Categoria: Geral

  • Veja sintetiza o passo-a-passo do mau jornalismo

    A capa da Veja, antecipada para sexta-feira nesta semana, é o desfecho de uma estratégia previsível desde o dia 8 de outubro quando Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras, começou a dar seus depoimentos, primeiro à Polícia Federal, em delação premiada, depois à Justiça Federal do Paraná.
    Costa homologou seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal no dia 30 de setembro.
    Em sua edição datada de 30 de setembro ( impressa no sábado anterior, 27 de agosto) a revista Veja já antecipava as linhas gerais das denúncias que Costa vinha fazendo, em longos depoimentos sigilosos à PF, visando o acordo de delação.
    “Paulo Roberto Costa começa a revelar nomes dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras”
    “Sergio Cabral, Roseana Sarney, Eduardo Campos, Renan Calheiros e Edison Lobão estão entre os citados nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras”
    “Dinheiro sustentava a base aliada do PT no Congresso”.
    A revista não dava a fonte de suas informações “que podem jogar o governo no centro de um escândalo de corrupção de proporções semelhantes às do mensalão”.
    O assunto foi manchete em todos os jornais nos dias seguintes à publicação, dando a Veja como fonte das informações.
    Na quarta-feira, 8, Costa começou a ser ouvido também pela Justiça Federal, falando por duas horas em seu primeiro depoimento.
    Minutos depois de encerrado o depoimento, às 18h51 o Estadão publicava em seu site: “Ex-diretor da Petrobrás diz que pagou propina ao PT, PMDB e PP”.
    Às 19h26 a Folha de S. Paulo postava: “Esquema da Petrobrás irrigou campanha do PT, PMDB e PP”.  Aí já aparecia uma fonte:o advogado Haroldo Nater, que defende um dos implicados no processo,como laranja do doleiro Yousseff.
    Às 20h31, foi a vez do site de O Globo: “Dinheiro desviado da Petrobrás foi para a Campanha de Dilma” (na atualização às 21h07 mudou: “Dinheiro desviado da Petrobrás foi para a campanha de 2010”).
    Aí a fonte é o advogado de Roberto Costa, Antonio Figueredo Bastos, que acompanhou a audiência e após “falou à imprensa”.
    Não deu nomes, apenas disse que “são agentes políticos os mandantes”. Não cita também os partidos: “O advogado apenas afirmou que um deles concorre ao segundo turno da eleição presidencial”.
    No dia, seguinte nas edições impressas as manchetes são praticamente iguais em todos os jornais.
    Desde então, os colunistas, analistas e comentaristas tem alimentado a tese de que o “petrolão” é o mensalão da Dilma.
    Agora, a 48 horas da eleição a Veja vem com uma nova capa, dizendo que Lula e Dilma sabiam de tudo o que se passou na Petrobrás.
    Desta vez, porém, a Veja deu um  passo em falso. Atribui a informação ao doleiro  Alberto Yousseff, que prestou depoimento à Justiça na terça-feira.
    O advogado de Yousseff, desta vez, negou as declarações envolvendo o ex-presidente e a candidata à reeleição, embora confirme o depoimento de seu cliente.
    Dilma foi à televisão acusar a Veja de terrorismo eleitoral e disse que vai à  Justiça para processar a revista.
    A imprensa, em todo caso, repercute acriticamente a matéria.
    É clara a estratégia de usar as denúncias da Petrobrás para desgastar a candidatura Dilma. Até agora não tem dado certo, as pesquisas mostram Dilma aumentando a vantagem às vésperas do pleito.
    E com essa “bala de prata” enferrujada da Veja, o quadro tende a não se alterar, até porque a credibilidade da Veja anda no chão.
    Se Dilma for reeleita como indicam a pesquisas e se pode sentir nas ruas, mais uma vez, as grandes derrotadas serão as corporações de mídia –  Rede Globo e seus apêndices e afiliados, mais a Folha de S. Paulo e o Estadão, que junto com a Veja formaram um maciço bloco de oposição ao governo Dilma.

  • Gigante da construção civil se instala em Cachoeirinha

    A cidade de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, foi escolhida pela SIKA para construir sua sexta fábrica no Brasil. O município fica a apenas 20 quilômetros da capital e tem fácil acesso às principais vias de transporte. A SIKA, com sede em Baar, na Suíça, é um gigante global nos mercados de construção, de aditivos para concreto, grautes e impermeabilizantes.
    Com 2.500 m² já construídos, a nova planta terá 4.600 m² e, neste primeiro momento, irá produzir produtos cimentícios (pó). Em uma segunda fase, iniciará a produção de aditivos líquidos e, na terceira, membranas líquidas para impermeabilização.
    “A Sika quer estar mais próxima dos clientes da região Sul para fortalecer seu relacionamento e também, estabelecer novas parcerias de negócios com os agentes econômicos do mercado da construção nesta região”, diz o gerente de Target Marketing de Coberturas, Pisos Industriais e Reforço Estrutural da região Sul, Jorge Silva.
    A empresa Promete disponibilizar serviços que vão desde o apoio comercial, a formação e os programas de treinamento, acrescentando a rapidez de entregas na parte logística.
    Atualmente, segundo projeção da Sika Group, projetos de infraestrutura no país estão em construção com um volume de investimento de mais de CHF 80 bilhões (em francos suíços). Além disso, cerca de CHF 100 bilhões estão estimados em projetos que estão ou em fase de propostas ou concessão ou estão aguardando a construção. Esta nova fábrica ajudará a atender essas novas obras e reparações de infraestruturas de concreto, assim como a construção residencial e industrial e ainda, as manutenções industriais em diversas tecnologias.
    Há 80 anos no Brasil, a marca Sika sempre esteve presente em obras marcantes para a engenharia nacional, em inúmeras obras civis, como pontes, túneis, instalações esportivas ou grandes hidrelétricas, nas quais os produtos foram utilizados em situações que exigiram o máximo desempenho sob serviço.
    A empresa é uma das líderes em produtos químicos para a construção civil nas áreas de aditivos para concreto, impermeabilizantes, selantes e adesivos, pisos industriais e anticorrosivos, grautes e ancoragens, reparo e proteção do concreto e coberturas.
    As outras cinco fábricas no Brasil estão em São Paulo (2), Lençóis Paulista, Pernambuco e Goiás.
     

  • Virada de Dilma se consolida nas últimas pesquisas

    Prenunciada há uma semana, a quebra de tendência em favor da candidata Dilma Rousseff se consolida segundo indicam as últimas pesquisas.
    Na ultima pesquisa do Ibobe ela abriu oito pontos na frente de Aédio – 54 a 46.
    [wp_charts title=”eleicoes” type=”doughnut” width=”30%” height=”auto” align=”aligncenter” margin=”0px 20px 0px 0px” data=”54,46″ colors=”#FCB03C,#A9BF5D”]

    Dilma  >>>>>>>>>>>>>>>>>> 54%

    Aécio   >>>>>>>>>>>>>>>> 46%

    Se as pesquisas refletem o que está ocorrendo, não há tempo para reverter, Dilma está reeleita. A menos que Aécio tenha  uma bala de prata. (EB)

  • Loudes Rodrigues, cantora de uma cidade ingrata

    Uma vida inteira dedicada à música numa cidade que é ingrata com seus músicos.
    Este poderia ser o epitáfio de Lourdes Rodrigues, a grande cantora de Porto Alegre que morreu na noite de quarta feira,22, aos 76 anos.
    Com ela se vai mais um pedaço importante da memória de uma época, em que despontaram Lupicinio Rodrigues, Jessé Silva, Plauto Cruz, Peri Cunha.  Ela era a cantora que melhor interpretava as músicas de Lupicínio, conforme o proprio autor.
    A Dama da Canção, como era chamada, estava hospitalizada desde o início de setembro, passando por cirurgias e complicações devido à diabetes.
    No inicio de outubro, seus amigos do meio artístico promoveram um show para arrecadar recursos para o tratamento da cantora. Adriana Deffenti, Marcelo Delacroix, Samuca do Acordeon, Giovani Berti, Nei Lisboa e os irmãos Ernesto e Neto Fagundes, entre outros músicos locais se apresentaram no Centro Cultural da Santa Casa..
    Pouco mais de R$ 3 mil foram levantados para ajudar nas despesas hospitalares não cobertas pelo convênio que ela possuía com o Instituto de Previdência do Estado (IPE).

  • Justiça tira do ar propaganda com ataques pessoais

    A juíza Liselena Schifino Robles Ribeiro, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), determinou a proibição de uma peça da campanha de José Ivo Sartori (PMDB), por conter “ataques pessoais” ao governador Tarso Genro (PT).

    “As assertivas lançadas constituem ataques de natureza pessoal”, disse a desembargadora em seu despacho. Considerou a intervenção do tribunal necessária para “tornar o debate mais respeitoso e produtivo para os cidadãos gaúchos”.
    A propaganda em questão, veiculada nos dias 21 e 22 de outubro, lança uma série de ataques a Tarso Genro –  “desequilibrado, mentiroso, fanático, manipulador, alucinado, ator de teatro de baixo nível”, entre outras acusações.
    O pedido de suspensão imediata da propaganda foi feito pelo comitê da campanha de Tarso, que entrou com representação na Justiça Eleitoral contra a coligação adversária, chefiada pelo PMDB e seu candidato José Ivo Sartori.
    Há ainda, um pedido de resposta, que será analisado em breve pela justiça eleitoral.
  • Uma bandeira de Tarso na mão de Sartori

    Na reta final Sartori se compromete com a continuidade.
    Tenta assumir uma bandeira que o governo não soube defender adequadamente  
    * * *
    Chega-se ao fim de uma campanha em que a crise das finanças públicas do Rio Grande do Sul esteve no centro dos debates.
    Lamentavelmente, o aspecto mais importante desta crise ficou de lado nas discussões, mais uma vez.
    Me refiro à falta de continuidade que tem marcado a administração pública no Rio Grande do Sul.
    Há pesquisadores que detectam raízes históricas nesse comportamento eleitoral dos gaúchos. Não precisa ir a tanto.
    Fiquemos no período recente, a partir de 1982, quando voltaram as eleições diretas para os governos estaduais.
    Já foram  eleitos oito governadores desde então. Nenhum conseguiu fazer o sucessor ou reeleger-se.
    “Hay gobierno, soy contra!”.
    Mesmo que haja algum atavismo nesse comportamento eleitoral dos gaúchos, é facil perceber que o cofre raspado é o que derruba os governos, um a um.
    O ex- secretário da Fazenda, Jorge Babot Miranda, previu isso, lá em 1977.
    Ele foi o primeiro a alertar que o governo do Rio Grande do Sul vinha há muito tempo cobrindo déficits continuados com empréstimos e isso estava levando a um endividamento insustentável.
    Nesse caminho, advertiu,  o Estado se tornaria “ingovernável”.
    Desde então discute-se o déficit e a dívida e não se discute o que alimenta o déficit e a dívida.
    Os governos se sucedem recomeçando quase do zero, lançando mão de expedientes – empréstimos, venda de ativos, depósitos judiciais – e chegam à próxima eleição numa   situação ainda pior.
    Na Secretaria da Fazenda, os antigos funcionários conhecem bem o ritual: cada novo governo leva dois anos para arrumar a casa e tomar pé na situação que encontra.
    No terceiro ano, encaminha alguns projetos e prepara algumas obras… aí vem o quarto ano, o ano da eleição, do qual só lhe restam quatro meses para fazer alguma coisa…
    As políticas de longo prazo, indispensáveis para alcançar a raiz do desequilíbrio, não se efetivam. A descontinuidade dos programas só piora a situação.
    É lamentável, mas compreensível que o tema – a falta de continuidade – não emplaque no debate eleitoral.
    No momento, só quem tem interesse nisso é o atual governador, candidato à reeleição.
    E nesse ponto, ele e seu partido falharam: não quiseram levantar essa discussão antes da eleição e, na campanha, não souberam explorar o tema.
    A parceria de Tarso e Dilma foi bem enfatizada, como justificativa pela reeleição.
    Mas a continuidade de projetos de longo prazo não foi bem defendida. Os programas de irrigação seriam um belo exemplo…
    Ironicamente, na reta final, quem levanta a bandeira da continuidade é Sartori. Seu programa no horario eleitoral nestes últimos dias, dá ênfase ao compromisso de dar continuidade  às obras iniciadas por Tarso. Até um jingle foi criado.

  • Conselheiro da Unesco fala sobre regulação da mídia

    Guilherme Canela Godoi abordará questões referentes à regulação da mídia e ao papel do Judiciário na mediação de conflitos em evento nesta quinta-feira
    As propostas de regulação ou de regulamentação da mídia na América Latina, como forma de fortalecer o direito à liberdade de expressão, estão no centro dos debates que serão promovidos pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), no Seminário AJURIS 70 Anos, nesta quinta-feira (23/10).
    Entre os palestrantes, o conselheiro regional de Comunicação e Informação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para o Mercosul e Chile, Guilherme Canela Godoi, irá avaliar o atual cenário da liberdade de expressão no continente e também o papel do Judiciário na contribuição para a defesa dos direitos adquiridos.
    A Unesco, a partir de relatórios que apontam as tendências do tema de forma global, identifica uma evolução na América Latina quanto à garantia, promoção e proteção da liberdade de expressão, inclusas no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU). “Esta evolução passa por uma agenda positiva de situações que melhoraram em relação a períodos nem tão passados, mas que precisam ser aprofundadas”, afirma Godoi.
    Conforme explica, marcos legais dos meios de comunicação têm possibilitado, gradativamente, inverter a lógica do nascimento das empresas na América Latina, privadas essencialmente. Conglomerados se formaram e a comunicação de massa por muito tempo não proporcionou a diversificação de pensamentos e expressão.
    A partir de novos investimentos, de uma organização da sociedade civil e de distribuições de concessões que atendem esse interesse, há, atualmente, um movimento que amplia a pluralidade de opiniões com a abertura de canais públicos e comunitários. Godoi acrescenta que a consolidação desses espaços alternativos, que dialogam com segmentos específicos da sociedade, levando em conta suas condições culturais e sociais, é condição fundamental para garantir a liberdade de pensamento e de expressão. Mas isso não é o suficiente. É preciso que haja uma política de fomento para que esses novos canais sobrevivam e tenham autonomia.
    Entre os desafios, conforme o conselheiro da Unesco, está o de garantir a aplicação das legislações que garantam a liberdade de expressão. Mesmo os países que já possuem a aprovação de leis específicas sobre o tema precisam evoluir na aplicabilidade das normas em diferentes níveis. “É necessário, também, avançar na consolidação de organismos reguladores independentes, que possuam autonomia dos governos”, acrescenta Godoi.
    O conselheiro da Unesco irá ampliar esse debate no painel Desafios da Regulação das Comunicações na América Latina, que será mediado pelo presidente do Conselho de Comunicação do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Túlio de Oliveira Martins, a partir das 10 horas.
    Na parte da tarde, o Seminário terá sequência com o painel O Controle Social dos Meios de Comunicação. Nele, os jornalistas argentinos Martín Becerra, professor universitário, pesquisador dos Sistemas dos Meios de Comunicação e Fabio Ladetto, presidente do Foro de Periodismo Argentino (FOPEA), debaterão o modelo adotado pela Argentina para a regulação da mídia, que tem provocado polêmica e um embate entre o governo da presidente Cristina Kirchner e o grupo Clarín. Eles serão mediados pelo jornalista Flávio Porcello, professor universitário, pesquisador sobre relações entre Mídia e Poder.
    O Seminário AJURIS 70 Anos – A Liberdade de Expressão na América Latina é aberto ao público. As inscrições prévias podem ser realizadas pelo e-mail: seminarioajuris70anos@ajuris.org.br. O evento conta com o patrocínio do Banrisul e o apoio da Escola Superior da Magistratura e da Clínica de Direitos Humanos da UniRitter.
     
    SERVIÇO
    Evento: Seminário AJURIS 70 anos – A Liberdade de Expressão na América Latina
    Data: 23 de outubro (quinta-feira)
    Onde: Auditório do Foro Central – Prédio II (Rua Manoelito de Ornellas, nº 50, bairro Praia de Belas, em Porto Alegre).
    Hora: Credenciamento a partir das 9h
     

  • Avanço de grupo cearense inquieta moinhos gaúchos

    A indústria moageira gaúcha está inquieta com o avanço do grupo nordestino M. Dias Branco, líder nacional do setor de massas e biscoitos, com uma receita de R$ 4,3 bilhões em 2013.
    Apoiado por incentivos fiscais do Estado, o grupo octogenário sediado no Ceará comprometeu-se no início de 2014 a investir R$ 173 milhões na ampliação de sua fábrica de Bento Gonçalves, comprada em 2003 do grupo Adria, de São Paulo.
    Com o investimento, a unidade da Serra Gaúcha – cuja marca Isabela é “a mais lembrada” pelos consumidores gaúchos – passará a ter capacidade instalada de 65 mil toneladas/ano de biscoitos e 60 mil toneladas/ano de massas, acrescentando mais duas centenas de empregados ao seu quadro de pessoal, integrado por 900 funcionários.
    Junto com a ampliação da linha de massas e biscoitos, o grupo promete montar um moinho com tecnologia de última geração capaz de produzir 1.300 toneladas de farinha de trigo por dia.
    Se operar a pleno durante 300 dias por ano, processará o equivalente a 15% da produção gaúcha do cereal.
    Por aí se entende a inquietação da indústria riograndense, composta por cerca de 90 moinhos, alguns parados, outros operando intermitentemente e a maioria produzindo sem usar toda sua capacidade instalada.
    Fiel a um modelo de governança corporativa de feições globais, muito comum em empresas multinacionais, o grupo M.(M de Manuel) Dias Branco mantém em São Paulo uma “assessoria de imagem” (Press à Porter) que alega não ter autorização para divulgar informações sobre marcas e unidades empresariais isoladas.
    Por isso é impossível, no momento, saber precisamente a quantas anda o projeto de Bento e qual seu prazo de conclusão ou a época do início das atividades do novo moinho.
    Na Prefeitura de Bento Gonçalves, o secretário Neri Mazzochin, do Desenvolvimento Econômico, confirma que o novo moinho, “um dos mais modernos da América Latina”, começará a ser implantado no próximo ano e iniciará a produção ainda em 2015, ocupando área de 10 mil metros quadrados no bairro Botafogo, onde já opera a fábrica de massas e biscoitos Isabela.
    Na realidade, como outros grupos industriais, o Dias Branco assegurou-se o direito de usar os incentivos oferecidos pelo Fundopem, mas é livre para fazê-lo quando melhor lhe convier.
    Quando reclamaram da concessão dos benefícios ao poderoso grupo sediado no Ceará, os empresários gaúchos foram informados de que a indústria moageira do Rio Grande do Sul pode usufruir das mesmas vantagens, basta realizar o procedimento burocrático junto à Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, que tem como um dos seus objetivos “melhorar a competitividade” de setores tradicionais da economia estadual.
    No caso, pode ser que os moinhos menos modernos tenham acelerado seu colapso.
    O JÁ cansou de tentar ouvir o presidente do Sinditrigo-RS, José Celestino Antoniazzi, cuja base operacional fica em Santa Maria.
    MUITA BALA NA AGULHA
    Para saber sobre as diversas empresas do grupo M Dias Branco, a saída é navegar nas águas de seu site, cujas demonstrações financeiras são extremamente transparentes.
    Por ali se fica sabendo que no último exercício fiscal, encerrado em dezembro de 2013 com receitas de R$ 4,3 bilhões,

    • o grupo  tinha um patrimônio líquido de R$ 2,8 bilhões
    • obteve um lucro líquido de R$ 524 milhões
    • detinha 30% do mercado nacional de biscoitos e massas
    • gastou R$ 486 milhões com salários, previdência social e FGTS do pessoal
    • pagou R$ 386 milhões de impostos
    • teve despesas de R$ 2,86 bilhões, sendo R$ 1,1 bilhões com a compra de farinha de trigo
    • possuía uma dívida líquida de R$ 261 milhões
    • estava investindo R$ 288 milhões
    • dispunha de uma reserva para investimentos de R$ 780 milhões
    • contava com incentivos fiscais no total de R$ 233 milhões, sendo R$ 183 milhões referentes a créditos estaduais de ICMS e os R$ 50 milhões restantes, federais

    Controlado pelo seu próprio presidente Francisco Ivens de Sá Dias Branco, que possui 63% dos ações (outros 25% estão na Bovespa), o grupo tem excelente saúde econômico-financeira e vem ancorando todos os seus principais investimentos em locais que oferecem incentivos fiscais.
    No cinco estados onde fez ou está fazendo investimentos, apenas no Rio Grande do Norte os benefícios fiscais terminam em 2014. No Ceará e em Pernambuco, as vantagens fiscais vão até 2024. Na Bahia, até 2025. Na Paraíba, até 2032.
    Além de incentivado, o Dias Branco dispõe de munição própria suficiente para alterar a correlação de forças no mercado gaúcho de moagem de trigo, do qual se ausentaram, há vários anos, grandes grupos moageiros como o norte-americano Bunge, aqui chamado Sociedade Anônima Moinhos RioGrandenses (SAMRIG), que começou com um moinho de trigo em 1929 e, em 1958, implantou em Esteio a maior fábrica de soja do Estado.
    Embora não dê informações isoladas sobre unidades e marcas, o grupo M. Dias Branco tem consciência de que sua penetração no mercado moageiro gaúcho reacende a chama da agroindústria tritícola no Estado e, por isso, precisa pisar com cuidado no berço da lavoura nacional de trigo.
    Nesse sentido, amaciaria o terreno se tivesse a gentileza de responder, entre outras, às seguintes dúvidas:

    1. O novo moinho de Bento vai se dedicar apenas ao autoabastecimento (da fábrica de massas Isabela) ou atenderá também o mercado regional de farinha ou, seja, vai disputar clientes com a indústria moageira já instalada no Estado?
    2. Vai moer apenas o trigo gaúcho/sulino ou está buscando posição geoestratégica para beneficiar trigo importado, explorando a proximidade com a Argentina e o Uruguai, países em que já possui escritórios comerciais?
    3. Além dos incentivos fiscais obtidos do governo do RS, o projeto do grupo no Estado visa usufruir de alguma vantagem decorrente da proximidade com o Mercosul?

    ghasse@th.com.br
     

  • Diferenças e vulnerabilidades de Dilma e Aécio

    Coluna Econômica – 21/10/2014

    Luis Nassif
    Os debates entre Dilma Rousseff e Aécio Neves têm explicitado vulnerabilidades de dois projetos de governo: o  modelo Aécio não tem o menor compromisso com o social; o modelo Dilma, pouca sensibilidade com o empresarial.
    Confiram-se alguns episódios, visíveis no último debate da TV Record:

    1. Dilma acusou o governo FHC de ter proibido a criação de escolas técnicas. Aécio explicou que o decreto não proibia: apenas exigia que, para criar escola técnicas, houvesse parceria com estados e setor privado. Pode-se selecionar o argumento que quiser. Interessa o resultado final: apenas 14 escolas técnicas construídas no período FHC contra 422 no período Lula-Dilma.
    2. O Bolsa Família chegou pronto ao governo FHC. Aprovado no Senado, com votos de ACM a Eduardo Suplicy, o projeto de lei planejava universalizar a renda mínima para as famílias que viviam na extrema pobreza. FHC vetou, alegando que feria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O orçamento continuou comprometido com pagamento de juros que excediam qualquer limite de bom senso.
    3. A ideia original do Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) foi apresentada pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) inicialmente MInistro Paulo Renato de Souza, no governo FHC. Não saiu da gaveta.

    ***
    Já na área econômica o plano de governo de Aécio Neves recorreu a especialistas do setor privado ligados ao partido. Antes dele, o de Marina Silva foi montada com contribuição de diversos setores, trazendo ideias novas e novos conceitos.
    O plano de governo de Dilma recorreu aos próprios quadros do governo e fechou os olhos a propostas de fora. Em um momento em que o grande desgaste da política econômica é a falta de discernimento e de clareza fiscal para a concessão de subsídios, o Ministro Guido Mantega prosseguiu seu périplo.
    ***
    Há uma diferença básica entre os modelos de gestão de ambos os lados.
    Dilma resiste às concessões políticas. Grande parte do seu desgaste decorreu do enfrentamento das pressões do suspeitíssimo deputado fluminense Eduardo Cunha – que anunciou apoio a Aécio e disputa o comando do PMDB com Michel Temer.
    Mas o caminho encontrado foi fechar-se, entregando MInistérios-chave a pessoas de sua confiança que não estavam à altura do cargo. Não soube discernir pressões legítimas de maracutaias.
    Aécio é seguidor das práticas políticas convencionais. Seus acordos políticos acabaram comprometendo a administração de um grande gestor,  seu sucessor Antonio Anastasia, inclusive naquela que poderia ser a vitrine do seu governo: a saúde.
    ***
    Há diferenças  também na maneira de encarar a economia.
    No governo FHC – e na proposta de Aécio – a Fazenda voltará a ser o centro das políticas públicas. Foi essa mesma subordinação – e falta de sensibilidade social – que fez FHC abdicar do Bolsa Família, do Prouni, do Reuni, mesmo tendo em sua própria casa uma figura pública da dimensão de dona Ruth.
    Da parte de Dilma, Fazenda e Tesouro tornaram-se instrumentos da vontade pessoal da presidente. Embora para bons propósitos – gastos sociais e incentivos à produção – sua atuação autocrática espalhou a desconfiança no setor empresarial.
    Email: luisnassif@ig.com.br

  • Pesquisas sinalizam virada de Dilma na reta final

    O resultado da última pesquisa do Datafolha que dá Dilma quatro pontos na frente de Aécio  Neves (52% a 48%) está sendo considerada ainda “empate técnico”.
    Não é bem assim.
    Quatro pontos é toda a margem de erro (dois pontos para mais ou para menos).
    Na reta final de uma eleição renhida como esta o candidato que descola quatro pontos, dois de crescimento e dois do adversário, tende a aumentar a diferença a seis dias das urnas, quando se aceleram as definições.
    Considere-se a redução da rejeição de Dilma e o aumento da rejeição de Aécio, que agora estão com índices parecidos.
    Considere-se ainda o nível de aprovação do governo, que segue alto e crescendo, e têm-se um quadro bastante definido a favor da candidata à reeleição.
    Claro, sempre pode surgir o fato novo que vira tudo, mas aí já é outra história. O previsível neste momento segue sendo a reeleição.