Viajando bem, sem sair do lugar


A kombi de Paulo fica na na esquina da rua Augusto Pestana com Venâncio Aires
Nada como criatividade para fazer business nestes tempos bicudos. O faz-tudo Paulo Gilberto, de 56 anos, reinventou o marketing para ganhar dinheiro no ramo de pequenos consertos domésticos – ele desentope ralos, instala chuveiros, coloca azulejos e troca lâmpadas no Bom Fim e arredores.
O diferencial dele é uma Kombi 91 branca, eficiente chamariz de cientes. O veiculo está estacionado há três anos na esquina da rua Augusto Pestana com Venâncio Aires, bem na frente do HPS – é um enorme cartaz de exibição gratuita.
“Eu não tinha pensado nisto”, conta Paulo, dando o segredo de seu bem-sucedido ponto comercial. “Ai, um dia, quando estacionei para fazer um conserto na vizinhança, alguém passou e botou um cartão no párabrisa pedindo outro”.
Paulo lembra que saiu pra fazer o segundo serviço e quando voltou havia mais dois cartões: “Desde então nunca mais sai daqui”.
A Kombi está com os documentos em dia, para evitar que seja multada e recolhida pelos azulzinhos. O lixo da rua se concentra em baixo dela, mas a lataria está sempre bem lavada pela chuva.
Paulo passa as horas de folga no interior da Kombi, onde estão várias revistas velhas e um rádio de pilha. Não, ele não dorme ali dentro – mora no Jardim Lindóia, com a mulher e dois filhos. Nos dias frios, sim, dá pra puxar uma soneca entre um biscate e outro.
Já foi roubado duas vezes: levaram as ferramentas. Mas ele continua confiando na raça humana e deixando lá dentro o material, porque seria muito complicado pegar dois ônibus pra casa carregando toda tralha.
O negócio rende quase 1.500 por mês, limpos. Nada de burocracia com a prefeitura, nem imposto, nem IPTU, nem aluguel. Seu capital investido é a carcaça da Kombi. No estado, ela vale uns 4 mil. (R.A.O.)

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