Autor: da Redação

  • Feira declarada patrimônio da cidade

    Por Liège Copstein
    A Feira do Livro edição 2010 pretende manter o desempenho dos últimos anos, atingindo as médias de 100 mil visitantes dia e 400 mil exemplares vendidos aos final do evento.
    Unanimidade na simpatia dos portoalegrenses, é preciso dizer que a Feira é opção de lazer mesmo para quem ainda não descobriu a dor e a delícia da leitura, mas aprecia um bom corpo a corpo na multidão, com direito a pipoca, palhaços, esbarrões acidentais em políticos, artistas e amigos que não se vê há muito tempo.
    Esse sucesso popular, aliado aos inegáveis méritos culturais, já rendeu em 2006 a medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República.
    Este ano, uma nova honraria veio se somar, esta algo poética: a Feira do Livro de Porto Alegre – a mais antiga em tempo contínuo do Brasil – foi declarada Patrimônio Imaterial da cidade.
    E se pensarmos no muito que há de imaterial na literatura – ela não é o objeto do livro, muito menos a tinta e o papel, os mesmos com que se faz bulas médicas e listas telefônicas – fica evidente que esse é um reconhecimento que cai como uma luva a um evento tão simpático.
    Criada em 1955, por um grupo de livreiros que pretendia dinamitar a sacralização das livrarias como templos hospitaleiros apenas a iniciados, a Feira hoje está tão na boca do povo como as cocadas de maracujá que o seu Pedro da carrocinha faz em casa e venda às toneladas durante essas célebres primeiras semanas de novembro.
    É como afirma o presidente da Câmara Riograndense do Livro, João Carneiro: popularizar a literatura era a motivação inicial há 55 anos atrás, e continua sendo atualmente. “E até agora, estamos conseguindo”.

  • Paixão Côrtes quer literatura do povo na Feira do Livro

    Por Liège Copstein
    O atual patrono da Feira do Livro, Paixão Côrtes, não é apenas “um guasca-largado da campanha”, como o próprio humildemente se intitula.
    Na verdade, em sua incansável pesquisa e resgate das tradições artísticas e valores morais do gaúcho, acabou por ser um dos mais ativos editores independentes do RS, trabalhando sem vínculo partidário ou subvenção governamental.
    Ele tem nada menos do que 87 publicações, desde a primeira, em 1950 – Lendas Brasileiras, com desenhos de José Lutzemberger – até a mais recente, Danças Birivas do Tropeirismo Gaúcho, deste ano.
    Mas o projeto que é a “laranja de amostra” do gaudério neste momento é o MOGAR, Momento Gauchesco Artístico-Cultural Rio-Grandense, que além de organizar cursos e palestras, edita publicações que enriqueçam as bibliotecas dos Centros de Tradições Gaúchas, grupos artísticos e equipes equestres.
    São 1500 entidades nativistas só no Rio Grande do Sul, 1800 em Santa Catarina (!!!) e centenas em outros estados e até no exterior, chegando a um milhão de associados.
    E falando especificamente de livros e folhetos, o MOGAR trata também da distribuição gratuita dos Pacotes Culturais, compostos de um mix de 20 obras variadas de Paixão Côrtes, que são oferecidos aos CTGs, secretarias municipais de educação, cultura e turismo, museus e bibliotecas públicas, fundações, instituições de ensino de todos os níveis e grupos artísticos.
    Porém, como nesse grande pampa de meu deus não existe picanha grátis, há uma exigência: é preciso comprovar que essas instituições  tenham ou desenvolvam  programas temáticos gauchescos que se integrem aos propósitos do projeto.
    No mais, Paixão avisa que do alto das suas 83 invernadas bem vividas, está preparado psicologicamente e fisicamente – “se o meu marca-passos autorizar” – para a quantidade de compromissos e emoções que a Feira do Livro vai trazer. “Nunca me achei muito bom nas ´pretas` – que é como os guascas chamam as letras impressas – mas a literatura do povo merece ter seu espaço ao lado da erudição das grandes obras”.
    Como ele mesmo diria, “cosa bunita barbaridade”.

  • Feira garante bibliodiversidade

    Uma palavrinha que garante que você vai ler o que quiser, e não que outras pessoas decidirem por você. Tradução: um cardápio de leituras capaz de agradar a qualquer um, de alguma forma, e não apenas o catálogo fast food das grandes editoras blockbusters.
    Por exemplo – só para continuar numa metáfora gastronômica -, quem quiser vai comprar “Comer, Rezar, Amar”, expoente máximo este ano de um gênero que algumas pessoas chamam maldosamente de “literatura mulherzinha”.
    Quem tiver alma de nerd e disposição para procurar, pode achar a obra “Hercólubus, o Planeta Vermelho”, do ocultista colombiano V.M. Rabolú, que afirma e adverte, no melhor estilo filme B, de que eu, você, toda a Praça da Alfândega e o resto do mundo estamos na mira de um choque intergalático que eliminará toda a vida na Terra.
    É a essa característica que o presidente da CRL ( Câmara Riograndense do Livro), João Carneiro, atribui o grande poder de atração do evento, que chega à 56ª edição. “A bibliodiversidade está ameaçada, tanto quanto a biodiversidade”, compara João.
    “Já recebemos ofertas de grandes editores do centro do país para, por exemplo, comprar 200m2 do nosso espaço, mas não é essa nossa proposta”, remetendo a um problema de abordagem de grandes empresas sobre a feira que tem se repetido.
    Para ele, o importante é que o leitor possa fazer suas escolhas, encontrar publicações e atividades que estejam identificadas com sua realidade e forma de pensar.
    Bem, algum advogado do diabo poderia até perguntar, e aquela vez, nos anos 80, em que a Editora Revisão, especializada em obras que negam o holocausto judeu, foi impedida de participar da Feira? “Naquela ocasião, a CRL atendeu a um pedido da população”, lembra João Carneiro. “O importante é garantir a mais ampla liberdade de expressão, mas dentro dos marcos constitucionais e sem ferir a possibilidade de existência do outro”.
    A nossa Feira quer continuar oferecendo o mesmo espaço igualitário e democrático a editoras e livrarias, a grandes e pequenos, a consagrados e iniciantes. Tanto é assim que, lembra o presidente da CRL, a distribuição dos barracas é feita por sorteio e não há favorecimentos no agendamento de horários de autógrafos.
    Idéias, idéias a la carte, todo tipo de idéias. Com descontos de no mínimo 10% e até 50%. Na Feira, quem procura acha.

  • Protesto em shopping de Canoas contra venda de pets

    Na tarde deste domingo, dia 10 de outubro, a Vanguarda Abolicionista organizou protesto em frente ao Canoas Shopping, em Canoas, que sediava uma feira de filhotes, com vistas ao Dia da Criança, 12 de outubro. O evento tradicionalmente realizado no DC Shopping, em Porto Alegre, transferira-se para a vizinha Canoas após aprovação de lei municipal que restringia esse tipo de comércio na Capital gaúcha.
    A partir das 14h, o grupo se posicionou na entrada para pedestres do local – que está em reformas, com sua entrada principal fechada – juntamente com os locais SVB/Canoas e Aprocan, Projeto ProAnimal, de São Leopoldo, outras siglas e dezenas de protetores e ativistas independentes.
    Com banners e panfletos, buscavam orientar o público que adentrava o shopping, oferecendo a opção de adoção de animais, no lugar da compra – que sustenta tanto a indústria pet quanto a idéia de que animais não-humanos são objetos, produtos a serem comercializados.
    A idéia da ação pedagógica foi mostrar que o presente dos pais a ser dado aos filhos poderia ser também uma ato cidadão, respeitando a liberdade dos animais, ajudando na questão dos animais abandonados e evitando a compra compulsiva e de caráter meramente consumista.
    Muitas foram as pessoas que deram seu apoio ao manifesto, e solicitavam indicação de ONG para adotar um cachorro ou gato. Um casal procurava um cavalo para adotar, e receberam a orientação de procurar a Chicote Nunca Mais, que trata e aposenta os cavalos de carroça.
    Com a chegada de mais voluntários para a manifestação, foi preciso dividir os participantes em grupos, que panfleteavam e exibiam faixas nos três acessos ao shopping. O movimento era grande e a recepetividade foi alta, inclusive com populares parando para conversar, tirar dúvidas ou mesmo pedir ajuda para animais machucados.
    Dois simpáticos cachorros se juntaram ao protesto, recebendo cafuné e alimentação dos protetores. A cadela, que não arredou pé até o final, acabou sendo levada para casa por uma das participantes, ganhando um lar. Ao anoitecer, próximo das 19h, os manifestantes encerraram o evento, considerado com saldo positivo para a causa animal.

  • Cala a boca, jornalista

    Texto de Carlos Brickmann, publicado no Observatório da Imprensa
    Cala a boca, jornalista!
    O título é copiado de um livro de Fernando Jorge – e bem copiado, já que o tema é o mesmo. Trata-se, aqui, da tentativa de destruir o trabalho de um profissional de primeira categoria, Elmar Bones, que edita o jornal JÁ, de Porto Alegre.
    A briga é feia: primeiro, porque o adversário de Bones é o político Germano Rigotto, ex-governador do Estado, candidato ao Senado pelo PMDB gaúcho, e que ainda por cima se oculta por traz de sua mãe, Julieta Rigotto, uma senhora de 89 anos.
    O Clube de Editores e Jornalistas de Opinião do Rio Grande do Sul, numa reunião realizada pela internet, decidiu “não opinar” no caso que envolve um jornalista e um político. Motivo: “Evitar qualquer conotação político-eleitoral”.
    Para usar o mesmo critério, não se deveria sequer noticiar o Bolsa Família de Erenice Guerra. Elmar Bones está só – mas já está acostumado. Nos idos da ditadura, com seu excelente Coojornal, estava sozinho, como hoje, contando apenas, também como hoje, com o apoio de quem gosta da boa imprensa.
    O caso é antigo. Em 2001, o JÁ publicou reportagem sobre o envolvimento de Lindomar Rigotto, irmão de Germano, numa licitação que gerou CPI. “De tudo o que se apurou”, diz o relatório da CPI, “tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto”.
    A reportagem do JÁ, baseada na CPI e nas investigações do Ministério Público, ganhou o Prêmio Esso regional, o Prêmio ARI, da Associação Riograndense de Imprensa. Valeu-lhe o processo. E, como todos sabem que Bones não é rico, este foi o caminho escolhido pela família Rigotto: bloquear seus bens, prolongar ao máximo o processo, para aumentar suas despesas e sufocá-lo.
    Talvez não dê certo: a juíza Fabiana Zilles, da 2ª Vara Cível da Fazenda Pública de Porto Alegre, deu o caso por concluso, o que significa que falta apenas a sentença. E a manutenção do processo até agora pode-se revelar um erro fatal de Rigotto: Ana Amélia Lemos, jornalista competente e simpática que se transformou em candidata, deve ser eleita para o Senado. Rigotto seria o segundo nome.
    Mas, com o escândalo estourando, pode perder o posto para Paulo Paim, do PT, que ganharia a reeleição quase de graça.
    Sobre o caso, ver, neste Observatório, O jornal que ousou contar a verdadeComo calar e intimidar a imprensaDesculpa para calar a opinião.

  • Bancários em greve por aumento de 11%

    Os bancários gaúchos, dentro do movimento nacional da categoria, aprovaram em assembleia realizada na noite de ontem, greve por tempo indeterminado a partir desta quarta. O movimento dos empregados do Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banrisul e bancos privados foi deflagrado por unanimidade, após rejeição do Comando Nacional ao índice de 4,29% apresentado pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).
    Os bancários que compareceram à assembleia atenderam à indicação de paralisação do Comando Nacional. A categoria também exige a retomada das negociações com a Fenaban e uma proposta que dialogue com as suas reivindicações.
    ‘A grande presença de bancários na assembleia mostra a força e o desejo de arrancar uma proposta que atenda à categoria.
    Também é uma resposta à postura arrogante e intransigente da Fenaban, que trouxe à mesa um índice impraticável para os lucros dos bancos em 2010. Não é possível que o setor mais rentável da economia brasileira venha apenas com um percentual para repor a inflação’, avaliou o presidente do SindBancários, Juberlei Baes Bacelo, ao final da assembleia.

  • Clube de opinião não opina sobre caso Rigotto

    Por Luiz Cláudio Cunha
    O respeitado Clube de Editores e Jornalistas de Opinião do Rio Grande do Sul, que reúne duas dezenas dos mais importantes colunistas e blogueiros do Estado, tomou uma grave decisão na semana passada. Por escassa maioria, numa reunião virtual feita pela internet, o Clube de Opinião decidiu “não opinar” sobre o inclemente processo que a família do ex-governador gaúcho Germano Rigotto move contra um pequeno jornal de Porto Alegre, o JÁ.
    O respeitado Clube de Editores e Jornalistas de Opinião do Rio Grande do Sul, que reúne duas dezenas dos mais importantes colunistas e blogueiros do Estado, tomou uma grave decisão na semana passada. Por escassa maioria, numa reunião virtual feita pela internet, o Clube de Opinião decidiu “não opinar” sobre o inclemente processo que a família do ex-governador gaúcho Germano Rigotto move contra um pequeno jornal de Porto Alegre, o JÁ.
    A ação judicial, que completa dez anos, está matando financeiramente o jornal de cinco mil exemplares editado há 25 anos pelo jornalista Elmar Bones, que em agosto passado teve suas contas pessoais bloqueadas pelos advogados dos Rigotto.
    A valente opção não opinativa do Clube de Opinião teve uma bela desculpa: “evitar qualquer conotação política-eleitoral” antes do pleito de 3 de outubro, já que Germano Rigotto é candidato ao Senado pelo PMDB gaúcho. Num sereno, mas contundente editorial publicado no domingo (19) no site do jornal e reproduzido neste OI, Elmar Bones respondeu, batendo no osso da questão:
    “Pode ser uma maneira cômoda de contornar uma situação espinhosa, mas essa interpretação não encontra base nos fatos e contraria a lógica da democracia. O processo eleitoral, que exige verdade e cobra opinião do eleitor, não pode ser usado como pretexto para a omissão, o silêncio e a desinformação”.
    Bones, que como Groucho não é sócio do clube, poderia usar o raciocínio que o comediante Marx usava para definir “inteligência militar”: “Clube de Opinião sem opinião é uma contradição em termos”. A infeliz decisão da entidade gaúcha carteliza e uniformiza, por baixo, o que deveria ser livre e múltiplo: o pensamento.
    É o fundo do poço de uma incômoda questão que constrange, envergonha e deprime a imprensa do Rio Grande do Sul, um celeiro de bravos profissionais que iluminaram o jornalismo brasileiro nos momentos mais duros de sua história, quando era necessária muita opinião, muita coragem, muita resistência. Elmar Bones é um sobrevivente daqueles tempos, quando então comandava o CooJornal, uma das legendas da valente imprensa nanica que afrontava os generais da ditadura de 1964.
    A omissão
    A candente questão que o clube gaúcho tangencia é que o JÁ não está sendo punido por sua opinião, mas pela embaraçosa informação que publicou em 2001: o envolvimento de Lindomar Rigotto numa licitação fraudulenta na CEEE, a estatal de energia elétrica. Enxertado na diretoria financeira pelo irmão Germano, então o poderoso líder do governo do PMDB na Assembléia Legislativa, o mano Lindomar fez uma mistureba financeira tão grande que acabou sendo o personagem central de um CPI que indiciou ele, outras onze pessoas e onze empresas.
    O cabeça da quadrilha, que montou a operação na CEEE, era o irmão menos famoso de Rigotto, segundo o relatório final da CPI: “De tudo o que se apurou, tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto”, escreveu corajosamente o relator e deputado Pepe Vargas (PT), apesar de ser primo de Lindomar e Germano.
    Essa era a reportagem de capa que o JÁ publicou há dez anos, sob o título “Caso Rigotto – um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas”. Não tinha nada de opinião. Era pura informação, matéria prima do bom jornalismo, baseado em peças do Ministério Público e nos autos da CPI, agregando detalhes sobre a vida turbulenta de Lindomar, que acabou assassinado por assaltantes de sua casa noturna, no litoral gaúcho, em 1999.
    A matéria do jornal arrebatou em 2001 os principais troféus de jornalismo do sul do país – o Esso Regional e o ARI, da Associação Riograndense de Imprensa. E acabou premiada, também, com o processo da família Rigotto.
    O Clube de Opinião achou por bem não opinar nada sobre este vergonhoso, continuado ataque ao primado da liberdade de expressão no país. Se levassem a sério seu pretexto para este mutismo – “evitar qualquer conotação político-eleitoral” –, os bravos formadores de opinião do Rio Grande do Sul deveriam se esquivar de gastar tinta e tempo com assuntos constrangedores como a bolsa-família da ex-ministra Erenice Guerra, que empregou a parentada em órgãos públicos e tinha no coração do governo Lula um filho tão empreendedor quanto o irmão de Germano Rigotto.
    A intermediação de Israel Guerra, conforme a capa da revista Veja da semana passada, arrumou para um empresário aflito um contrato camarada de R$ 84 milhões nas entranhas dos Correios. A lambança de Lindomar Rigotto, segundo a manchete do JÁ, lesou os cofres públicos gaúchos, em valores corrigidos, numa soma dez vezes maior: R$ 840 milhões, a maior fraude da história do Rio Grande.
    A contradição
    Se tivesse o mesmo comportamento caridoso que hoje oferta ao candidato Germano Rigotto, que imagina preservar, o Clube de Opinião deveria se esquivar também de falar sobre os fatos constrangedores que já demitiram quatro funcionários da Casa Civil de Lula e provocam evidentes embaraços na candidata Dilma Rousseff. É um escândalo de forte conotação política, e supostamente eleitoral, tanto quanto a ação que garroteia o jornal de Elmar Bones.
    Apesar dessa contradição, nenhum dos bravos sócios do clube deixa de bater na Erenice, criatura criada por Dilma, que agora diz não ter nada a ver com isso: “Eu não posso responder por ela”, esquiva-se a petista. Aliás, a mesma desculpa de Rigotto, que alega não ter nada a ver com a perseguição ao JÁ: “Eu desconheço o processo contra o JÁ. Isso é coisa da minha mãe”, fantasia Germano.
    Dona Julieta Rigotto tem 89 anos.
    Um dos mais ferozes membros do Clube de Opinião gaúcho é Políbio Braga, dono do blog mais influente e acessado do sul do país, com quase 100 mil assinantes. Militante estudantil de esquerda no início dos anos 1960 em Santa Catarina, foi diretor da Folha Catarinense, do Partido Comunista, onde era apenas simpatizante, não filiado. Chegou a ser presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), na época em que José Serra presidia a União Nacional dos Estudantes (UNE). Depois do golpe de 1964 foi preso pela ditadura uma dúzia de vezes e, na mais longa delas, cumpriu seis meses de pena no antigo presídio do Ahú, um bairro de Curitiba.
    No comando de seu blog, hoje, Políbio é contundente, bem informado e impiedoso, principalmente com tudo que acontece no turbulento entorno da Casa Civil e da candidata petista à presidência da República. Quando Veja explodiu nas bancas no sábado (11/9), Políbio festejou: “Estoura escândalo maior do que o Mensalão no Governo Lula”, era a manchete do blog.
    Sobre o escândalo do irmão de Rigotto, matematicamente dez vezes maior do que o do filho de Erenice, quinze vezes mais estrondoso que a quadrilha dos 40 do mensalão chefiada por José Dirceu, Políbio não ousou escrever uma única linha, muito menos dar sua retumbante opinião. No fim de agosto, o Observatório da Imprensa abordou, pela segunda vez, a saga do JÁ e de Elmar Bones, num texto (“Como calar e intimidar a imprensa“) que teve larga repercussão na internet – e nenhuma no ágil e abrangente blog de Políbio Braga.
    O rabo
    Autor desse texto, liguei várias vezes pedindo que Políbio abrisse espaço para o tema Rigotto vs. JÁ, confiando no belo lema que seu blog desfralda: “De rabo preso com a notícia”. Cansado de minha cobrança, Políbio acabou admitindo:
    “Sobre este caso, devo te dizer que adotei uma linha de ‘rabo preso’ com meus amigos, que não são muitos, mas que prezo demais. Um deles é o Rigotto. Ao longo dos últimos 10 anos, tenho conversado com ele a toda hora, temos almoçado juntos, ele é fonte que consulto a todo momento, vou votar nele e também toda a minha família e os amigos que têm razões para fazer isto”.
    Assim, descobri consternado que o Políbio eleitor prevaleceu sobre o Políbio jornalista e o seu festejado blog, além da notícia, tinha o rabo irremediavelmente preso a Germano Rigotto.
    É justo esclarecer que Políbio Braga e seus colegas de clube não estão sozinhos neste vasto e silencioso constrangimento. Nenhum grande órgão da imprensa gaúcha se atreveu a mencionar o caso do JÁ e seus escandalosos antecedentes, de forte “conotação político-eleitoral” e um evidente poder letal sobre a boa imagem de Rigotto, que tem um chamativo coração vermelho como símbolo de sua campanha ao Senado.
    Na RBS, a maior rede regional de comunicação da América Latina (Zero Hora, o maior do estado, e mais sete jornais, 21 emissoras de TV, 24 de rádio e sete portais de internet), o assunto passa batido pela pauta diária do conglomerado de mídia. Rigotto, sempre que pode, lembra aos amigos que tem uma relação especial de amizade com Nelson Sirotski, o diretor-presidente do grupo. O mesmo acontece no segundo maior grupo do estado, a Record, onde se destacam o Correio do Povo e a rádio Guaíba, hoje sob controle da Igreja Universal.
    Na sexta-feira (10/9), aconteceu algo inesperado: o colunista do jornal e âncora da rádio Juremir Machado da Silva abriu corajosamente espaço no seu programa de uma hora, a partir das 13h, para ouvir Elmar Bones ao vivo no estúdio da rádio Guaíba. Juremir foi o primeiro nome importante do jornalismo sulista e a Guaíba o primeiro grande veículo da imprensa gaúcha que conseguiu quebrar o bloqueio de silêncio e abrir espaço para a saga do JÁ.
    Quando veio o primeiro intervalo do programa, um esbaforido executivo da área comercial irrompeu no estúdio para implorar ao entrevistador e a seu convidado: “Pelo amor de Deus, não misturem esta entrevista com a campanha eleitoral do Rigotto! O homem ‘é assim’ com o nosso presidente!”.
    O pastor Natal Furucho, o presidente da Record no sul do país, seria mais um chefão da mídia que “é assim” com Germano Rigotto, o que explicaria o estrondoso silêncio midiático que envolve suas desditas.
    O sumiço
    Na quinta-feira (9/9), um dia antes da inédita entrevista na Guaíba, a história do JÁ ressuscitou no jornal O Sul, de Porto Alegre. Não era nenhuma ousadia da casa, mas a nota de abertura da coluna de Cláudio Humberto, um profissional que Políbio Braga inveja como um “respeitado e bem informado jornalista” e que é reproduzido em outros 36 jornais do país, além d’O Sul. Furando toda a imprensa gaúcha, o colunista de Brasília informava: “Bomba política explode no colo de Rigotto”.
    Era a notícia de que, após 15 anos sob um inacreditável “segredo de justiça”, a juíza Fabiana Zilles, da 2ª Vara Cível da Fazenda Pública, em Porto Alegre, dera por “concluso” o caso da roubalheira da CEEE. Ou seja, falta agora apenas a sentença da juíza sobre a maior fraude gaúcha, que atinge diretamente o mano esperto que Germano Rigotto plantou na estatal.
    A coluna de Cláudio Humberto é publicada simultaneamente nos três jornais do Grupo NH, que domina a rica região do Vale do Rio dos Sinos, em Novo Hamburgo, Canoas e São Leopoldo, no entorno da região metropolitana de Porto Alegre. Apesar disso, estranhamente, a nota daquele dia que brilhava n’O Sul desapareceu num passe de mágica dos jornais do NH.
    O dono do grupo é Mário Gusmão, um dos dois brasileiros que integra a Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da poderosa Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol). O outro brasileiro é Gustavo Ick, também do jornal NH do mágico Gusmão. A comissão da SIP, como o Clube de Opinião gaúcho, jamais opinou ou sequer colocou em pauta o caso do JÁ.
    No dia seguinte, na mesma sexta-feira em que Elmar falava na Guaíba, o blog de Políbio Braga no mesmo O Sul replicava com uma manchete forte: “Jogo pesado mira candidatura de Rigotto”. Citava a própria nota de véspera de Cláudio Humberto, que ele classificou como “oblíqua”, e condenava o “saco de maldades” contra o PMDB supostamente aberto pelo “resgate do caso do jornal JÁ, acionado em juízo pela mãe de Rigotto, ofendida com reportagens sobre o filho morto, Lindomar”.
    E mais não disse. Parecia uma mera travessura de um jornaleco irresponsável, enxovalhando a memória de um jovem desafortunado. Políbio esqueceu de fazer a conexão natural dos fatos que qualquer jornalista com o rabo preso com a notícia, só com a notícia, deveria fazer.
    A resposta
    O “resgate do caso do JÁ” foi engenho e bravura deste Observatório, o primeiro a contar os bastidores da ação dos Rigotto contra Elmar Bones (ver “O jornal que ousou contar a verdade“, 24/11/2009, e “Como calar e intimidar a imprensa“, 31/8/2010), assinados por este jornalista.
    O simples, inegável e transparente relato da saga do jornal e de seu editor, premiado pela reportagem e processado pela família do morto, virou “jogo sujo” na estranha interpretação do blogueiro Políbio Braga. Se não tivesse o rabo preso com o seu amigo Rigotto, ele poderia beber na fonte do límpido editorial que Elmar Bones publicou no site do jornal.
    Ali está claro que o caso do JÁ, engavetado desde julho de 2007, foi desarquivado em fevereiro de 2007 não pelo réu Elmar Bones, mas pelos advogados da própria família Rigotto. O saco de maldades, portanto, foi escancarado por quem, agora, teme sua repercussão político-eleitoral.
    Definhando financeiramente, o JÁ teve em 2006 a altivez de recusar uma milionária oferta de um partido adversário do então governador Germano Rigotto, que se preparava para tentar a reeleição.
    A proposta era reimprimir 100 mil exemplares da edição maldita de 2001, contando os deslizes contábeis do irmão de Rigotto na CEEE, e espalhar a bomba pelo Rio Grande do Sul. A digna resposta de Elmar Bones, ao recusar a oferta, só cabe na cabeça de um jornalista que não tem rabo preso: “Nosso jornal não é instrumento político de ninguém”, ensinou o editor do JÁ, encerrando a conversa.
    Os artigos pioneiros do Observatório ecoaram fundo nas redações dos principais jornais gaúchos – Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio, O Sul –, evidência de que os bons repórteres e editores do sul continuam atentos e inquietos, todos eles constrangidos com o silêncio que vem de cima.
    Em telefonemas e e-mails enviados diretamente a este jornalista, que assina aqueles e este texto, uns e outros se mostram solidários a Bones, conscientes do crime que se comete contra a liberdade de expressão e absolutamente impotentes para executar ou simplesmente sugerir esta pauta obrigatória. “Os textos do Observatório constituem uma paulada em nossas consciências amorfas”, me disse um deles, em tom emocionado e sofrido.
    Apesar de ser de conhecimento público o nome da juíza, o endereço do tribunal e o número do processo do caso da CEEE, nenhum repórter teve a iniciativa de apurar esta história, como mandam as regras elementares do bom jornalismo, amarrado apenas pela busca da verdade e do interesse público.
    A fresta
    Apesar das dificuldades, aos poucos o espírito guerreiro de Elmar Bones se afirma e se impõe, furando a bolha de silêncio, como aconteceu com o pioneiro Juremir, na Guaíba. O Estado de S.Paulo publicou uma matéria (11/9), enquanto notas esclarecedoras brotam em blogs influentes e solidários, como os de Carlos Brickmann, Cláudio Humberto e Ricardo Noblat.
    Dias atrás, o blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, abriu espaço para um inédito pingue-pongue com Elmar Bones, de enorme repercussão na internet pela história que parecia novidade, mas que já tem dez anos de agonia e resistência. Inédito, no caso, era a disposição do repórter de ouvir o réu de uma das mais longas ações da justiça contra a liberdade de expressão.
    Parece improvável que Germano Rigotto e seus amigos consigam estancar o vazamento crescente de uma epopéia que não pode ser silenciada, não deve ser escondida e não pode ser tolerada.
    A verdade flui sempre pelas frestas cada vez mais largas de um sistema multimídia que confronta a mentira e desafia o silêncio – e torna caricata a figura anacrônica do “jornalista com rabo preso”. Na eleição de 2006, um pequeno instituto de pesquisas de Porto Alegre, o Methodus, desafiou o ridículo ao apostar na vitória do azarão Yeda Crusius contra os favoritos Germano Rigotto e Olívio Dutra.
    Deu no que deu.
    Na semana passada, o Methodus publicou sua segunda pesquisa, encomendada pelo Correio do Povo para a corrida ao Senado no sul. Em relação ao levantamento do mês anterior, Ana Amélia Lemos (PP) subiu 12,4 pontos percentuais, chegando à liderança com 51,8%. Paulo Paim (PT) vinha em segundo, com 47,7%. Germano Rigotto (PMDB) caiu 6,8 pontos percentuais em relação à primeira pesquisa, ficando agora com 40,9%.
    Pelo silêncio da grande mídia, não se sabe até que ponto a queda abrupta de Rigotto pode ser atribuída à verdade latejante do JÁ e ao potencial corrosivo do escândalo da CEEE.
    O bravo Clube de Opinião também não opinou sobre esta possibilidade.

  • Coluna do Ricardo Setti na Veja

    Coluna do Ricardo Setti / Portal Veja.com
    RS:família Rigotto processa e sufoca jornal que revelou escândalo envolvendo irmão de candidato ao Senado
    “O pequeno jornal mensal Já, de Porto Alegre, arrebatou em 2001 os principais troféus de jornalismo do sul do país – o Esso Regional e o ARI, da Associação Riograndense de Imprensa –, com uma reportagem de capa intitulada “Caso Rigotto – um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas”.
    A reportagem, de autoria do respeitado jornalista Elmar Bones, diretor do jornal, baseou-se inteiramente em peças do Ministério Público e nos autos da CPI da Assembléia Legislativa que investigou um escândalo de roubalheira na Companhia Estadual de Energia Elétrica do estado (CEEE) envolvendo Lindomar Rigotto, irmão do então governador e atual candidato ao Senado pelo PMDB Germano Rigotto.
    A reportagem incluía detalhes sobre a vida turbulenta de Lindomar, que acabou assassinado em 1999 por assaltantes de uma casa noturna que possuía no litoral gaúcho.
    Mesmo não contendo crítica ou opinião, a reportagem deu causa a um processo judicial movido pela família Rigotto contra o jornal e Elmar Bones, que está matando financeiramente uma publicação independente, dirigida por um jornalista de carreira impecável”.

  • NA OUTRA MARGEM DO GUAÍBA…

    O engenheiro Hermes Vargas postou em seu blog http://hidroviasinteriores.blog spot.com/ informações sobre o projeto “Ponta da Figueira Marina”, do consórcio Merlick-Sens, nas margens do Guaiba no Saco de Santa Cruz. São informações importantes, que não estão disponíveis na mídia convencional.
    ”O projeto de empreendimento imobiliário da Melnick/Sens está localizado no município de Eldorado do Sul, na Estrada do Conde, e visa a implantação de um condomínio de luxo numa área de 73,83 hectares nas margens do Rio Guaíba (Saco de Santa Cruz). Além da abertura das margens, com desvio das águas do Rio Guaíba para o interior do condomínio, onde serão abertos diversos canais artificiais, o empreendimento implica a abertura de um extenso canal de navegação privado no Saco de Santa Cruz”.

  • Serra e a surra da jabulani!

    Luiz Claudio Cunha
    Se a eleição fosse a Copa do Mundo, o placar desta semana mostraria que José Serra tomou um banho de jabulani ? pelas costas e pelo meio das pernas ? e viu seu time emplumado despencar do poleiro, goleado fragorosamente pela equipe da adversária Dilma Rousseff.
    O placar impiedoso do último Ibope – Dilma 40, Serra 35 – é a primeira virada do PT no jogo bruto da sucessão. Menos pelas virtudes do time petista, mais pelos erros clamorosos do esquadrão tucano.
    O problema maior de Serra, que ainda não tem equipe escalada e nem esquema de jogo, não é a adversária que já se fardou para a partida. O problemão de Serra nem vai entrar em campo, mas pode decidir o jogo ainda no primeiro tempo: a encrenca é Lula, o dono da bola, do time, do discurso e da candidata do PT, que surfa na aprovação pessoal de 85% da torcida brasileira.
    O candidato do PSDB ainda tem que agüentar a estridente vuvuzela de uma economia em expansão que incha o pulmão do torcedor e forra o bolso do eleitor.
    Em março, pouco mais da metade do respeitável público (58%) sabia que Dilma integrava o time de Lula, e ela então perdia para Serra por 38 a 33. Em junho, 73% da galera já sabiam que dona Dilma era a craque escalada por Lula – e a candidata do PT virou o jogo, apesar de Serra aparecer mais na TV.
    Assim mesmo, quanto mais aparecia na telinha, mais crescia a rejeição de Serra (30%), superando a marca de antipatia de Dilma (23%).
    A planilha do Ibope mostra que, a 100 dias da eleição de outubro, mais da metade dos eleitores (55%) ainda não conhecem, nem ouviram falar ou poucos sabem que Dilma é candidata de Lula. Sinal de que, nos 45 dias finais de campanha no rádio e na TV, a situação de Serra pode se agravar dramaticamente.
    O tucano continua impondo seu jogo no sul do país, perde de goleada no Nordeste e começa a ceder o empate na zona do agrião – o Sudeste, onde estão as torcidas mais numerosas e que costumam decidir o campeonato.
    Em todas as regiões do país, a aprovação popular do inventor de Dilma varia de 80% (sul) a 90% (nordeste), batendo em 84% no triângulo estratégico de Rio-São Paulo-Minas, onde se concentram 58 milhões dos 134 milhões de eleitores.
    Serra, até agora preferido pelos eleitores mais ricos e de melhor instrução no Sul Maravilha, deve enfrentar dificuldades maiores no seu reduto: Lula tem 88% de aprovação no eleitorado que ganha até dois salários mínimos e já fatura 75% de popularidade entre os que ganham mais de 10 salários, justamente o ninho tucano.
    A crônica indecisão tucana agravou o drama de Serra. Até escolher o senador Álvaro Dias como seu vice, no fim de semana, Serra hesitou entre oito nomes.
    Fritou o favorito Aécio Neves, agora um jogador alijado cujo desinteresse explica o crescimento de Dilma nas montanhas decisivas de Minas Gerais. Cortejou o senador mineiro Francisco Dornelles, que acaba de levar seu PP para a neutralidade medida do “apoio informal” à candidata de Lula, gesto um pouco mais atrevido do que a “imparcialidade ativa” inventada pelo PMDB gaúcho para flutuar corajosamente entre Dilma e Serra.
    Depois, o tucano negaceou entre Arruda, o governador preso por corrupção em Brasília, os deputados baianos José Carlos Aleluia e Benito Gama e uma inexpressiva vereadora tucana do Rio de Janeiro. Patrícia Amorim seria uma jogada de craque, sonhavam os tucanos, porque é a atual presidente do Flamengo, o clube de maior torcida do país.
    Para dar certo, o gol de placa do palmeirense Serra teria que ser combinado também com os torcedores de Vasco, Fluminense, Corinthians, São Paulo, Atlético, Bahia, Barueri, Naviraense…
    Álvaro Dias ganha a vice menos por suas virtudes como político e mais por ser irmão do também senador Osmar Dias, que ameaçava montar um palanque no Paraná para Dilma.
    A manobra fraternal de Serra resgatou o apoio do mano desgarrado, mas isso nada tem a ver com firmeza ideológica. O lance perna-de-pau de Serra aconteceu na quarta-feira (23), quando ele fechou o apoio de nove partidos varzeanos de Brasília reunidos em torno do notório Joaquim Roriz.
    Serra jogou no ralo qualquer preocupação ética ao receber o apoio do homem que resume, como poucos, o clima pantanoso da política brasileira. Roriz renunciou ao mandato de senador, em 2007, para não ser cassado por quebra do decoro em negócios escusos com o banco estatal do DF e é apontado pelo Ministério Público como a matriz do mensalão do DEM que levou Arruda e seus comparsas à cadeia.
    No desespero dos números adversos, Serra tem olhos apenas para os 42% da pesquisa que dá a liderança em Brasília a Roriz, sem antever o desgaste que esta aliança moralmente rasteira sinaliza pelo país, onde o PSDB já teve que engolir o apoio de gente como Quércia e Maluf.
    Neste charco eleitoreiro, Serra nivelou-se pelo oportunismo sem peias ao time de Dilma, que escalou craques de fichas encardidas e reconhecidas como Sarney, Renan, Garotinho, Collor, Jucá, Jáder e Zé Dirceu e seus 40 mensaleiros.
    A flacidez moral de Serra, neste jogo de alianças a qualquer preço e a qualquer custo, mostra uma ambição que vai além de seu lema de campanha, o “Brasil que pode mais”. Agora com Roriz no bolso, Serra prova que pode ainda mais.
    Serra pode tudo, Serra pode qualquer coisa.