Autor: Geraldo Hasse
Navegar pelo Rio Grande do Sul é possível e necessário. As hidrovias voltam à cena, impulsionadas por investimentos públicos e privados. Integradas às ferrovias e rodovias, servem especialmente ao transporte de cargas.
Um livro-reportagem ricamente ilustrado com mapas e fotos, atuais e históricas. Como era antes das estradas e pontes, por onde ainda se navega, quais os obstáculos a serem superados, quais os projetos em andamento. Mostra um Rio Grande diferente, que não é só a terra do Pampa e da Serra.
2008, 102 páginas, 16 x 23 cm, 208 gr
ISBN: 978-85-87270-27-6
R$ 25,00
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Autor: da Redação
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Navegando pelo Rio Grande
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Jornalismo e Literatura
Este esclarecedor ensaio de Antonio Olinto mantém-se atual há mais de meio século. Foi publicado pela primeira vez pelo então Ministério da Educação e Cultura, em 1955. Adotado nas escolas de Jornalismo, voltou a ser publicado em 1968, pela Edições de Ouro, e desde então não mais voltou ao prelo.
Para esta nova edição, Antonio Olinto acrescentou um capítulo inédito, escrito no final de 2008. Olinto é um dos mais traduzidos romancistas brasileiros. Ganhou o prêmio Machado de Assis pelo conjunto da sua obra e foi da Academia Brasileira de Letras.
Começou como professor e jornalista. Escreveu romances, contos, poemas e ensaios traduzidos para vários idiomas. Organizou dicionários e proferiu palestras em quase todo o mundo. Morreu em 2009. Seu último texto em livro, portanto, está nesta edição.
2008, 92 páginas, 11,5 x 18 cm, 104 gr
ISBN: 978-85-87270-30-6
R$ 16,00
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Ambulantes que ficarem fora do camelódromo poderão ir para os bairros
Incluído entre as realizações de José Fogaça, o Centro Popular de Compras foi um dos destaques na campanha de reeleição do prefeito, embora não estivesse totalmente concluído.
A inauguração do prédio de dois módulos, com 20 mil metros construídos, foi marcada inicialmente para setembro, depois para outubro e, agora, foi adiada para janeiro.
Quando ele começar a funcionar, não será mais permitida a presença de ambulantes nas ruas do centro. Mas a SMIC vai permitir que se instalem nos bairros do entorno os que são cadastrados e não tem lugar no camelódromo.
Foi transferida para janeiro de 2009 a inauguração do Centro Popular de Compras, o Camelódromo, no centro de Porto Alegre. Foi o quarto adiamento desde o início da construção, em setembro de 2007.
Dúvidas não faltam a respeito da obra, orçada em R$ 14 milhões e entregue por licitação à construtora Verdicon, empresa de Erechim, especializada na construção de presídios. Ela constrói o prédio de 20 mil metros quadrados, em dois módulos, em troca da permissão para explorar comercialmente o local por 25 anos, com direito a duas renovações de cinco anos cada.
Serão 800 boxes, alugados aos camelôs, mais praça de alimentação e um estacionamento, não previsto no projeto original.
Inicialmente, tudo seria explorado pela concessionária, mas depois de uma denúncia do Jornal do Centro – de que a empresa iria arrecadar R$ 120 milhões a mais, sem nenhuma contrapartida ao município, houve mudança. O estacionamento será explorado pela EPTC, até uma nova licitação.
Há polêmica também quanto à lista dos selecionados para ocupar os 800 boxes do CPC. Durante a campanha eleitoral, apareceu o nome de Juarez Gutierrez de Souza, candidato à vice-prefeito em Viamão pelo PMDB.
Funcionário público estadual, Gutierrez declarou ao Tribunal Regional Eleitoral um patrimônio de R$ 90 mil, incluindo um imóvel de 100 m² em Viamão e três automóveis. “Desde 1981, o funcionário público tem cadastro na secretaria, estando em condições totalmente legais”, justificou o secretário municipal de Indústria e Comercio, Léo Antônio Bulling.
O secretário, reconhece que a a legislação tem brechas que podem levar a distorções. Não é obrigatório, por exemplo, que o trabalhador da banca seja o signatário do contrato. “A legislação facultou ao ambulante ter o chamado auxiliar. E isso possibilita que o titular tenha outra atividade”.
Não há também, segundo Bulling, impedimento a um camelô que possua outra fonte de renda. “Eticamente é incorreto, pois esse espaço público é para suprir uma necessidade de uma pessoa que não tem emprego. Mas legalmente não há o que impeça”.
As afirmativas de Bulling reforçam os comentários entre os ambulantes, de que está havendo venda dos espaços por quem foi contemplado com uma vaga. Uma das entidades que representa os camelôs está preparando um dossiê sobre o tema, mas não adianta os resultados do levantamento.
Quem sobrar vai para os bairros
Segundo a Smic, estão registrados 840 camelôs com bancas fixas no cetro de Porto Alegre. “Por isso idealizamos o camelódromo para 800 bancas”, observa o secretário Léo Antônio Bulling.
Ele admite que há mais gente sem registro na Smic. É o caso de Ana Cláudia Fonseca dos Santos, de 37 anos, 20 deles dedicados à atividade ambulante. Ela e seus dois filhos dependem exclusivamente da venda de bijuterias. “Querem exterminar nossa classe”, desabafa.
Muitos outros camelôs afirmam ter ficado de fora do espaço da Prefeitura. A maioria garante que não vai sair das ruas do Centro. “Não sei os outros, mas eu não vou”, promete uma camelô que tem mais de 30 anos de praça.
Prevenida, ela está antecipando a quitação de suas dívidas e também trancou a faculdade da filha, pois não sabe como obter outro rendimento caso seja impedida de trabalhar na rua.
Aos 40 ambulantes registrados, que ficarão fora do camelódromo, a secretaria vai oferecer a alternativa de irem para os bairros. “Como a legislação proíbe a instalação de qualquer banca de camelô no centro após instalado o CPC, nós iremos oportunizar para essas pessoas, para que não fiquem sem trabalho, para se dirigirem aos bairros”, revela.
Com reportagem de Priscila Pasko e Gabriel Sobé
Smic prepara licitação do estacionamento
A Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), por meio de sua assessoria jurídica, deve finalizar nos próximos dias os termos para o edital de licitação prevendo concorrência pública para a exploração do estacionamento do Centro Popular de Compras do Terminal Rui Barbosa (CPC), o Camelódromo, atendendo à recomendação do Ministério Público. As obras devem estar concluídas no próximo mês.
Responsável pela construção do Camelódromo, que se deu graças a uma Parceria Público-Privada (PPP), a empresa Verdicon Construções já adiantou que não pretende participar dessa nova concorrência para a exploração comercial das 216 vagas do estacionamento.
No contrato assinado entre a prefeitura e a Verdicon, ficou acertado que a empresa construiria o empreendimento, num investimento de R$ 14 milhões, e que, em troca, teria 25 anos para a exploração comercial do Camelódromo, prazo renovável por dois períodos de cinco anos. (do site da prefeitura)
Estrutura do camelódromo
– Localizado na Praça Ruy Barbosa, entre as avenidas Mauá e Voluntários da Pátria, o novo empreendimento vai abrigar 800 camelôs licenciados, numa área de 2.914 metros quadrados
– A plataforma de concreto é de 10 mil metros quadrados, sobre o terminal de ônibus na Praça Ruy Barbosa
– Cruzará a Avenida Júlio de Castilhos por uma passarela totalmente coberta até Avenida Mauá
– Cada comerciante ocupará um Box, que terá de três a quatro metros quadrados, contendo pontos de luz, água, esgoto e telefone, com aluguel estimado em R$ 300
– Com acesso a todas as calçadas e interligado às ruas do entorno, o CPC terá ainda lojas-âncoras, como restaurante popular, farmácia e agência bancária
– O projeto prevê jardins descobertos, praça de alimentação, sanitários, acesso para deficientes, sistema de segurança por câmeras de vídeo e policiamento
– Serão instalados 30 filtros de carvão ativado. Cada filtro terá a capacidade de renovação de 60 mil metros cúbicos de ar por minuto. Os equipamentos têm a função de filtrar os gases gerados pelos ônibus. -
Gerações de craques no lançamento do Rolo
Felipe Uhr
O pré-lançamento do livro “Rolo Compressor – Memória de um time fabuloso”, do jornalista Kenny Braga, atraiu centenas de torcedores ao Mercado Público de Porto Alegre, na sexta-feira, 24. O espaço reservado para a seção de autógrafos e exposição de painéis com fotos do livro esteve lotado por quase quatro horas.
Entre os presentes, estavam jogadores consagrados de três gerações de craques do Internacional, como Larry, Milton Vergara, que jogaram na década de 1950 Bráulio o garoto de Ouro do Beira- Rio e a lenda viva do Rolo Compressor, o zagueiro Nena.
O evento foi marcado por uma grande e positiva surpresa. Acreditava-se que Nena era o único jogador vivo do mítico time da década 1940. O erro foi corrigido ontem. Harry, o goleiro reserva daquele grupo também é vivo, com 86 anos.
Para comprovar sua presença como o parte daquele time extraordinário o ex-goleiro levou fotos, recortes de jornal e até mesmo a faixa de campeão do ano de 1947. “Não fico brabo, mas um pouco cheteado por não ter sido lembrado”, disse Harry, que quando jogador era chamado de Ari.. A magoa foi apagada com autógrafos, fotos e com o emocionante encontro com Nena.
Estiveram presentes também jornalistas, escritores, personalidades políticas e parentes de jogadores já falecidos. O jornalista Jorge Marimom Mendes, de 86 anos recordou as façanhas do Rolo: “Lembro quando chegaram do Rio de Janeiro em 1945, após um empate em 2 a 2 no qual o Rolo surpreendeu o grande time do Flamengo. Poucas vezes vi a Rua da Praia daquele jeito. Estava lotada e os jogadores mal conseguiram sair do carro para entrarem na sede do clube. Foi incrível”.
Kenny muito emocionado disse ser este um momento de muita alegria e realização. “Depois de muito trabalho e pesquisa, conseguimos resgatar para aqueles que não puderam ver os feitos inigualáveis desse time fabuloso que foi o Rolo Compressor. Jogadores como Tesourinha, Villalba, Adãozinho, Ávila e Nena não poderiam ficar restrito apenas a memórias dos mais antigos. Eles merecem toda e qualquer lembrança pois formaram o maior time da história do Internacional e começaram a faze-lo grande perante ao Brasil” disse Kenny após a sessão de autógrafos. -
Ignorância Histórica
Kenny Braga
Quando me perguntam qual foi a melhor obra da literatura universal com que me deparei na vida adulta, hesito por algum momento em responder. É o tipo de pergunta que exige uma reflexão, que ninguém tira de letra. Então ao invés de indicar rapidamente a obra mais grata ao meu gosto, a minha sensibilidade de leitor exigente, alinho no mínimo 10 livros que eu levaria desta para outra, se lá houvesse licença para conviver com o gênio criador de todos os tempos. Não vou referir aqui todos os títulos. Pretendo faze-lo aos poucos, na maré de publicações das minhas crônicas aqui no jornal.
Mas, hoje vou citar um livro que não me canso de folhear, para ter certeza de que ganho muito com o vigor do seu conteúdo e o estilo pessoalíssimo da sua autora, Margarite Yourcenar. A obra, que vocês devem encomendar ao livreiro mais próximo , para uma remessa urgente, intitula-se “Memória de Adriano”. Escrito na primeira pessoa, técnica extraordinária, na qual a autora se coloca na pele do imperador romano, o livro reconstitui a vida de um dos governantes mais lúcidos de todos os tempos.
Homossexual assumido, circulando à vontade no meio do patriciado romano, onde ninguém seria capaz de diminuí-lo ou tentar desmoralizá-lo, Adriano esteve a frente do seu tempo. Se existisse hoje, fosse brasileiro e concorresse a prefeito do Rio ou São Paulo, seria crucificado pelos moralistas de plantão, inclusive os que se dizem de esquerda, da boca para fora. Mas exatamente por que comento a excelência de um livro de conteúdo histórico com lugar cativo na minha cabeceira?
Porque estou cada vez mais chocado com a ignorância dos fatos da história do Brasil e do mundo até mesmo no ambiente universitário, onde deveria existir um mínimo de interesse pelo assunto. Já havia percebido isso em algumas palestras que tenho feito a propósito de fatos da história do Brasil contemporâneo, que acompanhei de perto na condição de jornalista e d e cidadão.
Mas o que me parecia uma ignorância localizada, vai assumindo aos poucos aspectos de epidemia analfabeta em relação a um assunto da máxima importância para que tenhamos condições de construir nosso futuro. No suplemento semanal “Aliás”, do jornal “ O Estado de S. Paulo”, da semana passada, colhi uma pérola em forma de ignorância histórica.
Um professor de História Moderna, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Oswaldo Munteal Filho, que organizou um debate sobre a ditadura brasileira, perguntou aos jovens, no início da sua palestra, quem era João Goulart, o grande líder trabalhista. A resposta foi um silêncio tumular. Era como se o professor tivesse perguntado a respeito de um líder da República do Congo ou do Afeganistão. Imagino que o silencio se manteria caso aludisse ao nome d e um presidente brasileiro mais próximo de nossos dias.
O fato é grave, porque mostra uma grande parcela da juventude alheia aos episódios marcantes da história brasileira. Contraditoriamente, no momento em que mais se fala na comunicação através da internet, a ignorância dos jovens em assuntos relevantes assume um aspecto assustador.
É indispensável que haja de parte dos professores, políticos, lideres comunitários mais esclarecidos e comunicadores,um mutirão para fazer com que os adolescentes conheçam assuntos vitais ao exercício qualificado da cidadania. Do contrário, seu destino será o de expectadores alienados e bestificados diante da realidade social e política do país. Nunca é demais lembrar que o velho Monteiro Lobato insistia na idéia de que um país se faz com homens e livros. A propósito:quem foi Monteiro Lobato? -
Alemanha construirá termelétrica a carvão livre de CO2
Mariano Senna da Costa | Ambiente JÁ
O Grupo alemão RWE assumiu semana passada o desafio de construir a primeira grande termelétrica a carvão do mundo que não emitirá CO2. Unindo o útil ao agradável, o presidente do grupo, Jürgen Grossmann, anunciou o projeto durante o lançamento da pedra fundamental de uma outra termelétrica fóssil na cidade de Hamm, estado de Nordhein-Westfalen, sede do RWE. A própria chanceler alemã, Angela Merkel, serviu de testemunha para o anúncio feito na sexta-feira (29/08).
Movida a linhito, a usina “CO2-free” será localizada próxima à cidade de Colônia, e terá capacidade para gerar 450 Megawatts de energia. Segundo o plano anunciado por Grossmann, o carbono produzido será enviado através de dutos para o estado de Schleswig-Holstein, no extremo Norte da Alemanha, onde será armazenado no subsolo.
A previsão é concluir a obra até 2014, com um investimento total, incluindo o sistema para transportar e armazenar o CO2, de 2 bilhões de Euros. Os executivos do grupo apostam nela como um meio para promover a aceitação pública do carvão.
Mas num país acostumado ao debate e à controvérsia tal missão não parece fácil. Mesmo para um gigante como o RWE, o quinto maior grupo empresarial da Alemanha, com um faturamento de 45 bilhões de Euros por ano. A começar pela forte oposição à construção de dutos para o transporte de gases e químicos dentro do próprio estado de Nordrhein-Westfalen. “As garantias técnicas para a segurança no funcionamento de tal estrutura são mínimas”, critica o líder do Partido Verde (Grünen), Fritz Kuhn.
Entre os governos federal e estaduais também não há consenso sobre o apoio ao carvão. Fora a pressão climática, o setor carbonífero alemão viu seus subsídios drasticamente cortados desde a subida do Partido Verde ao poder federal em 1998. Hoje a produção doméstica do mineral ainda recebe cerca de quatro bilhões de Euros em subvenções anuais. Uma década atrás o valor era três vezes maior.
Com a segunda maior reserva carbonífera do planeta, atrás só da Rússia, a Alemanha encara o setor como estratégico para a segurança energética. Nessa lógica, a construção de usinas a carvão que não emitam CO2 é fundamental para garantir o abastecimento sem comprometer, ainda mais, as metas assumidas dentro da União Européia.
Tecnicamente, a proposta ainda é vista como mera promessa para o futuro. “Precisaremos de muitos projetos de grande porte para captura e armazenamento de carbono se quisermos viabilizar essa tecnologia até 2020”, prevê o relatório “Coal Meeting the Climate Change” do Instituto Mundial do Carvão. Segundo a publicação, além do custo exorbitante da nova tecnologia, é necessário certificar a segurança e eficiência do processo. “Precisaremos de pelo menos 15 anos para tornar essa tecnologia comercialmente viável”, admite Kurt Häge, membro do Conselho Tecnológico da Vattenfall Europe, outra gigante do setor de energia.
No curto prazo, a primeira usina serve, principalmente, como peça de propaganda para o setor carbonífero da Alemanha, nação que abriga nove das 20 termelétricas mais poluidoras da Europa. -
As 10 promessas do Porto Alegre Em Cena
Adriana Lampert
Hoje inicia a maratona do 15º Porto Alegre em Cena, que além de espetáculos de teatro, também traz para a cidade como alternativa cultural para os próximos 22 dias atrações de música e dança, oficinas e bate papos sobre arte. Serão 62 espetáculos procedentes de 10 países (Alemanha, Argentina, Espanha, Eua, França, Dinamarca, Itália, Lituânia, Portugal E Uruguai) e cinco estados brasileiros (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco). Com tanta alternativa, fica difícil assistir a tudo, e às vezes, perde-se a oportunidade de conferir o trabalho de grupos e espetáculos importantes. Abaixo, seguem indicações do porquê pelo menos 10 espetáculos prometem entrar para a história dos melhores momentos desta edição do Festival:
A Lenda de Sepé Tiaraju
Uma das estréias mais esperadas no Festival, dirigida por César Vieira, pseudônimo artístico-político de Idibal Pivetta, diretor teatral, fundador e principal mentor do Teatro Popular União e Olho Vivo, de São Paulo. O grupo é o mais antigo do gênero popular no Brasil (completou 42 anos em fevereiro) e também é o mais importante grupo de teatro de rua do país. Seus espetáculos têm sempre como estrutura a arte popular brasileira (o carnaval; o bumba-meu-boi; o circo; o futebol; a literatura de cordel), e com freqüência recorrem ao folclore para ambientar enredos. Além do encantamento com cores, roupas e truques, o trabalho do União e Olho Vivo é lembrado na Europa e América Latina pela inserção de uma visão crítica da sociedade em todos seus espetáculos. Como não poderia deixar de ser, as apresentações de “A Lenda de Sepé Tiaraju” durante o Em Cena ocorrerão em espaços alternativos (Usina do Gasômetro, Parque da Redenção e quatro escolas municipais inseridas dentro do projeto de Descentralização do Festival).
O Amargo Santo da Purificação
Outra estréia importante dentro da grade de programação do 15º Em Cena é a da Tribo de Atuadores Oi Nóis Aqui Traveiz (RS) que completa 30 anos de criação artística ininterrupta e que na edição de 2007 levou o prêmio “Braskem Em Cena” de Melhor Espetáculo. O espetáculo, que faz parte do programa de Descentralização do Em Cena, é, segundo o grupo, uma visão alegórica e barroca da vida, paixão e morte do revolucionário Carlos Marighella e conta a história de um herói popular que os setores dominantes tentaram banir da cena nacional durante décadas.
A Obscena Sra D
A atriz Susan Damasceno, que vem do Centro de Pesquisa Teatral (SP), coordenado por Antunes Filho (um dos maiores diretores de teatro do Brasil e do mundo), mergulhou por dois anos no texto de Hilda Hilst para interpretar uma viúva triste e terrível (e seus diversos personagens secundários) sob forma de monólogo, com um mínimo de cenário. Sua atuação tem sido muito elogiada pela crítica e a direção de Donizete Mazzonas e Rosi Campos também ganhou destaque nos jornais. O espetáculo é uma adaptação da obra homônima da grande escritora brasileira (conhecida por poetizar o desamparo, o desejo, o sagrado e o cotidiano) e tem sido um dos mais procurados pelo público junto às bilheterias do Em Cena.
Fausto
Clássico de Johann von Goethe, o espetáculo dirigido pelo lituano Eimuntas Nekrosius, é, segundo o diretor, “o último estágio de uma trilogia não planejada”, onde empregou “todo um inventário estético e lingüístico de sua arte”. Em cena, apenas a essência, descartando diversas cenas e personagens. Nekrosius diz que “concentrou a direção na atuação de seus extraordinários atores”. Dono de um método visual, que muitas vezes substitui uma palavra ou um gesto e encantado com o material utópico de “Fausto”, e focado em seu problema central, Nekrosius revela ao público a impossibilidade de parar o tempo. O espetáculo tem sido considerado grandioso e a atuação de Vladas Bagdonas, magnífica.
O Grande Inquisitor
Dirigido pelo britânico Peter Brook – um dos mais respeitados profissionais de teatro da atualidade – o espetáculo é uma adaptação da francesa Marie Hélène Estienne para uma passagem de “Os irmãos Karamazov”, de Dostoievski. Passada na Espanha do século 15, a história supõe o que ocorreria se o grande inquisidor tivesse a oportunidade de conhecer Cristo. O inquisidor, interpretado por Bruce Myers – que também é o narrador – está num espaço próximo ao vazio. Conhecido por propor um teatro de caracterização psicológica dos personagens que torne visível a “invisível” alma humana, Brook utiliza-se da estética de que “menos é mais” nesta montagem que traz Myers em performance elogiada.
Os Bandidos
Sem sombra de dúvidas, esta é a estréia (em nível nacional) mais aguardada pelo Em Cena. Sob a direção de José Celso Martinez Corrêa (Zé Celso), um dos principais encenadores da história do teatro brasileiro, a peça (escrita por Friedrich Schiller em 1777) já estreou na Alemanha, em junho. O espetáculo está atrelado à comemoração do aniversário de 50 anos do Teatro Oficina (São Paulo). Na versão do grupo dirigido por Zé Celso, a peça passa-se nos dias de hoje, em dois hemisférios: Norte e Sul. Trata de uma guerra civil, guerra entre irmãos: Cosme (Aury Porto) é chefe de uma corporação internacional de TV com concessão de canais pelo estado brasileiro. Damião, o primogênito, vem para o Brasil dirigir a corporação de mídia do pai, mas trai sua classe, torna-se líder de uma revolução política ligada à multidão e tenta politizar até o crime, aliando-se a bandidos de várias partes do mundo. Na visão de Zé Celso, a obra transformou-se em uma ópera de carnaval, bem ao estilo do diretor: ritualística e inovadora, para todos os gostos e públicos.
Os Persas
Datada de 472 a.C. Os Persas, de Ésquilo, é a mais antiga tragédia da literatura mundial transmitida oralmente e a única cujo tema baseia-se em fatos contemporâneos do autor e não em histórias mitológicas. Este clássico da dramaturgia é encenado por uma das mais brilhantes e destacadas companhias alemãs, o Deutsches Theater (DT) de Berlim, que tornou-se conhecida pela diversidade de suas produções, freqüentemente premiadas, e pelo engajamento nos protestos para a queda do Muro de Berlim. A tradução do texto original (grego) para o alemão é do dramaturgo Heiner Muller e a direção do espetáculo é do búlgaro Dimiter Gotscheff, diretor permanente do DT desde 2006, que procura tratar o efeito clássico da tragédia grega buscando uma purificação ampla e também corporal. A peça foi aclamada pela imprensa como um das encenações de excelência do ano pela revista Tagesspiegel. Não é para menos: trata-se de um clássico da dramaturgia encenado por uma das maiores companhias alemãs da atualidade.
A Falecida
A peça de Nelson Rodrigues recebe montagem sob a direção de um dos mais produtivos diretores do teatro brasileiro da atualidade: João Fonseca, diretor artístico da Companhia Fudidos Privilegiados, que vem conquistando público e crítica a cada trabalho. A primeira tragédia carioca, como o próprio autor definiu em 1953, narra o drama de Zulmira, que descobre ter tuberculose e resolve planejar todos os detalhes do próprio velório. O que parece uma história pesada é contada por Nelson Rodrigues, o maior dramaturgo brasileiro, de maneira surpreendente, com leveza e humor. São personagens muito humanos e muito cariocas. O texto tem expressões saborosas e gírias de época. Na encenação o diretor segue as indicações do autor usando apenas cadeiras em cena e explorando ao máximo o potencial humorístico do texto original.
Crônica de José Agarrotado
Espetáculo do grupo espanhol loscorderos.sc, adepto do polêmico teatro físico e cujos integrantes passaram por companhias brilhantes como La Fura del Baus e Sol Picó. A história trata da dificuldade de comunicação entre as pessoas. Os dois intérpretes – e também criadores do grupo e da proposta inovadora que apresentam -, desenvolvem ao longo da peça uma sucessão agitada, rítmica e enérgica de desencontros, com algumas aproximações fugazes. As expressões corporais, a música e as palavras são repetidas até perderem o sentido original, até mudarem de significado ou até ficarem sem sentido algum. Entretanto, há ternura e humor nos engenhosos jogos cênicos propostos pelos atores David Climent e Pablo Molinero. Vale a pena conferir esta encenação, apostando nas sensações infinitas que esta linguagem não convencional pode proporcionar ao expectador.
100 Shakespeare
Quatro atores/manipuladores saem de caixas e se deparam com 43 bonecos ao seu redor esperando apenas por alguém que lhes dê vida. Quais peças serão mostradas? É nesse clima de surpresa e expectativa que se inicia o espetáculo 100 Shakespeare, do grupo Pia Fraus, um dos grandes nomes nas artes cênicas brasileiras, que agrega artistas de teatro, dança, teatro de bonecos e máscaras, circo e artes plásticas. Em 100 Shakespeare, cenas sínteses selecionadas de nove peças do dramaturgo inglês: Hamlet, O mercador de Veneza, Romeu e Julieta, Macbeth, Otelo, Sonho de uma noite de verão, Rei Lear, Ricardo III e Titus Andrônicus. São releituras bem-humoradas, onde os atores interagem com os bonecos e também entre si, utilizando diversas técnicas de manipulação como o banraku, luz negra e manipulação direta. -
Negrinho do Pastoreio agita Gramado
Índio torres, o domador carrega o negrinho ferido (Tarcisio Filho e Evandro Elias)
Um ator desconhecido virou estrela em Gramado desde quinta-feira quando foi apresentado o filme “Netto e o Domador de Cavalos”, de Tabajara Ruas.
O filme tem nomes globais como Tarcisio Meira Filho, Werner Schünemann, mas quem está sendo assediado nas ruas é o estrante Evandro Elias, de 21 anos. Ele interpreta o negrinho na releitura que Tabajara Ruas faz da lenda do Negrinho do Pastoreio.
“É impressionante, ele emociona as pessoas, é muito carismático”, diz o diretor que foi descobrir Elias no teatro amador em Porto Alegre. “Incrível, eu conheci essa história quando era menina na Paraíba”, disse uma turista.
A lenda do Negrinho do Pastoreio tem origem remota. O primeiro registro escrito que se conhece é de um jornal de Montevideo, em 1809. O caso do estancieiro poderoso que martiriza o negrinho teria acontecido na campanha platina, num tempo em que as fronteiras não eram definidas. Recolhida por Simões Lopes Neto da tradição oral entrou para os clássicos da literatura. Ainda hoje se atribui ao negrinho o poder de achar coisas perdidas.
No filme de Tabajara Ruas a lenda é recontada no contexto da Revolução Farroupilha em que o personagem central é o não menos lendário general Netto. O filme de Taba, entre os concorrentes de hoje à noite, está suscitando reações contraditórias em Gramada. É o segundo longa do diretor de Uruguaiana, com a mesma temática e a mesma preocupação estética. Nos bastidores há críticas à abordagem gauchesca, tradicional, que seria ultrapassada. Mas depois que o filme foi exibido surgiram também os defensores entusiasmados que vêem na obra de Tabajara Ruas elementos inovadores.
A crítica, no entanto, ainda não se manifestou (até agora). Está em cima do muro. -
Continua greve dos agentes penitenciários
No mesmo dia em que os deputados gaúchos aprovaram por 35 votos a 2 um reajuste de 143% no salário da governadora, passando de R$ 7,1 mil para R$ 17.347,14, e os salários do vice-governador e dos secretários de Estado, de R$ 6 mil para R$ 11.564,76, o secretário da Segurança do Estado, Edson Goularte, mostrou disposição ontem em pôr fim à greve dos agentes e demais servidores penitenciários gaúchos, que já dura 26 dias. Até o final da tarde, havia realizado três longas reuniões, mas o esforço do general de Exército não conseguiu produzir resultados concretos. A greve continua com a previsão de nova rodada de negociações hoje.
A primeira reunião do secretário ocorreu ainda pela manhã, quando os servidores voltaram a apresentar uma pauta com 14 reivindicações. Eles querem que o governo encaminhe à Assembléia Legislativa um projeto de Lei que contemple melhorias nas condições de trabalho.
Entre a pausa para o almoço e o recomeço da reunião, o vice-presidente da Associação dos Agentes, Monitores e Auxiliares dos Serviços Penitenciários do RS (Amapergs-Sindicato), Flávio Berneira, se mostrava confiante numa solução para o fim da greve. “Se vier uma proposta efetiva, vamos realizar uma assembléia geral amanhã (hoje) para decidir”, disse.
Por volta das duas da tarde, Goularte reuniu novamente os trabalhadores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e pediu um intervalo de algumas horas para conversar com técnicos fazendários e com o chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel. Mais duas horas e meia de reunião e chega o comunicado aos agentes de que não poderia apresentar nenhuma proposta naquele momento. À imprensa, ele economizou nas palavras: “Nos detemos basicamente na análise sobre o plano de carreira e posso dizer que as negociações avançaram para a concreta regularização dessa atividade.”
Berneira, da Amapergs, não mudou o tom: “O ambiente de negociação é muito bom, e vamos aguardar uma solução”, disse. Sobre o detalhamento das propostas da categoria, também ele não quis tecer nenhum comentário: “Qualquer palavra mal colocada agora pode estragar o ambiente, que está apropriado para a discussão”, completou. Segundo ele, a assembléia geral da categoria deve ocorrer somente amanhã.
Apesar da falta de acordo, os servidores garantiram que irão manter no trabalho 30% dos três mil funcionários, o que ameniza um pouco o impacto da greve e traz certa tranquilidade ao governo em relação a motins e rebeliões nos presídios, principalmente nos dias de visita de familiares, como hoje.
A pauta de reivindicações envolve aposentadoria especial, aumento do efetivo de servidores, correção do valor das diárias, horas extras e vale refeição, cumprimento da carga horária e folgas, extensão da Lei “Brito” aos monitores penitenciários, insalubridade, plano de carreira, porte de arma aos servidores ativos e inativos, reajuste salarial com o mesmo índice dos subsídios da magistratura, utilização de 30% da verba do Fundo Penitenciário no Reaparelhamento da Susepe e na qualificação dos servidores penitenciários garantindo amplo acesso aos cursos.
A categoria paralisou audiências e transferências de presos, visita de advogados, psicólogos, assistentes sociais, aulas, cultos religiosos, entre outras atividades. Para substituí-los na segurança, mais de 400 policiais militares deixaram de patrulhar as ruas para atuar nas penitenciárias. -
Pioneiros da Ecologia
Autores: Elmar Bones e Geraldo Hasse
A obra resgata a história do movimento ambientalista brasileiro. São relatos jornalísticos dos principais fatos históricos – as lutas contra a poluição, a contestação aos agrotóxicos – e depoimentos dos personagens que participaram dessa trajetória.
Entre eles, Augusto Carneiro, Magda Renner, Giselda Castro, Celso Marques, Flávio Lewgoy e, claro, José Lutzenberger, cujo capítulo inclui as últimas entrevistas que ele concedeu antes de sua morte. A republicação traz acréscimos como o depoimento de Caio Lustosa e imagens inéditas.
2a ed., 2007, 232 pág, 16 x 23 cm, 414 gr
ISBN: 978-85-87270-25-2
R$ 35,00
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