Mortandade de abelhas: indústria culpa agricultores que fazem mau uso dos agrotóxicos

“Estamos pagando uma conta que não é nossa”, afirma o apicultor Aldo Machado dos Santos, coordenador da Câmara Setorial de Abelhas, Produtos e Serviços da Secretaria da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, a propósito da morte de abelhas por uso indiscriminado de agrotóxicos, problema detectado em 2007 e que se repete todos os anos em todos os países produtores de mel.

Em 2018, centenas de colmeias estão sucumbindo aos venenos aplicados em lavouras de soja no Pampa.

Apicultor em São Gabriel, Machado dos Santos saiu desanimado do evento promovido durante dois dias da semana passada em Porto Alegre pelo Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Vegetais.

Com o argumento de que cumpre todas as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura quanto à produção e distribuição de venenos agrícolas, o Sindiveg tenta demonstrar solidariedade aos apicultores, alegando que a morte das abelhas é consequência do “mau uso dos agrotóxicos por agricultores irresponsáveis”, entre outros intermediários da cadeia do agronegócio.

“Tudo isso é verdade, mas no fundo o que estamos vivendo pode ser definido por uma palavra: engodo”, diz Machado dos Santos, que lidera a Cooperativa dos Apicultores do Pampa, que está prestes a iniciar suas operações agroindustriais em São Gabriel.

Também estiveram presentes à reunião realizada no Hotel Deville, sem convites à imprensa,  Anselmo Kuhn, presidente da Federação Apícola do RGS; o professor Aroni Sattler, da UFRGS, e Betina Blochtein, professora da PUCRS, que constituem a cúpula da apicultura gaúcha. Presentes, ainda, representantes do Ministério da Agricultura, do Ibama e do Ministério Público.

Todos concordam que as reuniões são úteis, mas que é preciso ir além do que o Sindiveg chama de “diálogo participativo”.

“Os apicultores são contra os inseticidas, não contra os agricultores”, diz Rogério Dalló, secretário executivo da Federação Apícola do RGS.

Numa assembléia extraordinária da Federação Apícola no sábado passado no campus da UFRGS em Eldorado do Sul, Machado dos Santos sintetizou o nó da questão: “Se eu processar um agricultor por jogar veneno nas minhas abelhas, no dia seguinte outros 50 fazendeiros vão me fechar as porteiras”. (Geraldo Hasse).

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