Veja sintetiza o passo-a-passo do mau jornalismo

A capa da Veja, antecipada para sexta-feira nesta semana, é o desfecho de uma estratégia previsível desde o dia 8 de outubro quando Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras, começou a dar seus depoimentos, primeiro à Polícia Federal, em delação premiada, depois à Justiça Federal do Paraná.
Costa homologou seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal no dia 30 de setembro.
Em sua edição datada de 30 de setembro ( impressa no sábado anterior, 27 de agosto) a revista Veja já antecipava as linhas gerais das denúncias que Costa vinha fazendo, em longos depoimentos sigilosos à PF, visando o acordo de delação.
“Paulo Roberto Costa começa a revelar nomes dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras”
“Sergio Cabral, Roseana Sarney, Eduardo Campos, Renan Calheiros e Edison Lobão estão entre os citados nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras”
“Dinheiro sustentava a base aliada do PT no Congresso”.
A revista não dava a fonte de suas informações “que podem jogar o governo no centro de um escândalo de corrupção de proporções semelhantes às do mensalão”.
O assunto foi manchete em todos os jornais nos dias seguintes à publicação, dando a Veja como fonte das informações.
Na quarta-feira, 8, Costa começou a ser ouvido também pela Justiça Federal, falando por duas horas em seu primeiro depoimento.
Minutos depois de encerrado o depoimento, às 18h51 o Estadão publicava em seu site: “Ex-diretor da Petrobrás diz que pagou propina ao PT, PMDB e PP”.
Às 19h26 a Folha de S. Paulo postava: “Esquema da Petrobrás irrigou campanha do PT, PMDB e PP”.  Aí já aparecia uma fonte:o advogado Haroldo Nater, que defende um dos implicados no processo,como laranja do doleiro Yousseff.
Às 20h31, foi a vez do site de O Globo: “Dinheiro desviado da Petrobrás foi para a Campanha de Dilma” (na atualização às 21h07 mudou: “Dinheiro desviado da Petrobrás foi para a campanha de 2010”).
Aí a fonte é o advogado de Roberto Costa, Antonio Figueredo Bastos, que acompanhou a audiência e após “falou à imprensa”.
Não deu nomes, apenas disse que “são agentes políticos os mandantes”. Não cita também os partidos: “O advogado apenas afirmou que um deles concorre ao segundo turno da eleição presidencial”.
No dia, seguinte nas edições impressas as manchetes são praticamente iguais em todos os jornais.
Desde então, os colunistas, analistas e comentaristas tem alimentado a tese de que o “petrolão” é o mensalão da Dilma.
Agora, a 48 horas da eleição a Veja vem com uma nova capa, dizendo que Lula e Dilma sabiam de tudo o que se passou na Petrobrás.
Desta vez, porém, a Veja deu um  passo em falso. Atribui a informação ao doleiro  Alberto Yousseff, que prestou depoimento à Justiça na terça-feira.
O advogado de Yousseff, desta vez, negou as declarações envolvendo o ex-presidente e a candidata à reeleição, embora confirme o depoimento de seu cliente.
Dilma foi à televisão acusar a Veja de terrorismo eleitoral e disse que vai à  Justiça para processar a revista.
A imprensa, em todo caso, repercute acriticamente a matéria.
É clara a estratégia de usar as denúncias da Petrobrás para desgastar a candidatura Dilma. Até agora não tem dado certo, as pesquisas mostram Dilma aumentando a vantagem às vésperas do pleito.
E com essa “bala de prata” enferrujada da Veja, o quadro tende a não se alterar, até porque a credibilidade da Veja anda no chão.
Se Dilma for reeleita como indicam a pesquisas e se pode sentir nas ruas, mais uma vez, as grandes derrotadas serão as corporações de mídia –  Rede Globo e seus apêndices e afiliados, mais a Folha de S. Paulo e o Estadão, que junto com a Veja formaram um maciço bloco de oposição ao governo Dilma.

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