Jair Soares, Pedro Simon, Alceu Collares, Antonio Britto, Olivio Dutra, Germano Rigotto, Yeda Crusius e Tarso Genro.
Oito governadores desde que voltou a eleição direta, em 1982.
O que há de comum entre eles?
Nenhum conseguiu fazer o sucessor ou se reeleger.
Pode-se dizer: nenhum conseguiu apresentar um programa que convencesse o eleitorado a dar-lhe mais do que quatro anos.
Explicações há. A mais corrente recorre a determinações histórico-sociológicas, de onde viria um irredentismo, um oposicionismo sem causa dos gaúchos.
Na verdade, o que há de concreto, o que tem sido determinante nos rumos de todos e cada um desses governos é o desequilíbrio das contas estaduais.
É um mal antigo, vem de antes dos governadores nomeados, agravou-se com a continuidade dos governos arenistas.
Em 1977, o professor Jorge Babot Miranda, ao assumir como secretário da Fazenda do governo Amaral de Souza, o último do ciclo militar, fez o primeiro alerta.
Preocupado, o secretário saiu do usual daqueles tempos e convocou uma entrevista coletiva para denunciar:
Estado acumulava um déficit crônico, que vinha sendo coberto com dívidas que se tornariam impagáveis.
“O Rio Grande do Sul ficará ingovernável se nada for feito”.declarou com todas as letras.
No final, talvez para amenizar o tom dramático de seu alerta, o professor Babot fez uma brincadeira: “A situação só não é pior do que a do Grêmio”, numa alusão à crise financeira do clube de futebol, que estava nas manchetes daqueles dias.
Foi o que bastou para futebolizar o assunto e fazer com que o secretário se arrependesse de suas declarações, que se revelaram proféticas.
Desde então, esse tem sido o desafio que todos os governadores do Rio Grande do Sul tentaram enfrentar, sem sucesso.
Categoria: Geral
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Sartori e o desafio que já derrubou oito governadores
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Arrocho na economia começou antes da posse
O segundo governo Dilma começou dias antes da posse, quando o ministro da Casa Civil, Aloisio Mercadante, saiu do remanso pós-eleitoral para anunciar o fim da farra do seguro-desemprego. Foi o primeiro apito do trem pilotado por Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda.
Ao acabar com a liberalização do mecanismo social que permitia aos trabalhadores malandros forçar a demissão após três meses de trabalho e assim ganhar dobrado nos três meses seguintes com a acumulação do salário-desemprego + um serviço sem carteira assinada, os novos maquinistas do trem Brasil já sinalizaram como será a viagem nos próximos tempos.
Se estávamos crescendo menos de 1% ao ano, agora provavelmente vamos para uma estagnação ou, quem sabe, uma recessão que pode durar um ano e meio, pelo menos. Boa viagem a todos.
É significativo o que aconteceu com o novo salário mínimo. Até alguns meses, admitia-se que ele seria arredondado para R$ 800. Semanas depois, o arredondamento caiu para R$ 790. Por fim, na hora H, ficou valendo R$ 788.
Segundo o Correio do Povo, apenas com esse enxugamento de 2 mirréis, o governo vai fazer uma economia anual de R$ R$ 800 milhões. O recado não podia ser mais claro: trabalhadores, aposentados, protejam suas bolsas.
Resta saber se um ano e meio é prazo suficiente para arrumar a casa nos seguintes aspectos principais: controle da inflação abaixo de 4,5% ao ano; ajustes nos gastos orçamentários; e aumento dos investimentos privados em capacidade produtiva e inovação tecnológica, o que sinaliza reciclagem de pessoal e provável redução de salários na base da economia.
Luz amarela no cruzamento
Onde quer que vá trabalhar ou descansar ao deixar o governo, o ex-ministro Guido Mantega carrega consigo a memória da mais longa e criativa gestão da economia brasileira.
De economista para economista, deve ter sido difícil para ele explicar ao novo maquinista, o ortodoxo Levy, como e por que fez tal ou qual manobra enquanto o trem precisava atravessar um trecho de neblina sem direito a apitar ou puxar o freio. Seus 100 meses de viagem podem render um comboio de livros. Dificil adivinhar se vão compor um relato coerente.
Ainda que o ministro da Fazenda não seja o senhor absoluto da economia, é ele que detém uma das chaves do Tesouro. O problema do ministro das Finanças é que ele tem interlocutores muito poderosos.
O primeiro e mais imediato é um senhor chamado Orçamento. Pode-se enrolá-lo aqui e ali, mas é melhor não brigar com ele. O segundo é a Moeda, que tem vida própria e gosta de circular no mundo das finanças internacionais, embora não tenha cacife para ir à mesma boate frequentada pelo Dólar, o Euro, a Libra.
Como controlar os ricos brasileiros e até as classes médias que adoram Miami e outros centros de compras, lazer e negócios?
Por fim, convenhamos, o principal interlocutor do ministro-todo-poderoso é a Presidente, que não é de fritar bolinho em pouca banha. Nesse primeiro momento de governo, é ponto pacífico que Levy e Dilma precisam botar ordem na casa, promover os ajustes e melhorar os indicadores.
Podemos acreditar que Levy tem carta branca para promover o chamado choque de gestão (prometido pelo candidato que perdeu o trem na última estação – em Minas). Pode ser que lá por julho de 2016 as coisas já estejam melhores, mas não é certo que tudo aconteça conforme a previsão dos maquinistas – por bons malabaristas que pareçam, não são magos.
Nem quando o poderoso da Fazenda era Delfim Netto (e todos eram obrigados a lhe dizer amém, pois a ditadura era militar) a economia se comportou de acordo com o planejado. O que é mais ou menos certo é que a coisa tende a ficar mais difícil para quem vive de salário na base da pirâmide das rendas.
É consenso que, se a inflação é ruim, pior é a queda do crescimento econômico abaixo de zero. Preparemo-nos, pois, para os solavancos. Que se percam os colares, mas se salvem os pescoços.
Pela necessidade do ajuste econômico-financeiro, o próprio governo está obrigado a reduzir seus investimentos em obras públicas.
O que devia fazer em dois anos, talvez demore cinco. Teremos uma boa medida da redução do novo ritmo governamental em obras como a transposição das águas do rio São Francisco, que já anda devagar, mesmo constando como prioridade no Programa de Aceleração do Crescimento, o famoso PAC; ou a conclusão da ponte de Laguna (SC) na BR-101 Sul, cujo prazo de 36 meses acaba em maio de 2015.
Outro indicador do andamento da economia deve ser dado pela Petrobras, que vai reduzir seus investimentos, não apenas por causa da queda do preço do petróleo de US$ 100 para US$ 70 o barril de 159 litros, mas em consequência do abalo produzido em projetos alcançados pela Operação Lava Jato, que descobriu o mar de lama das empreiteiras responsáveis pelas principais obras públicas do país (sem esquecer que nove entre dez estrelas da construção pesada brasileira operam em outros países).
Além disso, pela força do mesmo jato, é provável que venha a cair temporariamente o volume de financiamentos do BNDES, que vem girando cerca de R$ 150 bilhões por ano. E também parece inevitável que se reduza o volume de operações da Caixa Econômica Federal no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida.
Por enquanto, apenas o Banco do Brasil não parece ter sido afetado pelas investigações em curso. Ou, seja, pelo menos o Agro e as Exportações estão a salvo da tempestade.
Abrindo o leque das dúvidas e indagações, pode-se perguntar como ficarão os investimentos da Eletrobrás, da Infraero, das Forças Armadas e de ministérios tradicionalmente detentores de grandes orçamentos, como os de Cidades, Integração Nacional e Transportes.
No mínimo, todos serão colocados sob rédea curta, pelo menos até que a Polícia Federal e o Ministério Público terminem de encaminhar ao Judiciário suas denúncias e descobertas, nos primeiros meses de 2015.
Será o momento de começar a saber quem lavou mais branco, quem levou mais propina e quem delatou mais e melhor. Por mais jato que se ponha na máquina judicial, um ano e meio será pouco tempo para lavar tanto roupa suja.
Há quem diga que “o país vai parar” com a prisão e condenação dos empreiteiros e seus cúmplices na administração pública. Quem diz isso duvida que o Brasil possa ser outra coisa além do país do futuro, cujo potencial se esvai pelo ralo da descrença e da desesperança a cada novo mandato presidencial.
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2015: O risco global estará na Ucrânia
J. CARLOS DE ASSIS |
Os Estados Unidos do Prêmio Nobel da Paz, Barak Obama, empreendem uma guerra virtual contra a Rússia e preparam obstinadamente uma guerra real para ser travada em território ucraniano.
Não importa a inviabilidade dessa aventura militar, do ponto de vista estratégico.
O objetivo não é controlar o território ucraniano e “salvá-lo para a democracia”, mas esgotar em combate o poderio russo mediante seu estrangulamento econômico e militar numa guerra convencional em terceiro país.
É que nem os lunáticos neoconservadores instalados no Pentágono, no Departamento de Estado e no Conselho de Segurança Nacional proporiam um ataque direto à nação russa, dada sua condição de potência nuclear de primeira linha.
A estratégia central norte-americana é afirmar sua hegemonia mundial a partir da força.
É-lhe intolerável a realidade de um mundo apolar ou multipolar em face da presença de um competidor nuclear como a Rússia e de uma potência econômica ascendente como a China, também ameaçadora, a médio prazo, no campo militar.
Para os neoconservadores, a hora de agir é agora, antes que essas forças rivais criem raízes mais profundas.
O pretexto ucraniano vem a calhar. Depois de derrubar um governo legítimo e colocar em seu lugar um bando de facínoras, o próximo passo é a incorporação da Ucrânia à OTAN, em aberto desafio à Rússia.
Só com muito sangue frio Putin poderá contornar mais essa provocação no quintal da Rússia.
É muito fácil começar uma guerra de grandes proporções na terra dos outros, sobretudo quando se tem a ilusão de um poder assimétrico em relação ao adversário e mesmo quando não se tem certeza quanto aos efeitos.
É que, uma vez instalado o caos que se segue a uma guerra, não basta ter imensa superioridade militar para controlar suas consequências.
Os Estados Unidos são peritos em começar guerras inacabadas: foi assim na Coreia, no Vietnã, no Iraque, no Afeganistão; mais recentemente insuflaram revoluções no norte da África, que resultaram em dramática carnificina e permanente instabilidade na Líbia e no Egito.
Entretanto, quando se trata de conseguir a paz, os Estados Unidos lavam as mãos. Os outros que cuidem do estrago que provocam, como no Haiti e no Iraque.
É muito fácil entender a estratégia dos chamados neoconservadores americanos que acabaram de colocar agora um representante na principal cadeira no Departamento de Defesa.
Querem repetir o processo que levou à exaustão a antiga União Soviética.
Dado que Estados Unidos e Rússia estão em virtual paridade nuclear, a solução é levar a Rússia à capitulação através de uma guerra convencional, não em território russo, que arriscaria uma guerra nuclear, mas no território de um terceiro país. Nada melhor, pois, que a Ucrânia.
O objetivo dos neoconservadores é tentar repetir uma estratégia que, embora tendo dado certo na liquidação da União Soviética, não liquidou o Estado russo que estava em seu coração.
O Estado socialista desmoronou, mas a nação russa, mesmo ferida, continuou de pé. Putin tratou de recuperá-la por inteiro colocando-a na condição de um estorvo nuclear que limita a vontade de poder ilimitada de Washington.
A intenção norte-americana de atacar o governo sírio esbarrou efetivamente no veto russo e chinês.
Isso, claramente, expôs a impossibilidade prática do exercício de um poder hegemônico na era nuclear partilhada. Transformado num boneco operado pelos neoconservadores, Obama resolveu “estrangular” a Rússia com embargos econômicos.
PERIGO PRESENTE
Recordemos os passos que levaram à extinção da União Soviética a fim de examinarmos os paralelos atuais.
Em meados dos anos 70, foi refundada em Washington por influência do então diretor da CIA, George Bush pai, a ONG denominada “Comitee on the present danger”, ou Comitê para o Perigo Presente (CPD).
Tinha como principal objetivo estatutário “levar a União Soviética à rendição, se necessário por meios militares”.
Do Comitê faziam parte 60 personalidades notáveis do círculo conservador norte-americano, sendo que o futuro Presidente Ronald Reagan filiou-se à ela pouco antes de eleger-se em 1979.
Como Presidente, levou a posições de alto destaque no Departamento de Defesa, no Departamento de Estado e no Conselho de Segurança Nacional 33 integrantes do Comitê.
Em 1985, quando estive na Alemanha para cobrir a reunião dos Sete Grandes, andava por lá o chefe do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Richard Perle, membro do CPD, fazendo conferências sobre o conceito subjacente ao programa de escudo nuclear, então conhecido como Guerra nas Estrelas, que se baseava no princípio de “guerra nuclear protegida”.
Perguntei aos alemães o que achavam daquilo, pois a guerra nuclear “protegida” no contexto de Guerra nas Estrelas implicava a proteção nuclear do território norte-americano, mas não do europeu.
Os alemães com quem conversei estavam perplexos. Imagino que estejam perplexos de novo com a marcha forçada pela guerra em território da Ucrânia, que os expõe diretamente às forças militares russas convencionais em seu próprio território.
É importante assinalar que não se tratava apenas de retórica. Diretivas presidenciais de Reagan, na virada do primeiro para o segundo mandato, introduziram mudanças cruciais nos programas de computador que põem em posição de ataque os três sistemas estratégicos baseados em terra, mar e ar das forças nucleares norte-americanas.
Através de vazamentos de imprensa, soube-se de mudanças fundamentais no SIOP (Single Integrated Operational Program, ou Programa Operacional Integrado Único), a parafernália eletrônica capaz de desencadear uma guerra nuclear contra a então União Soviética a partir do teatro europeu.
A principal alteração no SIOP, de acordo com os fragmentos de diretivas presidenciais secretas, recolhidos e reconstituídos por um cientista canadense, F. Knelman (em “America, God and the Bomb”), consistiu em recuar para oito minutos, pelo princípio do prêmio por resposta rápida, o início de um ataque nuclear total à União Soviética a partir do primeiro alarme.
Não se tratava de uma questão acadêmica.
Como um hipotético míssil soviético em cruzeiro levaria 36 minutos para mergulhar em território nacional norte-americano (trata-se de míssil disparado de terra: não se menciona a frota indetectável de submarinos nucleares, por expediente elusivo de convencimento), o programa Guerra nas Estrelas só se justifica se houver uma capacidade efetiva de interceptá-lo no meio da trajetória, isto é, no mínimo 18 minutos depois do disparo.
O mesmo tempo é o que levaria um míssil americano disparado de terra para alcançar o míssil hostil na estratosfera. Entretanto, seria necessário um sistema de detecção instantânea do início do ataque.
Para qualquer efeito prático, não há possibilidade de alcançar o míssil antes que cruze o ponto médio da trajetória, a não ser de uma base em órbita.
O programa Guerra nas Estrelas pretendia pôr bases em órbita, mas até lá seria necessário contar com a boa vontade dos estrategistas soviéticos para não atacarem primeiro.
Por isso reduziram o tempo de resposta do SIOP a oito minutos, pelo que ficou limitado a um nível de redundância o processo de checagem para confirmar se um disparo captado na tela de controle eletrônico era um disparo real.
Com isso ficamos todos expostos à possibilidade de uma guerra nuclear casual na medida em que o SIOP reagiria automaticamente a uma checagem errada sem tempo de consulta para resposta ao falso ataque do Presidente da República.
SEM MEDO DE RETALIAÇÃO
O primeiro passo para implementar Guerra nas Estrelas era ignorar o tratado SALT II, que vedava a construção de sistemas antibalísticos por parte de EUA e União Soviética.
A lógica do SALT II, jamais aprovado pelo Senado norte-americano mas até então respeitado pelo Executivo, era simples: a dissuasão nuclear só se efetiva na base da autodestruição assegurada por quem iniciar uma guerra nuclear.
Se um dos lados conseguir construir um sistema operacional que efetivamente proteja seu território de um contra-ataque nuclear, ele estará livre para desencadear um primeiro ataque sem medo de retaliação.
Cientistas de todo mundo, inclusive americanos, questionaram as bases técnicas de Guerra nas Estrelas, mas Reagan, a fim de esgotar a União Soviética numa corrida tecnológica para construir seu próprio escudo, levou Gorbachev a uma posição insustentável por falta de condições econômicas e técnicas para isso.
Foi a combinação de pressão tecnológica, econômica e política norte-americana que levou a União Soviética à autodestruição.
É este mesmo caminho que está sendo seguido agora para levar a Rússia à exaustão econômica e à rendição política. Não se trata de teoria conspiratória.
Os norte-americanos, conscientes de sua superioridade militar e econômica, nunca escondem suas reais intenções.
Seus movimentos são explícitos e claramente apresentados em documentos estratégicos públicos.
Assim, eis como a intenção de eliminar qualquer possibilidade de “um novo rival” era colocada em 1992, imediatamente depois da derrota da União Soviética, pelo neoconservador Paul Wolfowitz, do CPD, então Subsecretário da Defesa, no Manual de Planejamento de Defesa:
“Nosso primeiro objetivo é prevenir a re-emergência de um novo rival, seja no território da antiga União Soviética seja em outro lugar, que coloque uma ameaça do tipo que foi colocado pela antiga União Soviética. Isso é uma consideração dominante sublinhando a nova estratégia de defesa regional e requer que previnamos qualquer tentativa de um poder hostil de dominar uma região cujos recursos poderiam, sob controle consolidado, ser suficiente para gerar poder global.”
Essa linha estratégica está sendo trilhada religiosamente no sentido de evitar que a Rússia seja um embaraço para a hegemonia militar absoluta norte-americana, contornando a realidade elidida da virtual paridade nuclear.
O SALT II foi revogado, unilateralmente, pelos EUA. Eles se recusam, por outro lado, a fazer um tratado de desmilitarização do espaço. Assim, é necessário recuar à geopolítica anterior à Guerra Fria para entender os movimentos americanos.
De fato, há uma década e meia a possibilidade real de uma guerra na Ucrânia está sendo preparada metodicamente pela OTAN, que agora mesmo acaba de decidir aumentar o comprometimento de orçamento militar de seus membros (2% do PIB) por pressão americana.
Desde 1999 que a Organização avança para o Leste. Naquele ano, incluiu a República Checa, a Hungria e a Polônia.
Uma segunda expansão se deu em 2004, incluindo Bulgária, Estônia, Latvia, Lituânia, România, Eslováquia e Eslovênia. Com isso, quase metade dos países atualmente membros da OTAN foram incorporados, rumo ao Leste, depois do fim da URSS.
HOSTILIDADE NO QUINTAL
Paralelamente expandia-se para Leste a União Europeia, cujo último movimento seria a tentativa de tomada de posse da Ucrânia.
E só não houve a efetiva incorporação da Ucrânia e da Geórgia, formalmente sinalizada na cúpula de Bucareste em 2008, porque dessa vez Putin reagiu pela força, pois se tratava, a seu ver, de colocar uma fortaleza militar hostil no quintal de seu país.
O cerco militar à Rússia segue uma tríplice estratégia: alargamento da OTAN, expansão da União Europeia e promoção da “democracia”, obviamente desconsiderando o risco de uma guerra aberta.
Diante do baile estratégico que foi a absorção da Crimeia pela Rússia, com apoio esmagador da população da península, os Estados Unidos se movem na direção da guerra através inicialmente de sanções econômicas, a partir de uma posição forte, recém-conquistada, no campo da energia.
Contudo, não nos iludamos. Uma guerra convencional seria de alto interesse norte-americano, desde que ela pudesse esgotar a capacidade militar e econômica russa sem o risco de escalar para uma guerra nuclear.
É com essa possibilidade que os neoconservadores contam para iniciar a guerra.
Sabemos, por outro lado, pela experiência histórica, que os Estados Unidos não se preocupam muito em como acabar com guerras. Para eles trata-se de um jogo estratégico para assegurar a afirmação da hegemonia mundial.
Por isso, no momento, a única força capaz de parar a máquina de guerra americana é o povo dos Estados Unidos, tocado pela consciência de solidariedade com os bilhões de inocentes do mundo, e eles próprios, que sofreriam as consequência de uma guerra proto-nuclear.
É necessário que os inocentes rompam com a passividade, falem e votem. De fato, os Estados Unidos podem esgotar as forças econômicas e militares dos russos numa guerra em território de terceiro.
Mas o que acontece com uma potência derrotada, humilhada, sitiada, e não obstante de posse de um imenso arsenal nuclear?
Aos que consideram essa análise exagerada peço que leiam “Foreign Affairs”, uma das mais prestigiosas revistas do estabelecimento norte-americano, em detalhados e esclarecedores artigos sobre a “crise” na Ucrânia, na edição de setembro último.
Um deles diz claramente: “a crise na Ucrânia é nossa culpa”, referindo-se aos Estados Unidos. No corpo da matéria vem a narrativa da marcha da OTAN para Leste, em confronto direto com entendimentos anteriores com os russos e sob constantes protestos destes.
Ali também se encontra o relato do caos planejado pelo Departamento de Estado e ONGs patrocinadas pelo Governo norte-americano para derrubar o governo legítimo pró-russo de Kiev, colocando em seu lugar um governo que tem pelo menos quatro membros proeminentes neofacistas.
Ainda em termos de medidas provocativas contra a Rússia, destaca-se a monstruosa derrubada do avião comercial MH 17 sobre o Leste da Ucrânia, um típico atentado terrorista que os Estados Unidos pretenderam atribuir a forças pró-russas.
Falso. O avião, de que já não se fala mais, foi derrubado por forças do governo de Kiev, conforme denunciou o presidente russo Vladmir Putin, numa reunião internacional, com base em investigações independentes, e com praticamente nula repercussão no Ocidente.
O ânimo dos neoconservadores norte-americanos para o confronto global com os russos, a partir da economia, ganhou força com a revolução energética representada pela exploração de gás de xisto nos Estados Unidos através de uma das mais criminosas tecnologias do ponto de vista ambiental, o fracting.
O sucesso comercial do empreendimento, com rápida expansão de produção de gás e petróleo de xisto, possibilitou atacar o principal pilar da economia russa, grande produtora e exportadora de petróleo e gás, e, simultaneamente, “tranquilizar” os europeus quanto à possibilidade de cessação de suprimento de gás russo à Europa, o qual seria substituído pelo norte-americano.
Não se sabe se os sauditas entraram nesse jogo por razões geopolíticas, evitando reduzir a produção de petróleo para prejudicar os russos, ou por suas próprias razões de tentar inviabilizar economicamente a produção de hidrocarbonetos por fracting.
O fato é que também grandes empresas norte-americanas, que investiram pesadamente no petróleo e gás de xisto, estão tendo pesados prejuízos com a redução do preço do petróleo, que agrada mesmo só ao consumidor.
Por outro lado, as promessas supostamente infinitas do fracting se revelaram surpreendentemente limitadas nos últimos meses: em Monterey, na Califórnia, reservas de petróleo de xisto antes avaliadas em 13,7 bilhões de barris foram reavaliadas oficialmente para 600 milhões, ou 96% menos.
Além disso, a opinião pública norte-americana começa a ser mover contra o fracting: segundo uma pesquisa de opinião recente, em 2008, 48% a 38% dos norte-americanos apoiavam essa tecnologia; em novembro último, 47% a 41% se manifestaram contra.
Isso certamente reflete a comprovação inequívoca da destruição ambiental, sobretudo de aquíferos, que essa tecnologia suja provoca no meio ambiente de forma irreversível.
Enquanto o mercado de hidrocarbonetos não sofrer nova reviravolta, refletindo o fracasso da Califórnia, a Rússia, sem dúvida, será penalizada pela estratégia norte-americana de seu estrangulamento econômico.
Putin, com sua frieza característica, ponderou que a Rússia é um país autossuficiente e, de qualquer modo, tem meios de retaliação – imaginando certamente um embargo na exportação de gás para a Europa.
Uma importante ficha para a Rússia é certamente a China, que já lhe garantiu um contrato de fornecimento de gás por 20 anos no montante de 400 bilhões de dólares, e que tem se alinhado com ela em questões geopolíticas, como no caso da Síria.
Contudo, estamos claramente diante de uma escalada.
O novo passo estimulado pelos EUA foi a recente decisão do Parlamento da Ucrânia de renegar sua neutralidade.
Note-se que o próprio Kissinger, num artigo recente, assinalou que a solução definitiva para a crise ucraniana, de uma forma aceitável pela Rússia, seria transformar a Ucrânia num país neutro entre a União Europeia/OTAN e a Rússia, como aconteceu com a Finlândia na Guerra Fria.
Contudo, Kissinger é um velho conservador lúcido, não um neoconservador alucinado. Os EUA, sob controle destes, indicam que não aceitarão perder mais essa oportunidade de guerra. Tudo indica que forçarão a Rússia a aceitá-la.
Com a integração da Ucrânia na OTAN, numa iniciativa indiferente aos milhões de russos e russófilos no Leste do país, a aliança militar ocidental estaria nas costas da Rússia, o que significa ameaça direta a seu território.
O mínimo que a Rússia buscaria seria retalhar a Ucrânia com apoio local, o que de uma certa forma foi ensaiado na Crimeia. Seria então uma guerra global em território ucraniano?
E nós, que temos a ver com tudo isso?
Os inocentes entre nós acham que os neoconservadores norte-americanos veem com muita naturalidade nossa aproximação, via BRICS, com sua arqui-inimiga Rússia.
Acreditam que a gravação das conversas da Presidenta foi mero divertimento. Acham que as tentativas de desestabilização do legítimo Governo brasileiro atual, assim como o reeleito, são fenômenos exclusivamente internos, ou resultantes dos impulsos éticos de alguns tribunais.
Pelo fato de termos passado à margem de guerras, e estarmos no centro de um continente peculiarmente pacífico, nos acostumamos a não pensar geopoliticamente – mesmo porque, na era nuclear, a geopolítica devia estar definitivamente fora de moda.
Contudo, querendo ou não, estamos no jogo. Se o preço do petróleo cair abaixo de 40 dólares o barril, a exploração do pré-sal estará inviabilizada. Se os Estados Unidos fizeram a guerra contra a Rússia em território ucraniano, teremos de fazer difíceis escolhas.
Carlos de Assis – Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB (transcrito do 247) -
2014: Vai faltar um capítulo nas retrospectivas da imprensa
Nas resenhas noticiosas sobre o que aconteceu de relevante em 2014, vai faltar, com certeza, um capítulo essencial para se “ler” o quadro político brasileiro: a atuação da própria imprensa ou mídia, entendida aqui como o conjunto das grandes corporações familiares, detentoras de concessões de rádio e tevê que dominam o espectro e proprietárias de jornais e revistas que tomam conta das bancas.
Para dar nomes: Globo, Abril, Estadão, Folha de São Paulo e afiliadas e alinhadas.
Em poucos momentos esse conjunto de empresas teve um alinhamento tão grande tão equivocado em torno de questões essenciais.
Para ficar em 2014, começa na omissão quanto aos 50 anos do golpe militar.
Podia promover um grande debate. O que foi o golpe, o que foi a ditadura, o que está claro, o que falta esclarecer – debate crucial para entender a democracia que temos.
Limitou-se a algumas “ produções especiais”, cuja profundidade, diria Nelson Rodrigues, “uma formiguinha atravessa com a água na canela”.
Houve exceções, que só confirmam a regra, altamente insuficientes.
A má vontade com a Comissão Nacional da Verdade completou o quadro da omissão de liberada.
Depois a aposta no fracasso da Copa do Mundo. Aí foi vexame, porque quando entrou a grana dos patrocínios tudo virou maravilha.
Nos dois casos,o desinteresse ou a má vontade da imprensa tinha tudo a ver com o interesse e a vontade da mídia de ignorar ou acicatar o governo de Dilma Roussef.
Em relação à Dilma, na verdade, a imprensa perde as apostas desde que seu nome vazou, como a provável “candidata de Lula”, lá em 2008.
A primeira avaliação que os “colunistas bem informados” fizeram : seu nome não passaria no crivo do PT, ela vinha do trabalhismo estava no PT por conveniência.
Depois, quando o PT aprovou Dilma como candidata, disseram que era políticamente inviável. Sem jogo de cintura, agredia as pessoas, nunca subira num palanque. Ia ser um desastre.
Quando ganhou a eleição… seria um poste, um boneco de Lula.
Enfim, chegam as eleições de 2014.
Como nunca, em 2014, a mídia aposta contra Dilma, contra Lula, contra o PT.
Abraça a candidatura de Campos, Campos morre, abraça Marina, Marina não vai… abraça Aécio Neves e aí, diga-se, foi decisiva para o desempenho eleitoral que ele teve, muito acima de seu cacife. Mas perdeu e a mídia foi a principal derrotada porque jogou sua credibilidade em certas jogadas..
Como não tinha jeito, Dilma estava eleita, começou a namorar o impeachment. Viu logo que era fria. Agarrou-se ao Petrolão certa de que ali está o fio que vai levar ao gabinete da presidente.
Já perdeu o primeiro embate, ao tentar derrubar Graça Forster da presidência da Petrobrás. Mandou os escrúpulos às favas para conseguir isso, mas perdeu.
Como será 2015?. -
Caso Venina, uma aposta da Globo na queda de Graça Forster
A entrevista da ex-gerente Venina Velosa, dizendo que alertou dirigentes da Petrobras, inclusive a presidente Graça Forster, sobre casos de corrupção na empresa foi dada originalmente ao jornal Valor Econômico, na quarta-feira, 17.
Qualquer leitor minimamente atento podia perceber que a matéria fugia ao padrão do Valor, que é o jornal dos empresários e dos meios financeiros, geralmente mais criterioso com as informações que publica.
A matéria continha declarações inconsistentes, misturava fatos ocorridos em datas diferentes, e reproduzia sem questionar afirmações contraditórias.
Era um prato feito para quem já concluiu que a corrupção na Petrobras é generalizada e envolve não só a direção da empresa como conta a conivência até da presidência da República. Para quem quer informações para saber o que realmente aconteceu, era uma peça bastante falha, com muitas afirmações questionáveis e um personagem pouco convincente.
Estranhamente o repórter que ouviu Venina Velosa não tentou esclarecer esses pontos, nem dar um perfil mais nítido da ex-gerente. Tampouco tentou, como é praxe no Valor, ouvir o contraditório.
Mesmo assim, o “furo” do Valor (que é editado por uma empresa em que a Globo e a Folha de São Paulo são sócias) repercutiu em todos os jornalões que reproduziram a entrevista com grande destaque e sem qualquer reparo.
Mesmo o fato, revelado por alguns blogs, de que Venina era ligada a Paulo Roberto da Costa,o delator, e que fora afastada após investigação por uma comissão interna, foi desconsiderado. Ninguém se interessou por esclarecer. Era matéria verdadeira, quente, bombástica. A bala de prata que seria capaz de derrubar Graça Forster.
Não só isso: no domingo, apresentada como uma “entrevista exclusiva”, Venina foi o principal destaque do Fantástico, ouvida pela Glória Maria. Foram 27 minutos e 19 segundos em que a ex-gerente praticamente repetiu tudo o que tinha falado ao Valor, inclusive com os mesmos pontos obscuros e a mesma falta de consistência. De exclusivo, apenas um principio de choro, pouco convincente.
Mais: a partir daí, a entrevista “exclusiva” foi destaque em todos os telejornais da Globo e da Globo News, ganhando um espaço inusitado para os tempos de televisão: quase onze minutos no Bom Dia Brasil, nove minutos no jornal Hoje, além de seis edições de nove minutos na Globo News.
À noite a entrevista foi novamente destaque no Jornal Nacional, que reproduziu o resumo de seis minutos editado ardilosamente. Em seguida, e só ai, foi ouvida a presidente da Petrobrás, Graça Forster, que negou ter recebido qualquer alerta da ex-gerente.
E aí, o Jornal Nacional cometeu algo que nenhum manual de ética jornalistica comporta: deu a Venina conhecimento prévio da entrevista gravada com Graça Forter. Desse modo, assim que a entrevista da presidente da Petrobrás foi ao ar, entrou a ex-gerente rebatendo suas declarações.
Dilma garantiu que vai manter Graça Forster, mas o desfecho desse episódio ainda é incerto. O que se pode dizer com certeza é que este caso vai entrar para a história do jornalismo no capítulo das ” manipulações da Globo”, ao lado da edição capciosa do debate entre Lula e Fernando Collor, na eleição de 1989.
Com o agravante da cumplicidade de toda a mídia. -
A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin… Duas vidas diferentes?
Fernando Brito, do Tijolaço
Depois de aceitar que Paulo Roberto Costa passou ao menos três anos roubando “enojado” e “enojado” continuava recebendo parcelas de propinas por contratos mesmo depois de ter sido afastado da empresa, agora temos a história mais que capciosa de D. Venina Fonseca, a quem não posso, por desconhecimento, acusar de nada – a Petrobras não abriu os detalhes dos processos interno que correm contra ela, embora ela tenha ido ao Fantástico acusar a presidente da empresa de cúmplice de todos os malfeitos da empresa.
Mas posso, como qualquer jornalista deveria fazer, comparar o que ela disse na televisão com o que é, segundo ela própria, sua carreira na empresa.
Segundo a transcrição da entrevista feita pelo Diário do Centro do Mundo, ela diz que “eu trabalhei junto com Paulo Roberto, isso eu não posso negar. Na diretoria de abastecimento, a partir de 2005″.
Não é verdade, segundo a própria Venina informa em seu currículo no Linkedin.
Lá, consta que ela era – o texto eu cito em inglês, como está escrito – “Manager, Implementation of Integrated Management Systems at Natural Gas Logistics Supervision Centre. De “May 2002 – May 2004 (2 years 1 month)“.
Ora, de 2001 a 2003, Paulo Roberto Costa era responsável pela Gerência Geral de Logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras…
Depois, segundo a própria Venina, em seu Linkedin, foi ser “Assistant Manager to the Downstream Director’s Office” (diretor de abastecimento), em maio de 2004.
Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria de abastecimento em… 14 de maio de 2004.
Não seria justo inferir ligações anteriores, mas é a própria Venina quem documenta que não foi “na diretoria de Abastecimento, a partir de 2005″, mas que durante ao menos sete anos era auxiliar de confiança de Paulo Roberto Costa.
Mais adiante, Venina diz:
“A opção que eles fizeram em 2009 foi realmente me mandar para o lugar mais longe possível, isso está entre aspas, onde eu tivesse o menor contato possível. Com a empresa, aparentemente eu estaria ganhando um prêmio indo para Cingapura, mas o que aconteceu foi que realmente quando eu cheguei lá me foi dito que eu não poderia trabalhar, que eu não poderia ter contato com o negócio, era para eu procurar um curso”.
De fato, Venina foi para Cingapura, como “Chief Executive Officer, PM Bio Trading Pte Ltd”, uma joint-venture entre a Petrobras, a Mitsui e a empreiteira Camargo Correia, empresa subordinada a… Paulo Roberto Costa, o diretor de Abastecimento, o enojado …
Quando PRC cai, Venina não é perseguida, mas promovida.
Passa a diretora-gerente (“Managing Director, Petrobras Singapore Private Limited”).
E, segundo ela própria, com amplos poderes pois assim ela define suas funções, desde então:
“Responsável por conduzir o aumento das receitas junto com as margens de lucro e ser responsável por todos os contratos, a evolução dos negócios, as principais partes interessadas e clientes. – Reestruturação de toda a unidade, que resultou em significativa redução de custos e aumentando o lucro líquido três vezes nos primeiros seis meses de nomeação. – Liderou s Petrobras Singapore (PSPL) para atingir um lucro líquido recorde de US 59,5 milhões em 2012 de US $ 18 milhões em 2011, e, posteriormente, outro avanço no lucro líquido, de US $ 184 milhões em 2013″
Nada de ficar “encostada”, portanto. E muito menos de viver trancada, numa situação de quase “escrava branca”, algo que justificasse a melodramática declaração ao Fantástico de que ” me afastar(am) do meu país, das empresas que eu tanto gostava, dos meus colegas de trabalho. Eu fui para Cingapura, eu não vi minha mãe adoecendo. Minha mãe ficou cega, transplante de coração, eu não pude acompanhar minha mãe. Meu marido não pôde mais trabalhar, ele teve que retornar.”
O marido de Venina, Mauricio Luz, também segundo o seuLinkedin, “had been lived in Singapore from january 2010 to june 2012, working as a consultant and helping to implement the Braskem office in Singapore“.
A Braskem é uma empresa que tem, entre os principais acionistas … a Petrobras, com 47% e a Odebrecht, com 50%.
A saída de Luz, também casualmente, coincide com a queda de Paulo Roberto Costa.
Não se faz aqui, como se viu, nenhuma acusação a Venina, porque seria um absurdo acusar, como ela faz, alguém de irregularidades e cumplicidades sem ter provas cabais disto.
Mas não é possível afastá-la de todo deste caso. Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os.
O Brasil está mesmo virando uma fábrica de “santinhos” -
Grandes grupos perdem participação na publicidade oficial
Reproduzido da Carta Capital
A mídia nativa raramente fala de si, ao contrário do que acontece nas democracias maduras, onde os meios de comunicação, o “quarto poder”, vigiam-se uns aos outros.
É um traço do oligopólio. Os erros são escondidos, os crimes protegidos (quem não se lembra da ameaça – “mexeu com a Abril, mexeu com todos” – de um dos Marinho ao governo caso a base aliada ousasse investigar as relações bandidas de jornalistas da Veja com o bicheiro Carlinhos Cachoeira?).
Só se abre exceção quando se trata de perseguir uma obsessão do baronato, em especial da Folha de S.Paulo: tentar provar que veículos, blogs e sites não alinhados ao pensamento dominante são financiados de forma “bolivariana” pelo governo.
É outro traço do oligopólio. Quem pensa diferente deve ser tratado como criminoso. Eliminado, se possível.
Em geral o empenho resulta em um tiro n’água. Aconteceu de novo. Os valores de gastos de publicidade das estatais apresentados pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira 17 falam por si só.
Quem mais recebe, de forma abundante, desproporcional até, são eles mesmos, os barões.
As Organizações Globo embolsaram entre 2000 e 2013 mais de 5 bilhões de reais em publicidade das companhias públicas, pouco menos de um terço dos investimentos públicos. Isso em um período em que a audiência da emissora despencou.
O grupo é, aliás, um fenômeno mundial, único caso de uma empresa de comunicação que consegue elevar a sua tabela de preços enquanto perde telespectadores, ouvintes e leitores.
Teria relação com a propina legalizada chamada Bônus de Veiculação (quanto mais anúncios programa em meios da Globo, maior a fatia do bolo capturada pelas agências de publicidade)?
O BV é também ele um fenômeno único. Só existe no Brasil.
Listemos outros beneficiários do Bolsa-Mídia: Editora Abril, dona da revista Veja (523 milhões no mesmo período), TV Record (1,3 bilhão), SBT, que emprega Rachel Sheherazade (1,2 bilhão), Band (1 bilhão), IstoÉ (179 milhões).
A revista Época entra na conta da Globo.
Uma outra informação talvez explique a mágoa da Folha. Entre o fim do governo Fernando Henrique Cardoso e este último ano do primeiro mandato de Dilma Rousseff, houve uma democratização da distribuição de recursos.
O número de meios de comunicação que recebem investimentos de estatais passaram de 4,4 mil para 10,8 mil. Em resumo, os grandes grupos perderam participação relativa no bolo.
Agora compare os números do oligopólio com aqueles de CartaCapital, revista, segundo a Folha, alinhada ao governo (presumimos que a Folha e os demais sejam alinhados à Casa Grande, hoje representada pelo tucanato e associados, no passado recente pelos golpistas de 1964, a quem, diga-se, o jornal da família Frias serviu com denodo, a ponto de emprestar suas kombis para o sequestro de militantes de esquerda pela repressão).
Em 14 anos, a Editora Confiança, dona de CartaCapital, recebeu 44,3 milhões de reais de todas as estatais. Isso equivale a 62 mil reais por edição. Impressionante. CartaCapital circula há 20 anos e é semanal desde 2001.
Sua circulação nacional é auditada pelo IVC e a fatia de publicidade corresponde a sua posição no mercado. Tudo feito de forma transparente, clara.
Já não se pode dizer o mesmo das relações da Folha e do resto do oligopólio com o governo do estado de São Paulo.
Quando governador, José Serra estabeleceu a compra sem licitação de lotes de assinaturas da Folha de S. Paulo, O Estado de S.Paulo, Veja, Época e IstoÉ. Geraldo Alckmin manteve o mimo.
Em 2011, segundo o Diário Oficial do Estado, o governo paulista pagou 2,58 milhões de reais por um lote de 5,2 mil assinaturas da Folha.
Foram 2,7 milhões para o Estadão, 1,2 milhão para a Veja, 1,3 milhão à IstoÉ e 1,2 milhão à Época. Total: 9 milhões apenas em um ano.
A renovação tem acontecido no mínimo desde 2008. Mas sobre isso, a mídia hegemônica prefere silenciaR. -
Porque os grupos de mídia atacam os blogs
LUIZ NASSIF
Na edição de ontem, a Folha publicou um resumo dos gastos de publicidade das empresas públicas.
Entre os mais de 5 mil veículos programados, o jornal definiu uma curiosa subdivisão: as verbas dos grupos de mídia e as verbas dos blogs e jornais online independentes – classificados como “aliados do governo”.
Na relação de mídia há rádios, sites de todos os tipos, revistas semanais ou revistas especializadas. Por que a fixação nos blogs – e em revistas independentes, como a Carta Capital – que receberam parcelas ínfimas da publicidade pública?
Essa implicância se explica por dois fenômenos centrais na crise dos grupos de mídia.
O primeiro deles é o fim do monopólio da audiência.
Na era pré-Internet, havia enormes barreiras de entrada a novos grupos de mídia.
Na imprensa escrita, nunca houve competição, pela necessidade de investimentos a se perder de vista; na televisiva e radiofônica, pelo cartório das concessões.
Com a diversificação editorial no mercado de revistas, montou-se uma estrutura oligopolista, um pacto entre grupos de mídia e agências de publicidade (em torno do Bônus de Veiculação) que tem como agente legitimador o IVC (Instituto Verificador de Circulação).
Quando começou a cair a tiragem da Veja, um dos estratagemas consistia em prorrogar a assinatura, mesmo sem o consentimento do assinante e mesmo sem pagamento.
Ou então proceder a uma vasta distribuição de assinaturas. Tudo entrava na conta das assinaturas pagas – a métrica que vale para medir tiragem.
O custo da distribuição compensava mais do que a queda proporcional no faturamento publicitário.
No caso das TVs, o agente legitimador é o IBOPE. No último ano houve uma queda radical da audiência da Globo.
Há suspeitas no ar de que essa aceleração da queda foi uma espécie de encontro de contas, ante a iminência da entrada de novos medidores de audiência e também da venda do IBOPE para um grupo internacional.
Até então, as agências de publicidade admitiam anunciar apenas em veículos auditados ou pelo IVC ou pelo IBOPE.
Com a Internet, duas barreiras deixaram de existir: a barreira da audiência e a barreira dos medidores de audiência.
A audiência de qualquer site ou blog pode ser auditada em tempo real por sistemas do Google ou por sistemas mais especializados. E o mercado de mídia deixou de ter audiências segmentadas por veículos.
A Internet rompeu definitivamente as barreiras entre a mídia e outros setores. A disputa por públicos passa por sites de compras, portais de entretenimento, grupos religiosos, torcidas de futebol.
Todos esses grupos se acotovelam na Internet disputando públicos e publicidade.
O anunciante quer resultados. O que vende mais carro ou imóvel: uma publicidade em jornal impresso, em um site jornalístico ou em um portal especializado?
O anúncio de uma geladeira é mais eficaz na página interna de um jornal ou no site de uma loja de departamentos?
Esse é o drama: portais de comércio online ou de outros tipos de audiência passaram a competir no mercado publicitário com os grupos jornalísticos.
O ranking da Alexa (o mais conhecido medidor de audiência em Internet) traz dados surpreendentes sobre o Brasil.
Na lista dos 25 sítios de maior audiência do país, os quatro primeiros são de redes internacionais: Google brasileiro, Facebook, Google internacional, Youtube. Só então aparecem dois brasileiros: Uol e Globo.
Na sequência, quatro estrangeiros: Yahoo, Live (antigo Hotmail), Allexpress, Youradexchange.
Na 10o posição o Mercado Livre; na 13a o Netshoes; na 16a o Megaoferta. Só então a Abril na 17o. Por alguma razão não entrou o Buscapé – que tem enorme audiência.
Nos Estados Unidos, os dois últimos bastiões da imprensa – os anúncios de produtos nacionais e os classificados – já migraram para outros veículos digitais.
O monopólio da informação/opinião
O que resta para os grupos de mídia?
O último diferencial, exaustivamente explorado por Rupert Murdoch: o uso despudorado do poder de opinião.
O mercado de opinião é composto de diversos subgrupos homogêneos: operadores de direito, igrejas, torcidas de futebol, políticos, militares, sindicalistas, movimentos sociais.
A força maior dos grupos de mídia está na sua influência sobre os grupos centrais de poder: mundo jurídico, político, militar e econômico.
Embora numericamente desimportantes, esses grupos é que decidem políticas econômicas, controlam verbas privadas de publicidade, influenciam decisões judiciais, aprovam leis e controlam o próprio aparelho do Estado – e, através dele, mantem o controle sobre as grandes compras públicas do seu mercado, dentre as quais publicidade, assinaturas, livros didáticos etc., além de regalias no tratamento fiscal, com sucessivos perdões de dívida, inacessíveis às empresas comuns.
Por isso mesmo, é um terreno defendido a ferro e fogo, com uma gana dos antigos coronéis nordestinos.
Dia desses conversava com o presidente de um grande grupo nacional, que já entrou em diversos setores. “Em cada setor, me dizia ele, as empresas já existentes nos tratam como concorrentes. No caso da mídia, qualquer ensaio de entrada e já somos tratados como inimigos”.
Pois justamente esse centro derradeiro de influência foi invadido nos últimos anos pelos zumbidos de um enxame de abelhas, os blogs.
Antes, o mercado de opinião era subdividido entre a linha noticiosa dos jornais e seus colunistas.
Nas décadas de 90 e metade de 2.000, ainda sob os efeitos da marcha das diretas e da redemocratização, esse modelo permitiu uma razoável diversidade e uma relativa autonomia dos colunistas.
A partir de 2005 encerrou-se o pacto e os grupos de mídia montaram sua estratégia de guerra, visando a conquista do poder político.
Aboliu-se o contraditório dos jornais, o direito de resposta. E passou-se a recorrer às reportagens como armas de guerra, sem preocupação até com a verossimilhança das informações veiculadas.
Esse modelo era de mais difícil aplicação nos anos 90 graças a algum espaço para a metacrítica jornalística.
Quando o pacto aboliu as críticas entre jornais e entre colunistas, a imprensa perdeu o rumo. Não havia mais riscos em serem desmascarados mesmo nas matérias mais estapafúrdias.
Perdeu a diversidade e os grupos de mídia – ainda influentes – passaram a falar para uma audiência restrita e hidrófoba, deixando ao relento os leitores mais qualificados, formadores de opinião.
É aí que surgem os blogs, cumprindo a função do colunismo sem amarras, valendo-se do poder de disseminação de informações da Internet.
Basta um blog desmontar uma reportagem da grande mídia para o artigo se espalhar como rastilho pela blogosfera.
Pela primeira vez, a mídia se viu frente a críticos que transitavam na mesma plataforma tecnológica. Antes, o enfrentamento se dava via mimeógrafo, xerox e cartazes.
Estratégias de desqualificação
Os blogs têm audiência e atuam no creme do mercado de opinião: os formadores de opinião, que transitam entre blogs mais à esquerda e mais à direita para formar sua opinião.
É um público qualificado, de adultos, bancarizados.
Muitos dos blogs tentam se estruturar como empresas. Como tal, alugam escritórios, contratam jornalistas, contatos publicitários etc.
Os ataques dos jornais – nítido na matéria da Folha – consistem em explorar a desinformação dos seus leitores, tratando o faturamento publicitário como se fosse uma mesada a uma pessoa física e não a compra de um espaço publicitário do mesmo nível daquele oferecido pelos grandes grupos jornalísticos.
Ou então, desqualificando a posição dos blogs. Mesmo que existam críticos do governo, não vale a crítica pontual – ou o elogio pontual.
Só se aceita o padrão de guerra total dos grupos de mídia. E não se tolera o contraponto ao que a mídia publica.
Obviamente a desproporção de forças é imensa assim como a força de coerção preservada pelos grupos de mídia.
Tome-se o caso dos Correios em 2013 – com informações extraídas das planilhas da Secom.
Os Correios estão no centro do fogo da Lava Jato. Hoje em dia, é a empresa pública mais vulnerável, com estripulias diversas nas licitações internas, no aparelhamento e no Postalis, seu fundo de pensão.
Jamais mereceu uma reportagem mais aprofundada, apesar de fartamente citado nas declarações de Alberto Yousseff. E essa blindagem é garantida diretamente pela maneira como distribui suas verbas.
Em 2013, empenhou R$ 544 milhões em verbas publicitárias.
Desse total, destinou R$ 46 milhões para a TV Globo; R$ 3,3 milhões para a Editora Globo; R$ 1,4 milhão para a CBN; R$ 8,6 milhões para os canais a cabo da Globo; R$ 9 milhões para a rádio Globo.
Dentre os impressos, destinou R$ 5 milhões para a revista Veja; para as demais revistas da Abril, mais R$ 2 milhões.
Não incluiu nenhum veículo online alternativo para não incorrer na ira dos grupos de mídia.
Suspeitas não são as empresas que programam blogs ou mídia alternativa. São as que temem programá-los, por terem alguma forma de rabo preso.
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Falta muito para chegar ao pré-sal das maracutaias
GERALDO HASSE
A economia está batendo pino ou andando de lado, como dizem alguns comentaristas, mas não vai afundar em face do vendaval de denúncias sobre corrupção na nossa estimada Petrobras.
O Brasil é maior do que todos os corruptos e corruptores.
Na verdade, o chamado petrolão é apenas a ponta visível do iceberg da corrupção montado pelas empreiteiras de obras públicas.
Quanto tempo ainda se vai levar para chegar à camada pré-sal da maracutaia? Anos, provavelmente.
Falta jogar a lanterna nas obras da Eletrobras, do DNIT e de ministérios e estatais menos visados pela PF e o MP. E a devassa haverá de chegar nos políticos.
Será a hora de saber se o número de picaretas do Congresso chega mesmo a 300, como falou Lula.
E se as investigações pousarem nos governos estaduais e suas respectivas assembléias?
Acaba de ser preso em Lajeado um fiscal agropecuário que comia bola da indústria de laticínios.
Era um peixe miudo do rio Taquari, um lambari perto dos tubarões das grandes obras nacinais.
O inconsciente coletivo dos brasileiros está cansado de saber que a corrupção da administração pública começou com a primeira caravela de Cabral, enraizou-se nas capitanias hereditárias, nos governos gerais e nas sesmarias distribuídas aos amigos do Rei e da Corte, não desapareceu durante o império dos jesuítas (pelo contrário, disse o Marquês de Pombal) e prosperou, prosperou e prosperou até consagrar-se nas obras de Brasilia, cuja construção serviu como curso de pós-graduação para uma porção de engenheiros e empreiteiros.
Tome-se como paradigma o paulista Sebastião Camargo Penteado (1909-1994).
Ele começou carregando brita em carroças puxadas por burros na construção de estradas no interior paulista.
Depois fez pistas de aeroportos e trechos ferroviários. Ele foi o empreiteiro que mais prosperou.
Já na época da construção do Metrô de São Paulo e da Usina de Itaipu, nos anos 1970, era o rei da construção pesada.
Morreu como um dos homens mais ricos do Brasil. Agora, executivos da construtora que ele fundou (Camargo Correa) estão na cadeia, junto com uma vintena de dirigentes de algumas das empresas líderes do ranking da construção civil.
Todos serão processados e julgados. É fantástico, o Brasil dando a volta por cima na turma do andar superior sem dar chance para a turma do deixa-disso.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“A Petrobras não é uma empresa qualquer, é a executante do monopólio do petróleo, garantido pela Constituição do Brasil.”
Modesto Carvalhosa, professor de Direito, no programa Roda Viva de 15/12/2014
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Falta um pouco de açucar para a limonada
José Antonio Severo
Limão amargo bem espremido dá limonada.
É o que se diz no mundo dos negócios e que, neste momento, a presidente Dilma pode estar apertando o citros na sua cozinha política, ou seja, nos bastidores desta grande confusão que assola o País neste momento.
A crise da Petrobrás tem dois lados.
No mundo do petróleo, tudo tem verso e reverso. O lado exposto dessa questão está aí à vista:
a) diretores que desviavam para os próprios bolsos as “contribuições” das empresas para os partidos;
b) – crise de confiança no mercado e derretimento do valor do patrimônio líquido nas bolsas internacionais e nacionais.
Lado bom: crise dos corruptos permite uma limpeza nos quadros dirigentes da estatal, robustecendo a confiança do mercado em seus gestores remanescentes para lidarem com os novos tempos de grandes produtores quando o pre-sal entrar no mercado para valer.
Outro ganho pelo lado escuro da lua: o valor de mercado derreteu-se. Mas não esqueçamos de que estamos falando de valor de mercado e não do valor patrimonial de cada ação. No duro, cada ação vale um real. Daí para cima é valor de mercado. Portanto, ainda não chegou ao fundo do poço.
Qual é a vantagem disso para quem espreme o limão?
Os grandes investidores em Petrobrás nos mercados internacionais, entre eles a bolsa de Nova York, são os fundos de pensão brasileiros patrocinados pelas empresas estatais (Previ, Funcef, Petros, Refer, etc.).
São fundos particulares, propriedade do funcionalismo, irrigados pelo Tesouro Nacional.
Quando desaba o valor dos papéis de uma empresa com saúde, os espertos compram na baixa. É o que está havendo.
Como os fundos são donos tanto do lucro quanto do prejuízo, comprar a US$ 6,00 um papel que valia, há pouco US$ 48,00, é um negócio da China, pois tira de um bolso e bota no outro.
Como o preço das máquinas, equipamentos e serviços para furar o pre sal continuam com os mesmos preços, a Petrobrás terá de emitir mais papéis para captar o dinheiro que precisa.
Certamente terá de alterar o modelo para atrair investidores. O modelo atual já estava bichado. Foi por isto e não pela roubalheira que os preços dos papéis empacaram e, depois, começaram a cair.
Quem perde são os fundos privados e os investidores pessoas físicas. Mas estes a são minoria.
Então como fica (para não alongar): O preço desaba e, com menos dinheiro, compra-se mais posições no Pre-Sal. Uma ação que valeria 48 agora sai por seis.
Daqui a cinco ou seis anos o pre sal produzindo leva o valor de mercado para as alturas, novamente. O mico de hoje será uma montanha de dinheiro lícito.
E a queda do preço do petróleo? Isto também derruba a cotações das ações, mas é um alívio para o caixa de Petrobrás.
Como o preço da gasolina (e demais derivados) não vai cair, o lucro aumentará. Esse ganhos podem cobrir os prejuízos da contenção administrada no período da campanha. É o que vai acontecer. Assim, não precisa alimentar a inflação para tirar a empresa do vermelho.
Sem contar do efeito geral para a economia mundial com a queda dos preços do petróleo. Com a retomada internacional, Dilma vai surfar a prosperidade mundial. O Brasil tem tudo para bombar, como das outras vezes em que os países desenvolvidos entraram em rota de crescimento.
É verdade que a Petrobrás tem de recuperar confiança.
Para isto Dilma nomeou Graça Foster. Ela está passando a vassoura. Pode ser que caia, mas deixará a sala limpa.
Com isto e mais aquilo tudo que falamos (petróleo baixo e mercado para ações de baixo preço), a Petrobrás pode recuperar sua imagem de empresa vencedora em pouco tempo.
Botando funcionários e magnatas da construção na cadeia Dilma poderá reeditar a faxina do primeiro mandato, a Faxina 2. Aquilo lhe valeu a estabilidade e, agora, pode consolidar seu novo mandato. É só botar um pouco de açúcar na limonada. Será que ela fará isto?
