Qual é, Mister Bols?

Estamos sendo fritos em óleo do pré-sal
GERALDO HASSE
O pessoal estranhou quando, ainda candidato, o capitão bateu continência para a bandeira dos EUA.
Tudo bem, a bandeira é um símbolo nacional, portanto, pode-se argumentar que ele reverenciou o povo americano.
Agora, convenhamos, não pegou bem esse lance de bater continência para uma subautoridade do governo americano.
Não precisava ser tão subserviente. Se em vez de um conselheiro viesse o próprio presidente Trump, Mr. Bols se ajoelharia?
A franqueza do presidente eleito vem tornando fácil o entendimento das coisas. Parece que ele quer deixar claro que se orienta para entregar o comando nacional aos gringos. Como se não bastasse a influência vigente. Talvez seu projeto de aposentadoria seja morar em Miami. Mas para isso não precisa se jogar aos pés dos poderosos.
Quando diz que os médicos cubanos eram agentes secretos infiltrados, Mr. Bols está admitindo implicitamente que o Brasil deve renunciar a qualquer veleidade de soberania diante da potência hegemônica.
Pelo que tem deixado escapar em declarações e desabafos, ele vai ajudar no desmonte dos direitos dos trabalhadores, quer restringir a liberdade de expressão do magistério, afrouxar a legislação ambiental, aprofundar a desnacionalização do petróleo e atender às pressões dos EUA para acuar Cuba, afastar-se da China e abrir novas brechas ao capital estrangeiro (leia-se americano) em nichos privilegiados da economia.
São vários retrocessos encadeados. No fundo, temos aí não apenas um caso de inépcia, mas de ruptura de compromissos históricos e o abandono de princípios inerentes à soberania.
No popular, a palavra que define esse comportamento é entreguismo. No léxico, pode ser traição.
 
LEMBRETE DE OCASIÃO
ENTREGUISMO – Termo utilizado de forma pejorativa a partir do final da década de 1940 para designar a corrente que defendia um modelo de desenvolvimento para o Brasil baseado na participação do capital internacional e na “entrega” da exploração das riquezas naturais a grupos estrangeiros. Aos entreguistas se opunham os nacionalistas, defensores do desenvolvimento baseado no capital nacional. Surgido a partir da campanha para a exploração do petróleo, o termo percorreu toda a década de 1950, caindo em desuso após 1964.

(Verbete do Centro de Pesquisa e
Documentação da História Contemporânea
da Fundação Getúlio Vargas)

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