Categoria: Geral

  • Detran entrega ao MP 306 processos de motoristas suspensos

    O presidente do Detran/RS, Alessandro Barcellos, entregou ao procurador-geral de Justiça do Estado, Eduardo de Lima Veiga, e ao promotor de Justiça coordenador do Centro de Apoio Criminal, Davi Medina da Silva, 306 processos de motoristas suspensos, que após notificação pela Brigada Militar não entregaram a CNH.

    Esses motoristas poderão ser indiciados pelo crime de violação da suspensão do direito de dirigir, previsto no Código Brasileiro de Trânsito, e pelo crime de desobediência, previsto no Código Penal.
    Resultado da ofensiva iniciada em dezembro de 2010 contra os condutores suspensos que não cumpriam a penalidade, o encaminhamento dos processos administrativos ao Ministério Público para responsabilização criminal é mais uma etapa de uma série de medidas tomadas pelo Detran/RS para fazer com que esses motoristas cumpram a punição.
    Em dezembro do ano passado, um edital reuniu 10,8 mil motoristas suspensos, desde o ano de 2005 até 2010, que ignoravam a lei e continuavam circulando normalmente. Até 17 de maio de 2011, 3,4 mil motoristas tinham entregado a CNH voluntariamente.
    Dos 10,8 mil listados no edital de dezembro de 2010, 7.948 mil (73,59%) entregaram a CNH. Daqueles que iniciaram o cumprimento da penalidade, cerca de 2,5 mil já cumpriram o período de suspensão e fizeram o curso de reciclagem e 5,3 mil estão cumprindo.

  • Casa de Lutz terá anexo com elevador

    A casa onde viveu o ambientalista José Lutzenberger vai ganhar um anexo lateral, com elevador e espaço para arquivo e outros serviços.
    Tombado em março  pelo patrimônio histórico do município, o prédio de três andares, construído em 1931, está em reforma desde o ano passado.
    A conclusão está prevista para março do ano que vem. Quando estiver pronto será sede da empresa Vida, criada por Lutzenberger e hoje dirigida por sua filha Lili.
    A parte principal do prédio, que servirá como espaço cultural para eventos, será restaurada, principalmente as partes de madeira, como a escadaria, que aos longos dos anos foram destruídas pelos cupins.
    O projeto original da casa é do pai do ambientalista, o arquiteto alemão Joseph, autor de importantes obras em Porto Alegre, como o prédio da Federasul e a sede do Pão dos Pobres.
    A restauração e a reforma estão a cargo do arquiteto Flávio Kiefer.
    A casa, construída há 80 anos, está situada na rua Jacinto Gomes, no bairro Santana.
    O local foi palco de várias reuniões em defesa do meio ambiente, ali surgiu a Agapan e a Fundação Gaia – fundada por Lutzenberger em 1987.

  • Passarela na rodoviária de Porto Alegre é interditada

    A Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), interditou a passarela da Rodoviária de Porto Alegre, na noite desta terça-feira, 18, após vistoria realizada no local, como medida de precaução, pelo abalo estrutural ocasionado por choque de um caminhão com a parte inferior da passarela, que danificou a armadura da estrutura.
    A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), sinalizou o local e mantém agentes de trânsito para orientar os pedestres a realizarem a travessia para a Rua da Conceição pela passagem subterrânea da estação de trem da Trensurb.
    De acordo com a smov, a ação preventiva está sendo adotada em função de ruptura de dois cabos de proteção que têm a função de sustentar a estrutura. “Vamos manter a interdição para monitorar o local e realizar os devidos estudos para saber se a ruptura desses cabos realmente colocou a estrutura em risco. Precisamos garantir a segurança dos usuários, por isso, somente após a conclusão de laudo técnico, poderemos saber se há necessidade de reforço estrutural e de prolongamento do tempo de interdição”, informa o secretário Cássio Trogildo.
    A smov ainda informa que a obra de reforma da passarela está na fase inicial dos serviços da troca do guarda-corpo em toda sua extensão (200 metros).
    Com investimentos de R$ 250.555,75, o projeto prevê a substituição do guarda-corpo de concreto por material metálico para proporcionar mais segurança aos usuários. A empresa executora da obra é a EMFHP Engenharia Ltda. Em função da interdição, fica suspensa momentaneamente a reforma.
    A previsão é de que, após a retomada da obra, em cerca de 90 dias, os pedestres que utilizam a passarela da Rodoviária de Porto Alegre como travessia tenham uma nova estrutura no local.

  • Comerciantes querem freeshops brasileiros

    Comerciantes brasileiros participaram de uma audiência pública no final de novembro, promovida pela Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais (CMAI), da Assembleia Legislativa, para debater o comércio entre os países do Mercosul, principalmente a possibilidade de instalação de lojas francas, os freeshops nas cidades de fronteira. A proposta está prevista no projeto de Lei 6316/2009, do deputado federal Marco Maia (PT/RS), em tramitação na Câmara Federal, e no projeto substitutivo do deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB/RS). Também estavam presentes prefeitos, vereadores e parlamentares. 
    O projeto, que autoriza a instalação de lojas francas nas áreas urbanas dos municípios localizados na linha de fronteira do território nacional com o Uruguai, Paraguai e Argentina, é considerado prioritário para estancar o empobrecimento e êxodo populacional dessas regiões. Nele, são beneficiadas as cidades de Quaraí, Santana do Livramento, Aceguá, Jaguarão, Chuí (fronteira com Uruguai), Uruguaiana (fronteira com Argentina) e Foz do Iguaçu (no Paraná, fronteira com Paraguai).
    A CMAI irá encaminhar uma carta de apoio à aprovação urgente do substitutivo aos deputados federais gaúchos e às comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e Constituição e Justiça, da Câmara Federal. O objetivo é garantir que o projeto possa ser aprovado em todas as instâncias sem necessidade de passar pelo Plenário.
    O projeto e o substitutivo permitem que estabelecimentos brasileiros credenciados recebam o mesmo tratamento tributário que recebem os instalados nos países vizinhos. “Estas áreas podem ser caracterizadas como economias regionais atualmente isoladas dos centros dinâmicos e de decisão nacionais e com potencial de desenvolvimento reprimido por esta situação”, justifica o texto. O comércio tipo freeshop é responsável pelo extraordinário desenvolvimento urbano das cidades uruguaias, paraguaias e argentinas de fronteira em função da geração de novos empregos que promoveu ao longo do tempo.
    Por outro lado, as chamadas cidades gêmeas do lado brasileiro, empobreceram e continuam perdendo habitantes. Segundo dados da Receita Federal, os brasileiros gastaram nos freeshop’ das cidades vizinhas, em 2009, cerca de R$ 1 bilhão. Na justificativa do projeto, o parlamentar proponente cita o exemplo de Santana do Livramento que, nos últimos 15 anos, perdeu cerca de 400 empresas de médio e grande porte, provocando desemprego para cerca de 10 mil pessoas. (Com Assessoria de Imprensa da Assembleia Legislativa)

  • Aumentam apreensões de mercadorias na Fronteira

    A Polícia Rodoviária Federal em Santana do Livramento, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, registrou este ano aumento de 10% a 15% nas apreensões de mercadorias irregulares. Há dois tipos de ilegalidade nesse caso: o descaminho, que são os produtos comprados nos freeshops de Rivera, no Uruguai, e que excedem o valor da cota máxima permitida, e o contrabando, vindo do Paraguai.

    De acordo com o inspetor chefe da PRF, Valmir Souza, são abordados na BR 158, que liga o município a Rosário do Sul, uma média de 100 veículos por dia, elevando o número nos finais de semana.

    “É comum termos de confiscar ar condicionado que custa 320 dólares por que o comprador não quis pagar o imposto, que é de 50% sobre os 20 dólares que excederam a cota individual, ou seja, 10 dólares, explica o inspetor, que trabalha há 16 anos em Livramento.
    Entre os itens apreendidos em novembro estão cinco mil projéteis calibres .22 e .12, cujo portador foi preso por tráfico internacional de armas; um carro com 593 litros de bebidas alcoólicas e de energéticos no valor de mais de 10 mil reais; outro veiculo com 188 frascos de perfumes avaliados em cerca de 15 mil reais; uma ambulância com defensivos agrícolas, um caminhão que ia para Caxias do Sul transportando em um fundo falso carregamento de queijo; um ônibus carregado de produtos contrabandeados que tentava ingressar na cidade para abastecer os camelôs, e produtos unitários como ar-condicionados e outros eletrodomésticos. Tudo é encaminhado para o depósito da Receita Federal e, posteriormente leiloado em outros municípios.
    Um dado importante, segundo o policial, é que por questões legais não há possibilidade de fazer declaração fiscal e pagar o imposto na PRF. Somente os postos da Receita Federal podem fazer a declaração e emitir o boleto para o pagamento do imposto. Nesse caso os bens são retidos. E se forem vários produtos cuja soma de valores ultrapassar a cota sem ter sido pago o imposto, tudo é apreendido.
    “Alguns pensam que, caso sejam descobertos, poderão deixar alguns produtos até ficar na quota, mas isso também não acontece porque tudo é retido”, completa.
    Valdir lembra também que a cota de 300 dólares, via terrestre, e de 500 dólares, via aérea, é individual, portanto é proibido dividir o valor de uma mercadoria em mais de uma cota.
    Em hipótese alguma é permitido transportar defensivos agrícolas, armas, munições, qualquer tipo de medicamento e veículos automotores. Alimentos e objetos cujas quantidades e finalidades caracterizam comércio de importação, sem o devido registro e pagamento de impostos, também são confiscados.
    Poucos declaram à Receita

    Turistas de vários estados brasileiros visitam a cidade uruguaia de Rivera em busca de produtos mais baratos nos 71 freeshops – o maior dentre os cinco centro de compras na fronteira do Uruguai, tendo em vista a baixa cotação do dólar. Os produtos mais vendidos são bebidas, perfumes e tênis. Nos finais de semana, os hotéis estão sempre lotados e o movimento pelas ruas pode ser comparado a uma sexta-feira à tarde na Rua dos Andradas, em Porto Alegre. Estima-se a presença de mais de 30 mil turistas na cidade uruguaia. Os outros freeshops de fronteira ficam em Artigas, Acegua, Rio Branco e, Chuy.

    O número de declarações na Receita, no entanto, está muito aquém do intenso movimento no comércio. Segundo o inspetor chefe substituto da Receita Federal em Santana do Livramento, Adilson Valente, cerca de 200 turistas são atendidos diariamente para declarar os produtos comprados nos freeshops cujos valores ultrapassaram a cota, com exceção dos finais de semana, que chegam a somar 900 pessoas por dia. Para atender tamanha demanda nos sábados e domingos, a Receita disponibiliza um posto móvel defronte à Praça Internacional, ficando visível a fila de turistas que não querem arriscar perder todas suas compras.

    As mercadorias apreendidas na Polícia Rodoviária Federal são colocadas em um depósito da Receita Federal e, posteriormente, são leiloadas, para pessoa física ou jurídica.
    “Uma alternativa para diminuir o contrabando e as compras no país vizinho seria reduzir os impostos que incidem sob as mercadorias fabricadas no Brasil”, acredita Valente.
    Uísque à base de cachaça

    O inspetor chefe substituto da Receita Federal alerta para os produtos falsificados que são vendidos por ambulantes no lado brasileiro, como tênis, relógios, óculos, bolsas, cigarros, frutos de contrabando oriundos do Paraguai. Há CDs e DVDs produzidos na cidade e provenientes de outras regiões, e há perfumes e bebidas, a maioria uísque, produzidas em fundos de quintal, e que normalmente são oferecidos no chão.

    “Fizemos várias apreensões de bebidas, perfumes e bolsas que emitam marcas famosas e caras. Nós mandamos fazer uma análise em algumas bebidas falsificadas e constatou-se a presença de fragmentos de cigarros, insetos, um tipo de caramelo usado como corante e álcool etílico da pior qualidade”, revela Valente. “Não é por nada que eles ficam instalados bem na linha divisória. Além de ser o principal caminho de acesso às lojas uruguaias, qualquer ação policial no local, os ambulantes cruzam a fronteira e os agentes não podem fazer mais nada. Minutos depois todos estão de volta”, completa.
    Por todas as ruas centrais de Livramento e Rivera há muitos menores vendendo dvds, meias, isqueiros e outras mercadorias fruto de contrabando.

    Noite mágica


    Como acontece todos os anos, em dezembro a Associação dos Freeshops de Rivera realiza a “Noite Mágica”, quando o comércio volta abrir as portas às 20h e só encerra as 2h da madrugada. Uma oportunidade a mais para os turistas adquirirem produtos com descontos. Este ano o evento ocorre no dia 21.
    A reportagem tentou ouvir o presidente da Associação dos Freeshops de Rivera, o empresário Gandhi Abdullah, mas sua assessoria não retornou o contato.  (Por Cleber Dioni Tentardini)

  • Vencedores elogiam esforço da ARI em manter premiação

    A 52ª edição do Prêmio ARI de Jornalismo, realizada ontem à noite na Assembleia Legislativa, não foi uma festa como de praxe, com direito à hino nacional e coquetel, mas uma congratulação entre colegas de imprensa.
    Quase todos os agraciados que subiram ao palco do Teatro Dante Barone para receber o troféu Negrinho do Pastoreio fizeram questão de elogiar o esforço da Associação Riograndense de Imprensa em manter viva a premiação, a mais disputada do Estado e a segunda mais antiga do país, só atrás do Prêmio Esso.
    O presidente Ercy Torma ressaltou o prestígio da entidade junto aos profissionais de imprensa no ano em que completou 75 anos de atuação. Mesmo correndo o risco de ficar sem patrocínio, o prêmio registrou o segundo maior número de inscrições da sua história, com mais de 160 trabalhos inscritos em 13 categorias.
    Confira os vencedores:
    Jornalismo Impresso – Reportagem Geral
    1° – Carlos Etchichury e Juliana Bublitz (Zero Hora): Corrupção nas cadeias (abril/2010)
    2° – Naira Hofmeister de Araújo (Extra Classe): Investigação sobre crise financeira da Ulbra (outubro/2009 e abril/2010)
    Menção honrosa – Humberto Trezzi, Carlos Wagner, Carlos Etchichury e Nilson Mariano (Zero Hora): Os infiltrados (janeiro e fevereiro/2010)
    Jornalismo Impresso – Reportagem Esportiva
    1° – José Diehl (ABC Domingo): As raízes gaúchas de Maicon (06/06/2010)
    2° – Jones Lopes da Silva (Zero Hora): Eu joguei com Pelé (17/10/2010)
    Menção honrosa – Carlos Corrêa (Correio do Povo): Sem barreiras (agosto/2010)
    Jornalismo Impresso – Crônica
    1° – Mário Marcos de Souza (Zero Hora): Senhoras do Bem (14/01/2010)
    2° – Moisés Mendes (Zero Hora): A copa de 70, Steve e Glênio (13/06/2010)
    Menção honrosa – Cláudia Laitano (Zero Hora): O Faroeste e a Marchinha
    (10/07/2010)
    Jornalismo Impresso – Fotojornalismo
    1° – Valdir Friolin (Zero Hora): Decisivo (25/10/2010)
    2° – Cristiano Estrela Gonçalez (Correio do Povo): Águas de Fevereiro (05/02/2010)
    Menção honrosa – Emílio Pedroso (Zero Hora): Mega acidente (22/07/2010)
    Jornalismo Impresso – Planejamento Gráfico
    1° – Norton Voloski (Zero Hora): Guia do Churrasco (19/09/2010)
    2° – Cláudio Luiz Thomas (Diário Gaúcho): Infância vira fumaça (26/05/2010)
    Menção honrosa – Melina Gallo de Araújo (Zero Hora): Cozinheiros (08/11/2010)
    Jornalismo Impresso – Charge
    1° – Santiago (Jornal João de Barro): Obama Prêmio Nobel (dezembro/2009)
    2° – Tacho
    Menção honrosa – Santiago (Extra Classe): Censo 2010 (setembro/2010)
    Jornalismo Impresso – Reportagem Cultural
    1° – Michele Bicca Rolim (Jornal do Comércio): Série de reportagens Formas gaúchas (julho e agosto/2010)
    2° – Moisés Mendes (Zero Hora): O desgarrado das barrancas do Uruguai (2/06/2010)
    3° – Paulo César de Oliveira Teixeira (Revista MagisUnisinos): Conversa de Botequim (junho e julho/2010)
    Jornalismo Impresso – Reportagem Econômica
    1° – Gilson Camargo (Extra Classe): O preço do crescimento (05/09/2010)
    2° – Caio Cigana (Zero Hora): O brilho de uma nova joia (01/08/2010)
    Menção honrosa – Patrícia Comunello (Jornal do Comércio): O desafio de vender aos gaúchos (01/03/2010)
    Radiojornalismo – Reportagem Geral
    1° – Milena Schoeller (Rádio Gaúcha AM): Série reciclagem (dezembro/2009 e janeiro/2010)
    2° – José Renato da Silva Freitas Andrade Ribeiro (Rádio Gazeta AM): Estado integra sistema paralelo de adoções ilegais que esconde comércio de bebês (23/07/2010)
    Menção honrosa – Cid Martins e Fábio Almeida (Rádio Gaúcha AM): Tecnologia a serviço do crime: presos gaúchos usam celulares com internet para encomendar crimes e escapar do grampo policial (junho, outubro e novembro/2010)
    Radiojornalismo – Reportagem Esportiva
    1° – Filipe Pereira Gamba (Rádio Gaúcha AM): Futebol: sonhos interrompidos pelo crime (30/10/2010)
    2° – Mariana Corsetti Oselame (Rádio Guaíba AM): Um passado de glórias
    (05/12/2009)
    Menção honrosa – Luiz Carlos Reche (Rádio Guaíba AM): O outro lado da bola
    (24/10/2010)
    Telejornalismo – Reportagem Geral
    1° – Giovani Grizotti (RBS TV): A farra dos vereadores (08/08/2010)
    2° – Luci Maria Jorge da Silva (TV Bandeirantes): Mulheres: reféns do medo
    (12/08/2010)
    Menção honrosa – Elisabete Lacerda (TVE): Cais do Porto: o outro lado da revitalização (11/05/2010)
    Telejornalismo – Reportagem Esportiva
    1º – Fernando Becker (RBS TV): E. C. Novo Mundo vence o crack (31/01/2010)
    2° – Andrei Schmidt Kampff de Melo (RBS TV): Tragédia no boxe (10/10/2010)
    Menção honrosa – Fernando Becker (RBS TV): As histórias e origens do técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes
    Contribuição à Comunicação Social – Prêmio Antônio Gonzalez
    Celito de Grandi
    Coletiva.net
    Revista Amanhã

  • Moacyr Scliar retrata o Brasil político dos anos 30

    Por Liège Copstein
    Moacyr Scliar, autor da mais portoalegrense das literaturas universais, é hoje um imortal da Academia, prolífico escritor responsável por mais de 80 livros em vários gêneros: romance, conto, ensaio, crônica, ficção infanto-juvenil.
    Publicado em mais de vinte países. Premiado, incensado, suas histórias ambientadas no bairro do Bom Fim e vizinhanças falam ao coração de qualquer um, em qualquer lugar do mundo. Mas o romance que Scliar está lançando nesta Feira do Livro é daqueles em que ele sai do gheto.
    É a história de Valdo, rapaz idealista e apaixonado. A ideia de que a desigualdade fosse uma injustiça e de que houvesse pessoas lutando pelo fim da opressão social muda sua vida e o leva a deixar a estância onde vive rumo ao Rio de Janeiro, onde pretende entrar para o Partido Comunista.
    Lá, acredita, o lendário líder do Partido, Astrogildo Pereira, haverá de recebê-lo de braços abertos para conduzi-lo em pessoa às fileiras da militância, onde finalmente sua vida ganhará sentido.
    Mas, Astrogildo não está no Rio. Foi a Moscou, sem data para voltar. E Valdo não tem dinheiro. Em vez de lutar para libertar a classe oprimida, torna-se ele próprio um assalariado, operário da construção.
    Para piorar as coisas, ele trabalha na obra que culminará num imenso ícone da alienação: o Cristo Redentor. Com o cenário efervescente do Brasil dos anos 30, Eu Vos Abraço, Milhões, da editora Companhia das Letras, parece trazer como personagem principal mais um dos incríveis visionários característicos da obra de Scliar.

  • Paixão Côrtes quer literatura do povo na Feira do Livro

    Por Liège Copstein
    O atual patrono da Feira do Livro, Paixão Côrtes, não é apenas “um guasca-largado da campanha”, como o próprio humildemente se intitula.
    Na verdade, em sua incansável pesquisa e resgate das tradições artísticas e valores morais do gaúcho, acabou por ser um dos mais ativos editores independentes do RS, trabalhando sem vínculo partidário ou subvenção governamental.
    Ele tem nada menos do que 87 publicações, desde a primeira, em 1950 – Lendas Brasileiras, com desenhos de José Lutzemberger – até a mais recente, Danças Birivas do Tropeirismo Gaúcho, deste ano.
    Mas o projeto que é a “laranja de amostra” do gaudério neste momento é o MOGAR, Momento Gauchesco Artístico-Cultural Rio-Grandense, que além de organizar cursos e palestras, edita publicações que enriqueçam as bibliotecas dos Centros de Tradições Gaúchas, grupos artísticos e equipes equestres.
    São 1500 entidades nativistas só no Rio Grande do Sul, 1800 em Santa Catarina (!!!) e centenas em outros estados e até no exterior, chegando a um milhão de associados.
    E falando especificamente de livros e folhetos, o MOGAR trata também da distribuição gratuita dos Pacotes Culturais, compostos de um mix de 20 obras variadas de Paixão Côrtes, que são oferecidos aos CTGs, secretarias municipais de educação, cultura e turismo, museus e bibliotecas públicas, fundações, instituições de ensino de todos os níveis e grupos artísticos.
    Porém, como nesse grande pampa de meu deus não existe picanha grátis, há uma exigência: é preciso comprovar que essas instituições  tenham ou desenvolvam  programas temáticos gauchescos que se integrem aos propósitos do projeto.
    No mais, Paixão avisa que do alto das suas 83 invernadas bem vividas, está preparado psicologicamente e fisicamente – “se o meu marca-passos autorizar” – para a quantidade de compromissos e emoções que a Feira do Livro vai trazer. “Nunca me achei muito bom nas ´pretas` – que é como os guascas chamam as letras impressas – mas a literatura do povo merece ter seu espaço ao lado da erudição das grandes obras”.
    Como ele mesmo diria, “cosa bunita barbaridade”.

  • Um gaúcho chamado Paixão

    Morreu nesta segunda-feira 27 de agosto, o folclorista Paixão Cortes, o maior pesquisador da cultura popular riograndense, comparável a Simões Lopes Neto.
    Este depoimento foi gravado em 2010, quando ele foi patrono da Feira do Livro de Porto Alegre.
    Foi o primeiro de uma série que não se completou.
    ***
    ELMAR BONES
    Mesmo quando veste calça jeans, Paixão Cortes dá a impressão de estar de bombacha. Penso nisso quando o vejo descer de um carro do Instituto Estadual do Livro na frente do do edifício onde ele mora, na rua André Puente, em Porto Alegre.
    Desce atabalhoado com um pacote de folhetos, livros, papéis. Subo no elevador com ele e dona Marina, sua mulher. Ele segue falando como se estivesse continuando uma conversa. 
    Diz que está chegando da gráfica, onde foi buscar uns folhetos e alguns exemplares do seu livro que será distribuído na Feira. Reclama dos compromissos que não lhe dão folga: “A gente sai dum, entra noutro, sai dum entra noutro…”
    O apartamento é simples, um conjunto de estofados, uma mesinha com estatuetas, uma do Laçador.
    A dois dias do início da Feira, o patrono está preocupado com a confusão que os jornalistas continuam fazendo nas entrevistas, perguntando sobre o movimento tradicionalista com o qual hoje ele tem profundas divergências.
    Paixão Cortes é o “descobridor” do gaúcho riograndense. Numa época em que os gaúchos eram considerados “almas  bárbasra egressas do regime pastoril”, como escreveu José Veríssimo, ele foi buscar as origens da cultura popular do pampa brasileiro.
    Foram suas pesquisas, com Barbosa Lessa, que levantaram o material original sobre o qual se erigiu o panteão do tradicionalismo, que atualmente ultrapassa as fronteiras do Rio Grande do Sul e chega até ao Japão.
    Hoje, Paixão é, de certa forma, vítima da caricaturização das manifestações gauchescas que se vê nos CTGs. Se irrita com os regramentos artificiais e com as demasiadas concessões ao apelo comercial nos conjuntos de dança e música regional.
    Confundido com o tradicionalismo cetegista, Paixão Côrtes não consegue ter visibilidade para sua obra como folclorista, que não tem similar no Brasil atualmente.
    Por sua figura arquetípica, não consegue se desvincular do gauchismo que tanto critica e por causa disso chegou a ter sua indicação para patrono da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre questionada.
    Embora tenha mais de 40 livros publicados e seja autor de uma obra original na cultura brasileira, Paixão Cortes paga o tributo de ter sido modelo para a Estátua do Laçador e muitos o vêem como o protótipo do gaúcho grosso e fanfarrão, sem sequer suspeitar do intelectual sofisticado, do pesquisador rigoroso que ele realmente é.
    Quando era classificador de lãs, ofício que abraçou aos 17 anos, Paixão Côrtes fez fama por não precisar de instrumentos para calcular a espessura dos fios, que se medem em microns. Com o tato da ponta dos dedos, ele media: “15 microns”, “10 microns”.
    Com a mesma sensibilidade aguçada, com a mesma intensidade primitiva e transbordante que coloca em tudo o que faz, ele se dedica há mais de seis décadas a resgatar as raízes da cultura popular riograndense, a “alma do povo”, como ele diz.
    Uma conversa com Paixão Côrtes é uma torrente, algo que jorra e inunda a gente. Difícil é sintetizar, depois, para colocar no papel algo que dê uma idéia da riqueza de uma lenda, que chega aos 83 anos viva e atuante.
    Depoimento gravado no dia 27 de outubro de 2010:
    “Depois que fui indicado patrono não parei mais…é uma série de pedidos… de perguntas… então tu tens que informar as pessoas que vão ou querem participar ou que de uma forma ou de outra estão interligados à tua presença lá… O resultado disso é que tu sai dum entra noutro, sai dum entra noutro…
    Os jornalistas de modo geral… há uma confusão entre o movimento tradicionalista e o folclore. Em razão disso, a pergunta que vem da imprensa, da interrogação da televisão, é o tradicionalismo…
    O tradicionalismo é um movimento popular… com o fim de reforçar o núcleo de sua cultura. O folclore é a manifestação genuína, viva da alma do povo… o tradicionalismo se serve do folclore… o folclorista é o estudioso de uma ciência, o tradicionalista é militante de um movimento.
    Essa noite tava me lembrando… na segunda ou na terceira Feira do Livro em, 1957, eu fui feirante, já levando meus livros editados na época… no começo a feira era uma coisa… não se sabia bem o que era… uns quiosquezinhos… tinhamos nossos livros lá…
    Eu tenho esses livros… Manual de Danças Gaúchas e Suplemento Musical, eu já vendia meus livros como feirante, a firma nossa era Tradisul, o Humberto Lopes e eu, nós tivemos banca, né (risos) e tem até fotografia… aí tu começa a pensar, porque naquele tempo nem se pensava, entende, nesse aspecto da projeção, que 56 anos depois estaria vivo… e presenciando mais um ato, sempre participando do ato.
    Ai tu começa… mas vem cá… mas chê… mas eu tenho uma fotografia disso ai… aí procurei, pá, pá, pá, achei… meu filho passou para o computar… aparece o Meneghetti*
    (*Ildo Meneghetti, ex-governador)|… o Humberto Lopes por dentro da barraca, eu pelo lado de fora recepcionando…tu vê, rapaz…
    Além dos livros, tinha disco que a Inesita Barroso gravou* (*Inesita Barroso gravou “Danças Gaúchas”, em 1955, com o selo Copacabana, com as seguintes dançass/músicas recolhidas por Paixão Cortes e Barbosa Lessa: Maçanico, Chimarrita Balão,Quero-Mana, O Anu, Pezinho, Meia-Canha,Tirana do Lenço) nem se sabia direito o que era regionalismo, ninguém sabia quem dançava… então, bota no livro, bota o disco, ah…mas isso é tradição, mas e não tem ilustração?…
    Uma vez o Lutzenberger* (*Joseph Lutzenberger, arquiteto, pai do ambientalista) me chamou, para selecionar uns desenhos dele de cenas rurais… ele queria representar o gaúcho, os costumes, o trabalho, os arreios… sábado pelas três horas eu ia lá na casa dele, numa mesa grande todos os trabalhos que ele fazia na semana, dezenas, ele fazia bico de pena… publicou 25 selecionados por mim… tinha um textinho nosso… Barbosa Lessa, o Sanguinetti, Silvio Ferreira… era 1952, nem feira tinha…
    Hoje não tem mais cultura superior, inferior, erudita, tanto faz o astronauta como um índio… todos produzem cultura.
    A Corag vai colocar na Feira o meu livro “Folclore gaúcho festas bailes música e religiosidade rural”, de quatrocentas e tantas páginas. Registra as manifestações mais genuínas da cultura popular riograndense… no interior de Santo Antonio da Patrulha, Mostardas, Tavares… onde ainda correm cavalhadas isso tudo, rezas, sai bandeiras com peditórios, montados a cavalo.
    São os focos originais, herança lusitana, a base do folclore riograndense… é o que ainda resta… nas Missões resta pouca coisa… na fronteira quase nada que remonte às épocas, essas são as manifestações de origem mais remota… a alma do povo.
    Quando souberam que eu era patrono me telefonaram… Paixão , queremos dançar pra ti… Há muito convivo com eles, danço com eles, bebo cachaça com eles…queriam vir….as cavalhadas, os quicumbis, os negros com imperador e tudo… aí fui lá na Feira… ah mas não tem verba…bueno, mas depois se resolveu, diz que vem 90 pessoas…
    Vem noventa, com roupa, máscaras, tambor e tudo… Então peguei esses cinco temas folclóricos e botei nessas folhas para que os jornalistas tenham esses elementos para se louvar… quicumbi, caiambola… que é isso… vão dizer: o Paixão já inventou coisa…mas não taí, ó. Eles vêm aí em carne e osso.
    O negócio é o seguinte: eu sou pessoa de quatro paredes para fora, não para dentro, não sou de palco, nem microfone, nem holofotes, sou de campo… então… vem com o livro, e posso falar: esse é o maior documentário sobre folclore publicado no Rio Grande do Sul valor documental, tudo documento não tem tradição, tradicionalismo, CTG nada disso… aqui é “in loco”…
    Olha aqui o Baile do Masque… homens vestidos de mulher… pô mas, então, como é que é, o Paixão vai trazer travestis, então tem que ter um cuidado louco… (vai folhando o livro) olha aqui a Cavalhada… ó aqui, o terno de reis, ó… ensaios e promessas dos quicumbis….elementos originais… os bichos ao natural.
    Tem a parte de dança… a parte de dança é reconstituição de dança, isso é tradicionalismo… escreve um livro, pesquisa seu ciclano… seu ciclano dança assim, a música é assim… as que nós reconstituímos já tão na casa dos 100.
    Sempre reuni esse material… agora são 100 danças recolhidas… estou escrevendo um livro de 700 páginas que onde vão estar essas coisas todas…
    Naquele tempo nem tinha gravações…era de memória… exercitei e fiz sistema de escrever,  olho e leio, mesmo a escrita musical… gravador foi grande evolução (riso) quando começou era no olho e no ouvido…ó…é assim… olha, vai de novo… e ai tu ia pegando a coisa.
    Essas coisas todas chegam aos dias de hoje…é isso que posso dar de contribuição feita ao lado de professores, ficcionistas, historiadores, sociólogos acho que posso dar essa contribuição, que é a alma do povo, não é matemática, não é número… aprender a alma do povo… importante na preservação dos seus valores… tudo isso é alma do povo isso aprendi na convivência com eles… quando se perde, morreu. (segue)