.
Nessas regiões, há mais de 2 milhões de domicílios onde vivem aproximadamente 7 milhões de pessoas. Em Porto Alegre, contaram-se 192.843 habitantes em 56.024 dessas moradias precárias.
Depois de Campo Grande (MS), a capital dos gaúchos é a que menos perde água por habitante nesses aglomerados: 17,8 de metros cúbicos per capita ao ano, somando 26,2 milhões de metros cúbicos.
Nesta apuração, a campeã de desperdício é Cuiabá (MT), onde só um terço da água disponibilizada nos aglomerados é utilizada – uma perda de 103 metros cúbicos por habitante anualmente.
Quando medem as perdas de águas conhecidas como de “uso social”, os consumos não faturados, os pesquisados encontram 728 milhões de m³ por ano no país. Aí Campo Grande (MS) e Salvador (BA) estão no topo da lista (112,5 m³/habitante/ano0. Porto Alegre fica na 6a posição, com perdas de 104,6 m³/habitante/ano.
Com abastecimento regularizado, a ABES estima que, ao recuperar 20 m³ por moradia ao mês, já seria possível evitar a perda de 485,5 milhões de m³ ao ano, o equivalente a 27% de todo o volume perdido nas 27 capitais.
Porto Alegre, por exemplo, recuperaria mais da metade do que perde a cada ano (51%), assim como Salvador (52%). Em Belém (PA), a recuperação seria quase total: 97%!
A conclusão da pesquisa é que, se os “aglomerados subnormais” n as capitais tivessem regularizado o abastecimento em uso social, seria possível recuperar aproximadamente 27% de todo o volume perdido nas capitais, volume suficiente para abastecer 2,7 milhões de pessoas durante 1 ano.
Além dos óbvios benefícios que essa economia de água representa ao meio ambiente, a regularização tem impactos bastante significativos à saúde pública: segundo a Organização Mundial da Saúde, em seu recente estudo intitulado “Don’t pollute my future” (em tradução livre, “Não polua meu futuro”), intervenções que melhoraram o acesso à água potável efetivamente reduziram a morbidade por diarreia em crianças em 45%.
Ocupação Sete de Setembro, na Zona Norte de Porto Alegre, em 2013 / Foto Ramiro Furquim/Sul21/JÁ
Urbanização reduz perda de água e faz bem à saúde, mostra pesquisa da ABES
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