Prometida para este final de ano, a conclusão das obras do Hospital de Pronto Socorro provavelmente só vai acontecer nos primeiros meses de 2015.
Em setembro, a Secretaria Municipal da Saúde anunciou que o bloco cirúrgico estaria pronto em novembro e o setor de emergência um mês depois.
Num relatório de janeiro, a previsão era junho.
Agora a secretaria prefere falar das dificuldades de fazer obras num hospital funcionando e ter que mexer num prédio antigo (70 anos) que é tombado pelo patrimônio público.
Em resposta a um questionário do JÁ, enviado via assessoria de imprensa, a direção diz apenas que “a reforma avança entre muitas dificuldades,a não específicamente financeiras”.
De acordo com os últimos dados divulgados, o custo do novo bloco cirúrgico está dentro do previsto: R$ 3,6 milhões. Mas a reforma da emergência, no térreo e em parte do primeiro andar, orçada originalmente em R$ 8,9 milhões, vai custar R$ 13,3 milhões, ou seja: 30% a mais.
Eis as perguntas que enviamos ao HPS:
Pontos sobre os quais gostaríamos de ser esclarecidos, para elaborar uma matéria sobre a reforma:
1. Já tem data para a conclusão das obras? Em setembro, foi anunciado que seriam entregues em duas etapas, neste fim de ano: o bloco cirúrgico em novembro e a emergência em dezembro. Está mantido esse cronograma? É possível detalhar o que foi feito em cada um?
2. O orçamento inicial para a reforma do setor de emergência (térreo e parte do primeiro andar) era de R$ 8,9 milhões, conforme foi divulgado na época. Na placa na frente da obra informa que serão R$ 11,6 milhões. Em setembro, quando anunciou a conclusão das obras para o fim do ano, a SMS informou o custo de R$ 13,3 milhões. Por que essas diferenças?
3. Outras informações que possam ser úteis aos leitores.
Resposta da diretora:
“O HPS está passando pela maior reforma de seus 70 anos de história, sem suspender nenhum serviço ao público. Por ser referência absoluta em atendimento de trauma (quase metade dos atendimentos são de pessoas de fora de Porto Alegre), a SMS, juntamente com a Direção do HPS, decidiu tocar o projeto de reforma sem paralisar nenhum setor, pois isso significaria simplesmente risco de morte para os que procuram o HPS.
A reforma avança entre muitas dificuldades, e não são especificamente as financeiras. São principalmente questões relacionadas ao fato de mexer estruturalmente em um prédio que é patrimônio histórico (com as limitações que isso impõe), que não tem mais espaço lateral para explorar (está espremido entre a Osvaldo Aranha e a Venâncio Aires) e os pavimentos não suportam uma ampliação vertical, como a construção de mais andares.
A mesma limitação estrutural impõe limites ao peso de equipamentos (como tomógrafos e outros extremamente pesados) em pavimentos acima do térreo. O projeto busca construir nos espaços que ainda existem entre os três prédios (grosseiramente falando, o HPS visto de cima lembra um pé de galinha) e adaptando as estruturas existentes da melhor forma possível.
Todas estas circunstâncias criaram vários desafios de engenharia, pois os parâmetros atuais de construção para uma unidade de saúde como o HPS trazem exigências e certificações que não existiam em outros tempos, como janelas de metal bem vedadas, à prova de som, que não se encontram em qualquer loja de material de construção, e uma série de imposições tecnológicas das quais não se pode escapar quando se constrói um novo e moderno hospital”.
Categoria: Geral
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HPS: obras vão entrar em 2015
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Um olhar sobre a ocupação dos espaços na feira do livro
O fotógrafo e ativista social Eduíno de Matos, lançou um olhar crítico sobre a ocupação dos espaços na Feira do Livro de Porto Alegre, este ano em sua 60a. edição.
Revela o avanço inexoravel das empresas, orgãos publicos, entidades sobre os espaços mais nobres da feira, relegando os livros ao segundo plano.
[icon name=”bars” class=””] Confira neste link. -
Mídia: 271 parlamentares são donos ou sócios
Apesar da proibição Constitucional, atualmente no Congresso Nacional existem 271 políticos sócios ou diretores de 324 veículos de comunicação.
É o que aponta um levantamento feito pelo Fórum Nacional pela Democratização (FNDC).
O artigo 54 da Constituição Federal não poderia ser mais claro: é proibido a todo e qualquer ocupante de cargo eletivo ser diretor ou proprietário de canais de comunicação, como jornais impressos, rádios e TV. E o Artigo 55 pune com a perda do mandato quem descumprir o artigo anterior. Mas, no Congresso Nacional, existe uma bancada bem estabelecida do baronato da mídia nacional ou, indiretamente, financiada por ela. Ao todo, 271 políticos são sócios ou diretores de 324 veículos de comunicação.
Segundo o Secretário Executivo do FNDC, Pedro Rafael Vilela, até 2012, havia 260 concessionários de rádio e TV nas mãos de políticos em cargos eletivos.
Desde 2013 o FNDC trabalha para coletar 1,3 milhão de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular para impedir, de fato, a propriedade de veículos de comunicação a parlamentares.
A preocupação do FNDC é, também, o processo de democratização da produção e consumo do conteúdo veiculado. “Das seis maiores redes de comunicação do País, cinco estão em São Paulo e uma no Rio de janeiro”, explica Vilela. Segundo ele, o que está em jogo é a representação da pluralidade cultural brasileira, que não se enxerga na produção da mídia hegemônica.
Titular da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, o deputado Emiliano José (PT-BA) garante que a comissão nunca tratou do assunto sobre parlamentares proprietários de veículos de comunicação. Segundo ele, candidatos assim levam vantagem por poder controlar o conteúdo do noticiário. “Isso é antidemocrático, empobrece o debate e exclui a sociedade do acesso ao direito à comunicação”, diz o deputado. Para Emiliano, o caminho para se chegar à regulação da mídia passa pela reforma política do sistema eleitoral.
Para um outro integrante da mesma Comissão, o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), nem o cumprimento do Artigo 54 e nem a regulação da mídia vão acontecer “porque isso deriva do fato de muitos parlamentares serem donos de veículos de comunicação”.
Regulação da mídia no Congresso
Bittar acredita que o rompimento da limitação dos avanços rumo a uma regulação democrática da mídia imposta por parlamentares proprietários de veículos de comunicação virá por meio de uma ação coordenada entre o Executivo e a sociedade organizada. “Dilma deve promover um amplo e aprofundado debate sobre importância para a democratização e para vedar, terminantemente, a propriedade de veículos de comunicação por políticos”, afirma.
O deputado viveu as dificuldades de democratizar a comunicação no Brasil quando, em 2007, foi relator da reforma da tevê por assinatura. Ele apresentou uma proposta para destinar 30% dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual Brasileiro para produções independentes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “Isso paralisou a reforma e as discussões duraram até 2011, quanto a reforma foi aprovada”, conta Bittar.
Ainda assim, a sociedade tem se organizado e avançado nas discussões. Entre os dias 13 e 24 de outubro ocorreu a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, organizada pelo FNDC e por mais de 300 entidades filiadas.
Fonte: Agência PT de Notícias -
Por que a RBS está encolhendo
O jornalista Claiton Selistre acaba de se aposentar, depois de 25 anos na RBS, boa parte deles em cargos de direção.
Neste artigo publicado originamente no portal Making Off, ele analisa as causas do encolhimento que o maior grupo de comunicações do Sul do Brasil está submetido:
“A internet provocou uma revolução na vida das pessoas, com forte impacto no meios de Comunicação donos de veículos impressos.
Os usuários, até então, exerciam o ato unilateral de ir às bancas ou ligar um aparelho, passaram a ser acesso à geração de conteúdo – postando fotos e textos, opinando sobre tudo e todos.
Foi um salto extraordinária para a formação espontânea da maior rede de informação do mundo, sem custo, muito rápido e mais impactante do que os saltos no tempo ocorridos entre a chegada do rádio, na era dos impressos, e da TV, no auge do rádio. A RBS, cujos negócios se dividem, principalmente, em televisão, com 18 canais; 24 rádios e 8 jornais, foi atingida fortemente pela nova onda – como grupos no mundo inteiro.
O meio jornal caiu vertiginosamente em circulação e em receitas, provocando a aplicação de um remédio amargo para todos – o corte de estruturas, gente e produto, como uma bola de neve: menos recurso, menos gente, menos qualidade, menos comercialização, menos receita, menos recurso para investimento.
Sabendo que deveria crescer além das fronteiras de SC e RS, a RBS fez muitas tentativas para isso: em certa oportunidade, quis entrar no Paraná; em outra, criou o Canal Rural – voltado para o agronegócio e parabólicas em todos o Brasil.
Chegou a comprar uma FM e iniciar negociações para um jornal, em São Paulo.Tudo isso preocupava a Globo, conforme era manifestado em conversas desgastantes na sede da rede no Jardim Botânico, no Rio. A programação nacional líder de audiência, exclusiva para os dois Estados, estava garantida desde que o grupo gaúcho não ultrapassasse fronteiras, e não concorresse no plano nacional.
Quando Edardo Melzer, neto do fundador, assumiu a presidência da RBS, em julho de 2012, teve que administrar outro possível atrito, provocado por um modelo de comercialização que considerava as receitas sob a mesma direção geral, como se fosse um bolo só – rádio, TV e jornal.
A dona da programação nacional de maior audiência ficou desconfortável com esses vasos comunicantes comerciais, entendendo que dinheiro da TV deveria ser administrado somente por ela.
Isso acabou levando, mais tarde, à primeira alteração na equipe gestora de Melzer: Eduardo Smith, vice-presidente da RBS em SC, deixou a TV, passando a administrar Rádio, TV e Oline para o Grupo todo.
Em 2013, com os resultados abaixo do esperado, vários alterações foram feitas na equipe. Seguindo o padrão sugerido em consultoria, executivos com diploma de pós graduação nos Estados Unidos, focados em numerologia, mas sem conhecimento de conteúdo.
O descuido com o produto ocorria enquanto a Internet surrupiava leitores.
A RBS, inovadora ao ser proprietária do ZAZ, que depois vendeu e se transformou no Terra; em ter a NelSul que repassou a Globo e outras iniciativas pioneiras, não encontrava as soluções para o futuro. Tentava, com novos negócios na capital paulista e procurava diversificar, com investimentos em outras áreas, mas sem grande impacto nos resultados econômicos.
Os investimentos maiores, até então, havia sido a inauguração de um moderno parque gráfico, em Porto Alegre, ao custo de 70 milhões de reais e em Santa Catarina, a mudança da sede da empresa para a SC 401 (hoje quase um terço vazio).
Na metade deste ano, os acionistas realizaram uma reunião fechada em Miami para estudar uma saída para o momento. Entraria em cena a consultoria da empresa paulista Galeazzi e Associações, que neste momento supervisiona produção de um orçamento extremamente rígido.
Cortes de pessoal são feitos sistematicamente e ,em agosto, com anúncio prévio, 130 funcionários foram demitidos. Outras decisões de enxugamento foram tomadas: em Santa Catarina, o fim do patrocínio das transmissões de carnaval e, a mais impactante delas, a não realização do Planeta Atlântida depois de 17 anos, vitimado pela equação: orçamento menor, menos atrações, menor público, menos receita. A expectativa é que o novo orçamento gere uma nova redução das estruturas até o final deste ano, para o atingimento da meta em 2015.
Quanto ao produto, a RBS já informou a proposta. Na semana passada foi anunciada a saída de Smith, com o tradicional “final de ciclo”.
Para essa tarefa de dirigir os destinos de Jornais e Online, Melzer chamou a executiva Andiara Petterle, de 35 anos, que possui formação em jornalismo na base, e está na empresa desde 2011, tocando mídias digitais em São Paulo. É uma sinalização de foco, pois a gestão não inclui mais a área de Rádio.
Ela chega com dois grandes desafios: conciliar o lado de mãe, pois está com oito meses de gravidez, e implantar produtos que compensem a falta de receita dos jornais.
A posse vai ser em quatro meses. Até lá vai, Andiara vai cuidar do bebê e dar a luz um projeto rápido e eficiente, que estanque o encolhimento da RBS.
Claiton Selistre, jornalista -
Ditadura: coronel foi a primeira vítima
Corre na 2ª Vara Federal, em Canoas, a ação civil pública contra a União.
É movida pelo Ministério Público Federal, assinada pelo procurador Pedro Antonio Roso.
Requer que o tenente-coronel Alfeu de Alcântara Monteiro, morto três dias após o golpe militar, em 1964, seja reconhecido como vítima da ditadura.
O tenente-coronel Alfeu de Alcântara Monteiro foi morto a tiros no dia 4 de abril de 1964 na sala de comando da Base Aérea de Canoas.
Na época, o inquérito militar, cercado de sigilo e sem ouvir testemunhas, concluiu que foi “legítima defesa”: Alfeu teria puxado a arma primeiro.
Segundo o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, Alfeu Monteiro foi a primeira vítima fatal da ditadura militar no Rio Grande do Sul.
A ação parte de uma denúncia do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que busca resgatar a verdadeira história de Alfeu de Alcântara Monteiro, que era “nacionalista e defensor dos direitos e garantias constitucionais”.
O procurador aponta uma série de inconsistências colhidas dentro do IPM que tratou da morte do tenente-coronel Alfeu e apresenta testemunhos que contradizem a versão oficial apresentada pelo IPM.
A ação civil pública está sob a guarda da 2ª Vara Federal de Canoas.
Procurador Federal – Dr. Pedro Antonio Roso – processo 50143670820147112 – 2ª Vara Federal de Canos – Juiz Roberto Schaan Ferreira.
Audiência – dia 18/11 – às 15hs. – 2ª Vara Federal de Canos
(Leia a história completa na Edição Especial da Revista JÁ sobre os 50 anos do golpe militar de 1964, segundo volume: peça ao seu jornaleiro ou veja arquivo digital em https://jornalja.com.br/1964-o-que-saber-para-evitar-que-se-repita/) -
Abatimento da dívida, uma vitória do concertador
GERALDO HASSE
No dia 5 de novembro, menos de duas semanas após perder nas urnas o governo do Estado para José Ivo Sartori (PMDB), o governador Tarso Genro obteve a maior vitória do seu mandato: a aprovação pelo Senado do projeto que altera os indexadores da dívida dos estados e municípios com a União. Já aprovada pela Câmara dos Deputados, a medida só precisa da assinatura da presidenta Dilma. Tudo indica que vai valer uma cerimônia enaltecendo o resgate da federação.
As fotos da aprovação no Senado mostraram um Tarso exultante. Não era para menos. Ele se esmerou na concertação de um pacto pela via parlamentar. Em vez de ficar choramingando, o governador passou a maior parte do seu governo, a partir de 2011, convencendo um por um todos os governadores de que estava na hora de virar o jogo armado em 1998 pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que aprisionou todos os Estados num esquema impagável de endividamento com o Tesouro Nacional, dentro da lógica de ajuste fiscal e orçamentário do Plano Real.
As condições variavam por Estado, mas o Rio Grande do Sul levou a pior porque não aceitou privatizar o Banrisul (apenas outros três Estados mantiveram seus bancos estaduais).
Naquele momento governado por Antonio Brito (PMDB), o Rio Grande do Sul acabou assinando com a União um papagaio-monstro de R$ 9,8 bilhões, comprometendo-se a entregar 13% de suas receitas para amortizar a dívida.
Uma década e meia depois, o balanço da situação revela o estrago nas finanças do Estado: depois de pagar R$ 16,2 bilhões (mais de R$ 1 bilhão por ano, em média), o Rio Grande do Sul deve R$ 44,4 bilhões, valor que pelo pacto de 1998 deve ser zerado em 2028. Não é preciso ser bancário para concluir que, nas condições vigentes, a dívida seria impagável.
O primeiro governador a perceber o tamanho da encrenca foi o “banrisulman” Olívio Dutra. Ao assumir o governo em 1999, ele se negou a sustentar a monstra. Sua resistência durou poucas semanas. Sem receber repasses federais retidos pelo ministro Pedro Malan, ele foi obrigado a se render. Faz por merece, agora, receber um afago de consolo: quem se habilita?
A dívida permanece a mesma e o Estado vai ter de continuar entregando 13% de suas receitas, mas haverá um alívio crescente à medida que passar o tempo. Segundo o projeto aprovado pelo Congresso, os índices anteriores de 6% a 9% de juros mais IGP-DI foram reduzidos para 4% de juros mais taxa Selic ou IPCA — a taxa que estiver menor, tudo isso podendo ser aplicado retroativamente a 1º de janeiro de 2013. Essas alterações no cálculo dos juros são consideradas vitais para a saúde financeira do Estado, que terá uma relativa folga no orçamento, a longo prazo. Estima-se que a dívida do Rio Grande do Sul terá um abatimento de R$ 16 bilhões até 2028. -
Esculturas voltam ao parque
Se o tempo ajudar, haverá ato ao ar livre na próxima semana para marcar a entrega das três primeiras obras de artes do parque da Redenção, restauradas com patrocínio privado.
Ao todo, serão recuperadas, entre monumentos, estátuas e bustos, 12 obras do parque, danificadas ou roubadas. O projeto marca os 65 anos do Sinduscon e tem a coordenação da arquiteta e restauradora Verônica Di Benedetti.
Três esculturas (dois bustos e um rosto), que homenageiam médicos, todas roubadas, formam o primeiro conjunto já concluído.
As tres réplicas em resina isoftálica serão recolocadas na lateral do parque junto à avenida João Pessoa.
A primeira a ir para o lugar foi a cabeça (herma) do médico Heitor Annes Dias(1884/1943), nascido em Cruz Alta, catedrádico da Faculdade de Medicina, que trabalhou também no Rio e alcançou reconhecimento internacional como clínico.
É uma réplica em resina da cabeça esculpida em bronze, reproduzida pelo artista plástico Luiz Henrique Mayer. Ex- aluno de Vasco Prado, Mayer é o responsável pela reprodução das esculturas em resina plástica.
Algumas, como o busto do criador da homeopatia,Samuel Hahnemann, ele teve que recriar porque não encontrou nenhuma referência da obra que foi roubada e fundida. Era um busto de Hannemann jovem, feito pelo escultor Arjonas,
Mayer fez uma pesquisa, mas as melhores referências que encontrou foi de um Hahnemann já idoso. Então, a partir delas fez uma “releitura”, envelhecendo o busto.
A cabeça de Annes Dias foi relativamente fácil de recuperar.
Havia uma réplica dela que foi encontrada no pátio da Faculdade de Medicina, a partir dela foi feito um molde para a cópia em resina.
Semelhante foi o caso do busto do médico Licinio Cardoso.
Quando foi instalado no parque o busto em homenagem a ele, a prefeitura de Lavras do Sul, sua terra, encomendou uma réplica, para instalar na cidade. Agora, ela serviu de modelo para a reprodução.
A limpeza do Monumento ao Expedicionário é a ultima etapa do projeto, prevista para o final de novembro.
A assessoria de imprensa do Sinduscon distribuiu a seguinte nota sobre o evento marcado para terça-feira, dia 11:
Sinduscon/RS entrega primeira fase das obras de restauro do projeto cultural que marca os 65 anos da entidade
Até o final do ano, todos os monumentos previstos no programa serão entregues à cidade totalmente restaurados. No próximo dia 11 de novembro, às 11h, o Sinduscon/RS fará a entrega dos monumentos restaurados do eixo da Av. João Pessoa, que fazem parte do projeto cultural em homenagem aos 65 anos da Entidade.Ao total, 12 obras instaladas no Parque Farroupilha integram o projeto.
“É um prestação de contas do trabalho que vem sendo realizado pelo Sinduscon à sociedade”, diz o coordenador do projeto e vice-presidente da Entidade, Zalmir Chwartzmann.
O encontro com as autoridades está marcado em frente ao monumento “Os Lusíadas”, na Av. João Pessoa.Na terça-feira, serão entregues as obras “Os Lusíadas”, “Busto de Annes Dias”, “Busto de Licínio Cardoso” e “Busto Samuel Hahnemann”.
Para evitar que os furtos se repitam, geralmente com o objetivo de venda a peso do metal, o escultor Luiz Henrique Mayer utiliza técnica de modelagem em resina com carga de pó de bronze, obtendo efeito muito semelhante ao original, mas sem valor comercial em relação ao material empregado.
“Iniciei este tipo de trabalho nos anos de 1997, durante minha formação. Trabalhando ao lado do escultor Vasco Prado tivemos a necessidade de elaborar um catálogo com suas obras em bronze. Devido ao custo altíssimo que seria para fazermos todas as peças em bronze, tivemos, então, a ideia de reproduzirmos as obras com material mais em conta”, lembra ele.
Na época, eles usaram cera em lugar de resina e, após, pátina em bronze. “Funcionou muito bem para o momento, então ao longo do tempo, fui buscando informações e outros materiais para utilizar, culminando no resultado apresentado nos respectivos monumentos restaurados no parque Farroupilha”, explica ele sobre as técnicas utilizadas no projeto do Sinduscon.
Na obra “Os Lusíadas”, de 1972, o restauro consiste em placa em bronze com suporte de concreto armado.
Homenagem do quarto centenário do poema épico de Luis de Camões, as intervenções neste monumento foram: limpeza, estabilização da oxidação existente nas ferragens que se encontravam expostas, reintegração em argamassa de cimento das partes em que houve perda na estrutura de concreto, fixação da placa de bronze que estava solta devido a tentativas de roubo e pintura da base de concreto na cor concreto.
No “Busto de Annes Dias”, de 1949, as intervenções foram: limpeza e desinfestação de sujidades como biofilme (manchas criadas por microorganismos), depósitos superficiais e manchas decorrentes da oxidação dos elementos em bronze. Reprodução baseada em réplica dos originais e modelagem artística dos elementos decorativos e aplicação de protetivo anti pichação. Reprodução dos dizeres originais em alto relevo, em placas de granito.
“Descobri, através de registros, que durante a instalação do busto a Annes Dias em Porto Alegre foi solicitado que fosse feito uma réplica para ser fixada na faculdade de medicina da UFRGS. Consegui autorização da direção da universidade para fazer o molde em borracha de silicone com capa de gesso, misturado com fibra de vidro. Seguindo os mesmos passos dos bustos anteriores, foi feita a réplica em resina”, detalha Luiz Henrique sobre a técnica utilizada.
Ele diz ainda que, quanto aos elementos decorativos do monumento, sobrou da coroa de louros em bronze apenas uma ponta que foi fixada na atual. Já a lamparina foi novamente modelada em argila e elaborada uma forma de silicone. “Após, verti resina com carga em pó de bronze”. Como referências, ele seguiu registros fotográficos retirados do livro do Dr. Genaro Laitano e Dr. Nicolau Laitano “Memorial em bronze e granito aos médicos em nossa cidade”.
Na obra “Busto Samuel Hahnemann”, de 1943, as interferências foram: limpeza, rejuntamento e complementação da base em argamassa de cimento. Confecção de placa de concreto pra fechamento superior substituindo elemento roubado. Reprodução dos dizeres originais em alto relevo, em placas de granito. Confecção de busto do homenageado numa releitura 2014 do monumento e aplicação de protetivo anti-pichação.
“Neste monumento, procurei imagens que servisse de referências, iniciando por modelagens em argila do busto, seguindo medidas dos registros. Após, fiz uma forma em gesso, em que foram dados os últimos detalhes e acabamentos. A escrita foi copiada do nome do homenageado em sua base.
Após esta etapa, foi feito uma nova forma, agora em silicone com capa de fibra de vidro e resina. A partir dessa forma, foi feita a réplica em resina isoftálica e pó de bronze, seguindo uma mistura de 5 partes de resina e uma de bronze em pó (pó muito fino elaborado com laser chega e ser mais fino que talco). A espessura da camada desta escultura atinge uns 5cm.
Depois foi colocada uma manta de fibra de vidro para dar estrutura e para não ficar oca. Toda a parte interna foi preenchida com poliuretano proporcionando rigidez e leveza”, explica Mayer sobre a técnica utilizada na reprodução. “Fiz a modelagem em argila do novo busto por não haver qualquer réplica do antigo monumento, nem tampouco algum com as mesmas medidas”, complementa.
No monumento “Busto de Licínio Cardoso”, de 1952, as intervenções foram: limpeza, desinfestação de biofilme e remoção das pichações, aplicação de protetivo anti pichação.
“Através de registros, descobri que quando foi feito o monumento em Porto Alegre também foi colocado uma réplica do mesmo na cidade natal deste importante médico, Lavras do Sul. Então me dirigi até a cidade e, durante três dias, elaborei um molde de silicone com capa de gesso do busto, executado e assinado pelo escultor Arjonas.
Este silicone foi espatulado por todo o busto formando uma camada de borracha. Depois, fiz uma capa em gesso misturado com fibra de vidro, proporcionando rigidez e leveza à capa. A partir disso, fiz a réplica seguindo os mesmos procedimentos do Busto Hahnemann”, conta Mayer.
Resgate do Patrimônio histórico
As ações de resgate do patrimônio histórico, que contam com o patrocínio do NEX Gruop e da Cyrela Goldsztein, são coordenadas pela arquiteta e restauradora Verônica Di Benedetti.
Elas se propõem a resgatar 12 monumentos instalados no Parque Farroupilha. “O parque possui vasto acervo escultórico, contando com mais de 30 peças escultóricas ao ar livre. Peças dos mais variados autores, estilos e épocas, contando através deste acervo a história da sociedade porto-alegrense, seus valores, seus avanços tecnológicos, modismos e cenas da história mundial”, destaca Verônica.
Para este primeiro projeto, resultado da parceria entre o Sinduscon-RS e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre foram selecionados 12 monumentos. São eles: Cabeça de Chopin, Cabeça de Chopin, Monumento a Carlos Gomes,Homenagem a Beethoven, Busto de Annes Dias, Busto de Licínio Cardoso, Busto de Samuel Hahnemann, Os Lusíadas, Homenagem aos Mortos em Combate ao Comunismo, Coluna Brasileira, Obelisco da Comunidade Sírio-libanesa, Obelisco da Comunidade Israelita e Monumento ao Expedicionário. Os critérios para sua seleção foram localização dentro do espaço do Parque, visibilidade junto a comunidade, material constituinte (predominantemente rochas) e representatividade dentro do seu estilo e época. -
Desenvolvimento: Brasil segue voando rente ao chão
AINDA O DESENVOLVIMENTO
Wladimir Pomar
Apesar das políticas de crescimento econômico e de redução da pobreza dos governos Lula e Dilma, o Brasil ainda não se livrou da crise estrutural que o assola desde meados dos anos 1970.
Nessa década o país foi abalado pelo esgotamento do ciclo de crescimento subordinado da ditadura militar, que o afundou na crise da dívida externa.
O uso abusivo dos empréstimos de petrodólares e a transformação do dólar em moeda de circulação mundial levaram, primeiro, à estagnação dos anos 1980 e, depois, à devastação dos anos 1990.
Nos anos 1980, o PIB brasileiro cresceu a taxas inferiores a 1%, causando uma profunda mudança na propriedade de ativos e promovendo uma intensa centralização de capital.
Isto, enquanto na Ásia vários países em desenvolvimento alcançavam taxas de crescimento superiores a 7% ao ano, e o capitalismo norte-americano acelerava seu processo de centralização, financeirização, desindustrialização e de déficits conjugados.
Nos anos 1990, o Brasil foi submetido aos ditames do Consenso de Washington e à reestruturação industrial promovida pelas corporações transnacionais.
Estas se apoderaram das estatais privatizadas e de inúmeras outras empresas em dificuldade, relocalizaram plantas industriais em outros países “mais baratos”, e abriram buracos imensos nas cadeias produtivas nacionais.
Apesar, ou por causa disso, o país cresceu apenas 2% ao ano, enquanto na Ásia a China alcançava cifras de 9% ao ano, e a Índia, Vietnã e outros “tigres” cresciam a taxas acima de 6% ao ano.
De 2003 a 2009, o Brasil se beneficiou das importações massivas de commodities e da queda da inflação mundial, ambas patrocinadas principalmente pelo desenvolvimento da China.
Isso permitiu ao Brasil crescer a taxas médias anuais superiores a 4,5% e aguentar o tranco da crise econômica que teve os Estados Unidos como epicentro.
Numa manobra de flanco, mesmo mantendo o tripé econômico neoliberal, o governo Lula consolidou políticas de elevação salarial e de transferência de renda para as camadas mais pobres da população, induzindo um crescimento econômico via elevação do consumo.
Essas políticas foram mantidas e ampliadas pelo governo Dilma.
Mas já no contexto de expansão da crise econômica do capitalismo desenvolvido para a Europa, com repercussões negativas em todo o mundo e no Brasil, com quedas nas taxas de crescimento anual.
Vista em retrospectiva, a taxa média de crescimento do Brasil nos últimos 40 anos pode ser comparada a um voo de galinha rente ao chão.
A crise social só não está pior porque os programas sociais dos governos Lula e Dilma minoraram a miséria e a pobreza, e o crescimento demográfico teve seu ritmo reduzido.
Mas a erosão das cadeias industriais continuou seu curso. Diminuiu a geração produtiva de valor. Manteve as dificuldades para transformar a economia de renda média do país num padrão de renda alta.
E não aumentou a oferta a um patamar que atendesse ao crescimento do poder de compra das camadas pobres da população que ingressaram no mercado de trabalho e se elevaram acima da linha da pobreza.
Nessas condições, cresceram os indícios, pelo menos desde 2011, de que não há mais como crescer apenas pela expansão do consumo e dos empregos nos setores de comércio e serviços.
E de que não adianta muito dialogar para mediar os problemas colocados pelos grupos empresariais e pelos grupos de interesse político-partidários.
O governo não conta mais com um forte grupo de estatais, capaz de permitir ao Estado atuar diretamente no comando da política econômica dos setores-chave.
E a cooperação do governo com o setor privado para resolver os problemas de logística, de comunicações e de energia sofre com a natureza do capital privado, que só se move com a perspectiva de lucro igual ou superior à taxa Selic.
Algo que encarece as obras, pesa sobre o endividamento público e os preços, e engessa as políticas governamentais.
Além disso, o governo se debate ainda com o desmantelamento neoliberal do sistema de planejamento e elaboração de projetos do Estado.
A privatização do controle das telecomunicações, transportes, eletricidade, e outros sistemas, através de agências híbridas, impede a realização de uma administração pública real desses setores.
E o Brasil ainda não recuperou seu sistema de planificação, liquidado nos anos 1990.
O Ministério do Planejamento é, basicamente, de Orçamento e Gestão, sem haver retomado seu papel de planificar e controlar a estratégia de planejamento do desenvolvimento.
Em grande medida o governo continua amarrado aos ditames neoliberais.
Boa parte dos economistas de fora e de dentro da máquina governamental considera que é preciso perseverar na macroeconomia dos juros altos, ajustes fiscais e flutuação do dólar para manter a inflação sob controle.
Outra parte acredita que o salto da produtividade industrial é o grande desafio de um novo ciclo de crescimento mais robusto.
E sugere que isto só pode ocorrer se houver uma integração maior da economia brasileira nas grandes cadeias globais de suprimento e inovação, nas quais predominam as trocas dentro das empresas e entre grandes empresas.
Ou seja, uns subordinam à macroeconomia monetária, fiscal e cambial o crescimento econômico, sem considerar que a indústria deve ser o carro chefe, por ser ainda a principal geradora de valor agregado, ou de acumulação de capital.
Outros, além de quererem um crescimento gerador de desemprego (salto de produtividade só pode ocorrer com elevação do padrão tecnológico e descarte de força de trabalho), pretendem integrar, ou entregar, às cadeias globais dominadas pelas corporações transnacionais uma economia já dominada por essas mesmas corporações.
Nas condições atuais do Brasil, a macroeconomia deve ser subordinada à solução dos problemas estruturais, o principal deles sendo o aumento da produção industrial e da agricultura alimentar. E terá que ser uma industrialização que combine altas taxas de emprego, capazes de absorver pelo menos os 21 milhões de jovens sem estudo e sem emprego, com a elevação da produtividade em setores chaves. O que exige uma política de desenvolvimento de novo tipo.
Isto é, uma política que objetive elevar as taxas de investimento público nos setores industriais chaves, inclusive com novas empresas estatais; forçar a democratização do capital através de programas contra os cartéis, os oligopólios e os investimentos de curto prazo; estimular a concorrência empresarial; e resolver, prioritariamente, os gargalos de infraestrutura urbana e produtiva, de modo a combater a inflação através do aumento da oferta, e não de compressão da demanda.
Para que o desenvolvimento ocorra, e combine a economia com as demandas sociais e com a política democrática, a macroeconomia deve estar subordinada àqueles objetivos. O inverso será continuar a amarração do governo à ortodoxia neoliberal.
Fonte: Correio da Cidadania, 04/11/2014 -
Umbandistas mandam recado a Fortunati: "Tempo de ser palhaço acabou"
Aureo Dutra Rodrigues, o pai Aureo, líder dos umbandistas de Porto Alegre fez um duríssimo pronunciamento na Camara de Vereadores de Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira,3. Ele acusou o prefeito José Fortunati de discriminação contra a religiao.
A prefeitura não quer liberar o Largo Glénio Peres, defronte ao Mercado Público, onde há 20 anos se realiza, em novembro, a Semana Umbandista e Africanista. promovida por 122 entidades que congregam 28.500 pessoas em Porto Alegre.
O pedido foi feito em setembro, até agora não teve resposta. O evento está marcado para 15 e 16 de novembro, com convidados de vários Estados e de outros países.
Disse o líder religioso que o prefeito José Fortunati está desrespeitando uma tradição religiosa e uma instituição.
No auge da indignação, pai Aureo mencionou até um “levante da religião” e se mostrou irritado com a “enrolação” do prefeito. “Ninguém é bobo mais. O tempo de ser palhaço acabou”.
Sobrou também para os vereadores.
Confira o áudio na íntegra:
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Carros chineses querem conquistar o Brasil
A América do Sul é o principal alvo dos fabricantes de automóveis da China, que avançam por novos mercados para compensar a redução das vendas internas.
Brasil, Chile e Peru são os preferidos. “Os produtores chineses vêm avançando sem pressa, mas sem pausa, no sentido de dominar a América a partir de dentro”.
A marca Great Wall já tem uma montadora no Equador, e a Chery possui fábricas no Uruguai, Venezuela e Brasil.
Também a JAC Motors prevê produzir os primeiros veículos no Brasil em 2015, enquanto a BYD prepara o seu desembarque no país.
Ao todo, segundo dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL, um órgão da ONU), a indústria automobilística chinesa já investiu 6 bilhões de dólares (14,9 bilhões de reais) na região.
Além da produção local, os fabricantes chineses exportaram 286.500 veículos para a América do Sul durante 2013, o que significa um aumento de 19% com relação ao ano anterior e 30% de todas as vendas do país asiático para o exterior.
No recente Fórum Anual Automotivo Chinês, o secretário-geral da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (ACFA), Dong Yang relatou que as marcas chinesas já pisam fundo no acelerador fora das suas fronteiras, e antevê que isso em breve será muito evidente.
“Nossas empresas aprenderam com os fabricantes estrangeiros a criar veículos de qualidade, além de solucionarem uma infinidade de problemas próprios de uma indústria que ainda é jovem na China”.
Yang reconhece que os fabricantes chineses “ainda estão quatro ou cinco anos atrasadas em termos tecnologia”.
Por isso, Isbrand Ho, chefe da divisão europeia da BYD, uma das empresas mais agressivas em sua expansão no exterior, considera que, diante da dificuldade de competir em igualdade de condições no campo dos motores a combustão, as marcas chinesas deveriam procurar se fortalecer no setor dos veículos impulsionados por novas energias.
“No futuro, todos os veículos terão zero emissão [de carbono]. Nós temos a melhor tecnologia de baterias do mundo, e devemos fazer valer essa vantagem.”
E, de fato, é isso que vem ocorrendo. Seus carros elétricos já percorrem as ruas de Barcelona, Londres e Bruxelas – mas só como táxis.
“Nossa estratégia passa por colaborar primeiro com empresas de transporte público, que estão mais preocupadas com a economia propiciada por esses veículos, para que os usuários vejam que esses veículos funcionam corretamente e são cômodos. Assim criamos imagem de marca e preparamos a empresa para dar o salto.”
No caso da BYD, esse avanço significa a implantação de fábricas, centros de desenvolvimento e polos logísticos em outros países.
“A América Latina é prioritária para nós, por isso produziremos lá. Temos que nos tornar empresas locais”, diz Ho.
A empresa já está construindo em Estado de São Paulo as primeiras instalações da BYD nas Américas, onde 450 empregados fabricarão baterias recicláveis de fosfato de ferro e 1.000 ônibus elétricos por ano. “Essa é a primeira etapa da nossa expansão internacional”, disse Tyler Li, diretor da empresa para o Brasil.
A BYD não é a única marca chinesa que pretende fincar raízes fora do gigante asiático.
A Great Wall também aposta firmemente em se instalar na América Latina.
“Temos de lutar contra a percepção negativa que se tem das empresas chinesas, e uma forma de fazer isso é gerando riqueza onde fazemos negócios”, admite Roger Wang, diretor do Departamento de Comércio Internacional da Great Wall e responsável pelo mercado latino-americano.
Sem dúvida, disso depende o objetivo da empresa de, até 2015, obter 30% do seu lucro no mercado externo.
Aposta na América Latina
Até agora, a marca chinesa líder nos segmentos de veículos 4 x 4 e caminhonetes já deu seus primeiros passos: criou a marca Haval, para diferenciar seus produtos de maior qualidade, e lançou uma agressiva campanha de imagem global, que inclui a participação de seus veículos no rali Paris-Dacar, que há cinco anos é disputado na América do Sul.
“Pelas características de nossos veículos, que são sólidos e desfrutam de uma grande relação preço-qualidade, consideramos que a América Latina é um dos mercados mais interessantes”, afirma Wang.
A região se tornou o maior importador de automóveis chineses. No ano passado importou 286.500 unidades, 19% a mais do que em 2012, e neste ano a entidade setorial espera que o ritmo de expansão cresça ainda mais.
Assim, no Uruguai, as marcas chinesas obtiveram o ano passado nada menos do que 23% do mercado.
No Peru, estima-se que elas já tenham 15%, além de 10% no Chile e pouco mais de 6% na Colômbia.
Esse crescimento, em alguns casos muito superior à expansão das empresas no mercado chinês, é um grande estímulo para a implantação na América Latina.
O investimento chinês no setor automobilístico sul-americano, sobretudo no Brasil, atende também ao impulso dado pelo Partido Comunista Chinês às relações com os países latino-americanos.
Possivelmente por isso, a estatal Chery é uma das que mais apostam nessa expansão.
Já investiu mais de 300 milhões de reais na abertura de uma fábrica em Jacareí (SP), onde fabricará 50.000 pequenos automóveis por ano, e os 930 milhões da segunda fase ampliarão sua capacidade para 150.000 unidades em 2017.
O objetivo é que, já em 2016, o Brasil responda por 11% do faturamento da empresa.
Dong Yang, entretanto, tentou abrandar um pouco o entusiasmo pelo mercado exterior e alertou para o perigo de uma rápida internacionalização das marcas chinesas.
“Acredito que elas deveriam se centrar inicialmente na consolidação do mercado doméstico e em melhorar sua tecnologia. E depois sair mais devagar e com uma maior coordenação entre si.”
Dong, porém, está convencido de que “no futuro se abrirão enormes oportunidades para as marcas chinesas em todo o mundo”.
