Produtores de melato também querem certificado de origem

No rastro de apicultores do lado gaúcho dos Campos de Cima da Serra, que iniciaram em 2018 uma campanha para obter o selo de indicação geográfica do mel branco, apicultores e técnicos do Planalto Catarinense começaram a trabalhar recentemente para obter o selo de indicação geográfica do melato.

Melato é fabricado pelas abelhas a partir da secreção da caule da bracatinga (Mimosa scrabella), árvore das matas de galeria do Sul do Brasil e que ocorre desde a porção norte da região metropolitana de Porto Alegre até o leste paulista e regiões de altitude de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, incluindo o interior catarinense e o planalto de Curitiba.

Boa fonte de lenha e carvão, a bracatinga é tradicionalmente usada em pequenas propriedades rurais do Sul do Brasil para recuperar áreas degradadas, mas somente agora tem sido valorizada pelo valor valor nutricional do melato.

Segundo Áquila Schneider, agrônomo da Epagri, empresa de pesquisa agrícola que coordena a campanha catarinense, o mel da bracatinga é pouco apreciado pelos consumidores brasileiros porque contém menos açúcar do que os méis florais em geral.

Em compensação, por ser rico em aminoácidos e sais minerais, é muito valorizado na Alemanha, o maior mercado importador desse mel escuro, cuja viabilidade comercial depende, exclusivamente, da manutenção de um ecossistema de baixa temperatura próprio do bioma da Mata Atlântica.

Além da Epagri, trabalham na campanha o Sebrae e a Universidade Federal de Santa Catarina, que vem pesquisando as qualidades medicinais do melato. Recentemente, associou-se ao projeto da IG do melato a Apicampos, de São José dos Ausentes (RS), que lidera a campanha pelo registro agroindustrial do exclusivo mel branco, produzido pelas abelhas a partir das flores (brancas) da carne-de-vaca, da gramimunha e do guaraperê, três árvores típicas dos Campos de Cima de Serra, tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina.

Após o cumprimento de todas as etapas de certificação dos dois produtos da apicultura do Sul, os dois selos – do mel branco e do mel escuro – podem ser concedidos em 2020 pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

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