Vice-presidente do PT gaúcho defende Celso Amorim na chapa de Lula

Vice presidente do PT no Rio Grande do Sul, o deputado Tarcísio Zimmermann trabalha internamente pela indicação do ex-chanceler Celso Amorim como vice na chapa de Lula à presidência.
Ele cita sua própria experiência para argumentar que esse é o melhor caminho diante do risco que o partido enfrenta, de ter o seu candidato impugnado na eleição.
“Eu fui candidato a prefeito em Novo Hamburgo em 2012 e fui cassado pela Lei da Ficha Limpa. Mas mesmo cassado eu ganhei a eleição. Eu pude ir até o fim porque eu não tinha uma sentença do TSE. Depois da eleição veio a sentença, a eleição foi anulada. Foi marcada uma nova eleição em março e a gente não tinha um candidato com expressão na cidade. O que eu fiz? Disse no primeiro dia: “Se eu não puder ser,  vai ser o meu vice”. Então eu tirei qualquer dúvida sobre a sequência. E nós ganhamos a eleição mais fácil do que quando eu fui candidato: ganhamos com dez mil votos mais a segunda eleição com um cara sem experiência, com meu vice, que era bem inexperiente”.
Segundo Zimmermann, isso é que Lula deve fazer. Anunciar o vice e deixar claro que se ele. Lula, for impugnado, o candidato é o vice. Segundo ele, o nome mais adequado para o momento é o de Celso Amorim.
“Nós estamos com dificuldade de identificar um nome que tenha uma certa estatura, envergadura, que não seja imediatamente pulverizado por outra denúncia da Lava Jato, entende? Eu sou dos que gostariam muito de ver o chanceler Celso Amorim. Eu acho que ali nós teríamos uma ancoragem sólida. Não é um cara que tem empatia popular, porque ninguém tem, mas que tem uma estatura internacional reconhecida, tem uma estatura intelectual reconhecida, tem uma estatura ética inquestionável”
Sobre esse tema, o deputado deu a seguinte entrevista ao JÁ:
Qual é a situação no PT hoje?
-Levando em conta o ataque que nós estamos sofrendo, acho que há um ambiente de muito ânimo. Acho que a hipótese dos adversários era de que a essa altura a gente estivesse com a língua de fora. Eu não sou do tipo desesperado. Acho que tem graves desafios colocados pela frente, mas nada que a gente não possa superar, se tiver sabedoria, nada que a gente não possa enfrentar, ira pra luta.
E a perspectiva eleitoral?
– Nós recebemos aqui no Estado uma pesquisa feita em abril pelo Vox Populi, 1500 entrevistas. Aparece o Lula com 25%, o Bolsonaro com 15%, a Manuela com 3%, o Ciro com 8%. O Lula está um pouco abaixo porque ele perde um pouco de votos pro Ciro e pra Manuela. Para o Senado, os dois senadores atuais lideram, com 24%, tanto a Ana Amélia quanto o Paulo Paim. Terceiro o Beto Albuquerque, do PSB, com 7%, 8%, dependendo do cenário. E os outros muito baixos. Para o governo do Estado foi a nossa maior surpresa: o Rossetto tá em primeiro lugar, com 12%, quando a gente não esperava que ele pudesse romper a margem dos dez por cento.
A pesquisa foi divulgada?
– Não, ela é interna. Não é registrada. O Sartori está em segundo, com 10% ou 11%, o Jairo Jorge com 5% ou 6%.
Rossetto e Sartori, então, estão empatados
-Rigorosamente empatados. O Sartori até é compreensível, o cara é governador, super conhecido, o PMDB é um partido forte. Ele está na ribalta o tempo todo. Mas, o Rossetto foi lançado tarde, em novembro, então é surpreendente.
-Essa pesquisa é encomendada pelo partido?
Tarcísio – Foi feita pela direção nacional do partido, a pedido da Dilma, que queria saber como ela estaria no Senado, mas desistiu.
Essa pesquisa que fez ela desistir?
Tarcísio – É, fez ela desistir. Tinha 5% de intenção de voto e uma rejeição muito alta.
A pesquisa foi feita só pro Estado do Rio Grande do Sul?
Tarcísio – A que nós recebemos foi só do Estado. Foram 1500 questionários, metodologia de pesquisa mesmo.
Alguma surpresa?
-O cara que aparece, que é um candidato que a gente avalia que tem fôlego, é o Heinze, e ele aparece também com 5%. E o Eduardo Leite com 3%.
E os partidos?
– O PT permanece como sendo o partido de preferência do eleitorado, com 14% de preferência,  mas simpatia pelo PT tem 24%. Então vamos dizer assim: não há um ambiente em que a gente tenha que cortar os pulsos, estamos no jogo.
Em segundo o  PMDB?
– É, segundo com 2%, como preferência partidária. Preferência, que é um pouco mais do que simpatia. O PT tem 24% de simpatia e 12% de preferência.
24% é surpreendente, não?
É mais ou menos o voto do Lula.
Há informações de que estão crescendo as filiações.
É, na verdade tem um grande retorno pro PT de gente que tinha saído. Não é uma coisa massiva, mas nossas sedes têm sido procuradas por pessoas, espontaneamente, que vêm se filiar. Sem que a gente tenha uma campanha na rua. Agora que a gente vai fazer uma campanha. Então nós pretendemos ter um processo importante de adesão de novos filiados ao partido.
Qual é o número de filiados ao PT hoje, aqui no Estado?
No Estado eu não sei, não sei quantos nós temos. Apesar de ser vice-presidente do partido no Estado, eu não sei. O número dos que participam normalmente dos nossos processos, ele se aproxima da ordem dos 25 mil. O que é um número pequeno, mas é expressivo. É muito maior do que o de outros partidos. Mas é um número relativamente pequeno.
Muita gente se desencantou com o PT
Acho que houve uma reação das pessoas: elas gostavam das políticas do PT, mas  não tinham impulso pra se politizar em torno disso. Não tinham, até porque o PMDB era parte do nosso governo, o PP era, então parecia que todo mundo a mesma coisa. Agora eu acho que tem um ambiente bem melhor nesse aspecto de, vamos dizer assim, delimitar campos. As pessoas sabem que quem vota contra a aposentadoria é fulano, beltrano e ciclano. Acho que agora fica mais fácil.
Aquele cenário, meio catastrófico em certo momento, ele se dissipou.
Sinto que se dissipou. Eu acho que tem um problema que a gente precisa tentar resolver que aparentemente o Lula deu um sinal de que o partido deve se mover, com essa suposta carta que ele teria feito à Gleisi.
O que significa essa carta?
Não sei. Talvez seja muito mais um gesto dizendo: “Olha, diz pro pressoal que eu não fico trancando a rua”, mas eu duvido que o PT interprete ela como sendo uma licença para especular um plano B. Se fizer isso, nós estamos fodidos. Eu acho que tem que entrar com o Lula, tem que registrar o Lula. Tem que chegar lá, o Lula preso, mas registra. Aí o TSE vai  ter que cassar.
Mas tem que ter uma alternativa nesse caso
Pois é, nós estamos com dificuldade de identificar um nome que tenha uma certa estatura, envergadura, que não seja imediatamente pulverizado por outra denúncia da Lava Jato, entende? Eu sou dos que gostariam muito de ver o chanceler Celso Amorim. Eu acho que ali nós teríamos uma ancoragem sólida. Não é um cara que tem empatia popular, porque ninguém tem, mas que tem uma estatura internacional reconhecida, tem uma estatura intelectual reconhecida, tem uma estatura ética inquestionável.
Ele está muito presente e tem essa coisa de diplomata: posições firmes, mas nada provocativo.
– Tem uma estatura intelectual grande… uma adequação entre o político e o técnico. Mas essa seria a minha… Lula até o fim.
Até o registro, mas na impossibilidade, na última hora…Pode ser?
– Pode. Sabe de uma coisa? Eu falo um pouco da minha experiência. Eu fui candidato a prefeito em Novo Hamburgo em 2012 e fui cassado pela Lei da Ficha Limpa. Mas mesmo cassado eu ganhei a eleição. Eu pude ir até o fim porque eu não tinha uma sentença do TSE. Ganhei a eleição. Daí, como eu ganhei a eleição, veio a sentença, a eleição foi anulada. Quando o TSE julgou, ele anulou a eleição de Novo Hamburgo. Aí teve uma nova eleição em março e a gente não tinha um candidato com expressão na cidade. O que eu fiz? Disse no primeiro dia: “Se eu não puder ser,  vai ser o meu vice”. Então eu tirei qualquer dúvida sobre a sequência. E nós ganhamos a eleição mais fácil do que quando eu fui candidato: ganhamos com dez mil votos mais a segunda eleição com um cara sem experiência, com meu vice, que era bem inexperiente. Então, na primeira eleição eu fui candidato; quando o registro foi impugnado, nem fui pro TER, larguei a campanha ali. Com menos de dez dias de campanha, eu já saí fora. Não esperei pra recorrer aos tribunais superiores. Não esperei porque não queria confusão. Não queria que fosse outra eleição com uma confusão, sem saber se o Tarcísio pode ou não pode ser candidato. E nós ganhamos com dez mil votos a mais do que eu tinha feito na primeira eleição, com os mesmos candidatos disputando a segunda eleição.
Seria um caminho para o Lula?
Se eu fosse a Direção Nacional, eu pensaria nesse plano: não tem porque tirar o Lula da parada. Se o TSE bloquear, ele já anuncia, de pronto, o PT anuncia: “olha, vai ser o fulano”. E o cara já entra fazendo campanha. Já entra direto na campanha. Vai entrar com a benção do Lula. Então, eu sou dessa… Eu só acho que o Haddad… eu não consigo gostar dele, um cara que não tem política na cabeça. É um intelectual, mas não tem política na cabeça. Ele não tem apelo popular. Eu iria com o Amorim.
E a Dilma, houve uma pesquisa lá em Minas, previamente, antes dessa decisão dela?
Tarcísio: eu não sei se ela vai ir pra Minas. Não mais ouvi falar.
 

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