Categoria: Geral

  • Fundação Gaia promove palestra sobre Poluição Eletromagnética e seus danos à saúde

    “Poluição Eletromagnética e os danos à saúde provocados pela telefonia celular” é o tema da palestra com o professor Álvaro Salles que acontece dia 12 de agosto, promovida pela Fundação Gaia em parceria com a Livraria Cultura de Porto Alegre. O evento inicia às 20h no auditório da livraria, com entrada franca.
    Há mais de duas décadas, o professor Álvaro Salles acompanha as pesquisas dos efeitos das ondas eletromagnéticas sobre o corpo, especialmente o cérebro que recebe a carga mais direta. “Este é um assunto muito sério, que envolve um risco real à saúde das pessoas e não está recebendo a devida atenção por parte do poder público”, explica o professor.
    Além de explanar sobre a poluição eletromagnética provocada por antenas e aparelhos de celulares, equipamentos de wireless e telefones sem fio, entre outros, o professor estará disponível para aprofundar esse tema complexo e polêmico, respondendo a dúvidas e perguntas feitas pelas pessoas presentes.
    Palestrante
    Álvaro Salles é Engenheiro Eletricista formado pela UFRGS, com mestrado na PUC do Rio de Janeiro na temática de Telecomunicações e Pós- Doutorado na Universidade de Londres sobre o mesmo tema. Professor titular da Faculdade de Engenharia da UFRGS
    Ciclo de Palestras
    A atividade integra o Ciclo de Palestras Ecologia na Cultura, cuja temática norteadora de 2014 é “Construir o Futuro com Visão”. Trazendo assuntos relacionados às questões ambientais, no final da apresentação será proposto ao palestrante um questionamento: qual visão permite um avanço sustentável e mais acertado em direção ao futuro comum da humanidade na Terra?
    Com periodicidade mensal, os encontros realizam-se sempre na segunda terça-feira de cada mês. Interessados podem obter certificado de participação nas palestras, tanto para cada evento como para todas nas quais participarem. Para isso basta escrever para reservas@fgaia.org.br e solicitar maiores informações.

  • Maurizio Gasseau, água da fonte dos sonhos em Porto Alegre

    Depois de uma semana em que dividiu seus conhecimentos com estudantes e terapeutas de várias linhas em Porto Alegre, Gasseau deve encerrar com chave de ouro sua passagem pela cidade em um workshop com maior aprofundamento teórico e dinâmicas de grupo voltadas para a compreensão e interpretação de sonhos.
    Nas palestras dos últimos dias, Gasseau discorreu sobre os primeiros registros históricos ocidentais dos sonhos utilizados terapeuticamente, na Itália, por Galeno, passando pela Grécia e Egito até chegar a Carl Gustav Jung. O trabalho de Gasseau mescla estudos junguianos com práticas do psicodrama e em sua experiência vale destacar o trabalho com pessoas que vivem em zona de guerra ou grandes conflitos, como Cisjordânia, Palestina, Egito, Ucrânia e Turquia. “Esses trabalhos, com pessoas em zona de guerra, não se recebe remuneração para fazer, é desgastante, mas muito rico do ponto de vista humano e profissional”, revelou em palestra-almoço na última semana.
    Ele alerta os jovens terapeutas que para interpretar sonhos não há manual, não adianta saber tudo tecnicamente, é importante sentir o sonho, entrar no drama do sonho e no drama do sonhador em seu sonho, compreendendo os aspectos político-sociais do sonhador. “O ambiente também é importante, um símbolo em um país pode ter diferentes significados em outros, é preciso montar o quebra-cabeças com cautela, em direção à vida.”
    Paciente do sobrinho de Jung, Gasseau traz água da fonte para os sul americanos residentes em Porto Alegre. Nos últimos dias esteve em Santiago, no Chile, e em Buenos Aires, na Argentina.

  • Faixa de Gaza: "Quem é o inimigo?"

    Todos têm a sua própria opinião para explicar os massacres cometidos pelo Estado de Israel em Gaza. Enquanto nos anos 70 e 80, se via nisso uma manifestação do imperialismo anglo-saxónico, hoje muitos interpretam-no como um conflito entre judeus e árabes.
    Debruçando-se sobre este longo período —quatro séculos de História —, Thierry Meyssan, consultor junto a vários governos, analisa a origem do sionismo, as suas reais ambições, e determina quem é o inimigo.
    A guerra, que prossegue sem interrupção desde há 66 anos na Palestina, conheceu uma nova agudização com as operações israelitas “Guardiões dos nossos irmãos”, seguida de “Rochedo de Firmeza” (traduzido estranhamente na imprensa ocidental por “Borda protetora”).
    À vista, Telavive —que escolheu instrumentalizar o desaparecimento de três jovens israelenses para lançar estas operações e “arrancar o Hamas pela raiz” afim de explorar o gás de Gaza, conforme o plano enunciado em 2007 pelo atual ministro da Defesa [1] — foi surpreendido pela reação da Resistência. A Jihade islâmica respondeu como o envio de foguetes de médio alcance, muito difíceis de interceptar, que se somaram aos lançados pelo Hamas.
    A violência dos acontecimentos, que custaram já a vida a mais de 1.500 Palestinos e 62 israelenses (embora os números israelenses sejam submetidos à censura militar e estejam provavelmente diminuídos), levantou uma onda de protestos no mundo inteiro. Além dos seus 15 membros, o Conselho de Segurança, reunido a 22 de julho, deu a palavra a 40 outros Estados que entenderam exprimir a sua indignação diante do comportamento de Telavive e da sua «cultura de impunidade». A sessão, em lugar de durar as 2 horas habituais, durou assim 9 [2].
    Simbolicamente, a Bolívia declarou Israel «Estado terrorista» e revogou o acordo de livre-circulação que o abrangia. Mas, de um modo geral, as declarações de protesto não foram seguidas de uma ajuda militar, à excepção das do Irã e simbolicamente da Síria. Ambos apoiam a população palestina via Jihad islâmica, ramo militar do Hamas (mas não o seu ramo político, que é membro dos Irmãos muçulmanos), e a FPLP-CG.
    Contrariamente aos antecedentes (operações “Chumbo Fundido” em 2008 e “Coluna de nuvem negra” em 2012), os dois Estados que protegem Israel no Conselho (os Estados-Unidos e o Reino-Unido), fizeram vista grossa à elaboração de uma declaração do presidente do Conselho de segurança sublinhando as obrigações humanitárias de Israel [3]. De fato, para lá da questão fundamental de um conflito que dura desde 1948, assiste-se a um consenso para condenar no mínimo o recurso de Israel a um emprego desproporcionado da força.
    No entanto, este aparente consenso mascara análises muito diferentes: certos autores interpretam o conflito como uma guerra de religião entre judeus e muçulmanos; outros vêem nela, pelo contrário, uma guerra política segundo um esquema colonial clássico.
    Que se deve pensar a propósito?
    O que é o sionismo?
    A meio do século XVII, os calvinistas britânicos agruparam-se em torno de Oliver Cromwell e puseram em causa a fé e a hierarquia do regime. Depois de terem derrubado a monarquia anglicana, o “Lorde protetor” pretendeu permitir ao povo inglês conseguir a pureza moral necessária para atravessar uma tribulação de 7 anos, acolher o retorno de Cristo, e viver pacificamente com ele durante 1.000 anos (o “Milénio”). Para conseguir realizar isto, segundo a sua interpretação da Bíblia, os israelitas deviam ser dispersos pelos confins da terra, depois reagrupados na Palestina e aí reconstruir o templo de Salomão. Nesta base, ele instaurou um regime puritano, levantou em 1656 a interdição posta aos israelitas de se instalarem em Inglaterra, e anunciou que o seu país se comprometia a criar, na Palestina, o Estado de Israel [4].
    Tendo a seita de Cromwell sido, por seu turno, derrubada no final da «Primeira Guerra civil inglesa», os seus partidários mortos ou exilados, e a monarquia anglicana restabelecida, o sionismo (quer dizer o projeto de criação de um Estado para os israelitas) foi abandonado. Ele ressurgiu no século XVIII com a “Segunda Guerra civil inglesa”, (segundo a nomenclatura dos manuais de História do secundário no Reino-Unido), que o resto do mundo conhece como a «guerra de independência dos Estados-Unidos» (1775-83). Contrariamente a uma ideia feita, esta não foi uma ação empreendida em nome do ideal das Luzes, que animou alguns anos mais tarde a Revolução francesa, mas sim financiada pelo rei de França e encetada por motivos religiosos ao grito de “o Nosso Rei, é Jesus!”.
    George Washington, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin, para citar apenas estes, apresentaram-se como os sucessores dos partidários exilados de Oliver Cromwell. Os Estados-Unidos retomaram, pois, logicamente o seu projeto sionista.
    Em 1868, em Inglaterra, a rainha Victoria designou como Primeiro-ministro, o judeu Benjamin Disraeli. Este propôs-lhe conceder alguns direitos aos descendentes dos partidários de Cromwell, de maneira a poder apoiar-se sobre todo o povo para estender o poder da Coroa no mundo. Sobretudo, propôs aliar-se à diáspora judia para conduzir uma política imperialista da qual ela seria a guarda-avançada. Em 1878, ele fez inscrever «a restauração de Israel» na ordem do dia do Congresso de Berlim sobre a nova partilha do mundo.
    É sobre esta base sionista que o Reino-Unido restabelece as boas relações com as suas antigas colonias tornadas Estados-Unidos, no seguimento da “Terceira Guerra civil inglesa” —conhecida nos Estados-Unidos como a «guerra civil americana», e na Europa continental como a «guerra de Secessão» (1861-65)— que viu a vitória dos sucessores dos partidários de Cromwell, os WASP (White Anglo-Saxon Puritans- inglês para: «Brancos Anglo-Saxónicos Puritanos»-ndT) [5]. Uma vez mais, ainda, é erradamente que se fala deste conflito como uma luta contra a escravatura quando 5 Estados do Norte a mantinham, na altura, também.
    Até quase ao final do século XIX o sionismo é, pois, apenas um projeto puritano anglo-saxónico, ao qual só uma elite judia adere. Ele é fortemente condenado pelos rabinos, que interpretam a Torá como uma alegoria e não como um plano político.
    Entre as consequências atuais desses fatos históricos, temos de admitir que se o sionismo visava a criação de um Estado para os israelitas, ele é também o fundamento da existência dos Estados Unidos. Portanto, a questão de se saber se as decisões políticas, de conjunto, são tomadas em Washington ou em Telavive tem apenas um interesse relativo. É a mesma ideologia que está no poder em ambos os países. Além disso, tendo o sionismo permitido a reconciliação entre Londres e Washington, colocá-lo em causa é o mesmo que atacar esta aliança, a mais poderosa do mundo.
    A adesão do povo judaico ao sionismo anglo-saxão
    Na historiografia oficial de hoje, costuma-se ignorar o período dos XVIIo-XIXo séculos e apresentar Theodor Herzl como o fundador do sionismo. Ora, de acordo com publicações internas da Organização Sionista Mundial, este ponto é igualmente falso.
    O verdadeiro fundador do sionismo moderno não era judeu, mas cristão dispensionalista. O reverendo William E. Blackstone foi um pregador americano, para quem os verdadeiros cristãos não teriam de passar pelas provações no final dos tempos. Ele pregou que estes seriam levados para o céu durante a batalha final (a “ascensão da Igreja”, em Inglês “the rapture”). Na sua opinião, os judeus travariam esta batalha e sairiam dela, ao mesmo tempo, convertidos a Cristo e vitoriosos.
    Foi a teologia do reverendo Blackstone, que serviu de base ao apoio incondicional de Washington para a criação de Israel. E, isso, muito antes do AIPAC (o lobby pró-Israel) ter sido criado e ter tomado o controle do Congresso. Na realidade, o poder do lobby não resulta tanto do seu dinheiro e da sua capacidade de financiar campanhas eleitorais, mas mais desta ideologia sempre presente nos EUA [6].
    A Teologia do arrebatamento por muito estúpida que possa parecer é, hoje em dia, muito poderosa nos Estados Unidos. Ela representa um fenômeno na literatura e no cinema (veja-se o filme Left Behind, com Nicolas Cage, que será exibido a partir de outubro).
    Theodor Herzl era um admirador do magnata dos diamantes Cecil Rhodes, o teórico do imperialismo britânico e fundador da África do Sul, da Rodésia (à qual deu o seu nome) e da Zâmbia (ex-Rodésia do Norte). Herzl não era judeu (no sentido em que não praticava a fé do judaísmo -ndT), e não havia circuncidado o seu filho. Ateu, como muitos burgueses europeus do seu tempo, ele preconizou primeiro a assimilação dos judeus por conversão ao cristianismo. No entanto, retomando a teoria de Benjamin Disraeli, ele chegou à conclusão que a melhor solução era envolvê-los no colonialismo britânico, criando um Estado judaico no atual Uganda ou na Argentina. Ele seguiu o exemplo de Rhodes quanto à compra de terras e na criação da Agência Judaica.
    Blackstone conseguiu convencer Herzl a juntar as preocupações dos dispensionalistas às dos colonialistas. Bastava, para isso, encarar a criação de Israel na Palestina e multiplicar as referências bíblicas a propósito. Graças a esta ideia bastante simples, eles conseguiram fazer aderir a maioria dos judeus europeus ao seu projecto. Hoje, Herzl está enterrado em Israel (no Monte Herzl), e o Estado colocou no seu caixão A Bíblia anotada que Blackstone lhe havia dado.
    O sionismo nunca teve, pois, como objetivo «salvar o povo judeu, dando-lhe um lar», mas sim fazer triunfar o imperialismo anglo-saxónico envolvendo nisso os israelitas. Além disso, não só o sionismo não é um produto da cultura judaica (no sentido de fé, tradições, costumes etc..), como a maioria dos sionistas nunca foi judaica, enquanto a maioria dos israelenses sionistas não são judeus. As referências bíblicas omnipresentes no discurso oficialista israelense, não refletem o pensamento da parte crente do país e são destinadas, acima de tudo, a convencer a população dos EUA.
    Foi neste período que se criou o mito do povo judeu. Até então, os judeus consideravam-se como pertencendo a uma religião e admitiam que os seus membros europeus não eram os descendentes dos judeus da Palestina, mas sim populações convertidas no decurso da história [7].
    Blackstone e Herzl fabricaram artificialmente a ideia segundo a qual todos os judeus do mundo seriam descendentes dos antigos judeus da Palestina. Portanto, a palavra judeu aplica-se não apenas à religião dos israelitas, mas designa também uma etnia. Ao basearem-se numa leitura literal da Bíblia, eles tornaram-se os beneficiários de uma promessa divina sobre a terra palestina.
    O pacto anglo-saxão para a criação de Israel na Palestina
    A decisão de criar um Estado judaico na Palestina foi tomada em conjunto pelos governos britânico e norte-americano. Ela foi negociada pelo primeiro juiz judaico no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, Louis Brandeis, sob os auspícios do reverendo Blackstone e foi aprovada tanto pelo presidente Woodrow Wilson, como pelo primeiro-ministro David Lloyd George, na esteira dos acordos franco-britânicos Sykes-Picot de partilha do “Próximo-Oriente”. Este acordo foi sendo progressivamente revelado ao público.
    O futuro Secretário de Estado para as Colónias, Leo Amery, foi encarregado de enquadrar os antigos membros do “Zion Mule Corps” (Corpo sionista de transporte com mulas) para criar, com dois agentes britânicos Ze’ev Jabotinsky e Chaim Weizmann, a “Legião Judaica” no seio do exército britânico.
    O ministro das Relações Exteriores(Negócios Estrangeiros), Lord Balfour, enviou uma carta aberta a Lord Walter Rothschild comprometendo-se a criar um «lar nacional judaico» na Palestina (2 de novembro de 1917). O presidente Wilson incluiu entre os seus objetivos de guerra oficiais, (o n ° 12 dos 14 pontos apresentados ao Congresso a 8 de janeiro de 1918), a criação de Israel [8].
    Portanto, a decisão de criar Israel não tem nenhuma relação com a destruição dos judeus da Europa, sobrevinda duas décadas mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial.
    Durante a Conferência de paz de Paris, o Emir Faiçal (filho do xerife de Meca, e mais tarde rei do Iraque britânico) assinou, a 3 de janeiro de 1919, um acordo com a Organização Sionista, comprometendo-se a apoiar a decisão anglo-saxônica.
    A criação do Estado de Israel, que foi feita contra a população da Palestina, foi, pois, também feita com o acordo dos monarcas árabes. Além disso, à época, o xerife de Meca, Hussein bin Ali, não interpretava o Alcorão à maneira do Hamas. Ele não pensava que «uma terra muçulmana não pudesse ser governada pelos não-muçulmanos».
    A criação jurídica do Estado de Israel
    Em maio de 1942, as organizações sionistas realizaram o seu congresso no Hotel Biltmore, em Nova Iorque. Os participantes decidiram transformar o «lar nacional judaico» da Palestina em “Commonwealth Judaica” (referindo-se à Commonwealth com a qual Cromwell havia substituído brevemente a monarquia britânica), e autorizar a imigração em massa de judeus para a Palestina. Num documento secreto, foram especificados três objectivos: “(1) o Estado judeu englobaria a totalidade da Palestina e, provavelmente, a Transjordânia; (2) o deslocamento das populações árabes para o Iraque e (3) a tomada em mãos pelos judeus dos sectores do desenvolvimento e do controlo da economia em todo o Médio-Oriente”.
    A quase totalidade dos participantes ignorava, então, que a «solução final da questão judaica» (die Endlösung der Judenfrage) tinha justamente começado, secretamente, na Europa.
    Em última análise, ao passo que os britânicos não sabiam como haviam de satisfazer quer os judeus, quer os árabes, as Nações Unidas (que então tinham apenas 46 Estados-membros) propuseram um plano de partilha da Palestina, a partir das indicações de que os Britânicos lhe haviam fornecido. Deveria ser criado um Estado bi-nacional compreendendo um Estado judeu, um Estado árabe, e uma área “sob regime internacional especial” para administrar os lugares santos (Jerusalém e Belém). Este projeto foi aprovado pela Resolução 181 da Assembleia Geral [9] .
    Sem esperar pelo resultado das negociações, o presidente da Agência Judaica, David Ben Gurion, proclamou, unilateralmente, o Estado de Israel, imediatamente reconhecido pelos Estados Unidos. Os árabes do território israelense foram colocados sob lei marcial, os seus movimentos foram restringidos e os seus passaportes confiscados. Os países árabes recém-independentes intervieram. Mas, sem exércitos devidamente constituídos, foram rápidamente derrotados. No decurso desta guerra, Israel procedeu a uma limpeza étnica e forçou, pelo menos, 700.000 árabes a fugir.
    A ONU enviou como mediador, o conde Folke Bernadotte, um diplomata sueco que salvou milhares de judeus durante a guerra (2ª guerra mundial). Ele descobriu que os dados demográficos, fornecidos pelas autoridades britânicas, estavam falseados e exigiu a plena implementação do Plano de Partilha da Palestina. Ora, a Resolução 181 implicava o retorno dos 700. 000 árabes expulsos, a criação de um Estado árabe e a internacionalização de Jerusalém. O enviado especial da Onu foi assassinado, a 17 de setembro 1948, por ordem do futuro primeiro-ministro, Yitzhak Shamir.
    Furiosa, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 194, que reafirma os princípios da Resolução 181 e, além disso, proclama o direito inalienável dos palestinianos a voltar para suas casas e a ser indenizados pelos prejuízos que acabavam de sofrer [10].
    Entretanto, Israel, tendo prendido os assassinos de Bernadotte, tendo-os julgado e condenado, foi aceite no seio da Onu com a promessa de honrar as resoluções. Mas, tudo isso não passava de mentiras. Logo após os assassinos foram anistiados, e o atirador tornou-se o guarda-costas pessoal do primeiro-ministro David Ben Gurion.
    Desde a sua adesão à Onu Israel não parou de violar as resoluções, que se acumularam na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança. Os seus laços orgânicos com dois membros do Conselho, dispondo do direito de veto, colocam-no à margem do direito internacional. Tornou-se um Estado offshore, permitindo aos Estados Unidos e ao Reino Unido fingir respeitar ambos o direito internacional, enquanto o violam a partir deste pseudo-Estado.
    É absolutamente errado pensar que o problema colocado por Israel só envolve o Médio-Oriente. Hoje em dia, Israel atua militarmente em qualquer lugar do mundo, sob a capa do imperialismo anglo-saxônico. Na América Latina, foram agentes israelenses que organizaram a repressão durante o golpe contra Hugo Chavez (2002) ou o derrube de Manuel Zelaya (2009). Em África, eles estavam presentes, por todo o lado, durante a guerra dos Grandes Lagos, e organizaram a prisão de Muammar el-Qaddafi. Na Ásia, eles dirigiram o assalto e o massacre dos Tigres Tamil (2009), etc. Em todos os casos, Londres e Washington juram não ter nada a ver com tais assuntos. Além disso, Israel controla muitos meios de comunicação e instituições financeiras (tal como a Reserva Federal dos Estados Unidos).
    A luta contra o imperialismo
    Até à dissolução da URSS era óbvio para todos, que a questão israelita destacava-se na luta contra o imperialismo. Os palestinianos eram apoiados por todos os anti- imperialistas do mundo – até os membros do Exército Vermelho japonês — que vinham bater-se ao seu lado.
    Atualmente, a globalização da sociedade de consumo, e a perda de valores que se lhe seguiu, fez perder a consciência do caráter colonial do Estado hebreu. Somente os árabes e muçulmanos se sentem postos em causa. Eles mostram empatia com o sofrimento dos palestinos, mas ignoram os crimes de Israel no resto do mundo, e não reagem aos outros crimes imperialistas.
    No entanto, em 1979, o aiatola Ruhollah Khomeini explicava aos seus fieis iranianos, que Israel não era senão como uma boneca nas mãos dos imperialistas e o único verdadeiro inimigo era a aliança dos Estados Unidos e do Reino Unido. Por ter enunciado esta simples verdade, Khomeini foi caricaturado no Ocidente e os xiitas foram apresentados como heréticos no Oriente. Hoje em dia, o Irã é o único Estado no mundo a enviar maciçamente armas e conselheiros para ajudar a Resistência palestina, enquanto os regimes sionistas árabes debatem amavelmente, por vídeo-conferência, com o presidente israelita durante as reuniões do Conselho de Segurança do Golfo [11].
    Thierry Meyssan
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    [1] «A extensão da guerra do gás no Levante», por Thierry Meyssan, Al- Watan/Rede Voltaire , 21 de julho de 2014.
    [2] « Réunion du Conseil de sécurité sur le Proche-Orient et l’offensive israélienne à Gaza » (Fr-«Reunião do Conselho de Segurança sobre o Próximo-Oriente e a ofensiva israelita na Faixa de Gaza»-ndT), Réseau Voltaire, 22 juillet 2014.
    [3] « Déclaration du Président du Conseil de sécurité sur la situation à Gaza » (Fr-«Declaração do Presidente do Conselho de Segurança sobre a situação na Faixa de Gaza»-ndT), Réseau Voltaire, 28 juillet 2014.
    [4] Sobre a história do sionismo há que reportar-se ao capítulo correspondente, («Israel e os anglo-saxões»), do meu livro A Terrível impostura 2, manipulações e desinformações, Edition Alphée, 2007. Os leitores encontrarão lá numerosas referências bibliográficas .
    [5] The Cousins’ Wars : Religion, Politics, Civil Warfare and the Triumph of Anglo- America, Kevin Phillips, Basic Books (1999) (Ing-«As Guerras dos Primos: Religião, Política, Guerra Civil e o Triunfo da Anglo-América, por Kevin Philips»- ndT).
    [6] Veja especialmente American Theocracy (2006) (Teocracia Americana), de Kevin Phillips, um notável historiador que foi conselheiro de Richard Nixon»
    [7] Uma síntese dos trabalhos históricos sobre este assunto: Comment le peuple juif fut inventé (Fr-«Como o povo judeu foi inventado»-ndT), por Shlomo Sand, Fayard, 2008
    [8] A formulação do parágrafo 12 é particularmente enigmático. Assim, durante a Conferência de Paz de Paris, em 1919, o emir Faisal evocou-o para reivindicar o direito dos povos anteriormente sob o jugo otomano à autodeterminação. Ele ouviu responder que teria uma escolha entre uma Síria colocada sob um ou sob vários mandatos. A delegação Sionista argumentou que Wilson se tinha comprometido apoiar a Commonwealth(comunidade) judaica para grande surpresa da delegação norte-americana. Em última análise, Wilson confirmou, por escrito, que se devia entender o ponto 12 como um compromisso de Washington para a criação de Israel e a restauração da Arménia. «Os quatorze Pontos do Presidente Wilson», Rede Voltaire, 8 de janeiro de 1918.
    [9] « Résolution 181 de l’Assemblée générale de l’Onu » (Fr-«Resolução 181 da Assembleia Geral da Onu»-ndT), Réseau Voltaire, 29 novembre 1947.
    [10] « Résolution 194 de l’Assemblée générale de l’Onu » (Fr-«Resolução 194 da Assembleia Geral da Onu»-ndT), Réseau Voltaire, 11 décembre 1948.
    [11] “O presidente de Israel falou perante o Conselho de Segurança do Golfo em fins de novembro”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 8 de Dezembro de 2013.
    Thierry Meyssan Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación (Monte Ávila Editores, 2008).

  • Negócio do livro é tema de seminário

    O Clube dos Editores do Rio Grande do Sul promove no dia 15 de agosto, a sexta edição do Seminário O Negócio do Livro. O ciclo de palestras acontece no Goethe-Institut Porto Alegre (Rua 24 de outubro, 112), das 9h às 20h.
    O evento é voltado para bibliotecários, escritores, professores, editores, estudantes e pessoas interessadas nos desdobramentos do mercado editorial.
    Serão abordados temas como: o futuro das livrarias, as novas formas de disponibilização de acervo, organização das editoras de pequeno porte, estratégias de atuação em mercados de nicho, a divulgação do livro na imprensa, além da apresentação de uma pesquisa inédita de venda de livros no Brasil realizada através da ferramenta Nielsen Bookscan.
    O seminário é aberto ao público e as inscrições devem ser realizadas pelo site www.clubedoseditores.com.br. O investimento é de R$80,00 para estudantes, associados ao Clube dos Editores/RS e AGES, e R$120,00 para o público em geral. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail: secretaria@clubedoseditores.com.br
    O evento tem apoio do Goethe-Institut Porto Alegre.
    Confira a programação completa:
    9h – Credenciamento
    Inscrições e entrega de material
    9h30 – Mesa: O futuro das livrarias – com Samuel Seibel (Livraria da Vila) e Gelso Lovatel  (Livraria Vanguarda)
    Assunto: a situação atual do comércio livreiro e caminhos a seguir
    11h15 – Palestra:  Biblioteca digital e livro por assinatura – com Roberto Bahiense (Nuvem de Livros)
    Assunto: Os livros “por assinatura” e outras novas formas de disponibilização de acervo, um novo modelo de negócios na cadeia do livro.
    12h30 – Intervalo para almoço
    14h – Palestra:  Estratégias para os pequenos – com Haroldo Ceravolo (Libre –Liga Brasileira de Editoras)
    Assunto:  Organização das pequenas editoras e os rumos do mercado, nessa época de concentração das livrarias e das grandes editoras e com a entrada da Amazon, entre outros fatores.
    15h30 – Mesa:  Livros para a alma – com Mark Carpenter (Mundo Cristão) e André Alt (BesouroBox)
    Assunto: As estratégias de atuação em mercados de nicho (auto-ajuda, religiosos, espiritualistas). O público protestante/evangélico é composto de cerca de 45 milhões de pessoas no Brasil.
    17h – Coffebreak
    17h30 – Mesa: O livro no Jornal – com Carlos André Moreira (Zero Hora)
    e Maria Fernanda de Carvalho Rodrigues (Estadão)
    Assunto: A divulgação de livros na imprensa, o espaço do livro no jornal, a relação entre editoras e jornalistas, etc.
    19h – Palestra:  Bookscan, a pesquisa sobre venda de livros no Brasil – com Ismael Borges (Nielsen/Bookscan)
    Assunto: Pesquisa inédita de venda de livros no Brasil realizada a partir de dados consolidados das maiores redes de varejo através da ferramenta Nielsen Bookscan, mostrando a evolução ao longo do último ano, com os devidos estudos de gêneros.
    VI Seminário O Negócio do Livro
    Dia 15 de Agosto 2014
    Das 9h às 20h
    Goethe-Institut Porto Alegre – Rua 24 de outubro, 112
    Inscrições:
    Estudantes, associados Clube dos Editores/RS e AGES • R$80,00
    Público em geral • R$120,00
    Inscrições • www.clubedoseditores.com.br

  • Santander demitiu quatro por informe alarmista

    O banco Santander demitiu quatro funcionários – e não apenas um, como se imaginava até agora – por causa do polêmico informe distribuído a clientes VIPs em julho, no qual descreve a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) como uma ameaça à economia do país.
    Enviada a correntistas de alta renda, a análise provocou reação do governo e do PT, que falaram em terrorismo eleitoral e em boicote contra o banco. O Santander assumiu ter cometido um erro e pediu desculpas publicamente.

  • Avós ainda procuram 400 netos desaparecidos na Argentina

    A identificação do neto de Estela Carlotto, a presidente das Avós da Praça de Maio, tomou as manchetes na Argentina nestes dias.
    O movimento, que já mereceu prêmios internacionais, já ajudou a recuperar a identidade biológica de 114 bebês roubados durante a ditadura argentina (1976-1963).
    Estela Carlotto tem 83 anos. Sua filha, Laura Carlotto, mãe do menino agora recuperado teria hoje 60 anos, se não tivesse sido assassinada aos 24, na prisão.
    O neto, hoje com de 36 anos, até segunda-feira passada, se chamava Ignacio Hurban – nome dado por seus pais adotivos – Clemente Hurban, trabalhador rural e sua esposa Juana.
    Agora é Guido Montoya Carlotto. Guido é o nome que sua mãe lhe deu, embora só a tenham deixado passar cinco horas com ele. E Montoya é o sobrenome de seu pai biológico, Walmir Oscar Montoya.
    O neto preferia se manter no anonimato pelo menos durante algum tempo. Mas a juíza encarregada de fiscalizar as diligências nos exames de DNA revelou seu nome na mesma terça-feira em que se soube que ele era neto biológico da presidenta das Abuelas.
    Na quinta-feira, a sede portenha das Avós continuava recebendo dezenas de telefonemas de pessoas que desejam se submeter aos exames de DNA.
    Até agora, só 5 dos 114 netos recuperados se apresentaram voluntariamente para terem seu DNA comparado ao das avós.
    A imensa maioria dos achados foi produto de longas investigações. “Esse caminho é mais comprido”, dizia um funcionário da instituição, “mas também você tira dos netos o peso da culpa que possam sentir”.
    A história dos bebês roubados de mulheres presas pela ditadura militar é uma das páginas mais negras da ditadura argentina. Alguns netos se sentiram culpados por desmascarar o grande equívoco de que foram vítimas. Ao falar a verdade, acusaram à Justiça as pessoas que os criaram.
    Segundo o levantamento feito pelo movimento das Avós da Praça de Maio. ainda restam 400 crianças (hoje adultos com mais de 30 anos) que precisam ser localizados.
    Laura de Carlotto e Walmir Oscar Montoya, eram dois guerrilheiros do grupo Montoneros sequestrados e assassinados durante a ditadura militar (1976-1983).
    Em julho de 2012 havia 105 netos recuperados. ENos últimos dois anos, portanto, foram localizados nove.

  • Estupro mancha imagem das Unidades Pacificadoras no Rio

    As 38 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas desde dezembro de 2008 em várias favelas do Rio de Janeiro estão definitivamente no olho do furacão.
    Depois de vários casos de corrupção e violência desenfreada que já vinham manchando a imagem de diversas unidades, o contingente pacificador destacado na favela do Jacarezinho, uma área da zona norte do Rio outrora conhecida como Faixa de Gaza, é agora alvo de uma denúncia de estupro tendo como vítimas três jovens de baixa renda, uma delas menor de idade.
    Segundo as vítimas, o crime foi cometido na madrugada de terça-feira por quatro agentes que já estão sob prisão preventiva e que serão julgados por tribunais da Polícia Militar.
    Dessa maneira, o mesmo projeto que surgiu sob a aprovação quase unânime dos principais especialistas em segurança pública enfrenta hoje uma crescente resistência por parte de um setor nada desdenhável das favelas ocupadas, e a nova denúncia solapa ainda mais a sua credibilidade.
    “É um incidente muito grave, que demonstra que a relação entre a polícia e essas comunidades está muito longe do objetivo inicial do projeto das UPPs”, opina o sociólogo Ignacio Cano, especialista na questão da violência.
    Diante da gravidade do fato, a Polícia Militar se apressou em emitir uma nota afirmando que “as medidas adotadas serão rigorosas, incluindo a prisão e a possível expulsão da instituição [dos autores do crime, uma vez que se confirme sua culpa].
    O comando da PM lamenta o episódio e repudia esse crime bárbaro, ressaltando que não coincide em nada com o comportamento que se espera de um policial”, conclui a nota.
    “É uma reação positiva, já que se abre a possibilidade de uma investigação, algo que não tem sido frequente na Polícia Militar. Isso é fundamental para que se acredite no sistema e para que as pessoas continuem denunciando esses crimes”, comenta Cano.
    Já a socióloga Jacqueline Pitanguy, coordenadora-executiva da ONG Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (Cepia), afirma que “quando quem comete esse delito é um agente do Estado, a mulher passa a ser triplamente vulnerável, já que é muito mais difícil que sua denúncia chegue a bom porto e, o mais preocupante, que ela não sofra represálias”.
    A agressão relatada pelas vítimas, que já identificaram os agressores entre 60 agentes apresentados para reconhecimento, aconteceu a poucos metros de umas das vias ferroviárias que cruzam a favela do Jacarezinho. Ali costumam se reunir consumidores de crack, fazendo dessa zona uma das cracolândias mais conhecidos da zona norte carioca. As operações policiais e de agentes sociais são permanentes na região, embora até agora não tenham conseguido acabar com o acampamento improvisado de consumidores.
    Segundo os primeiros relatos, uma patrulha de seis agentes se aproximou das jovens e as obrigou a irem até um local próximo, onde o estupro coletivo teria ocorrido. O Instituto Médico Legal (IML) do Rio submeteu as vítimas a perícia para determinar a autoria do crime. Os soldados Gabriel Machado Mantuano, Renato Ferreira Leite, Wellington de Cássio Costa Fonseca e Anderson Farias da Silva, todos com menos de três anos de serviço na Polícia Militar, encontram-se detidos no presídio militar de Benfica, no Rio do Janeiro. Só um deles confirmou o estupro.
    O episódio põe sobre a mesa o debate a respeito da violência sexual, frequentemente ofuscado pelas notícias de tiroteios, homicídios e autos de resistência no Rio de Janeiro. Pitanguy acredita que “enquanto o tráfico de drogas imperava nas favelas atualmente ocupadas pelas UPPs, as mulheres estavam mais indefesas. Uma vítima de violência doméstica ou sexual dificilmente podia sair da comunidade e denunciar [o caso] à polícia”.
    Segundo dados contabilizados no Dossiê Mulher, elaborado anualmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, o número de estupros no Estado vem crescendo exponencialmente desde 2008. Em 2012 (6.029 casos), 82,8 % das agressões sexuais tiveram como vítimas mulheres, a maioria entre 5 anos e 19 anos de idade, brancas ou pardas, e solteiras. De acordo com Cano, “não se sabe se esse aumento se deve ao fato de que as pessoas denunciam mais ou à ocorrência de mais estupros”.
    Pitanguy acrescenta que “a partir do momento em que a violência sexual tem uma maior visibilidade pública e passa a ser um fenômeno descrito nas estatísticas criminais, já estamos diante de um avanço. O mais perigoso é quando é invisível, quando não é contabilizada e quando não há espaços para denúncia. Durante muitas décadas, no Brasil, essa era a situação”. (Reportagem El Pais)

  • Tarso critica a mídia mas não fala em "lacerdista"

    O jornalista Carlos Lacerda – proprietário, diretor e editor do jornal Tribuna da Imprensa na década de 1950, é autor de uma frase que ficou famosa e explica a expressão hoje utilizada “mídia Lacerdista”.
    Antes da eleição de Getúlio Vargas à presidência, em outubro de 1950, Lacerda publicou em seu jornal a mensagem mais golpista que o país conheceu, conforme o jornalista Mário Magalhães em seu livro Marighela.
    Escreveu Lacerda: “O sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer a revolução para impedí-lo de governar”.
    O jornal, graças ao talento oposicionista de Lacerda, foi aos poucos se tornando um dos principais palanques políticos da UDN na imprensa e um instrumento poderoso para a construção de um discurso radicalmente oposicionista em relação à esquerda daquela época, representada pelos comunistas e o reformista Getúlio Vargas e seus “herdeiros”.
    Para atacá-los, Lacerda não hesitava em recorrer ao sensacionalismo e, até, a forjar dossiês e grandes denúncias.
    Declarações do governador Tarso Genro, na Federasul, nesta quarta-feira, 6, e publicadas no site do Jornal Já repercutiram na imprensa local exatamente pela expressão “mídia Lacerdista”, atribuída ao governador do Estado.
    Foi um equívoco. Tarso, de fato, acusou a grande mídia de “fazer oposição ao PT”, mas não falou em “mídia lacerdista”.  A expressão foi utilizada pelo redator da notícia. (Sérgio Lagranha).

  • Milícia controlava condominios do Minha Casa Minha Vida

    A polícia apresentou hoje à imprensa uma milícia controlava pelo menos seis condomínios construídos pelo programa de habitação do governo federal Minha Casa, Minha Vida, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
    Uma investigação conduzida pelo Ministério Público levou à prisão do bando, nesta quinta, 7. O delegado Alexandre Capote, que coordenou as operações, informou que controle do grupo se estendia a 1.600 unidades habitacionais, atingindo cerca de 5 mil pessoas.
    A quadrilha obrigava os moradores a pagar por segurança, taxa extra de luz, televisão a cabo clandestina e cestas básicas (vendidas pelo triplo do preço de mercado).
    Quem se negava a pagar à quadrilha era expulso do condomínio. Os imóveis das pessoas expulsas eram alugados ou vendidos.
    “Os síndicos desses condomínios foram cooptados e, a partir dessa cooptação, eles conseguiram extorquir, expulsar e assassinar moradores com o fim de revender esses imóveis conquistados por aquelas pessoas”, disse Capote.
    De acordo com a polícia, os moradores expulsos continuavam a pagar à Caixa Econômica Federal, mas não podiam voltar para seus apartamentos.
    Aqueles que tentavam recuperar os pertences deixados no imóvel eram espancados ou até mortos. As pessoas que compravam os apartamentos tomados pela milícia não tinham nenhum documento oficial de propriedade. A Caixa Econômica Federal, responsável pelos financiamentos dos imóveis, não quis comentar o caso.
    A Justiça expediu mandados de prisão preventiva contra 27 pessoas, entre elas dois homens já presos, suspeitos de comandar o grupo: os ex-policiais militares Toni Ângelo Souza Aguiar, preso em julho de 2013, e José de Lima Gomes, preso ontem.
    Até o final da manhã, 19 pessoas haviam sido presas, entre elas um homem flagrado com uma pistola tentando ajudar um dos suspeitos a fugir.
    Dos 27 suspeitos, cinco são policiais militares, quatro ex-policiais militares, um bombeiro, um policial civil, um agente penitenciário e um militar. As corregedorias das polícias e da Secretaria de Administração Penitenciária ajudaram nas investigações.
    (Da Agência Brasil)
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  • Tarso Genro diz que toda a grande mídia é de oposição ao governo

    O governador do RS Tarso Genro, candidato a reeleição, disse que toda a grande mídia é oposição ao governo liderado pelo PT e isto não é uma ofensa, mas uma opção política. “As grandes redes defendem os interesses da iniciativa privada e são contrárias as estatais, investimentos na qualificação da máquina pública, mecanismos de participação popular como os conselhos populares e gabinete digital, um Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem/RS) descentralizado e aberto as pequenas e médias empresas.” Ressalta que o governo não é contra as Parcerias Público-Privadas (PPPs), mas o negócio deve privilegiar o interesse público e não somente determinadas empresas.
    Ele cita o exemplo do Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) criada em seu governo, que não renovou os contratos com empresas privadas que controlavam a arrecadação de diversos pedágios. A partir daquele momento todas as estradas sob controle da EGR passaram a ser intransitáveis, conforme a mídia Lacerdista.
    “Na realidade a Empresa Gaúcha de Rodovias tem 18 equipes trabalhando na recuperação e restauro em cerca de de 900 quilômetros de estradas que estão sob o seu cuidado e executa as melhorias com o dinheiro arrecadado em 14 praças de pedágio. No entanto, esta postura não é pessoal, contra o governador, mas porque eles querem que os pedágios fiquem nas mãos da iniciativa privada”, observou.
    Tarso explicou que o projeto que cria o Conselho Estadual de Comunicação, está parado desde 2012 na Casa Civil porque não tem maioria na Assembleia Legislativa e seria derrubado caso fosse à votação. “Integrantes da própria bancada do PT não querem se indispor com a mídia e preferiram não provocá-la neste momento”, acrescentou.
    O Conselho Estadual de Comunicação é uma instância pública e de caráter independente, como órgão consultivo, de assessoramento e aconselhamento do Poder Executivo. O caráter de instância pública independente será assegurado pela presença, em sua composição, de representantes da sociedade civil.
    Em sua palestra nesta quarta-feira, 6, no Tá na Mesa da Federasul, Tarso falou sobre os números de seu governo e a dívida pública. Segundo ele, para ampliar os investimentos e acelerar o crescimento do RS é necessária a aprovação, pelo Senado Federal, do Projeto de Lei Complementar nº 99/2013, que trata da renegociação da dívida de Estados e municípios com a União, e que irá permitir ao RS, já a partir de 2015, abrir um espaço fiscal para novas contratações de financiamento para investimentos, além de sair de um pagamento de dívida por prazo indeterminado para, enfim, encerrá-la em 2027.
    Questionado sobre a posição contrária ao projeto pelo Banco Central, disse que é natural esta manifestação por parte da área financeira, “mas o governo se comprometeu com o projeto e isso me fez aceitar ser candidato a reeleição.”
    Disse, ainda, que as reformas Tributária e Política precisam passar no Congresso, mas lembrou que São Paulo é contra a primeira e os estados do Nordeste, contra a segunda. “Estas reformas só acontecerão se houver a união dos demais estados.”
    O Tá na Mesa, da Federasul, terá ainda como palestrantes para falar sobre os desafios do Rio Grande, José Ivo Sartori, candidato ao Governo do Estado pela coligação “O novo caminho para o Rio Grande” (PMDB / PSD / PPS / PSB / PHS / PT do B / PSL / PSDC), em 13 de agosto. Nas quatro semanas seguintes os palestrantes serão os candidatos ao Senado pelas mesmas coligações: Olívio Dutra (PT), em 20 de agosto; Lasier Martins (PDT), 27 de agosto; Simone Leite (PP), 3 de setembro, e Beto Albuquerque(PMDB), 10 de setembro.
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