Naira Hofmeister
Uma frase bradada por um senhor de cabelos grisalhos que descia a Ramiro Barcelos rumando do Parcão para a Redenção, poucos minutos depois das 17 horas, permite uma leitura dos protestos do último domingo (15).
“Militares, nos salvem do PT”, gritava, para diversão dos amigos que o acompanhavam.
No domingo, ao longo do dia – e hoje nos noticiários matinais das rádios – os comunicadores ressaltavam que pedidos de intervenção das forças armadas provinham de uma minoria.
Pode ser que aqueles que veem na ditadura uma opção concreta fossem poucos no meio da massa de insatisfeitos (12,5%, segundo o instituto de pesquisa Amostra). Outros tantos (mais de 65%) defendiam o impeachment de uma presidenta eleita legitimamente sobre a qual não pesa nenhuma acusação.
Em seu pronunciamento, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo – que falou ao lado do colega gaúcho, secretário-geral da Presidência, Miguel Rossetto – lembrou que uma desestabilização política ou econômica (Cardozo usou a palavra crise) não favorece nenhum brasileiro.
Com isso até Fernando Henrique Cardoso e outros líderes da oposição ao governo concordam. Tentar derrubar a chefe do Executivo sem razões concretas só trará problemas.
O que não quer dizer que a população não possa estar contrariada com a corrupção e que saia às ruas para cobrar atitudes de nossos representantes. No pronunciamento, Cardozo e Rossetto disseram que as medidas – originalmente planejadas para serem anunciadas no fim do primeiro semestre de 2015 – estão quase prontas. É questão de dias, garantiram. As ruas tiveram seu efeito.
Voltemos à frase do senhor grisalho. Ele pedia que o salvassem do PT. Isso é um sintoma das manifestações. Nos bairros de classe média-alta, a convocação do protesto foi feita através de panfletos postados nas caixinhas de correspondência.
“Ninguém aguenta mais! Ou o Brasil acaba com o PT ou o PT acaba com o Brasil”, era o que estava escrito nas peças, que acusavam o partido de ser uma quadrilha e vinha ilustrado com uma foto de Dilma Rousseff carrancuda.
É mais um equívoco direcionar as queixas contra um partido: o governo não é exclusivamente do PT, assim como a corrupção não é oriunda apenas desta sigla. Vide, aliás, a lista de Janot com seus trinta e tantos integrantes do PP – que é governo e está sendo investigado por corrupção. Mas ela continha gente do PMDB, do PSB, do PSDB.
Os rumos do governo não dependem apenas do Executivo. Dilma poderá baixar o pacote anti-corrupção inteiramente por decreto. E isso apenas sinaliza o quão frágil é a nossa democracia, onde um poder não pode contar com o outro para criar os mecanismos de controle que a população pede.
Em 2013, quando as ruas também se encheram de insatisfeitos, Dilma anunciou uma consulta popular sobre a reforma política. Foi boicotada pelo Congresso Nacional.
Mais uma vez o assunto veio à tona. O governo defende o fim do financiamento privado de campanha, um dos temas da tal reforma política.
Os ministros salientaram a importância do debate neste momento. Pediram que a população dialogue entre si e com seus representantes, que busquem consensos de onde se possa partir. Mas os manifestantes não ouviram. Estavam batendo panelas.
Se houvesse um diálogo, o mediador natural seria a mídia, que tem acesso a todas as entidades que acumulam conteúdo e reflexão sobre o tema – OAB, CNBB, partidos, coletivos, organizações. Mas o noticiário parece ser o primeiro que simplifica a situação – a desinformação, aliás, é um fator que pode explicar como uma massa tão representativa possa apoiar um golpe – ainda que não militar – em meio à democracia.
Em tempo
– A mídia criou todo o clima para as manifestações, colocando diariamente a agenda em sites e nos impressos.
– Isso não aconteceu na sexta-feira (13) – em Porto Alegre, na quinta (12) – quando grupos que pedem combate à corrupção mas são contrários ao golpe se reuniram para ir às ruas. Tampouco houve entradas ao vivo na programação. No domingo, alguns canais transmitiram durante horas os atos, especialmente o de São Paulo.
– Enquanto no Brasil inteiro as emissoras de TV mandaram para os protestos o melhor de sua tecnologia, quem queria acompanhar pela telinha o que ocorria em Porto Alegre teve que se contentar com as câmeras estáticas da EPTC, que cedeu as imagens à TV Com.
– Vá lá que a RBS pedisse para usar as imagens da EPTC que lhe servissem, mas notar que havia câmeras públicas focando o interior do parque Moinhos de Vento – o Parcão – ao invés de monitorar o trânsito da Capital é algo que precisa ser explicado.
Categoria: Geral
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Por favor, ditadura, nos salve da democracia
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Cine Capitólio reabre no dia 27 de março, após reforma de uma década
Após um interminável processo de restauro – que iniciou há 10 anos – a Cinemateca Capitólio abre suas portas ao público no dia 27 de março, dentro da programação do aniversário de 243 anos de Porto Alegre.
A cerimônia oficial de inauguração será às 10h30 e as sessões públicas iniciam às 19h. No programa, o curta metragem Início do Fim, de Gustavo Spolidoro (filmado nas ruínas do prédio), e o longa Vento Norte, de Salomão Scliar (que foi o primeiro longa-metragem de ficção com som realizado no Rio Grande do Sul), cuja cópia foi cedida pelo Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa.
Ao longo do fim de semana, 28 e 29 de março, as portas também estarão abertas ao público, com exibições gratuitas de três grandes clássicos do cinema, A Doce Vida, de Federico Fellini, O Leopardo, de Luchino Visconti, e Alphaville, de Jean-Luc Godard.
Prefeitura comprou prédio nos anos 90
Na década de 1990, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e o Governo do Estado iniciaram uma ampla política de revitalização da área central, focada na recuperação de praças e passeios públicos, incluindo também a implantação de equipamentos culturais, como forma de resgatar a vida artística do Centro da Capital.
Em 1994, a prefeitura adquiriu o prédio do antigo Cine-Theatro Capitólio, construído em 1928, visando à sua futura restauração. Por sua relevância arquitetônica e cultural, o prédio foi declarado Patrimônio Histórico do Município de Porto Alegre (em 1995) e do Estado do Rio Grande do Sul (em 2007).
A ideia da criação da Cinemateca Capitólio nasceu em 2001, a partir de uma mobilização inicial da comunidade cinematográfica, representada pela APTC-RS.
Em 2003, o projeto toma corpo, através de uma parceria firmada entre a Prefeitura de Porto Alegre, a Fundacine – Fundação Cinema RS, e a Aamica – Associação dos Amigos do Cinema Capitólio, com o objetivo de restaurar o antigo Cine-Theatro Capitólio, transformando-o numa cinemateca, com as funções de preservar, armazenar e difundir a memória do cinema e do audiovisual do Rio Grande do Sul.
Ainda em 2003, a Fundacine RS, através de convênio firmado com a Prefeitura de Porto Alegre, começou a captar os recursos necessários para a obra, cujo orçamento inicial era da ordem de R$ 6,5 milhões.
O patrocínio da Petrobras, através da Lei Rouanet, no valor de R$ 4 milhões, que viabilizou a primeira fase de restauro do prédio, realizada entre 2004 e 2006. Foi uma grande e complexa obra, dividida em duas etapas, compreendendo toda a reforma dos interiores e fachadas do prédio e a sua preparação para receber as instalações e equipamentos de uma cinemateca.
Nos anos seguintes, a Fundacine RS continuou trabalhando na busca de recursos para a conclusão do projeto. Em 2010, a Cinemateca Capitólio recebeu o patrocínio do BNDES, com recursos de R$ 1,1 milhão, destinados aos sistemas elétricos e de climatização, aquisição de mobiliário e outros equipamentos.
Desocupação para reforma gerou novos gastos
Ao longo de cinco anos sem ocupação, entretanto, foi constatado que o prédio da Cinemateca Capitólio necessitava de reparos e adaptações para o seu funcionamento adequado.
Assim, em 2011, a Prefeitura de Porto Alegre firmou um convênio com o Ministério da Cultura, assegurando o valor de R$ 1 milhão para a conclusão do projeto (com aporte de R$ 800 mil do MinC e contrapartida a de R$ 200 mil da prefeitura).
Iniciada em outubro de 2012, esta terceira e última etapa da restauração incluiu a execução das obras civis de reparos e adaptações do prédio, a compra e a aquisição de equipamentos específicos de projeção e som, equipamentos de informática e telefonia, entre outros itens necessários para a efetiva conclusão do projeto.
A obra civil de restauro foi entregue em 4 de abril de 2014, marcando oficialmente a conclusão do longo processo de recuperação e implantação do prédio da Cinemateca Capitólio e a sua reintegração ao espaço urbano de Porto Alegre.
Paralelamente, foram iniciados os processos para aquisições de equipamentos de projeção e som, da área de acervo e de todo o mobiliário. Também entraram em finalização o projeto de climatização do espaço e as adaptações relacionadas ao projeto de prevenção contra incêndio.
Um processo que finalmente se conclui em março de 2015, com a abertura do prédio ao público.
Principais espaços da Cinemateca Capitólio
Sala de Cinema
A sala de exibição da Cinemateca Capitólio mantém as características originais do espaço, preservando o amplo pé direito do antigo Cine Theatro Capitólio e a arquitetura da tela, tendo contudo sua plateia adaptada para o formato stadium. A sala, com capacidade para 164 espectadores (além de um espaço reservado a quatro cadeirantes), terá sessões de cinema permanentes. Equipada com dois projetores 35mm, a sala de cinema terá programação de terça a domingo, com três sessões diárias.
Acervo
O acervo da Cinemateca Capitólio está organizado em salas distribuídas em quatro pavimentos, projetadas especialmente para a função de guardar materiais relacionados à memória audiovisual do Rio Grande do Sul. Localizada atrás da tela da sala principal de exibição da Cinemateca Capitólio, a área do acervo da Cinemateca Capitólio reúne filmes realizados em distintas bitolas (35mm, 16mm, 8mm, VHS, DVD, HD), cartazes, roteiros, fotografias, recortes de jornais e demais documentos relacionados à produção cinematográfica em nosso Estado.
Sala Multimídia
Espaço destinado à realização de oficinas, cursos, palestras e exibições de filmes, equipado com um projetor digital de alta definição e capacidade para 40 pessoas.
Salas de Pesquisa
Duas salas destinadas à consulta individual de pesquisadores interessados em assistir a filmes guardados no acervo da Cinemateca Capitólio. Equipadas com aparelhos de DVD e monitores de televisão, as salas são de uso gratuito, sendo disponibilizadas mediante agendamento prévio através do telefone 3289-7463.
Biblioteca
Biblioteca especializada em cinema, reunindo livros, catálogos e revistas, com o objetivo de atender pesquisadores da área e demais interessados pelo tema.
Sala de Exposições
Espaço destinado a exposições e projeções de videoarte, localizado no andar térreo do prédio.
Cafeteria
Localizada no segundo andar do prédio, a cafeteria é um espaço de convivência destinado a atender aos frequentadores da Cinemateca Capitólio, servindo cafés, bebidas e uma diferente carta de doces, salgados e lanches em geral.
* Com informações da Prefeitura Municipal de Porto Alegre -
Pressão popular derruba veto sobre áreas de interesse social
As galerias lotadas de moradores de ocupações em Porto Alegre garantiram, nesta segunda-feira (16), a derrubada do veto do prefeito José Fortunati a um projeto de lei que transformava os locais onde vivem em Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS).
O placar registrou 19 votos a favor da derrubada do veto e 13 contrários. “O Fórum de Ocupações Urbanas da Região Metropolitana ocupou e conquistou áreas por meio da mobilização popular. A melhor forma de garantir a permanência dessas famílias em suas casa é declarar esses loteamentos como Aeis”, justificaram os proponentes do projeto, a vereadora Fernanda Melchionna e os atual deputado estadual, Pedro Ruas, ambos do PSOL.
Segundo Melchionna, 10 mil famílias vivem nestas residências e “resistiram a todos os tipos de pressão” para manter suas casas.
O projeto de lei já havia sido aprovado pelo plenário da Casa em 22 de dezembro de 2014, mas o prefeito José Fortunati vetou todo o teor do texto, argumentado que seria inconstitucional gravar as áreas que são,majoritariamente, privadas. A procuradoria da Câmara, entretanto, não via nenhum “óbice jurídico à tramitação da matéria”.
Marcha passou pelo Centro Histórico
Desde cedo os moradores das ocupações se mobilizaram para pressionar os parlamentares. Dezenas de pessoas marcharam desde os loteamentos até Centro Histórico da Capital, onde, primeiro, fizeram um ato em frente a prefeitura.
Logo após o almoço, o grupo partiu rumo ao Legislativo, passando ainda pelo Palácio Piratini.
Uma vez na Câmara de Vereadores, os militantes ouviram a manifestação de suas lideranças que ocuparam a Tribuna Popular. Os representantes da Cooperativa Habitacional São Luís salientaram que as áreas não são ocupadas por grilagem, mas para que cumpram sua função social.
“Queremos que este projeto sirva de exemplo para o Brasil e pedimos para que os vereadores derrubem o veto do Executivo ao projeto, caso o contrário, ficaremos acampados na Câmara”, avisou Juliano Fripp.
A promessa era de que, caso os vereadores não colocassem em pauta o projeto – ou que mantivessem o veto do Executivo, os manifestantes acampariam na Casa.
Minha Casa Minha Vida só tem 5% de execução
Durante a marcha, os manifestantes distribuíram um panfleto onde elencavam suas insatisfações. Se queixam de que o preço da terra duplicou nos últimos anos e que grande parte das famílias trabalhadoras já gastam mais de 50% do orçamento com o aluguel.
Condenam que a prefeitura tenha concluído apenas 2 mil unidades do Programa Minha Casa Minha Vida quando há 54 mil famílias inscritas em Porto Alegre – ou seja, apenas 5% do programa foi executado desde 2009, quando se encerraram as inscrições.
“Para agravar ainda mais a situação, durante a preparação para a Copa do Mundo o município demoliu mais de 4 mil Unidades Habitacionais para as tão esperadas obras da Copa, que até hoje não estão concluídas”, denuncia o panfleto.
Essas são as razões, segundo o Fórum das Ocupações Urbanas da Região Metropolitana, que assina o material, para a tomada irregular de áreas consideradas ociosas para a construção de moradia – caso das 14 localidades de que trata o projeto hoje aprovado.
“Estamos cansados de esperar por esta fila que não anda e resolvemos nos organizar para reivindicar um direito que nossa Constituição nos outorga, MORAR”, explica o texto. -
Manifestações: 2018 está nas ruas
O que se manifestou nas ruas, na sexta e no domingo, é o embate que se deu nas urnas, há menos de seis meses. PT versus anti-PT. É o embate de 2018.
Descartado o impeachment, hostilizado o golpe militar, restam as urnas para tirar Dilma Rousseff e o PT do comando do país. Isso só em 2018, nas eleições.
Essa antecipação da disputa eleitoral nas ruas é uma novidade. Se as manifestações se mantiverem e avançarem talvez a verdadeira reforma eleitoral seja feita pelas ruas.
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O pacote anti-corrupção já está pronto
Dilma vai responder às manifestações com um pacote contra a corrupção.
O núcleo do pacote é uma intervenção branca pela PGR em todas as empresas envolvidas nos esquemas de corrupçao da Petrobrás.
Todos os contratos serão auditados. E os valores superfaturados serão devolvidos.
A intervenção está amparada em lei, tem a concordância das empresas. A Petrobrás retoma os pagamentos e nenhuma obra para.
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Por que a ideia de taxar grandes fortunas não prospera no Brasil?
A pirâmide social brasileira tem na ponta um por cento de ricaços, que ficam com um terço de toda a renda do país.
Para o cara que tem R$ 100 milhões, pagar mais R$ 10 milhões em impostos não muda nada na vida. É um número na contabilidade.
Para um operário que ganha dois salários mínimos, uma perda de R$ 100 no orçamento mensal compromete coisas essenciais, a comida muitas vezes.
Então em vez de cortar desonerações da folha de salários, que acaba estourando no trabalhador, não seria mais sensato criar um imposto sobre esses ricaços, a “cota de sacrifício” dos nossos bilionários? Uma taxa de 2% sobre essas grandes fortunas do 1% quanto renderia?
Seriam os anéis, que talvez possam lhes poupar os dedos. -
Ativistas levantam recursos em seis dias para criar ong
A Rede Minha Porto Alegre, cujo objetivo é incentivar a participação da população nas decisões sobre a cidade, será criada na próxima segunda-feira (16), quando termina o prazo de arrecadação de fundos para viabilizar a iniciativa via internet. Os idealizadores da proposta – que se inspira e trabalha junto com a ONG Meu Rio – conseguiram alcançar a meta prevista de doações – R$ 13.790 – em apenas seis dias de campanha.
“Foi uma surpresa. Sabemos que há muitos grupos em Porto Alegre interessados em discutir as decisões políticas sobre a cidade, mas nunca imaginaríamos conseguir o dinheiro em tempo recorde”, comemora um dos fundadores da Minha Porto Alegre, o economista Bruno Paim.
Apesar da meta atingida, a campanha segue arrecadando recursos para projetos futuros. A receita pedida inicialmente vai bancar uma viagem de um mês ao Rio de Janeiro para a dupla fundadora, onde eles conhecerão a sede da entidade mãe e as ferramentas que terão à disposição para tocar adiante o projeto.
Até agora eles já receberam R$ 16.756 – os quase R$ 3 mil excedentes servirão para financiar as primeiras ações do grupo logo que se estabilizarem na Capital. “Ainda não podemos antecipar como será a estrutura, mas sabemos que no início precisaremos manter nossos empregos atuais”, revela Bruno.
Sua sócia na empreitada é a psicopedagoga Carolina Soares, que esteve envolvida no projeto Porto Alegre Como Vamos, uma tentativa de atrair a atenção da sociedade para o debate político na Capital.

Bruno Paim (e) é um dos sócios fundadores da filial portoalegrense da Meu Rio | Jack Glashorester/Divulgação
sete iniciativas no país conseguem fundos
Além da rede Minha Porto Alegre, o grupo de ativistas que nasceu no Rio e ganhou uma filial em agosto do anos passado em São paulo, agora se espalhou pelo Brasil através do financiamento coletivo – e ganhou o nome de Nossas Cidades.
Com um prêmio pago pelo google, o Nossas Cidades lançou um edital para criar iniciativas em sete municípios brasileiros. A ong recebeu 126 projetos de candidaturas e selecionou, além da Capital gaúcha, Garopaba e Blumenau (em Santa Catarina), Curitiba (Paraná), Ouro Preto (Minas Gerais), Campinas (São Paulo) e Recife (Pernambuco) para a primeira expansão.
Todos deveriam arrecadar um valor mínimo através de campanhas públicas de doação – cada uma de acordo com a sua capacidade arrecadatória. Todas atingiram suas metas antes do prazo final esgotar e a maioria já tem pelo menos 10% a mais do que haviam estipulado.
Brechó encerra campanha em Porto Alegre
A Minha Porto Alegre encerra a sua campanha de arrecadação no domingo com um brechó para viabilizar as futuras mobilizações. No sábado haverá uma ação chamada B.O Coletivo, que vai espalhar cartazes alertando para o risco de assaltos em locais onde a população aponta alto índice de criminalidade.
E nesta sexta o grupo – que ainda é informal – se une aos militantes que pedem que o Cais Mauá seja mantido como uma área pública e que não sejam construídos no local edifícios, shopping e estacionamentos.
Embora esteja participando de uma ação que é contrária ao atual projeto, Bruno adverte que a ong não tem como objetivo posicionar-se em discussões, mas apenas garantir que a população seja ouvida em debates como este. “Nossa proposta é encontrar canais para que estes coletivos ganhem mais força”, reitera o fundador.
Serviço:
Sexta-feira (13)
Todos pelo Cais Mauá – Largo Vivo
19h na Avenida Sepúlveda
Sábado (14)
B.O. Coletivo
11h na Praça Dom Feliciano (em frente à Santa Casa)
Domingo (15)
Brechó do Minha Porto Alegre
16h às 22h no Pasito (Rua José do Patrocínio, 824) -
Quilombo do Areal receberá terreno da prefeitura
Já tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre o projeto de lei que vai garantir a transferência definitiva da área do Quilombo do Areal à associação comunitária dos descendentes que vivem na região.
O projeto conclui o processo de titulação, que determina ao Estado a emissão dos títulos de domínio aos remanescentes das comunidades de quilombo.
O terreno que será doado aos quilombolas fica na Cidade Baixa, entre as avenidas Getúlio Vargas e Praia de Belas – na rua Baronesa do Gravataí – e deverá será gravado como Área Especial de Interesse Cultural.
É um cuidado que o Executivo quer tomar diante da especulação imobiliária sobre a região, cujos contornos estão mudando rapidamente com a construção de novos edifícios de classe média.
“Originada do desaparecimento de antigos arraiais e posteriormente ocupada, predominantemente, por descendentes de escravos, a área foi paulatinamente transformada por amplas operações urbanas em área residencial”, explica o texto.
“O quilombo do areal é um dos últimos remanescentes das ocupações típicas da região e vive sob constante pressão de um mercado imobiliário em franca expansão”, completa.
* Com informações da Câmara Municipal de Porto Alegre -
Ato na sexta-feira defende Cais Mauá público
Moradores, entidades e um grupo de pequenas empresas de Porto Alegre organiza um ato nesta sexta-feira (12) para defender o caráter público do Cais Mauá, no Centro Histórico da Capital.
Menos de 24 horas antes do horário marcado para o encontro, um evento no facebook já reunia 3500 confirmações de presença.
“Em nome de uma duvidosa revitalização privada de um espaço público, pretendem construir 3 espigões de 100 metros e shopping center no espaço público mais valorizado do Centro Histórico de Porto Alegre”, condena o texto de apresentação do ato na rede social.
Os militantes criticam a criação anunciada de 4.000 vagas para automóveis no local, que, acreditam, vai “afogar ainda mais o trânsito nessa área já tão congestionada”.
O grupo está de acordo com a utilização do Cais para o comércio e serviços, como cafés, restaurantes, livrarias, eventos de artes e feiras, porém, sem novas construções de edifícios ou estacionamento.
E aventam a possibilidade de que o poder público convoque uma consulta popular sobre o uso do espaço.
O encontro dos militantes ocorre a partir das 19h na Avenida Sepúlveda, entre o Margs e o Memorial do Rio Grande do Sul. -
Movimentos tomam o centro de Porto Alegre
Na manhã desta quinta-feira (12), o Centro de Porto Alegre foi tomado por manifestantes de esquerda com pautas diversas. Os principais atos do dia foram um protesto de sindicatos, coletivos e partidos de esquerda contra políticas dos governos federal, estadual e municipal, e uma marcha liderada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em defesa da Petrobras e da presidenta Dilma Rousseff.
Os grupos começaram a ocupar a área central da Capital desde cedo. Por volta das 9h, os manifestantes já se concentravam. Aqueles ligados à CUT se encontraram no Largo Glênio Peres, enquanto os participantes do autoproclamado Ato Classista Independente foram à Praça Montevideo, em frente ao Paço Municipal.
A proximidade entre os movimentos chegou a gerar tensão entre os participantes dos dois atos quando o carro de som da CUT começou a funcionar, por volta das 10h. Até aquele momento, apenas as lideranças do Ato Classista estavam usando microfones.
A sobreposição de discursos tornou incompreensíveis as palavras ditas por ambos os lados, mas o impasse foi resolvido depois que uma militante do Ato Classista tomou o microfone e propôs aos líderes da CUT um acordo para que os militantes alternassem o uso dos carros de som.
Ato classista foi ao Palácio Piratini
Pouco depois, os participantes do ato contra os governos partiram em marcha em direção à Praça da Matriz, para protestar em frente ao Palácio Piratini, enquanto os manifestantes pró-governo continuaram no Largo Glênio Peres.
A caminho da sede do governo estadual, a caminhada encontrou uma marcha da Via Campesina e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que descia a Avenida Borges de Medeiros para se juntar ao ato da CUT. Os participantes das duas manifestações se saudaram.
Mais adiante, na esquina da Borges com a Rua Jerônimo Coelho, uma outra passeata – liderada por professores de núcleos independentes do Cpers-Sindicato – que vinha de um ato em frente ao prédio do Instituto de Previdência do Estado (IPE), se juntou ao Ato Classista e seguiu rumo à Praça da Matriz.
Integrantes de ocupações urbanas também se somaram ao movimento, assim como moradores da Vila Dique, na Zona Norte, que protestaram contra a falta de posto de saúde na comunidade.
Lideranças de partidos assumiram microfone
Em frente ao Piratini, os manifestantes ouviram novos discursos e entoaram palavras de ordem contra os governos Dilma, Sartori e Fortunati. Revezaram-se no microfone dirigentes sindicais, membros de coletivos e militantes de partidos políticos, como o deputado estadual Pedro Ruas, a vereadora de Porto Alegre Fernanda Melchionna, a ex-deputada Luciana Genro – todos do PSOL – e Vera Guasso e Matheus Gordo, do PSTU.
Além da cobrança de melhorias em áreas como educação, saúde e habitação, a principal bandeira dos manifestantes eram os direitos do trabalhador.
O Ato Classista foi encerrado pouco depois do meio-dia. Enquanto os manifestantes se dispersavam na saída da Praça da Matriz, outra marcha, desta vez a da CUT, que saiu do Largo Glênio Peres depois de receber a adesão de militantes do ato organizado em frente à Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas.
