Categoria: Geral

  • Pedágio é tema quente na Assembleia hoje

    O tema do grande expediente na Assembleia Legislativa hoje (08/03) é polêmico: pedágios. Os contratos com seis concessionárias de rodovias para pedagiar 1.800 quilômetros no Rio Grande do Sul começam a vencer em fevereiro de 2013 , depois de 15 anos. O assunto foi proposto pelo deputado Alceu Barbosa, do PDT. Ele é de Caxias do Sul, é um dos fundadores da Associação dos Usuários de Rodovias Concedidas (Assurcon), foi vereador com essa bandeira e se elegeu deputado em 2010 com   mais de 40 mil votos. Ele vai denunciar o que considera “tentativas que o governo do Estado  está fazendo para prorrogar os atuais contratos”.
    Leia a reportagem: Pedágios, a Crise Anunciada, no jornal JÁ, que está nas bancas.
    Concessionárias querem indenização de R$ 3 bilhões
    O  número conhecido até agora (R$ 1,7 bilhão) corresponde às perdas apenas das três empresas do consórcio Univias (Metrovias, Convias eSulvias). As outras três concessionárias ainda não divulgaram seus números. Considerando-se que as três do Univias tem 66% do negócio,   deduz-se que o total do “desequilíbrio” que elas alegam vai chegar aos R$ 3 bilhões.
    Leia a reportagem completa no jornal Já, nas bancas.
  • TJRS manda retirar símbolos religiosos dos prédios da Justiça gaúcha

    O Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) determinou, em decisão unânime, a retirada de crucifixos e demais símbolos religiosos dos espaços públicos dos prédios do Poder Judiciário gaúcho. A decisão acatou pedido de diversas entidades de defesa da igualdade de direitos, em especial em relação às questões de gênero, como as organizações não governamentais (ONGs) Liga Brasileira de Lésbicas, Rede Feminista de Saúde, Somos, Nuances, Marcha Mundial das Mulheres e Themis.
    O desembargador Cláudio Baldino Maciel, relator do processo, defendeu, em seu voto, que julgamentos feitos em uma sala de tribunal “sob um expressivo símbolo de uma igreja ou de sua doutrina” não parece a melhor forma de mostrar “um Estado-juiz equidistante dos valores em conflito”.
    E garantiu que não se trata de defender uma posição ateísta. “Trata-se da garantia da liberdade religiosa de todos, inclusive dos não crentes”, disse o magistrado. “O cidadão judeu, o muçulmano, o ateu, ou seja, o não cristão, é tão brasileiro e detentor de direitos quanto os cristãos”, acrescentou.
    O desembargador disse ainda que não há lei que preveja ou disponha sobre a presença de símbolos religiosos em espaços do Judiciário abertos ao público, mas que a Constituição, implicitamente, veda essa exposição.
    O pedido das ONGs foi fundamentando no Artigo 19 da Constituição Federal, que veda à União, estados e municípios manter relações de dependência ou alianças com igrejas e, também, no fato de o Brasil ser um Estado laico. O processo foi movido como recurso à decisão de dezembro do ano passado, da antiga administração do TJRS. Na época, a Justiça gaúcha não acolheu o pedido por entender que a exposição de crucifixos nas salas do tribunal não caracterizava postura preconceituosa.
  • Dirigentes da Agergs processados por retaliação à testemunha

    O presidente e cinco conselheiros da Agência Reguladora do Rio Grande do Sul (Agergs) estão sendo processados pelo ministério público por “retaliação à testemunha”, por terem tentado demitir a então diretora de qualidade da agência, Denise Zaions, depois de seu depoimento na CPI dos Pedágios, em 2007.

    Depoimento de Denise Zaions, em 2007. Por ter falado ela perdeu cargo na Agergs.

    A ação corre em segredo de Justiça sob o número 11000978444 e no site do tribunal só aparecem as iniciais dos envolvidos. O JÁ apurou que são Manoel Maria dos Santos (M.M.S.), presidente da Agergs e os conselheiros Guilherme Socias Vilella (GSV), Pedro Bisch Neto (P.S.B.N), Ricardo Pereira da Silva (R.P.S) e Rosa Maria de Campos Anovich (RMCA).  O autor da ação é o promotor de justiça da defesa do Patrimônio Público Eduardo Bernstein Iriart.
    A economista Denise Zaions confirmou ao JÁ a existência do processo, mas em virtude do segredo de Justiça, não quis entrar em detalhes. E fez questão de dizer que o processo foi iniciativa do Ministério Público.
    Em seu depoimento à CPI, em outubro de 2007, Denise apresentou a gravação de duas conversas em que era aconselhada a omitir informações. Disse também que a Agergs defendia o interesse das empresas e que vários itens das normas de fiscalização foram retirados, como a avaliação dos preços do mercado e a contagem dos veículos, porque não eram do interesse das concessionárias. Citou uma pesquisa feita em 2005/2006 em que foi constatado que mais de 500 quilômetros examinados não atendiam ao padrão de qualidade estabelecido nos contratos. “Estavam descumprindo os contratos e mantendo as tarifas. E a Agergs nada fez”.
    Após o depoimento, a economista foi afastada do cargo que exercia desde 2004 e foi submetida a uma sindicância, depois um processo por improbidade administrativa visando sua demissão “a bem do serviço público”. Na Procuradoria Geral do Estado as acusações foram julgadas improcedentes e a funcionária reintegrada. Em seguida, o Ministério Público deu início à civil pública contra os cinco conselheiros envolvidos no processo para demitir Denise Zaions, por “retaliação à testemunha”. Hoje, Zaions está lotada na secretaria da Administração.
    Matéria completa na edição impressa do Jornal Já.
    Confira as principais reportagens:
    Pedágios: Concessionárias vão pedir R$ 3 bilhões de indenização.
    Governo: Déficit público é o grande desafio de Tarso Genro no segundo ano de mandato.
    Internet: a misteriosa morte de “Mosquito”, o blogueiro que desafiava poderosos em Florianópolis.
    O jornal pode ser encontrado nas seguintes bancas:
    Banca do Julio – dentro do Mercado Público;
    Banca Glênio Peres – no Largo do Mercado;
    Banca Borges – em frente ao Paço Municipal e à Banca Glênio Peres;
    Banca do Julio La porta – Alfândega, em frente ao McDonalds;
    Banca da Sete – Sete de Setembro, quase Caldas Junior;
    Banca do Clovis – Borges 915, em frente à ARI;
    Banca da CRT – Salgado Filho, 49.

  • A pátria gaúcha em preto, branco, e a cores

    O ensaio fotográfico Pátria Gaúcha – lançado, recentemente, na Fundação Iberê Camargo, pela Portfólio Design – reúne alguns trabalhos de 16 profissionais que registraram imagens de paisagens urbanas e rurais de diversas regiões do Rio Grande do Sul.
    A publicação também inclui textos de Tabajara Ruas – cheios de lirismo, metáforas, simbolismos – que servem para introduzir os espaços geográficos enfocados, conferindo-lhes uma profunda e orgânica identidade cultural.
    A obra de 220 páginas – cujo acervo, originalmente, foi destinado a calendários temáticos – contou com a curadoria de Rogério Reis, a batuta editorial de Marília Vianna, e a coordenação executiva de Pedro Longui, da Telos.
    As imagens – cidades, montanhas, campos – são belíssimas e de alta qualidade como se poderia esperar de um time de fotógrafos com essa escalação: André Abdo, Celso Chittolina, Clovis Dariano, Cris Berger, Eneida Serrano, Eurico Salis, Fernando Bueno, Flavio Dutra, Guto de Castro, Leonid Streliaev, Leopoldo Plentz, Luiz Carlos Felizardo, Luiz Eduardo Achutti, Marcos Luconi, Nede Losina e Raul Krebs.
    De Leopoldo Plentz, por exemplo, têm-se imagens de Jaguarão, destacando a Ponte Internacional Mauá, construída em 1930, o casario antigo, e também as lidas de campo.  Autor de inúmeros trabalhos sobre a fronteira, ele não esconde seu fascínio por esta região “onde as pessoas misturam o português e o espanhol, e trocam mercadorias, e culturas, tornando aquele espaço bastante singular”.  Plentz salienta que a Pátria gaúcha é um importante resgate imagético e histórico do Rio Grande do Sul, um estado tão carente deste tipo de publicação.

    Homens no campo / Foto: Leopoldo Plentz
    Homens no campo / Foto: Leopoldo Plentz

    A síntese do pampa foi enquadrada pelas lentes de Leonid Streliaev, este descendente de imigrantes russos que lhe ensinaram a gostar daquela paisagem – composta por uma imensidão verde e de coxilhas sinuosas, falsamente monótonas – que, segundo seu pai, lembrava certas partes da Sibéria, “mas não o clima”, brinca. Streliaev fotografou Bagé, seus campos e seus gaúchos monarcas.
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    Afinal, no pampa, como diz a lenda, vivem os centauros que gostam de churrasco de carne gorda, corridas de cancha reta, belas piguanchas e, claro, de uma boa briga.
    Já Luiz Eduardo Achutti produziu imagens que abrangem parte da região serrana – área de Caxias do Sul – enquadrando grandes planos de sua bonita cascata e parreirais. Também detalhou interiores de casas e galpões, com suas cestas, ferramentas, bigorna, cortinas e artefatos de cozinha. Trata-se de conjunto que confere um olhar antropológico sobre o mundo do trabalho e da figura do colono italiano, e que remetem a questões como a imigração e a construção de identidades, temas caros a Achutti: “talvez isso se deva a minha própria origem – italiana, alemã, árabe – que já é um cruzamento de culturas”, explica.
    Bigorna / Foto: Luiz Eduardo Achutti
    Bigorna / Foto: Luiz Eduardo Achutti

    Desde o século XIX que homens, através de suas câmeras, captam imagens do Rio Grande do Sul. Dos pioneiros Luiz Terragno e Virgílio Calegari até chegar ao grupo inserido em Pátria gaúcha se passaram mais de 150 anos. Mas o perfil aventureiro dos que encararam esta profissão é o mesmo, enquadrando-se naquilo que Tabajara Ruas denomina de anticaçador, pois, segundo o escritor, o fotógrafo não mata: “ele gera. E gera um outro tipo de vida, fruto da união dele, homem, com a máquina. Isso acontece apenas num instante, numa minúscula parcela de tempo, quando a luz desce sobre ele e sussurra: é agora. Só ele sabe o momento, porque, entre os mortais, só os fotógrafos possuem o dom de falar com a luz”.

  • Revitalização do entorno da arena do Grêmio ainda depende de verbas

    A Prefeitura entregou, neste dia 28/02, à Caixa Econômica Federal, o projeto da primeira fase do sistema viário que compreende o entorno da Arena do Grêmio, localizado no bairro Humaitá.
    A Emenda Parlamentar, da bancada gaúcha, foi de R$ 20 milhões, porém a União empenhou apenas R$ 8,7 milhões, sendo mais R$ 1 milhão o valor da contrapartida do município. O projeto para ter funcionalidade custa R$ 15.349.274,54, exigindo a busca de mais recursos pelo executivo municipal.
    Serão contempladas neste Projeto, parte da Avenida Voluntários da Pátria, Rua Padre Leopoldo Brentano e a construção da Rua 1 (obra viária que fará o contorno da Arena).
    Conforme o secretário de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Urbano Schmitt, o Projeto que está sendo entregue á Caixa, depois de analisado, em seguida será licitado. “A meta da Prefeitura é assinar o contrato com a empresa vencedora da licitação, antes de junho de 2012, em razão do prazo estabelecido pela legislação eleitoral para as obras públicas”, enfatizou o secretário.
    Urbano salientou que a duração da obra é de cerca de um ano, mas a parte básica para viabilizar a mobilidade urbana de entorno da Arena estará em condições de inaugurar o novo estádio do Grêmio no final deste ano.
    O secretário de Gestão estará, nesta quarta-feira, 29, em Brasília participando de reunião com a bancada gaúcha e o DNIT, com objetivo de conseguir mais recursos para revitalização do bairro Humaitá.

  • Passarela da rodoviária de Porto Alegre é reaberta

    A prefeitura reabriu hoje, 17/02, a passarela próxima da rodoviária da Capital. Dois meses após se interditada devido à colisão de um caminhão que danificou a estrutura. Em paralelo, também foi realizado a substituição do guarda-corpo de concreto por metálico.
    Até o final do mês de fevereiro será concluído o acabamento superficial das partes recuperadas. Neste fim de semana e no feriado a EPTC irá monitorar o trânsito para a execução dos trabalhos.
    Segundo o prefeito Fortunati, a obra estrutural teve que ser realizada de forma emergencial e, aliada aos novos guarda-corpos, dará segurança na travessia dos pedestres. “A prefeitura investiu quase R$ 450 mil; agora é necessário que as pessoas utilizem a passarela.
    Ela é a forma mais segura de chegar do outro lado”, afirmou o prefeito ao lembrar que essa atitude depende da conscientização da população e que agentes de trânsito farão a orientação dos pedestres.
    O investimento para recuperação da estrutura danifica pelo caminhão foi de R$ 196.533,89. Já a substituição do guarda-corpo de concreto por corrimãos metálicos representou um investimento de R$ 250.555,75.

  • Obras do Parque da Orla do Guaíba começam em julho

    Entregar a proposta com diretrizes do projeto e iniciar a liberação do Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) para revitalização da Orla do Guaíba. Esta foi a pauta de reunião realizada na tarde de hoje, em Porto Alegre. Com a presença do arquiteto Jaime Lerner, responsável pela elaboração do projeto, do prefeito  José Fortunati e secretários municipais. A ideia central é transformar a orla do guaíba em um grande parque aberto ao público 24 horas por dia, disse Jaime Lerner.
    A revitalização total será até a foz do arroio Cavalhada, na avenida Diário de Notícias, abrangendo 5,9 quilômetros. A expectativa é que as obras do primeiro trecho, qua vão da Usina do Gasômetro até a primeira curva da Avenida Beira Rio, iniciem até junho e estejam concluídas até o final do ano. A proposta inclui o desenho do passeio de pedestres, terminal turístico para barcos de passeio, calçadão, ciclovia, banheiros, quadras esportivas, instalação de bancos e quiosques, entre outras inovações criadas pelos projetistas.
    O prefeito destaca ainda que um dos pontos alto do projeto é a iluminação proposta, “o porto alegrense aproveitará a orla durante dia e noite”, disse Fortunati antes da reunião.
    Parcerias
    Fortunati disse também que a primeira etapa será paga com dinheiro da prefeitura. Para as demais etapas, a prefeitura poderá procurar uma parceria pública privada. Ainda não há um orcamento definido para o projeto. A licitação para o primerio trecho deverá estar pronta até o final de março.
    Em relação aos comerciantes que já usam quiosques na beira do guaíba, estes serão contemplados com novas instalaçãoes , e que há princípio mais nenhuma concessão será dada. Atualmeten 19 quiosques ocupam o trecho entre o gasômetro e o Arroio Dilúvio.
    Em 30 de janeiro, Fortunati esteve em Curitiba, quando conheceu a ideia inicial para os primeiros 1,5 mil metros. Naquele encontro com Lerner, Fortunati revelou-se satisfeito com a apresentação das propostas. “O projeto é surpreendente, irá permitir que a população de Porto Alegre seja recebida pela orla com muita qualidade. Os porto-alegrenses terão um local extremamente atrativo”. Na ocasião, o arquiteto Jaime Lerner disse que “nossa proposta é os passeios em nada interromperem a vista para o lago, porque a melhor vista de Porto Alegre é olhando o pôr-do-sol no Guaíba”.
    O arquiteto Jaime Lerner foi contratado para desenvolver uma proposta de revitalização unificada para os 5,9 quilômetros da orla, O contrato entre a prefeitura de Porto Alegre e o escritório de Jaime Lerner foi assinado dia 16 de dezembro. A equipe de Lerner é responsável por desenvolver o plano conceitual para o Parque Urbano da Orla do Guaíba e também os projetos executivos de arquitetura e paisagismo da primeira etapa de execução, que compreende o trecho entre a Usina do Gasômetro e a primeira curva da avenida Beira Rio, sentido centro-bairro.

  • Para onde vai a União Européia?

    Daniel Vernet

    A União Européia enfrenta uma tripla crise: financeira, econômica e política. Não é a primeira vez, e a própria história de construção dessa união foi gerada através de crises, sempre tendo como estratégia a paz e a prosperidade. Mas, depois de 2007, em decorrência das subprimes (bolha imobiliária) americana e, no momento atual, da quase falência grega, a crise parece mais grave do que as outras. Para o ex-diretor de redação do Jornal Le Monde, Daniel Vernet, a pergunta é se: “essa crise vai reforçar ou destruir a União Européia?”
    Um grande e suarento público assistiu, atentamente, ontem (quarta, 08), no Studio Clio, a palestra do jornalista francês Daniel Vernet, editor do site político Boulevard Exterieure, que veio a Porto Alegre a convite da Aliança Francesa.
    Vernet analisa que a crise grega é profunda, mas não significa uma sentença de morte para o projeto europeu: “agora, neste momento, há negociações em Atenas para saber se os países da União Européia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) vão conceder uma ajuda de 130 bilhões de Euros a Grécia”.
    Segundo o jornalista, os 16 países da zona euro estão diante de um problema que não havia sido cogitado quando a moeda única foi criada em 1992, por ocasião do Tratado de Masstricht. Nele ficou estabelecido que – em relação ao PIB de cada país membro – o déficit orçamentário não deveria ultrapassar três por cento e a divida global poderia alcançar no máximo 60 por cento. “Ora, a Grécia chegou a uma situação de quase falência com um déficit de 13 por cento e um divida global equivalente a 160 por cento do PIB. Então, o dilema: salvar a Grécia, acarretando que todos paguem por um problema dos gregos; ou não, correndo-se aí o risco de levar a crise aos demais países da zona do euro”, destacou Vernet.
    Ele acrescenta que deverá ser criado um Fundo Monetário Europeu, nos moldes do FMI, mais flexível e abrangente do que o Banco Central Europeu (inspirado no Deutche Bundesbank), o que permitirá a realização de empréstimo de dinheiro aos países da zona euro.
    Para ele, o problema da Europa é a falta de competitividade em comparação a países emergentes, como o Brasil. Claro, há exceções, caso da Alemanha, que tem um excedente em sua balança comercial de 200 bilhões de euros, enquanto a França, ao contrário, tem um déficit de 70 bilhões de euros. Entretanto, Vernet salienta que a situação alemã não é imutável: “o superávit alemão se deve ao mercado europeu. A Alemanha tem um déficit de 22 bilhões de euros em relação à China. Isso quer dizer que se a Europa afundar a Alemanha vai junto. Portanto, o modelo alemão, de extremo rigor orçamentário, é discutível”, enfatizou Vernet.
    Por outro lado, ele aponta que a crise política remete a uma crise de valores como, por exemplo, em relação ao desejo de integração entre os próprios países membros da União Européia, embora isso ocorra com intensidades diferentes. “Por outro lado, há nações que, apesar de tudo, ainda percebem a União Européia como uma zona de paz e prosperidade, caso da Croácia, que em 2013, se tornará o membro número 28”, ponderou.
    Essa crise de valores, segundo o jornalista, explica o crescimento do populismo, cujos aderentes colocam a integração e a moeda única como responsáveis pela maior parte dos problemas.
    E o que irá acontecer com a União Européia nos próximos anos?
    Embora não se possa descartar a implosão da União Européia, Vernet aposta numa hipótese mais otimista, que compreenderia “o estabelecimento de uma federação, com governo e parlamento democrático representando o conjunto da população européia, com uma espécie de senado que representaria os estados nacionais”.
    Em todo o caso, a União Européia dificilmente conseguirá para os seus membros o padrão de prosperidade e bem-estar social construído entre 1957 e 1987, período denominando como “os 30 anos gloriosos”, e que (após o final da guerra fria e a queda do muro de Berlim), achou-se possível expandir para os países da Europa do leste e central. “Mas o outro fundamento, a paz, parece estar mais garantido”, concluiu Vernet.
    Por Francisco Ribeiro

  • Supremo mantém competência do CNJ para investigar magistrados

    O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem total independência para investigar juízes, segundo definiu por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros entenderam que a Corregedoria do CNJ pode iniciar uma investigação contra magistrados – ou reclamar processo administrativo já em andamento nas cortes locais – sem precisar fundamentar essa opção.
    Estava em pauta o ponto mais polêmico da Resolução 135 do CNJ, que foi questionada pela Associação dos Magistrados Brasleiros (AMB). O Artigo 12 da resolução determina que o CNJ pode atuar ao mesmo tempo em que as corregedorias locais e que as regras de cada tribunal só valem se não entrarem em conflito com o que determina o órgão de controle nacional.
    Todos os ministros entenderam que o CNJ tem prerrogativa de chamar para si processos “esquecidos” nas corregedorias locais, já que muitos desembargadores não se sentem à vontade para investigar os próprios colegas. O colegiado divergiu, no entanto, sobre as situações em que o conselho pode fazer isso e se ele deve fundamentar a adoção dessa medida.
    Para o relator Marco Aurélio Mello, o CNJ pode se sobrepor às corregedorias nacionais apenas se for verificado que elas atuam com inércia, simulação da investigação, procrastinação ou ausência de independência. “Não podemos conceber que possa o CNJ pinçar aleatoriamente as reclamações que entenda que deva julgar, ou pelo [magistrado] envolvido, fulminando de morte o princípio da impessoalidade ou pela matéria, desafiadora ou não, sob o ângulo intelectual”.
    Os ministros Ricardo Lewandowski, Luiz Fux, Celso de Mello e Cezar Peluso também entenderam que o CNJ precisa explicar por que está se colocando à frente das corregedorias locais. Para Lewandowski, desobrigar o CNJ a dar motivos para ações investigativas é algo inédito na administração pública, onde todos os atos precisam ser fundamentados. Peluso reclamou do fato de o CNJ precisar interferir em processos locais sem atacar o origem do problema, que segundo ele, é a alegada ineficiência das corregedorias locais.
    A divergência ficou com os ministros Gilmar Mendes, que já presidiu o CNJ, Carlos Ayres Britto, próximo presidente do conselho, além de Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Antonio Dias Toffoli. Todos votaram pela independência total do CNJ, cujos atos podem ser questionados no STF caso a parte interessada sinta-se prejudicada, como já vem ocorrendo desde a criação do conselho, em 2005.
    Segundo Mendes, o CNJ sempre terá um motivo para atuar à frente das corregedorias locais, mas exigir a motivação expressa é uma formalização desnecessária. Ayres Britto entendeu que o CNJ só deve satisfação a si mesmo. “Uma coisa é declinar da competência [de começar uma investigação], e outra coisa é se ver privado da competência”, ressaltou o ministro.
    Rosa Weber e Cármen Lúcia entenderam que o CNJ editou a resolução para evitar que cada tribunal atue de forma diferente na apuração de desvios cometidos por magistrados. Weber ressaltou que essa regra nacional só foi necessária porque, até agora, não se editou uma nova Lei Orgância da Magistratura (Loman) com os dispositivos a serem seguidos pelas corregedorias de todo o país.
    Joaquim Barbosa usou seu voto para fazer ataques aos detratores do CNJ. “As decisões do conselho passaram a expor situações escabrosas do seio do Judiciário nacional. Aí, veio essa insurgência súbita a provocar toda essa reação corporativa contra um órgão que vem produzindo resultados importantíssimos no sentido da correição das mazelas do nosso sistema de Justiça”.

  • Música latino-americana e caribenha no FST

    O MusicAmerica, um dos projetos da Associação Cultural José Marti do RS, traz a Porto Alegre músicos do Brasil, Cuba, Nicarágua, Equador, Paraguai, Argentina e Uruguai.
    Eles interpretam canções identificadas com os direitos humanos – ambientais, culturais, sociais e políticos. Muitos deles participaram de movimentos de oposição às ditaduras em seus países e continuam apoiando iniciativas que contribuam para o fortalecimento da democracia.
    O MusicAmerica integra o show no Anfiteatro Pôr do Sol, após a Marcha de Abertura do FST. Nos dias 25 e 28 de janeiro, apresentam-se em Novo Hamburgo e São Leopoldo, respectivamente.
    Também estarão na mesa de debates sobre Produção para Inclusão Cultural, no dia 27, em parceria com a Secretaria da Cultura de São Leopoldo, e no 1º Encontro Mundial de Redes de Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva, dia 25, em Canoas, para o qual são esperados painelistas da Colômbia, Argentina, El Salvador, Uruguai, Nicarágua, Paraguai e Brasil. A confirmar, outros da Costa Rica e Cuba.
    Conheça um pouco sobre os músicos reunidos no MusicAmerica:
    Pedro Munhoz – gaúcho, há mais de 25 anos dedica-se à defesa dos direitos humanos, em especial da ecologia e da reforma agrária. Já se apresentou no Canadá, França, Itália, Portugal, Espanha e em vários países latino-americanos. Participou dos Fóruns Sociais Mundiais de Porto Alegre em 2003, 2005 e 2010.
    Raul Ellwanger – iniciou a carreira em 1966, o gaúcho destacou-se em vários festivais de música. De 1970 a 1977, exilou-se no Chile e Argentina. Em 1979, no Brasil, lançou seu primeiro LP. No ano seguinte, relançou o disco, com a participação de Elis Regina. Elwanger já dividiu palcos e estúdios com Mercedes Sosa, León Gieco e Pablo Milanés.
    Leonardo Ribeiro – também gaúcho, após exílio em Paris radicou-se em Porto Alegre, a partir de 1994. Faz frequentes turnês na Europa. Compôs várias músicas em parceria com Gonzaguinha, além de autores como Helvius Villela, Teça Calazans, Ricardo Vilas e Juarez Fonseca. Como músico e arranjador, participou de discos e shows de Wagner Tiso, Robertinho Silva, Egberto Gismonti, Teca Calazans & Ricardo Vilas e Joyce.
    Nelson Coelho de Castro – um dos destaques da geração de compositores gaúchos que despontaram nos anos 1980, lançou em 1983 o primeiro disco independente do Rio Grande do Sul. No mesmo ano, venceu o 1º Festival Latino Americano da Canção – Musicanto. No final dos anos 1990, forma um coletivo de muito sucesso ao lado de Bebeto Alves, Gelson Oliveira e Antonio Villeroy.
    Zé Martis – conta mais de 25 anos de participações em festivais, mostras coletivas, CDs, shows e eventos culturais em vários estados do Brasil e em países latino-americano como Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia e Cuba. É presidente do Conselho dos Dirigentes Municipais de Cultura do Rio Grande do Sul.
    Victor Batista – compositor, cantor, violeiro, pesquisador da Cultura Popular e ex-componente da Orquestra Mineira de Violas e dos grupos Pára -Folclóricos Sarandeiros e Conga, na UFMG. Dirigiu gravações da Orquestra e o CD do MST – “Cantares da educação do Campo”. Seu primeiro CD, “Além da Serra do Curral”. Vai se apresentar com os músicos Antonio João (Galba) e Negrinho Martins.
    Maurício Figueiral – cubano, é cantor formado em Comunicação Audiovisual, com especialização em direção de rádio, cinema e televisão. Fundador, com Adrián Berazaín, do projeto de cantautores. Pertence ao Centro Nacional de Música Popular.
    Ricardo Flecha – paraguaio, iniciou sua carreira artística com o Juglares, em 1980. Seu repertório se baseia em obras dos cancioneiros paraguaios e latino-americanos tradicionais e contemporâneos. Defende o idioma Guarani. É autor de dois volumes do “Canto de Ioskarai”, uma obra de reflexão, bilíngüe espanhol – guarani, sobre o cancioneiro latino-americano.
    Fabian Jarrin – trovador e poeta equatoriano, marca presença em festivais de seu país desde 1980. Tem compartilhado o palco com cantautores equatorianos e com nomes da Nova Trova latino-americana, como Hugo Idrovo, Jaime Guevara, Vicente Feliú, Leo Maslíah e Alejandro.
    Fabian Massuh – o equatoriano é um dos fundadores do movimento Canção do Autor Contemporânea, que transforma o cotidiano em poesia. Cantautor ligado a organizações de direitos humanos e movimentos sociais, participou de vários festivais e produziu numerosos concertos solidários. Desde 2007 produz os festivais “Canción de Autor”, que têm etapas nacional e internacional.
    Gloria Arcos – equatoriana, criou os grupos Sendero y Canto Nuevo até firmar-se como solista. Foi a primeira mulher a pisar em palcos do Equador, num cenário até então ocupado por homens. Conheceu Rick Nelson e Palo Santo, e encontrou novo sentido para a sua música através do jazz, o blues e a experimentação vocal.
    Numa Moraes – uruguaio, estudou bandonion e violão clássico. Em 1966 conheceu o poeta Washington Benavides; o trabalho conjunto durou até 2002, aliando letras de denúncia social a melodias de raiz folclórica uruguaia. Entre seus parceiros, destaca-se ainda o escritor Mario Benedetti. Em 1972, obrigado a exilar-se em Buenos Aires, depois no Chile e na Holanda, teve sua música censurada no Uruguai. Em 2008, a prefeitura de Montevidéu concedeu-lhe o título de Cidadão Ilustre, pela sua contribuição artística ao país.
    Paula Ferre – argentina, define-se como uma cantautora incapaz de colocar-se sua voz e sua criatividade a serviço de músicas desatentas à realidade. Além de suas composições, interpreta León Gieco, Víctor Heredia e Charly García, assim como grandes trovadores como Silvio Rodríguez, Pablo Milanés e Juan Manuel Serrat. Já compartilhou o palco com Mercedes Sosa, Silvio Rodríguez, Daniel Viglietti, Piero, Ignacio Copani, Julia Zenko e Adrián Abonizio, entre outros.
    Luis Enrique Mejia Godoy – músico e compositor há 40 anos, o nicaraguense começou a compor inspirado pela poesia de Ernesto Cardenal, Leonel Rugama e Carlos Martínez Rivas. Gravou 22 discos como solista, editados na Europa, Estados Unidos e América Latina. Compôs músicas para documentários em cinema e televisão. Recebeu vários prêmios na América Central, Estados Unidos e Canadá. Vai se apresentar com Manuel Guadamuz, Rigoberto Osorio, Jayron Noel Sandoval Montano e Edwin Rayo.
    Veja a programação:
    24 de janeiro de 2012, em Porto Alegre, na abertura do FST
    No Anfiteatro Pôr do Sol, 20h30.
    25 de janeiro de 2012, em Novo Hamburgo, no palco de atividades principais.
    No Pavilhão da FENAC, 20h.
    28 de janeiro de 2012, em São Leopoldo, no palco de atividades principais.
    No Centro Municipal de Eventos, das 18 às 23 h.
    (Com informações de Vânia Barbosa, na Associação Cultural José Martí do RS)