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  • Cartel do metrô: 33 indiciados em São Paulo

    Já está na Justiça Federal o inquérito sobre do cartel dos trens em São Paulo, feito sem alarde pela Polícia Federal. Envolve governos tucanos.
    Segundo o G1, 33 pessoas estão indiciadas por corrupção ativa, corrupção passiva, cartel, crime licitatório, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
    Cerca de R$ 60 milhões foram bloqueados em contas dos indiciados.
    Durante dez anos (1998/2008) as empresas envolvidas dividiram, num acordo, os contratos de reformas no Metrô e na Companhia de Trens Metropolitanos.
    O MP divulgou o valor dos contratos investigados: R$ 2,7 bilhões em valores da época em que foram firmados. Cerca de 30% disso (R$ 835 milhões) seriam superfaturados. (com G1)
    A policia federal liberou no fim da tarde de quarta-feira a lista dos 33 indiciados no inquérito  que investigou o cartel do Metro de São Paulo.aa
    O presidente e o diretor de operações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), respectivamente Mário Bandeira e José Luiz Lavorente, são os primeiros da lista.
    O cartel teria operado entre 1998 e 2008, nos governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.
    Lavorente e Bandeira são os únicos servidores públicos que constam da lista de indiciados, entre doleiros, empresários e executivos das multinacionais que teriam participado de conluio para obtenção de contratos no Metrô e na CPTM.
    A PF também indiciou funcionários e ex-funcionários das multinacionais Alstom, Siemens, Bombardier, Mitsui, CAF e TTrans.
    O nome do ex-diretor da CPTM, João Roberto Zaniboni, também está entre os 33 indiciados pela PF.
    Ele é acusado de receber propina das empresas via lobistas.
    O esquema foi revelado em outubro de 2013, pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, em delação premiada à PF.
    Em seu depoimento, Rheinheimer relatou sobre suposto pagamento de propina de multinacionais a deputados e funcionários públicos.
    Os autos foram remetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF), órgão que detém competência para processar os parlamentares citados por Rheinheimer na delação.
    O depoimento prestado por Rheinheimer à Justiça foi ratificada pelas provas reunidas no inquérito.
    O Supremo devolveu à PF parte da investigação que não atingia autoridades com foro privilegiado.
    Depois disso, a polícia passou a colher depoimentos e rastrear eventuais fluxos de recursos ilícitos em contas dos suspeitos no caso do cartel.  Alguns investigados já haviam sido indiciados antes da remessa do inquérito ao STF. A outra parte foi enquadrada após o retorno dos autos.
    A CPTM informou em nota que os diretores eventualmente mencionados no relatório da Polícia Federal não irão se manifestar, uma vez que não tiveram acesso ao conteúdo do processo em razão do segredo de justiça.
    “Ambos autorizaram abertura de sigilo dos seus dados fiscais e bancários, inclusive das respectivas esposas, nada sendo encontrado. Os executivos negam veementemente qualquer prática irregular na condução dos processos licitatórios, desconhecendo completamente qualquer acusação.
    Os dirigentes da CPTM continuam colaborando com todos os órgãos que investigam as denúncias sobre formação de cartel. A Companhia tem total interesse em apurar os fatos e, constatado o prejuízo, exigir ressarcimento aos cofres públicos”, afirmou a Companhia.
    VEJA A LISTA DOS 33 INDICIADOS
    1) ADEMIR VENANCIO DE ARAUJO – EX-DIRETOR DA CPTM – TEM CONTA COM US$ 1,2 MI NA SUÍÇA (DINHEIRO ESTÁ BLOQUEADO)
    2) ADILSON ANTONIO PRIMO – EX-PRESIDENTE DA SIEMENS NO BRASIL POR DEZ ANOS)
    3) ANTONIO KANJI HOSHIKAWA – EX-DIRETOR DA CPTM
    4) ANTONIO OPORTO DEL OMO – EX-PRESIDENTE DA ALSTOM DA ESPANHA
    5) AGENOR MARINHO CONTENTE FILHO – DIRETOR DA CAF
    6) ALBERT FERNANDO BLUM – DIRETOR DAIMLER/CHRYSLER
    7) ARTHUR GOMES TEIXEIRA – CONSULTOR E LOBISTA
    8) AURÉLIO SURIANI
    9) BERND KERNER
    10) CARLOS ALBERTO CARDOSO ALMEIDA
    11) CESAR PONCE DE LEON CANALEJAS – VICE-PRESIDENTE ALSTOM ESPANHA
    12) CLAUDIO ROBERTO PASQUINI ZENELLA – BOMBARDIER
    13) DANIEL MORRIS ELIE HUET
    14) ISIDRO RAMON FONDEVILLA QUINOMERO – DIRETOR GERAL SETOR DE TRANSPORTE ALSTOM
    15) JOÃO ROBERTO ZANIBONI – EX-DIRETOR DA CPTM.
    16) JOSÉ ANTONIO LUNARDELLI – EX-DIRETOR DA SIEMENS
    17) JOSÉ DE MATTOS JÚNIOR – EX-AUDITOR DA SIEMENS
    18) JOSÉ LUIZ LAVORENTE – DIRETOR DE OPERAÇÕES DA CPTM
    19) JOSÉ MANUEL ROMERO ILLANA – EX-DIRETOR DA SIEMENS
    20) JURGEN BURNOWSKY
    21) LUIZ FERNANDO FERRARI – DIRETOR DA ALSTOM
    22) MARIANA COLOMBINI ZANIBONI – FILHA DE JOÃO ROBERTO ZANIBONI
    23) MARIO MANUEL SEABRA RODRIGUES BANDEIRA
    24) MILENA COLOMBINI ZANIBONI – FILHA DE JOSÉ ROBERTO ZANIBONI
    25) MASAO SUZUKI – VICE-PRESIDENTE MITSUI
    26) MASSIMO ANDREA GIANVINA BIANCHI – PRESIDENTE TTRANS
    27) MURILO RODRIGUES DA CUNHA – EX-FUNCIONÁRIO DA CAF
    28) PAULO JOSÉ DE CARVALHO BORGES JÚNIOR
    29) RAUL MELO DE FREITAS – EX-DIRETOR DA SIEMENS
    30) RONALDO CAVALIERI – EX-DIRETOR DA SIEMENS
    31) SERGE VAN TEMSCHE – EX-PRESIDENTE DA BOMBARDIER
    32) SERGIO DE BONA – EX-DIRETOR DA SIEMENS
    33) OLIVIER HOSSEPIAN SALLES DE LIMA – EX-PRESIDENTE DA CPTM, 1999 A 2003
    Crimes atribuídos pela PF aos indiciados: corrupção passiva, corrupção ativa, cartel, crime licitatório, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

  • Eduardo Cunha, perfil de um campeão da mídia

    Luis Nassif
    Nas últimas semanas, os principais jornais e revistas elegeram Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seu Homem de Bem preferencial.
    O deputado tem sido objeto de perfis humanizando-o, de reportagens mostrando sua garra, denodo, inspiração, transpiração.
    Definitivamente transformou-se em herói da mídia, assim como outras figuras irrepreensíveis, como o Ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-MInistro Ayres Brito – que teve um genro e um ex-assessor suspeito de negociar sentenças -, como um dia foi o ex-senador Demóstenes Torres, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
    O Mito dos Homens Bons consiste em tratar aliados como figuras impolutas, competentes, mesmo que seja o maior mandrião da República.
    Consagrado pelo moralismo da mídia, o deputado Eduardo Cunha, é alvo de 23 processos no STF.
    É conhecido da imprensa desde o governo Collor, quando foi colocado na Telerj por PC Farias. Depois de PC, tornou-se um operador político atuando para quem solicitasse, do deputado Francisco Dornelles ao ex-governador Sérgio Cabral.
     
    Provavelmente é o pior exemplo político da República, o mais ostensivo caso de impunidade atual, o maior negocista da Câmara, o parlamentar que mais recebeu contribuições empresariais, permitindo-lhe eleger uma bancada particular.
     
    Em 2009, Cunha foi indicado pelo governador fluminense Antonio Garotinho para dirigir a Cehab (a companhia habitacional de estado) como parte da cota dos evangélicos.
    Seus companheiros de empreitada foram  Jorge La Salvia, argentino, ex-procurador de PC Farias e indiciado em inquéritos juntamente com Cunha; advogado Carlos Kenigsberg, assim como Salvia próximo do araponga Telmo (principal suspeito dos grampos do BNDES, nos anos 90) e do traficante Abadia.
    Tanto o deputado Francisco Silva, evangélico, quanto Abadia, foram acusados de esconder de forma fraudulenta imóveis de Cunha, para escapar dos leilões da Justiça.
    O Tribunal de Contas do Estado estava prestes a rejeitar as contas quando chegaram documentos do Ministério Público Estadual inocentando-o (e aos demais diretores) de qualquer suspeita de fraude.
    Tempos depois, o  MPE constatou que os documentos tinham sido falsificados pelo então Procurador Geral do Estado, Elio Fischberg.
    O processo foi desmembrado. A parte que não tinha foro privilegiado ficou no Rio. Lá, o Tribunal de Justiça condenou  Fischberg a três anos, 10 meses e 11 dias de reclusão e à perda sua função pública.
    O processo de Cunha ficou no STF, onde o MInistro Luiz Fux – afilhado político do então governador Sérgio Cabral – contrariando todo seu histórico de julgamentos, “matou no peito” o processo e beneficiou Cunha. .
     
    Tempos depois, envolveu-se em um esquema pesado de sonegação de impostos sobre a gasolina que resultou em novos inquéritos e uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio. Na outra ponta da fraude, o grupo que havia adquirido o controle da refinaria de Manguinhos.
     
    Por ocasião de um de seus escândalos – o da Cehab – Cunha justificou seus gastos (incompatíveis com a renda declarada) com base em um suposto empréstimo do Banco Boreal.
    É esse o parlamentar para quem os grupos de mídia pretendem entregar o comando da Câmara Federal.
    email: luisnassif@ig.com.br

  • Jornais escondem declaração que os desmente

    A informação está no décimo-sétimo parágrafo da reportagem da Folha de S. Paulo sobre o depoimento de Paulo Roberto Costa, na CPI da Petrobras.
    Uma reportagem, diga-se de passagem, com 19 parágrafos. Ou seja: no antepenúltimo.
    É lá que surge um dado interessantíssimo.
    Segundo Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, o ex-presidente Lula jamais foi informado sobre qualquer esquema de desvios na Petrobras.
    O mesmo se aplica à presidente Dilma Rousseff.
    “Nunca”, pontuou Paulo Roberto Costa, ao ser questionado pelo deputado Izalci Lucas (PSDB-DF).
    O ex-diretor da Petrobras também negou que Lula o tratasse como “Paulinho”, algo que vem sendo repetido à exaustão por colunistas renomados, como Elio Gaspari. “Isso é folclore”, disse Costa.
    Nada disso, no entanto, pareceu relevante para os jornais da imprensa familiar.
    A notícia, escondida pela Folha, foi ignorada pelo Estado de S. Paulo.
    O Globo também noticiou a declaração de Costa no décimo-sétimo parágrafo de uma reportagem de página inteira, com 18 parágrafos – o penúltimo.
    “Costa negou que seja tratado pelo ex-presidente Lula como ‘Paulinho’, dizendo que isso é folclore”, informa a reportagem de André de Souza e Evandro Éboli.
     Eles sabiam de tudo?
    As informações prestadas por Costa ganham relevância diante dos crimes de imprensa cometidos durante a campanha eleitoral. Veja, por exemplo, antecipou sua capa e rodou com os dizeres “Eles sabiam de tudo”, entre as imagens de Lula e Dilma.
    Mais do que simplesmente antecipar uma edição, Veja rodou milhões de exemplares só da capa, que foram transformados em planfletos de campanha, às vésperas e no dia da eleição.
    Por isso mesmo, foi condenada a conceder direito de resposta à presidente Dilma no dia das eleições, na maior humilhação já sofrida por um meio de comunicação no Brasil.
    A edição de ontem do Jornal Nacional reconheceu o erro cometido contra a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
    Na reportagem, conduzida pela repórter Cristina Serra, foi citado o trecho em que Paulo Roberto Costa afirma que jamais alertou Lula ou Dilma sobre desvios na Petrobras.
    Eis a transcrição:
    REPÓRTER CRISTINA SERRA: Ontem, em depoimento à CPMI, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que enviou um e-mail em setembro de 2009 à então ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Dilma Rousseff, comentando a recomendação feita pelo Tribunal de Contas da União de imediata paralisação de três obras da estatal, entre elas a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Mas questionado pelo deputado Izalci (PSDB-DF), Paulo Roberto Costa disse que nunca alertou Dilma ou o ex-presidente Lula sobre desvios na Petrobras.
    EX-DIRETOR DA PETROBRAS/PAULO ROBERTO COSTA: “Não, nunca tivemos uma reunião em particular nem com a ministra Dilma nem com o presidente Lula sobre esse tema;, particularmente, nunca foi discutido não. Por mim, não”.
    DEPUTADO IZALCI (PSDB-DF): Por que por mim não? O senhor tem conhecimento de que outros trataram disso?
    EX-DIRETOR DA PETROBRAS/PAULO ROBERTO COSTA: “Eu não sei, eu não posso lhe garantir isso. agora eu, pessoalmente, nunca cheguei a conversar sobre esse tema de forma clara, transparente, nem com o presidente Lula nem com a ministra Dilma”. ( Transcrito do Brasil 247)
     

  • Como a Policia Federal chegou à Petrobrás

     Na sede regional da Polícia Federal em Curitiba, onde trabalham os agentes que deram início à Operação Lava Jato, o ambiente é de prudente satisfação. “Jamais imaginamos um caso tão grande… Nem em sonho”, admite Marcio Adriano Anselmo, o delegado que iniciou a maior investigação por corrupção na história brasileira.
    Anselmo tampouco imaginaria que uma modesta investigação contra três especialistas em lavagem de dinheiro, em Brasília e São Paulo, acabaria por conduzi-lo a Londrina (sua cidade natal, a 400 quilômetros de Curitiba), feudo do contrabandista Alberto Youssef, um velho conhecido da PF, cujas confissões acabariam detonando um escândalo de ressonância mundial.
    Há 16 meses, em julho de 2013, Anselmo havia voltado seu foco para Carlos Habib Chater, um doleiro que havia anos operava em Brasília. Chater havia sido recentemente vinculado a um polêmico ex-deputado de Londrina, José Janene (PP-PR), morto em 2010. Mantinha uma rede de lavagem de dinheiro criada por seu pai (preso, como ele, há dois meses), e a PF sabia que fazia contatos em São Paulo com outro doleiro, Raúl Henrique Srour, que havia sido condenado em 2005 na chamada Operação Banestado, mas já terminara de cumprir pena.
    A partir de agosto, quando a Justiça autorizou escutas telefônicas, descobriu-se também que Chater trocava continuamente mensagens telefônicas sobre suas atividades com um desconhecido. “Era uma operação de pequena para média”, diz Anselmo. “Não tínhamos nem ideia do que iríamos encontrar.”
    A equipe de Anselmo era formada por mais dois agentes. A investigação prosseguiu de forma discreta durante várias semanas. Depois de analisar milhares de operações bancárias, os três policiais vislumbraram um esquema com empresas fantasmas e transferências injustificadas. Avançaram lentamente, até que no começo de outubro o caso teve seu primeiro ponto de inflexão: a pessoa que tantas mensagens trocava com Charter via smartphone era Alberto Youssef, o mesmo especialista em lavagem de dinheiro que, num acordo de colaboração em 2004, havia se livrado de uma pena muito mais longa na Operação Banestado – por coincidência, o primeiro caso financeiro importante julgado pelo jovem juiz Sergio Moro, da 13ª. Vara Criminal Federal de Curitiba.
    “Não podíamos acreditar que fosse Youssef”, conta Anselmo. “Foi um momento inesquecível.” Além de levar o caso para Curitiba, a descoberta significava que o doleiro e contrabandista havia violado seu acordo de delação premiada; estava novamente na ativa. Continuaria em operação o esquema supostamente desbaratado anos antes? A palavra Petrobras, até então, não aparecia nem remotamente no caso.
    Mas o reaparecimento de Youssef aproximava os policiais de outro foco importante da investigação: a escorregadia figura de Nelma Kodama, “a Dama do Mercado”, influente doleira paulista que, além do mais, era amante de Youssef. Kodama havia se safado do caso Banestado porque “foi a única pessoa a quem Youssef não delatou”, segundo os policiais, “seja por amor ou para que continuasse o negócio”. “Ela sempre havia movimentado grandes quantias de dinheiro, somas muito elevadas vinculadas a grandes comerciantes do setor de importação e exportação. Mas até aquele momento havia conseguido se livrar. […] Era uma pessoa muito complicada, considerava-se inalcançável, mostrava muita confiança em si mesma.”
    “Continuávamos sendo uma equipe muito pequena, mas mesmo assim continuamos puxando o fio”, recorda outro agente. Mas faltavam as provas… “Era possível que se tornasse um caso maior do que o esperado, mas nem isso.” A palavra ‘Petrobras’ só apareceu pela primeira vez nos autos da Operação Lava-Jato em janeiro deste ano.
    Foi, como tantas vezes, por um descuido: especificamente um presente. Os agentes comprovaram que Youssef acabava de comprar um carro de luxo (300.000 reais) em nome de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da empresa petroleira de capital misto. “Achamos isso muito estranho”, afirma um agente. “O salário de um diretor da Petrobras pode superar os 100.000 reais (40.000 dólares) mensais.” Com um meio-sorriso, Anselmo relembra que “foi aí que a temperatura começou a subir de verdade”.
    Os policiais se lembraram de que o falecido ex-deputado Janene, sócio de Chater, havia sido o responsável por colocar Paulo Roberto Costa à frente da Diretoria de Abastecimento da empresa, em 2004. E ampliaram o campo de atuação: “Começamos a investigar outras pessoas e, pela primeira vez, compreendemos que podia se tratar de um caso histórico”.
    O carro dado por Youssef a Costa era justificado como sendo o pagamento por supostos “serviços de consultoria”. Havia milhares de notas fiscais por “serviços de consultoria”. Poucas semanas depois, veio à tona uma gigantesca máquina de lavagem de dinheiro.
    Os suspeitos transferiam somas elevadas ao estrangeiro, usando uma rede com mais de cem empresas de fachada e centenas de contas bancárias que remetiam milhões de dólares para a China e Hong Kong. As companhias, pura cosmética financeira, simulavam importações e exportações com o único propósito de receber e mandar dinheiro, sem comércio algum de produtos ou serviços reais.
    As autoridades judiciais calculam que a quantia desviada chega a 10 bilhões de reais. O dinheiro provinha principalmente do tráfico de drogas, do contrabando de diamantes e do desvio de recursos públicos (nesse caso, como seria posteriormente revelado, em obras encomendadas pela Petrobras a grandes empreiteiras, com orçamentos de bilhões de reais, dos quais eram sistematicamente desviados pelo menos 3% em subornos). Posteriormente, e independentemente da origem do dinheiro lavado, os valores eram reintroduzidos no sistema mediante negócios de postos de gasolina, lavanderias e hotéis.
    O chamado Petrolão veio a público em 17 de março, quando a Polícia Federal deteve 24 pessoas (entre eles os doleiros mencionados nesta reportagem) por evasão de divisas em seis Estados. A imprensa brasileira ainda não citava o nome da Petrobras no noticiário. Ele só apareceria três dias depois, quando Paulo Roberto Costa foi detido, após a comprovação de que estava destruindo documentos relativos à sua longa relação com Youssef.
    Ambos chegaram a um acordo de colaboração com a Justiça e se tornaram delatores em troca de uma redução da pena. “Aí é que o caso explodiu”, admite Anselmo. Os três policiais passaram a ser quinze (cinco delegados e dez agentes). A investigação ganhou proporções gigantescas, com suspeitas crescentes sobre a implicação de altos executivos de empresas e políticos que eram citados nos depoimentos dos arrependidos.
    Youssef, Costa e um diretor da empresa de engenharia Toyo-Setal, Julio Camargo, revelaram a existência de um clube de 13 empreiteiras que dividiam entre si os contratos com a Petrobras. As revelações indicavam que parte do dinheiro pago em subornos durante 10 ou 15 anos se destinava aos cofres de vários partidos políticos.
    Um duro golpe no establishment empresarial, político (e possivelmente bancário) do Brasil: as construtoras investigadas são responsáveis por oito das dez maiores obras do país. O presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, afirmou com preocupação que o caso tem potencial para parar o Brasil, caso as nove maiores empresas sob suspeita sejam finalmente declaradas inidôneas para assinar contratos com o setor público.
    Há pouco mais de duas semanas ocorreu o segundo momento que o delegado Anselmo e sua equipe (e também muitos brasileiros) jamais irão esquecer: a detenção, na sexta-feira, dia 14, de 21 diretores de nove grandes empresas que juntas somavam contratos no valor de 59 bilhões de reais com a maior empresa da América Latina. Batizaram a operação de Juízo Final. O sábado, dia 15, como lembraram com orgulho na sede da PF em Curitiba, era o Dia da República. E no domingo, dia 16, o aniversário da Polícia Federal. Nesse mesmo dia, 16 meses depois de o delegado Anselmo voltar seu foco para a casa de câmbio que Carlos Chater mantinha num posto de gasolina em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff declarou, na Austrália, que a Operação Lava-Jato “poderia mudar o Brasil para sempre”. (Pedro Cifuentes, do El País)

  • Vida investe 60 milhões para reciclar resíduos da celulose

    A CMPC Celulose Riograndense vai quadruplicar sua produção de celulose após a inauguração da nova planta em Guaíba, prevista para maio de 2015.
    Com o investimento de R$ 5 bilhões, vai saltar de 450 mil toneladas de celulose ao ano para 1,8 milhão de toneladas.
    No mesmo ritmo, a Vida Desenvolvimento Ecológico – que recicla os resíduos dessa indústria desde 1988, quando se chamava Riocell – vai ampliar em quatro vezes a área de sua central de tratamento em Eldorado do Sul.
    Hoje, a unidade opera em 17 hectares, localizados no Horto Florestal José Lutzenberger, e vai passar a trabalhar em 67 hectares, incluindo uma área vizinha, o Horto Florestal Boa Vista.
    As obras começaram em agosto e vão custar R$ 60 milhões – a CMPC vai entrar com R$ 40 milhões.
    Além de pagar a outra parte do investimento, a Vida vai dobrar o número de funcionários que trabalham com reciclagem na Celulose Riograndense, de 49 para 99 colaboradores.
    Empresa recicla 20 mil toneladas por mes
    Mais de 99% dos resíduos da Celulose Riograndense são reciclados pela Vida Desenvolvimento Ecológico.
    Atualmente, são 20 mil toneladas por mês. Esse volume vai aumentar para 56 mil ton/mês com a quadruplicação da produção da CMPC.
    O trabalho começa na própria fábrica de Guaíba, onde 23 funcionários da Vida atuam em educação ambiental, separação e triagem de resíduos como sucata, vidro e papel.
    O material já sai prensado e é vendido para fábricas recicladoras.
    Outros subprodutos obtidos na planta de Guaíba são:
    -cinzas da queima do carvão mineral na caldeira da CMPC, que são vendidas para a indústria de cimento;
    -serragem de eucalipto, matéria-prima que é encaminhada para empresas de aglomerados e compensados de madeira (MDF e MDP);
    -rejeitos do digestor onde se separa a fibra de celulose da madeira, com os quais é feita manta de celulose, produto comercializado com a indústria de reciclagem de papel.
    Lodo e casca de eucalipto viram adubo
    Os resíduos industriais que precisam de algum tipo de armazenamento para serem reciclados vão para a central da Vida em Eldorado do Sul.
    Lá, o lodo da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e cascas de eucalipto são transformados em fertilizantes orgânicos.
    Resíduos calcários gerados no forno de cal da indústria de celulose se tornam corretivos de acidez do solo.
    E ainda há espaço para um pequeno aterro sanitário, para onde vai menos de 1% dos resíduos, que não podem ser reciclados.
    “Esse trabalho é resultado das ideias de José Lutzenberger”, resume o gerente operacional da Vida, Fernando Bergamin, que é engenheiro agrônomo, mesma formação do ecologista que fundou a empresa.
    Cinco produtos saem dos resíduos
    A Vida fabrica em Eldorado do Sul e vende cinco produtos que têm como matéria-prima os resíduos da Celulose Riograndense.
    O substrato de casca de eucalipto é consumido, por exemplo, por pequenos produtores de morango da Serra Gaúcha.
    O Humoativo, fertilizante orgânico feito com o lodo da ETE, é usado por empresas de paisagismo e jardinagem.
    O Humosolo é uma terra preta vendida inclusive em supermercados para ser usada em vasos e jardins.
    E tem ainda o Macro-cálcio, também vendido a granel, e a Cinza Calcítica, ambos corretivos de acidez do solo.
    Um novo produto deve ser elaborado a partir do lodo da Estação de Tratamento de Água da CMPC, possivelmente, para recuperar áreas degradadas.
    Casa Lutzenberger é a sede há dois anos
    Há dois anos, a matriz da empresa Vida foi transferida de Guaíba para Porto Alegre.
    O local escolhido foi o casarão da década de 1930 localizado na rua Jacinto Gomes.
    Construído pelo arquiteto José Lutzenberger, pai do ecologista homônimo, o imóvel foi restaurado pelo arquiteto Flávio Kiefer e reinaugurado em 2012.
    É tombado pelo patrimônio histórico, assim como o jardim que fica nos fundos. A obra custou R$ 1,5 milhão. A Vida tem quatro filiais: Guaíba, Eldorado do Sul, Belmonte (BA) – que atende a Veracel Celulose – e Três Barras (SC), que recicla os resíduos da Rigesa.
    Tem 180 funcionários, sendo 100 no Estado. É uma empresa familiar, de Lara e Lilly Lutzenberger, filhas do ambientalista.
    Guilherme Kolling, do Jornal do Comércio

  • Cooperativa catarinense corta compra de leite gaúcho

    A Cooperativa Central Aurora, de Chapecó, suspendeu o recebimento de leite da Cotrel (de Encantado, RS) até que sejam esclarecidas as denúncias de fraude na qualidade do produto recolhido no interior gaúcho.
    Além disso, convocou para o dia 15/12 reunião geral do setor lácteo sulino. Veja nota oficial da cooperativa, a maior de Santa Catarina e uma das maiores do Brasil.
    NOTA OFICIAL
    A Cooperativa Central Aurora Alimentos, em cumprimento aos seus pressupostos de transparência e fidelidade aos fatos, vem a público para esclarecer:
    A Coopercentral Aurora, uma organização de natureza cooperativista com 45  anos de origem e atuação no Brasil, tornou-se um dos maiores grupos agroindustriais brasileiro, sustentando mais de 23.000 empregos diretos e tendo, em sua base associativa, 12 cooperativas de produção agropecuária que reúnem 67.000 famílias rurais cooperadas.
    A Aurora Alimentos condena e repudia energicamente, conforme reiteradas manifestações públicas, a adulteração de leite fornecido para processamento industrial ou diretamente para consumo humano, conforme constatado por investigação do Ministério Público e da Polícia.
    A Aurora Alimentos assegura aos seus clientes e consumidores que não industrializou leite adulterado porque realiza testes laboratoriais de qualidade em toda matéria-prima láctea apresentadas pelos seus fornecedores, adotando um sistema de controle que acompanha todas as etapas da produção industrial.
    A Aurora foi a primeira empresa do mundo a adotar em  2010 um avançado sistema de rastreabilidade integral que inicia com a atividades de pecuária leiteira nas propriedades rurais e acompanha o produto, individualizado por unidade, até a mesa do consumidor, além de desenvolver o vasto Programa Aurora de Qualidade do Leite (PAQL) que capacita os produtores e assegura o emprego das melhores praticas de produção leiteira.
    Em face das conclusões do Ministério Público do Rio Grande do Sul, a Cooperativa Central Aurora Alimentos decide:
    a)                           Suspender o recebimento de leite da sua cooperativa filiada Cotrel até que sejam apuradas todas as responsabilidades civis e criminais, ocasião em que decidirá, em face das conclusões policiais e decisões judiciais, quais as medidas necessárias;
    b)                           Convocar reunião extraordinária das indústrias lácteas juntamente com as diretorias da FIESC, FAESC, FETAESC, SINDILEITE, CONSELEITE, CIDASC, EPAGRI, EMBRAPA, Ministério da Agricultura, Secretaria de Agricultura para o dia 15 de dezembro deste ano, às 8 horas da manhã, na sede da FIESC em Florianópolis para análise da questão e adoção de medidas que incorporem toda a cadeia produtiva na busca de instrumentos que evitem a prática de delitos dessa natureza;
    A Aurora reafirma seus compromissos com a sociedade brasileira de processar e industrializar a produção primária de leite e carnes, dando segurança empresarial e econômica ao cooperativismo e gerando mais de 850 produtos que formam um admirável e reconhecido mix de alimentos de alta qualidade que o País e o mundo consomem, apreciam e respeitam.
     
    Chapecó (SC), 03 de dezembro de 2014.
     
    COOPERATIVA CENTRAL AURORA ALIMENTOS
    Assessoria de Imprensa e Comunicação Social

  • CPERS participa da Marcha em Defesa da democracia

    O CPERS/Sindicato participa na próxima quinta-feira, dia 4, da Marcha em Defesa da Democracia: Reforma Política Já! Organizada pela CUT-RS e pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), a atividade tem concentração marcada para as 17 horas, no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre.
    Por entender a importância da atividade, a direção estadual do CPERS/Sindicato está chamando o conjunto da categoria para a manifestação. Núcleos da entidade estão organizando ônibus para deslocamento dos trabalhadores estaduais da educação até Porto Alegre.
    A Marcha tem como objetivo chamar às ruas todos que acreditam na luta pelo fortalecimento da democracia e combate à corrupção, a partir de uma lógica de justiça e que passa necessariamente pela reforma política.
    A iniciativa é um importante momento para trazer à discussão um tema que está no centro dos debates e que funciona como um guarda-chuva que abrange outros temas, como geração de emprego e renda, reforma das comunicações, reforma do sistema eleitoral com o fim do financiamento de campanha, recuperação dos salários com fortalecimento do desenvolvimento, educação, saúde, transporte público, questão agrária e outros.
     
    Patrícia Araujo Cardon – Assessoria de Imprensa CPERS
    9732-5722
     

  • Unisinos constrói novo campus em Porto Alegre

    Obra em frente ao Colégio Anchieta inclui prédio acadêmico, teatro, passarela e espaços de conveniência e ambiental, com 1.007 vagas de estacionamento
    Começará em breve a obra de implantação do campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) em Porto Alegre. Pelos próximos dois anos, estarão em construção o prédio acadêmico, o teatro e o conjunto de serviços e conveniências. O campus também disporá de uma área de preservação ambiental, terá 1.007 vagas de estacionamento e erguerá uma passarela sobre a Avenida Nilo Peçanha – que será alargada nas adjacências, assim como a Avenida Luiz Manoel Gonzaga. O valor do investimento será de R$ 250 milhões
    Para o reitor da Unisinos, padre Marcelo Fernandes de Aquino, a Companhia dos Jesuítas adota,com o novo campus, uma iniciativa coerente com o seu papel histórico: a educação como valor fundamental da sociedade. Também destaca que a obra em Porto Alegre fará do atual campus Anchieta, em conjunto com o da Unisinos, um espaço contínuo de formação humana, oferecendo desde a pré-escola até o pós-doutorado. “É uma demonstração que confiamos no Rio Grande do Su”, disse no lançamento do projeto nesta terça-feira no atual campus da Unisinos em Porto Alegre, na Avenida Luiz Manuel Gonzaga.
    O diretor geral do Colégio Anchieta, padre João Claudio Rhoden, observa que além de responder a uma aspiração antiga de maior facilidade de acesso, o conjunto de obras possibilitará à comunidade anchietana usufruir de espaços educacionais e de diversos serviços oferecidos pela Universidade, como auditório, biblioteca, estacionamento e restaurante. Além disso, no contexto desse projeto, o Colégio Anchieta será contemplado com novas e modernas instalações para a Educação Infantil, numa ampla área disponível no seu campus – em projeto já concluído e só dependente de licença de instalação para o início da obra.
    Procurando incrementar e dinamizar a presença em educação na cidade de Porto Alegre, desde 2007 se trabalha no sentido de fortalecer a Rede Jesuíta de Educação, explica o presidente da Associação Antônio Vieira, Padre João Geraldo Kolling. “Para isso, foi-se pensando e construindo um projeto que possa atender aos estudantes e à sociedade desde o infantil até a pós- graduação num mesmo espaço na capital gaúcha. Por isso, o empreendimento é de grande envergadura, vital importância e fundamental para a realização da missão jesuíta no sul do País”.
    A obra em detalhes
    Prédio acadêmico – Um edifício de oito andares será construído na Avenida Nilo Peçanha, em frente ao Colégio Anchieta, para uso acadêmico, com salas de aula de tamanhos flexíveis, auditórios, laboratórios e espaços administrativos e de convivência. O edifício destinado às atividades universitárias terá oito pavimentos, com área construída total de 18.073,50 m² – que corresponde a 33% da área total.
    Terá frente para a Nilo Peçanha, erguido em recuo em relação à avenida. A construção aproveitará a topografia do terreno, começando a cerca de 10 metros abaixo do nível da Nilo Peçanha, e, mesmo com oito andares, não retirará a vista de quem estiver no Colégio Anchieta. Um dos desafios do projeto foi criar um pátio sem muros. Como o prédio está abaixo do nível da Nilo Peçanha, o aluno poderá entrar pelo estacionamento ou pela passarela que ligará o Anchieta à Unisinos. Só terá acesso ao pátio quem tiver passado pelo controle de entrada da Universidade.
    Biblioteca e teatro – No recuo do edifício acadêmico, além da área de circulação do público universitário, funcionarão a biblioteca e o teatro – este com capacidade variável entre 400 e 600 pessoas -, com área construída de 1.249,96m² (3% do total). Com abertura lateral em relação à Avenida Nilo Peçanha, permitirão também apresentações internas, a portas abertas para a comunidade acadêmica. O teatro também terá acesso independente ao da Universidade.
    Boulevard – Os serviços de terceiros serão abrigados num conjunto de três prédios, todos com térreo e sobreloja, com entradas laterais em relação à Avenida Nilo Peçanha, totalizando 4.257,78 m² de área construída (7% do total). O prédio central será maior, para abrigar restaurantes, livrarias e bancos, com a área externa abrindo para os fundos e para a Nilo Peçanha, com mesas ao ar livre. Os três terão cobertura verde e captarão água da chuva em reservatório, para regar as plantas.
    Estacionamentos – 1.007 vagas serão disponibilizadas no campus, em espaços subterrâneos às áreas construídas em todo o terreno, correspondendo a 57% da área total, com 31.273,65m². Esses locais disporão de bicicletário e de vestiários com chuveiros.
    Passarela – Uma passarela entre os dois campi (Unisinos e Anchieta), sobre a Avenida Nilo Peçanha, será construída. Ela estará disponível tanto ao público em geral quanto ao estudantil – com acesso exclusivo a este último nos espaços acadêmicos. Funcionarão, na prática, como duas passarelas em uma: uma será pública, ligando uma calçada à outra. Outra servirá ao fluxo dos alunos, ligando o Anchieta à Unisinos, com acesso via cartão de identificação.
    Alargamentos de vias – Pistas da Nilo Peçanha e da Rua Thomaz Luiz Gonzaga serão alargadas nas imediações e terão recuos próximos aos dois campi, de forma a facilitar o acesso e o tráfego.
    Área de preservação – Em forma de um triângulo, num dos extremos do terreno, serão destinados 13 mil m² (cerca de 20% da área total), para preservação, com árvores e fonte de água mineral. Algumas árvores que atualmente estão em partes em que será implantada a obra serão transplantadas para esse espaço.
    A Unisinos em Porto Alegre
    Presente em Porto Alegre na década de 1970, com cursos no Colégio Anchieta, a Unisinos retornou à Capital em 2006, com a Escola de Design, e se instalou de vez no atual campus em 2010. Em 2013, a Universidade passou a organizar seus campos de conhecimentos em seis escolas: de Humanidades, Saúde, Indústria Criativa, Direito, Gestão e Negócios e Politécnica.
    Nelas estão inseridos os cursos de graduação, pós-graduação e extensão atualmente disponíveis (conforme lista). A Unisinos conta atualmente com 3.870 alunos em Porto Alegre.

  • Beto Albuquerque tem lugar no secretariado de Sartori

    O deputado Beto Albuquerque pretendia dedicar-se a uma “carreira nacional”, capitalizando visibilidade que teve na campanha de 2014. como vice-presidente na chapa de Marina Silva.
    Pretendia, porque o governador eleito, Ivo Sartori está tão intransigente que ele já está mudando de idéia. Será no mínimo secretário da infraestrutura.
    Além de ser um pivô na base aliada, Beto ainda tem um crédito pessoal com Sartori: na hora decisiva da campanha, quando o cofre foi a zero e a direção nacional do PMDB se mostrava insensivel, Beto não hesitou em transferir recursos de sua campanha a vice, para cobrir o caixa de Sartori. (EB)

  • Laudo sobre a morte de Jango não é conclusivo

    O ex-presidente João Goulart  morreu de causa natural, segundo o laudo divulgado nesta segunda feira.
    Goulart morreu em 1976 na Argentina e sua família suspeitava que ele tivesse sido assassinado por agentes do regime militar.
    “Podemos concluir que os dados clínicos, as circunstâncias relatadas pela esposa [de Jango], são compatíveis com morte natural”, disse o perito Jefferson Evangelista Correa, da Polícia Federal.
    Segundo o especialista, também não é possível descartar que a morte tenha decorrido de “um envenenamento tendo em vista as mudanças físicas e químicas que o corpo inumado sofre ao longo de 37 anos influenciado pelas condições em que ele esteja inumado”.
    O perito disse que “na verdade, o laudo é inconclusivo quanto à causa da morte, se natural ou violenta. (…) Não é possível confirmar uma causa de morte natural para Jango. Não há como confirmarmos a morte por infarto do miocárdio.”
    O corpo de João Goulart foi exumado no dia 14 de novembro de 2013, em São Borja, no interior do Rio Grande do Sul, onde o ex-presidente estava enterrado.
    Amostras dos restos mortais de Jango foram coletadas em Brasília e analisadas em laboratórios do Brasil, Portugal e Espanha.
    Peritos argentinos, cubanos, uruguaios e representantes da Cruz Vermelha e do Ministério Público Federal também acompanharam as análises.
    A exumação ocorreu após decisão da CNV (Comissão Nacional da Verdade) e do MPF-RS (Ministério Público Federal do Rio a Grande do Sul).
    O procedimento visava esclarecer as causas da morte do ex-presidente que ficou no poder entre 1961 e 1964, quando foi deposto por um golpe militar.
    Comissão da Verdade investiga violações cometidas na
    A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Ideli Salvatti, disse que o laudo, porém, não é a única base para o processo de investigação sobre a morte de João Goulart que está sendo conduzido no Brasil e na Argentina.
    “Ao concluirmos esse trabalho pericial, estamos concluindo uma parte de um processo investigativo”, disse Ideli.
    Após o golpe, Jango e sua família foram para o exílio no Uruguai e na Argentina, onde o ex-presidente morreu, supostamente de ataque do coração, em 1976.
    A família do ex-presidente acredita que ele possa ter sido envenenado,  vítima de um assassinato político como parte da chamada “Operação Condor” (uma aliança entre as ditaduras do Cone Sul nos anos 1970 para perseguir os opositores dos regimes militares da região).
    A suspeita é de que agentes a serviço do regime militar tenham trocado as cápsulas de seus remédios por alguma substância que tenha causado sua morte.
    Em meio à ditadura brasileira, o corpo de Jango foi enterrado sem ter passado por autópsia.
    Na semana passada, o MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro) informou ter encontrado dois relatórios na casa do ex-coronel do Exército Paulo Malhães que comprovariam a existência da Operação Condor.
    Em depoimento, Malhães, que depois foi assassinado durante um assalto, admitiu ter participado de sequestro de militantes de esquerda argentinos em território brasileiro.
    Esta foi a primeira vez que documentos oficiais das Forças Armadas brasileiras confirmam as operações conjuntas entre ditaduras latino-americanas.