Autor: da Redação

  • Cassino a um passo dos brasileiros

    Roletas, pôquer, Black Jack e os principais caça-níqueis de Las Vegas, além de um hotel de alto padrão, a partir de setembro, em Rivera, a famosa cidade dos free shops uruguaios.
    A partir de setembro os brasileiros amantes das mesas de apostas terão a oportunidade de desfrutar da mais nova atração turística de Rivera, no Uruguai, na fronteira com Santana do Livramento. É o Rivera Cassino e Resort, que promete disputar os frequentadores das melhores casas de Punta del Este.
    O empreendimento está localizado no centro da cidade, próximo aos free shops, na Avenida 33 Orientales, que faz divisa com o município gaúcho. Chama a atenção a facilidade de acesso dos apostadores brasileiros, que não terão de passar por nenhum posto alfandegário ao cruzar o país, ou melhor, a avenida.
    “É o único no setor num raio de quinhentos quilômetros que oferecerá um sistema de apostas ágeis e simples, aliado a um serviço de hotelaria de nível quatro estrelas superior”, afirma o diretor de Marketing do empreendimento, o publicitário Raúl Sarasola.
    Sarasola explica que a tecnologia de ponta usada nos cassinos de Las Vegas estará a serviço da diversão, através de dez roletas americanas, duas mesas de Midi Baccarat, três de Black Jack, uma de Pôquer Caribenho, duas mesas de Pôquer Texas, apostas hípicas e os principais 130 slots do mercado. As salas terão um setor vip exclusivo, caixa eletrônico e casa de câmbio.
    Para o gerente geral do centro turístico, Gerardo Benedetto, a chegada do empreendimento vai mudar o turismo na região. “O Rivera Cassino e Resort será um divisor de águas dentre as atrações turísticas e de entretenimento nas regiões Norte do Uruguai e Sul do Brasil”, garante.
    O Rivera Cassino & Resort pertence ao grupo argentino Boldt, um dos líderes de cassinos na Argentina, e ao grupo uruguaio ICM que, juntos, formam o consórcio Manteo S.A. O consórcio irá administrar o complexo em parceria com o Casinos del Estado, a empresa do governo uruguaio que abocanha uma boa parte dos lucros de todos os cassinos instalados no país.
    Os investimentos somam 32 milhões de dólares em Rivera. Cerca de 200 operários correm contra o tempo para inaugurar em setembro o complexo, que vai gerar 250 empregos diretos. A expectativa de público diariamente é de 1.500 pessoas. O mesmo grupo está construindo um empreendimento semelhante na cidade uruguaia de Salto, que deve ser inaugurado em fevereiro.
    Lazer e culinária com foco no Brasil
    O primeiro complexo hoteleiro quatro estrelas da região fronteiriça com o Brasil promete revitalizar os serviços turísticos da região norte do país vizinho. Com a economia fortalecida pelo movimento intenso nos free shops, Rivera pode se tornar a segunda cidade turística mais importante do país, depois de Punta del Este.
    “E tudo se deve à pujante economia do Brasil. Este hotel cassino e o outro projeto semelhante que está sendo construído em Salto foram planejados pensando nos brasileiros, que representam cerca de 90% da nossa clientela”, afirma Raúl Sarasola. Desde os espaços de lazer e diversão, passando pelas atracões culturais, até a gastronomia, ganharam nomes em português.
    O prédio do hotel terá seis andares e estará conectado, através de uma ponte elevada, ao cassino de três níveis. Contará com 66 quartos, sendo seis Vips, SPA, piscina externa, área de lazer e brinquedos para as crianças, com serviço de animadores e babás especializados, teatro, free shop, salas de reuniões e de eventos, restaurantes e estacionamento com serviço de manobrista.
    Os quartos estarão equipados com tevês plasma, internet wifi, cofre de segurança e um sistema de regulação individual de temperatura.
    Ao conforto das instalações, se somará o espaço Bacana Spa & Solarium, onde os hóspedes poderão desfrutar de uma piscina de 200 metros quadrados no terraço e contemplar uma vista panorâmica privilegiada que abrange ambas as cidades.
    Já o fitness center terá sala de musculação, massagem, sauna, e piscina térmica com sistema de nado contracorrente e hidromassagem. Especialistas estarão á disposição dos hóspedes que desejarem acompanhamento nas atividades físicas.
    Outro destaque é a gastronomia. No restaurante Gaúcho, será oferecido uma variada proposta de comida uruguaia, brasileira, libanesa, italiana, alemã e portuguesa, etnias presentes na formação cultural da região. O bufê Aurora completará a ampla oferta gastronômica do complexo. Ambos restaurantes também estarão abertos ao público em geral.
    O teatro municipal, que está ao lado do Cassino, foi totalmente renovado para exploração comercial em parceria com a prefeitura de Rivera. Terá capacidade para 500 pessoas e promete oferecer uma grande variedade de espetáculos artísticos ao longo de toda semana.
    “O maior movimento se registra nos fins de semana e durante feriados. Nós queremos oferecer atividades também de segunda a sexta-feira porque há demanda por esse tipo de alternativas”, assinalou Benedetto.
    Eventos
    Para completar o leque de serviços, o Rivera Casino & Resort vai disponibilizar o Salão Ibicuy, com infraestrutura de última geração para eventos empresariais, sociais e artísticos.
    A sala, com isolamento acústico, e equipada com cabines de comando de luzes e som, e cabines para tradução simultânea, terá capacidade para 300 pessoas no auditório e 240 no caso de banquetes. Terá acesso semi independente, estacionamento próprio, serviço de aperitivos (salas laterais acondicionadas para manter a temperatura requerida para os serviços gastronômicos a serem oferecidos aos participantes).

    Slots da Sarandi

    Além do Cassino, será inaugurado ainda uma sala de slots na famosa Avenida Sarandi, número 533, o Sarandi Slots, que contará com equipamentos trazidos diretamente de Las Vegas.

    Serviço

    Reservas e informações sobre o Rivera Cassino & Resort pelo telefone (+598) 4624.1111 ou pelo celular brasileiro (55) 9695.6243 ou ainda pelo email contato@riveracasinoresort.com

  • Dilma, o PT e a azia de Lula

    Luiz Cláudio Cunha |

    O governo, qualquer governo, faz mal à imprensa. A imprensa, toda a imprensa, faz bem ao governo – principalmente quando critica. Governo não precisa do ‘sim’ da imprensa. Governo evolui com o ‘não’ da imprensa.
    A proximidade da imprensa com o governo abafa, distorce o jornalismo. A distância entre governo e imprensa é conveniente para ambos, útil para a sociedade e saudável para a verdade. Jornalismo é tudo aquilo de que o governo não gosta. Tudo aquilo de que o governo gosta é propaganda. A imprensa, numa definição mais simples, deve ser o fiscal do poder e a voz do povo. Com o estrito cuidado para não inverter essa equação.
    Todas as afirmações acima foram feitas em 9 de maio passado, na Universidade de Brasília (UnB), pelo jornalista que assina este artigo. Elas contrariam, na essência, tudo o que Luiz Inácio Lula da Silva praticou e pregou em seus oito anos como presidente, no campo atritado das relações entre seu governo e a mídia.
    Este sentimento belicoso foi oficializado numa longa conversa com a revista piauí, em janeiro de 2009, quando confessou que não lia jornais, revistas, blogs ou sites. E explicou que não era por falta de tempo: “É porque eu tenho problema de azia”, explicou Lula a Mário Sérgio Conti, diretor da revista.
    Pois tudo mudou com sua sucessora, Dilma Rousseff, que demonstra ter um fígado bem mais saudável. A presidente mostrou isso logo na noite de sua vitória na eleição de outubro de 2010, ao exibir um vigor hepático e uma face simpática impensáveis no seu antecessor:
    “Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao país e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório”, enunciou Dilma, pilotando um cavalo-de-pau que revertia toda a orientação emanada até então pelo Palácio do Planalto. E não era só discurso.
    Dilma, como todo mundo sabe, lê jornais e revistas, vê TV e navega na Internet. A bile presidencial, produzida a partir dessa leitura atenta, atacou os microorganismos partidários que ameaçavam apodrecer os tecidos da administração federal. Foi a partir de erros apontados por revistas e jornais, que Lula não lia, que Dilma desencadeou uma inédita, fulminante assepsia no seu governo, afastando dois ministros poderosos – Antônio Palocci, da Casa Civl, e Alfredo Nascimento, dos Transportes – e dedetizando o foco crônico do DNIT com a demissão de duas dezenas de servidores.
    E terminou convocando um general da ativa do Exército para completar a faxina no infeccionado DNIT.
    Chamou duas mulheres — Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti — para recompor seu entorno palaciano, sem consultar o PT, e limitou-se a participar sua decisão a Lula, sem consultá-lo previamente. A celeridade do bisturi de Dilma, que cortou fundo a partir das manchetes e revelações de fim de semana da imprensa, desconcertou os partidos da base aliada e assustou o PT, habituado ao estilo manhoso e lerdo de Lula.
    Aloprados
    A ensaiada retaliação dos partidos aliados esmaeceu diante do efeito positivo da ação presidencial junto à opinião pública, desacostumada a ver pronta reação do Planalto aos desvios evidentes de altos funcionários.
    Com Lula, tudo se ajeitava.  Pegos em flagrante delito, até os aloprados ganhavam o conforto do colo presidencial. Quando explodiu o Mensalão, o maior escândalo de seu governo, em 2005, Lula reagiu com a rigidez de uma gelatina.
    A primeira reação, instintiva, foi declarar-se traído. Depois, pensando melhor, alegou que não sabia de nada do que ocorria nos gabinetes contíguos ao seu, no Planalto. Por fim, desdenhou, com a versão de que era tudo Caixa 2, financiamento clandestino de campanha, pecado que todos os partidos sempre cometeram, disse Lula, ecoando a esperta defesa de Delúbio Soares, o tesoureiro do PT que centralizava o esquema do Mensalão.
    Dois procuradores-gerais da República – Antônio Fernando de Souza e Roberto Gurgel – e a unanimidade do Supremo Tribunal Federal reconheceram o Mensalão que Lula desconhecia e aceitaram a denúncia contra 40 mensaleiros, muitos deles amigos e companheiros próximos ao presidente. A começar por José Dirceu, o poderoso chefe da Casa Civil de Lula, acatado na denúncia ao STF como chefe da quadrilha, lindeiro de gabinete com Lula no Planalto e na intimidade do poder.
    Este sonso álibi de Lula foi desmentido justamente por um dos jornalistas que ele mais respeita, Ricardo Kotscho, seu ex-secretário de imprensa. Comentando a azeda entrevista àpiauí, Kotscho escreveu em seu blog: “[Lula] é um dos caras mais bem informados que conheço por um simples e bom motivo: conversa o tempo todo com todo tipo de gente e vai filtrando as informações que podem ser úteis para a sua tomada de decisões. Em vez de ler o que fulano disse na imprensa, chama o fulano e conversa diretamente com ele, quer dizer, não recebe informações de segunda mão, mas direto da fonte”.
    É difícil acreditar, portanto, que um cara tão bem informado, com tanta conversa como Lula, pudesse ser iludido por tanta gente, durante tanto tempo, sobre o insinuante Mensalão.
    Coincidência ou não, em 2009, a partir da Conferência Nacional de Comunicação, convocada por decreto de Lula, começou a sobrevoar o país o fantasma de um certo `Conselho Federal de Comunicação`, que entre outras atribuições teria o poder de “orientar, fiscalizar e monitorar” a imprensa, a pretexto de um “controle social” da mídia. A reação desatada colocou a proposta em banho-maria, que se evaporou com o final do Governo Lula.
    Os últimos vapores desta sulfúrica idéia se diluíram neste final de semana. Nem o PT defende mais a sugestão de um conselho federal para a mídia. A executiva nacional do partido, reunida no Rio de Janeiro, defendeu um caminho oposto: a ampliação da liberdade de expressão no país, para “repudiar e impedir qualquer tipo de censura”. Exatamente o contrário do ameaçador Conselho Federal de Comunicação, que nem foi citado no texto da resolução política aprovada pelo conselho supremo do PT e divulgada oficialmente neste domingo, 7.
    Redirecionado para os novos tempos de Dilma Rousseff — uma presidente que prefere o barulho de uma imprensa livre e as críticas de um jornalismo que aponta erros e traz o necessário contraditório –, o PT começa a deixar o desvio da intolerância e resgata uma bandeira que havia desfraldado em sua fundação, 31 anos atrás.
    O PT, como Dilma, abandonou Lula à sua própria azia.
    *Luiz Cláudio Cunha é jornalista
    cunha.luizclaudio@gmail.com

  • O valente Sarney do lado de lá

    Luiz Cláudio Cunha *
    Pego em flagrante delito como defensor do indefensável, o senador José Sarney, presidente do Congresso Nacional, esperou calado até a véspera da audiência na Justiça paulista para externar sua repulsa à condição de testemunha de defesa do coronel da reserva do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.
    Como major, nos anos chumbados do Governo Médici, Ustra criou e comandou no II Exército de São Paulo o DOI-CODI da rua Tutóia, ganhando por merecimento a condição de símbolo vivo da repressão mais feroz da ditadura — o regime que Sarney defendia sem rebuço, como cacique do partido dos militares, a ARENA. Se não apoiava, Sarney nunca expressou publicamente esta suposta contrariedade. Permaneceu corajosamente silente.
    Nesta quarta-feira, 27, começou em São Paulo o processo em que a família do jornalista Luiz Eduardo Merlino acusa Ustra pela morte em julho de 1971 do jovem de 22 anos, após quatro dias de brutal tortura na máquina de moer carne administrada por Ustra.
    Os depoimentos devastadores do primeiro dia dos presos políticos que sobreviveram àquele circo de horrores — segundo relato do criminalista Fábio Konder Comparato, advogado da família Merlino — incluem a ordem de Ustra para que um caminhão passasse várias vezes sobre o cadáver do jornalista, para justificar a farsa posterior do atropelamento numa rodovia. Na verdade, Merlino morreu num processo agudo de gangrena nas pernas, após horas pendurado no pau-de-arara, o instrumento de trabalho preferido na repartição de Ustra.
    Estes são os fatos, que resgatam a história que começa a ser garimpada no tribunal paulista. Sarney não se incomodou com isso, mas sim com o texto, assinado por mim, onde eu denunciava a abjeta irmandade entre o senador e o torturador no âmbito da Justiça. Um dia antes da audiência histórica desta semana, o senador tentou se desvincular da sanguinolenta figura do coronel.
    Fiel e Herzog
    Através de sua assessoria de imprensa, Sarney enviou-me uma contestação contra minhas “imprecisões de ordem técnica”. O senador alinhou este exemplo de sua pretérita valentia: “Em 1967, o general Dilermando Gomes Monteiro já acusava Sarney de proteger comunistas, conforme documentos da 10a Região Militar levantados pela jornalista Regina Echeverria. O mesmo general Dilermando que comandava o II Exército quando foi assassinado o operário Manoel Fiel Filho.”
    É apenas uma baita imprecisão de Sarney, que eu corrijo agora: Dilermando Gomes Monteiro, o general que perseguia no Maranhão os comunistas que o governador José Sarney dizia proteger, em 1967, não é o mesmo comandante do II Exército de São Paulo, de 1976, quando morreu o operário Fiel Filho.
    Detido em dia 16 de janeiro por dois agentes do DOI-CODI na fábrica onde trabalhava, Fiel apareceu morto no dia seguinte, enforcado com as próprias meias. O mesmo desfecho de quatro meses antes, quando ali morreu, de forma semelhante, o jornalista Vladimir Herzog. O general que comandou as duas mortes era Ednardo D’Ávila Melo, exonerado dois dias depois pelo presidente Ernesto Geisel. É justamente o general Dilermando Gomes Monteiro quem assume o comando paulista para refrear os radicais do DOI-CODI.
    O atual presidente do Congresso espanca impiedosamente a verdade quando diz, com comovente autoindulgência: “Sarney, como mostram os fatos, esteve sempre do lado oposto ao dos torturadores.”
    É fácil provar que é exatamente o oposto: Sarney estava lá, do lado deles. Em 20 de dezembro de 1975, três meses após a morte de Herzog, o Exército divulgou o relatório do IPM criado por ordem de Geisel para supostamente investigar o assunto.
    Com o cinismo peculiar ao coronel Ustra, que hoje nomeia Sarney como sua testemunha de defesa, a Portaria do Comando do II Exército justificava a instauração do inquérito policial-militar “para apurar as circunstâncias em que ocorreu o suicídio”. Ou seja, na largada, os militares já davam o veredito forçado — ‘suicídio’ — para a investigação ainda não consumada sobre a morte de Herzog, um assassinato sob torturas que repetia, cinco anos depois, o que ocorreu com o jornalista Luiz Eduardo Merlino no mesmo DOI-CODI da rua Tutóia, então sob a administração direta de seu criador, o coronel Ustra.
    Indignados com a desfaçatez, os jornalistas brasileiros redigiram no início de janeiro de 1976 um manifesto — ‘Em Nome da Verdade’— denunciando na 1ª Auditoria Militar de São Paulo os termos absurdos daquele relatório fraudulento, que sacramentava a farsa e acobertava o crime. Eram tempos de muito medo e as assinaturas precisavam ser recolhidas uma a uma.
    Então chefe da sucursal da revista Veja em Porto Alegre, eu percorri com outros colegas todas as redações de jornais, rádios, TVs e sucursais na capital gaúcha. No total, sob a liderança do bravo Audálio Dantas e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, recolhemos 1.004 assinaturas em todo o país. Nenhum jornal quis publicar nosso abaixo-assinado, que reclamava verdade e justiça. A exceção foi O Estado de S.Paulo, que publicou o documento como matéria paga.
    Na lista de 1.004 jornalistas, todos em franca oposição aos torturadores, podem ser encontrados 43 jornalistas com José no nome.
    Entre eles, não existe nenhum José Sarney, embora o atual senador fosse também jornalista, dono de jornal e emissoras de TV e rádio no Maranhão.
    Sarney não estava no abaixo-assinado justamente porque estava do outro lado. O bravo jornalista maranhense, aliás, exercia o seu primeiro mandato como senador da ARENA, a legenda da ditadura que sustentava politicamente o regime de ferro e fogo que sustentava os métodos e aparatos doídos de Ustra e seus comparsas do DOI-CODI.
    Estes são os fatos, não meras ‘imprecisões de ordem técnica’.
    Sua estrondosa e oblíqua aparição no tardio julgamento de Ustra escancara, agora, o melancólico mergulho do imortal Sarney neste brejal de inverdade, violência e desmemória.
    Sarney, como mostram os fatos, não estava do lado oposto ao dos torturadores. Sarney escolheu, há tempos, o seu lado.
    Sarney estava lá, ao lado deles. Como está agora, na defesa de Ustra.
    * Luiz Cláudio Cunha é jornalista, sempre do lado de cá.
    cunha.luizclaudio@gmail.com

  • A Revolução Eólica (40) – Visitantes superlotam Cerro Chato no fim de semana

    Apenas cinco dos 45 aerogeradores estão funcionando, e produzindo 10 megawatts (MW) de potência, mas já é o bastante para levar milhares de pessoas ao canteiro de obras da Usina Eólica Cerro Chato, em Santana do Livramento. Calcula-se que no último final de semana passaram por lá quase mil veículos.
    “No domingo, cruzaram por aqui uns 600 carros”, garante Nereo Mendes, responsável pela recepção aos visitantes, agora com auxílio de quatro estagiários.
    O movimento intenso levou a Eletrosul à improvisar um container próximo à entrada do parque eólico, onde as pessoas são convidadas a assistir um vídeo de seis minutos e recebem informações sobre o empreendimento e a energia alternativa utilizada.
    “Além da população em geral, recebemos autoridades municipais, muitos universitários e engenheiros de outros municípios e estados e até do Uruguai”, aponta. “Cheguei a falar ininterruptamente das 9h às 15h”, comenta Mendes, referindo-se ao dia 5, que registrou o maior movimento.
    Ainda que não seja parada obrigatória, ele recomenda às pessoas que assistam ao vídeo. “Todos podem percorrer as estradas internas, mas querem avançar nas áreas privadas e chegar próximo às torres, o que não é permitido por questões de segurança, tanto dos visitantes como dos trabalhadores”, avisa.
    Mendes, que diariamente coordena a Biblioteca Pública do município, também alerta para os cuidados com os animais. “Da estrada dá para ver as torres gigantes, as pessoas ficam maravilhadas e esquecem do cuidado que deve-se ter com os animais, não só os domésticos ou de criação. Constantemente cruzam pela estrada cobras e aranhas do tamanho do palmo da mão”, alerta, lembrando que a ninguém é permitido matar esses animais.
    As visitas devem ser feitas preferencialmente aos sábados e domingos, a partir das 9 horas, quando Mendes e seus auxiliares já estão à disposição para orientar a população.
    O complexo eólico Cerro Chato, que está sendo construído pela estatal brasileira Eletrosul (90%) em parceria com a Wobben (10%), subsidiária no Brasil da empresa alemã Enercon, será formado por três parques com capacidade instalada de 90MW.

  • A Revolução Eólica (39) – USINA CERRO CHATO JÁ PRODUZ ENERGIA

    A Usina Eólica Cerro Chato já está abastecendo a rede elétrica em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Quatro aerogeradores (AEGs) estão produzindo 8 megawatts (MW) de potência. Hoje entra em operação a quinta turbina, somando 10MW no total. 
    Após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizar a energização dos equipamentos, três dias foram suficientes para os engenheiros realizar os testes e determinar o início da operação comercial. Segundo o coordenador de implantação da UECC, Franklim Lago, a primeira turbina foi energizada às dez horas da noite do dia 25. As outras três começaram a operar dia 27.
    Esse primeiro circuito, composto por cinco aerogeradores, integra o parque III que terá 15 torres. O complexo eólico Cerro Chato será formado por três parques com capacidade instalada de 90MW. Construído pela estatal brasileira Eletrosul (90%) em parceria com a Wobben (10%), subsidiária no Brasil da empresa alemã Enercon, o empreendimento tem custo estimado de R$ 400 milhões.

  • Relatório mostra difícil situação da TVE

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    Pedro Osório

    O presidente da Fundação Cultural Piratini, Pedro Luiz Osório, coordenou durante três meses uma equipe técnica encarregada de fazer um diagnóstico sobre a TVE e a rádio FM Cultura. O relatório foi entregue na sexta-feira passada, dia 20, ao governador Tarso Genro e mostra a difícil situação por que passam as emissoras públicas.
    O déficit no quadro funcional em todas as áreas chega a 57% e quase paralisou a programação da tevê e da rádio no final do ano passado. Uma ação do Ministério Público do Trabalho, em dezembro, provocou a demissão de 19 pessoas que ocupavam cargos de confiança por desempenho ilegal de função. Em dezembro, havia um repórter na TVE. Ainda não tem motoristas suficientes  para os sete carros e um caminhão. Teve que haver uma grande mobilização dos funcionários para manter a rede operando. Hoje, de um quadro de 371 pessoas, somente 168 estão trabalhando, entre concursados e CCs.
     
    Redação TVE
    Redação TVE

    O último concurso ocorreu há pelo menos dez anos, durante o governo Olívio Dutra. E o pior é que o pedido feito ao governador para contratação emergencial de 99 funcionários pode estar comprometido. Com um orçamento de 17 milhões de reais para este ano, apenas 2,5%, ou 425 mil reais, é destinado a novos investimentos. A folha de pagamento consome 72,5% e o custeio leva 25%.
    “Do ponto de vista administrativo, estava tudo desarticulado, sem gestão”, diz o presidente da Fundação Piratini, que tomou posse em 3 de janeiro após ocupar por dois anos a presidência do Conselho Delibertativo da entidade.
    O documento elaborado pela nova direção detalha o total de recursos para investimentos não executados entre os anos de 2007 e 2010: 2 milhões de reais. Em 2008, por exemplo, foram investidos apenas 3,99% de um total de 117,9 mil reais. Em 2009 a conta melhorou: foram utilizados 24,76% de 928 mil reais.
    “Se não utilizaram nem perto da metade dos recursos que estavam disponíveis, pode se afirmar que a TVE e a rádio ficaram sem investimentos nos últimos 4 anos”, ressalta Osório.
    A precariedade da área técnica também ficou evidente no relatório. Das 40 retransmissoras da TVE, 30 estão fora do ar e apenas 3 tem condições plenas de passar a programação. A rádio opera com transmissor reserva, que só alcança algumas cidades da Região Metropolitana.
    “Os equipamentos estão muito devasados, já não existem peças para reposição, e algumas coisas que eram novas, como um transmissor analógico adquirido no final do governo Olívio, nunca foram usadas e hoje estão abandonadas e, possivelmente estragadas”, criticou Osório.
    Câmera no estúdio
    Câmera no estúdio

    Plano de reestruturação
    Com o diagnóstico e mãos, o governador Tarso ordenou que secretários de Estado e funcionários da Fundação constituam uma comissão a fim de elaborar um plano para a reestruturação da TVE e da FM Cultura.
    No próximo mês deve ser formalizado o contrato com a EBC – Empresa Brasil de Comunicação, vinculada ao governo federal, a nova dona do imóvel, o que vai trazer benefícios às emissoras. Além de não ter de desembolsar dinheiro para pagar o aluguel do prédio, 25 mil reais, nem por programas da TV Cultura, de São Paulo, cerca de 23 mil reais, serão feitas algumas obras emergenciais nas dependências do prédio e investimentos para qualificação de programas da TVE. É o caso do programa infantil regional Pandorga, que pode vir a ser veiculado pela TV Brasil na grade nacional.
    Fotos: Cleber Dioni Tentardini

  • A Revolução Eólica (38) – USINA COMEÇA PRODUZIR ENERGIA ATÉ O FINAL DO MÊS

    Já estão prontos para começar a produzir energia os cinco primeiros aerogeradores do parque III da Usina Eólica Cerro Chato, em Santana do Livramento. A expectativa é entrar em operação comercial até dia 30 deste mês.
    A Eletrosul aguarda a aprovação da documentação junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS para energização do Sistema de Transmissão em 230 kilovolts (kV). A previsão é de que isso ocorra no início da próxima semana, segundo o engenheiro Franklim Lago, coordenador da implantação da usina.
    O ONS é responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
    Do total de 45 aerogeradores que formarão os três parques eólicos no Cerro Chato, já foram concluídas as fundações de 30. Falta preparar as bases das torres do parque I. [C.D.T.]

  • TVE paga aluguel com programas

    Passado o trauma de 2010, de terem que mudar o local de trabalho para improvisadas instalações no subsolo do Centro Administrativo, funcionários da TVE e FM Cultura respiram aliviados porque está garantida a permanência das emissoras no Morro Santa Teresa, onde estão há 30 anos.
    Um acerto provisório com a nova dona do imóvel, a EBC – Empresa Brasil de Comunicação, vinculada ao governo federal, prevê que a única tevê pública do Rio Grande do Sul transmita seis horas diárias de programação da TV Brasil e passe a fornecer conteúdo jornalístico e pautas. Em troca, a emissora fica isenta de pagar 25 mil reais de aluguel.
    Segundo o diretor da EBC na Região Sul, Luís Henrique dos Anjos, o plano definitivo ainda está em discussão. A princípio, a TV Brasil não terá redação própria no Estado, apenas um supervisor da área de jornalismo. O primeiro concurso que a EBC vai fazer não tem previsão de nenhum funcionário para Porto Alegre. A produção vai ser da TVE e de outras emissoras como a TV Unisinos.
    Os 25 mil reais do aluguel é o valor que a EBC paga a emissoras de outros estados para receber conteúdo jornalístico, entre elas, a TVE Minas, Bahia e Pará. São Paulo e Rio de Janeiro não precisam porque a TV Brasil tem redação própria nesses estados. “Agora, o dia em que a TVE não quiser mais fornecer conteúdo, eu tenho no contrato o direito de cobrar os 25 mil reais”, esclarece Luis Henrique.
    O diretor destaca ainda a previsão de investimentos da EBC em co-produções com a TVE. Um exemplo é o programa infantil regional Pandorga, para o qual a TV Brasil vai repassar valores a fim de qualificar o programa, que será veiculado na grade nacional. “Essa lógica de fomentar a produção regional acontece com outros estados. Só as tevês sem estrutura não estão produzindo nesta lógica. Ou, porque não querem, como a TVE do Paraná, que não aceitou sob a alegação de que iriam perder a autonomia. A proposta deles é passar programas do Executivo e a nossa exigência é que a grade seja pública. As emissoras se enganam nesse aspecto”, ressalta.
    Outra vantagem para a TVE, segundo o diretor, é que a emissora não precisará mais pagar cerca de 20 mil reais por mês para retransmitir a programação da TV Cultura.
    EBC já quitou compra do prédio
    Já estão reservadas três salas à EBC, que em janeiro deste ano quitou a compra do histórico prédio, avaliado em 4,7 milhões de reais. Na verdade, naquela área privilegiada e muito cobiçada do Morro Santa Teresa, antes gerenciada pela Fundação Cultural Piratini, existem várias matrículas, inclusive com registros de imóveis diferentes.
    A parceria da EBC no momento é com a tevê. Mas outros veículos serão convidados a participar. A prioridade da Empresa até o ano passado era reequipar as oito rádios que são administradas diretamente, mas o esforço de qualificação dos recursos materiais e humanos é para envolver mais de 40 rádios de instituições federais, entre elas figuram quatro emissoras gaúchas: da Ufrgs, Ufpel, FURG e de UFSM.
    Enquanto aguarda a chegada do transmissor digital que vai colocar no ar o canal 65, com a programação completa da TV Brasil, o advogado da União e portoalegrense Luis Henrique trabalha sozinho numa sala, que funciona como um escritório de representação, cuja prioridade é formalizar as parcerias.
    Quando a EBC foi criada, em 2008, o advogado foi designado pela AGU para ficar responsável pela formatação jurídica da empresa de comunicação. Depois, foi convidado a assumir como diretor da Região Sul. Porto Alegre é o único dos três estados onde o escritório da EBC está formalizado.
    Em Florianópolis, a Empresa está comprando todo o acervo da TV Cultura de Santa Catarina, uma emissora privada que era mantida por universidades públicas, e passará a operar através de uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina. “A Universidade já tem uma tevê a cabo e toda estrutura, com funcionários. Então queremos estar operando ainda este ano”, afirma o diretor.
    Em Curitiba, a EBC tá funcionando através de parceria com a TVE do Paraná, mas não há nada formalizado. “Há essa dificuldade de eles quererem autonomia de veicular, por exemplo, a fala do governador a qualquer momento, então nós estamos buscando parceria com outras tevês educativas”, completa.