Autor: da Redação

  • Ônibus espírita visita Alvorada

    Texto e fotos por Carlos Matsubara

    Durante 10 dias o mundo do Espiritismo estacionou em Alvorada. Na praça central defronte a prefeitura, um ônibus – livraria recebeu a visita de centenas de adeptos e curiosos em busca de paz de espírito, ou apenas algumas palavras de conforto de seu Adjair Fernandes de Faria.
    Ele é o motorista, mas também uma espécie de messias do Espiritismo, sempre pronto a divulgar o evangelho por onde passa. E não foram poucos os lugares por onde perambulou. Alvorada é o 110º município só no Rio Grande.
    Já esteve em 801 cidades de 17 estados desde que saiu de sua Uberlândia, nas Minas Gerais em 12 de março de 1994, quando largou família, amigos e uma pequena imobiliária de sua propriedade. Em todos lugares por onde passa a rotina é a mesma. Das 8h da manhã às 8h da noite, recebe sorridente todos com um caloroso aperto de mão e o indefectível convite: “Entre e fique a vontade, amigo”.
    O sustento pra rodar o país é tirado, em menor parte, da venda de livros e CDs. O grosso é lapidado do patrimônio juntado ao longo da vida de 30 anos como bancário e proprietário de uma pequena imobiliária. Todos os filhos estão formados, casados e bem de vida. “A mais nova se formou ano passado em medicina”, conta orgulhoso.
    Deus escreve certo por linhas certas

    A peregrinação de Adjair começou a partir de uma pequena tragédia urbana. Um de seus filhos comprara um Escort do ano (quando este era o carro da moda). No primeiro passeio com a esposa, foi rendido por uma dupla de assaltantes que os levaram como reféns.
    Foi então que um exemplar do evangelho espírita que estava no carro chamou a atenção da dupla. Adjair relata o milagre: “Um dos assaltantes se sensibilizou porque a mãe era espírita e pediu para minha nora ler um capítulo. Aleatoriamente ela abriu a página Caridade com os Criminosos”.
    Ele acredita que a leitura fora responsável pela soltura do casal. Dias depois, já em casa, prometeu que venderia o carro para comprar um ônibus que serviria como uma biblioteca ambulante para divulgar a doutrina espírita na cidade. “Dez minutos depois, recebemos uma ligação do delegado Leão avisando que o carro havia sido recuperado em Araguaina, no Tocantins.
    “Hoje considero que foi o assalto mais benéfico na história dos assaltos”, brinca. Com o dinheiro da venda comprou o primeiro ônibus em 29 de agosto de 1991. Com este primeiro, ficava apenas rodando pela cidade. Alguns anos depois partiu para o segundo bus e caiu na estrada. Deus escreve certo por linhas certas. É o lema de Adjair.

    Os ladrões foram presos tempos depois do assalto. O filho, a pedido de Adjair, não os reconheceu como tal. Um deles, menor de idade, foi contratado pela imobiliária da família e está lá até hoje com esposa e três lindos filhos. O outro teria sido assassinado durante uma transferência de presídios. “Mas já havia se convertido”, diz Adjair.
    A experiência serviu para que sua família passasse a “atender”nos presídios mineiros. Servindo sopas e, de quebra, “a palavra de Deus”para os detentos.
    Em fevereiro de 2001 sua esposa morre de câncer no pâncreas. Para Adjair, a doença foi uma dádiva divina. “Sabemos que o câncer é uma forma de limpar erros de vidas passadas, purifica o espírito. Mas isso somente para os cancerosos que não lamentam e que não choram pela doença”, completa.
    Sua crença prega que a doença, talvez a que mais assuste o resto da humanidade, é uma oportunidade que Deus oferece para salvação eterna. Diz pra quem quiser ouvir que se morrer de câncer, vai ‘chegar lá’ e agradecer de joelhos.
    “Minha mulher morreu feliz sem nunca ter derramado uma lágrima sequer”.

  • Vegetariano ganha processo contra o McDonald´s

    Um hambúrguer “vegetariano” com cheiro de frango foi o responsável por uma disputa judicial que terminou no pagamento de R$ 2 mil reais por parte da rede de fast-food McDonald´s ao advogado gaúcho Tiago Orengo. A sentença saiu esta semana.
    Após descobrir através de um site que o hambúrguer “Veggie Crispy” tinha aroma natural de frango Orengo, que provou o lanche, decidiu entrar na Justiça contra a rede. Na primeira decisão, o juiz deu ganho de causa ao McDonald’s alegando que não havia nenhuma indicação de que o lanche era vegetariano. O magistrado acrescentou que não era possível que “o autor tivesse consumido o sanduíche sem sentir o aroma de frango que o mesmo continha.”
    Para o advogado a sentença de primeiro grau foi desrespeitosa e abria um precedente perigoso. “A partir daquela decisão não bastaria mais lermos os conteúdos, rótulos e composições dos produtos. Teríamos, segundo aquele brilhante juiz leigo, que identificar a primeira mordida todos os ingredientes daquilo que consumirmos ou a culpa seria nossa”, defende.
    Lançado em 2007, o sanduíche composto por um empanado de legumes, alface americana, tomate e molho blanc era anunciado como “uma ótima opção para vegetarianos”.

  • Discussão sobre o diploma é adiada

    No fim da tarde de quarta-feira, após quatro horas de discussão, o Supremo Tribunal Federal decidiu adiar a discussão sobre a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão de jornalista. A votação deve ocorrer em 15 dias, após a apreciação da Lei de Imprensa pela casa.
    O ministro Carlos Ayres Britto, relator da matéria, votou pela procedência total da ação e foi acompanhado pelo ministro Eros Grau, que adiantou seu voto. Os dois acreditam que toda a Lei de Imprensa não é compatível com a atual Constituição Federal. Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo, “Os sindicatos e o movimento estudantil devem manter ativa a campanha em favor da manutenção da regulamentação profissional”.

  • Ambientalistas rejeitam novo Código Florestal de SC

    Faixas de vegetação de cinco metros nas margens devem ser preservadas

    Por Carlos Matsubara
    O governador de Santa Catarina deve sancionar o novo Código Florestal do Estado. Luiz Henrique da Silveira afirmou na quarta-feira que o código é “moderno e desenvolvimentista”, e que poderá sancioná-lo no próximo dia 13.
    Neste meio tempo, ongs ambientalistas, Ministério Público e Procuradoria da República ameaçam barrar o projeto na Justiça. A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) alega que o governo do Estado encaminhou um texto recheado de inconstitucionalidades para a Assembléia Legislativa, sem ter sido previamente submetido ao Conselho Estadual do Meio Ambiente, instância máxima deliberativa conforme o Sistema Estadual de Meio Ambiente.
    Para a ong catarinense, não há necessidade de se estabelecer um Código Ambiental em Santa Catarina, pois já há legislações federais e estaduais eficientes nessa área. O que estaria faltando é a aplicação efetiva dessa legislação. Além disso, o teor do projeto seria inconstitucional, além de retratar a realidade da política ambiental praticada por um governo que tem travado uma verdadeira batalha contra o meio ambiente.
    Pelo novo código, que recebeu amplo apoio de produtores rurais, com direito a carreatas, e muito lobby na AL, devem ser preservadas faixas de vegetação de cinco metros nas margens de córregos com cinco metros de largura. O Código Florestal Brasileiro, no entanto, determina um parâmetro maior -30 metros de preservação.
    Segundo ambientalistas, essa proposta atende exclusivamente aos interesses do governador e de alguns parlamentares catarinenses que estão a serviço do lobby da especulação imobiliária e de ruralistas (médios e grandes produtores rurais), principalmente aqueles que tem passivos ambientais, e querem desmantelar a legislação que protege as APPs e as Reservas Legais, visando justamente a ampliação de ocupações em áreas de risco, sob discursos sem nenhuma consistência científica.
    Leia mais no site da Ong Apremavi

  • Jornalistas e aspirantes marcham em defesa do diploma

    Foto: Roberto Santos

    Na véspera da votação do Recurso Extraordinário 511961, que definirá a obrigatoriedade ou não do diploma para o exercício de jornalismo, dezenas de profissionais e estudantes gaúchos caminharam da Praça da Matriz até a sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região como forma de protesto. Eles distribuíram panfletos com a edição extra do jornal Versão dos Jornalistas, produzido especialmente para a ocasião, e informaram a população sobre o caso.
    Amanhã, a partir das 14h, será realizada uma vigília na Esquina Democrática. No local, será instalado um telão para que os jornalistas presentes e a população acompanhem a votação no STF. Se a desregulamentação for aprovada, qualquer pessoa poderá exercer a profissão de jornalista.

  • Esquerda se une e pede saída de Yeda

    Por Paula Bianca Bianchi

    O Dia Nacional de Lutas, ato planejado ainda durante o Fórum Social Mundial, reuniu cerca de três mil pessoas esta manhã em frente ao Palácio Piratini. Nas ruas era possível encontrar bandeiras dos mais diversos movimentos sociais e estudantis, unidos no grito “fora Yeda” e em defesa dos trabalhadores contra a crise econômica.
    Um dos pontos fortes do ato foi a apresentação de um contêiner com os dizeres “Escola Yeda Crusius – diretora Mariza Abreu”, por parte do CPERS. Segundo Rejane de Oliveira, presidente da entidade, “o contêiner representa o tipo de educação que o governo quer para o Estado”. Somente em Caxias do Sul, cerca de 200 crianças estão tendo aulas nas salas improvisadas.

    Outras organizações, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, chamaram atenção para o momento de unidade. “É importante perceber que o inimigo é o mesmo”, lembra João Amaral, do MST. Ele afirma que a manifestação de hoje é um ensaio da greve geral que deve ser convocada pelas centrais trabalhistas em alguns meses.
    Os estudantes, por sua vez, pintaram o rosto com as cores da bandeira do Estado, uma alusão aos famosos caras pintadas que derrubaram o presidente Fernando Collor, e em coro pediram a saída da governadora. Henrique Cignachi, aluno de História na UFSM, acredita que é dever de todo cidadão gaúcho sair às ruas e protestar. “É uma vergonha o que acontece no nosso Estado”, diz. A secundarista Angélica da Silveira Garcia, do Colégio 1º de Maio, completa: “Estou estudando para ser professora. Se eu não lutar agora que futuro vai sobrar para mim?”.

  • Procuradores furam fila dos precatórios

    Por Wanderley Sorares

    Os procuradores do Estado – leia-se os advogados integrantes da PGE (Procuradoria Geral do Estado) – nunca admitiram o cumprimento de uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que equipara seus salários com os de delegados da Polícia Civil. Do mesmo modo, nunca explicaram o recebimento de R$ l50 mil, cada um deles, por conta de valores atrasados decorrentes da URV (Unidade Real de Valor).
    Em verdade, eles realizaram em causa própria um acordo “por dentro” de uma ação judicial que cobrava do Estado tais valores. Igualmente, é desconhecida a fórmula mágica, forjada por eles, para furar a fila dos precatórios de modo a receber aqueles valores, antecipando-se, por exemplo, às pensionistas do IPE, que passaram anos tricotando na Praça da Matriz, em protesto pelo não pagamento de seus precatórios, até que o atual governo resolvesse encaminhar o problema delas para uma solução. Vale salientar que a PGE sempre recorreu, até o STF, nos processos que beneficiavam as pensionistas, envolvendo pequenos valores, todavia, importantes para uma melhor qualidade de suas vidas.
    Estranhamente, no processo que beneficiava a si próprios, envolvendo altos valores, ao invés de recursos, que são os remédios da lei, optaram por um acordo, nunca explicado, que lhes proporcionaram furar a fila dos precatórios, numa nova e invisível modalidade de tricotagem.

  • Jornalista chama fotógrafo da RBS de "cascateiro" em blog e é obrigado a retirar postagem do ar

    Uma decisão judicial em primeira instância determinou que o jornalista Wladymir Ungaretti, professor da faculdade de Comunicação da UFRGS e figura tradicional do Bom Fim, retire do ar todas as referências e críticas que mantém em seu blog “Ponto de Vista” ao também jornalista e fotógrafo da RBS, Ronaldo Bernardi. No site, Ungaretti analisa diversas fotos de Bernardi, apelidado de Fotonaldo, e sugere que as imagens são armadas – a tradicional “cascata”, em termos jornalísticos.

    A Justiça deu cinco dias para o jornalista retirar o conteúdo do ar. Em virtude da ação, Ungaretti preferiu suspender temporariamente as atividades tanto do site quanto do blog Ponto de Vista, que contam, respectivamente, com nove e três anos de existência. O professor vai recorrer da decisão.

  • O odor deletério.

    Por WANDERLEY SOARES
    Quando há a evidência de crime, a prioridade é para a investigação dentro de um inquérito criminal.
    Digamos que um jovem senhor, residente e domiciliado na rua das Bugigangas, em Bossoroca do Norte, tenha visto, há uma semana, uma moça das suas relações entrar num casarão e, ao não receber dela mais notícias, venha a registrar o fato na delegacia mais próxima. Digamos que o senhor denunciante e o vizindário do tal casarão passem a denunciar um cheiro característico de carne humana petrufata. Digamos, ainda, que a polícia e o Ministério Público sejam chamados ao local e, não obstante o deletério odor, não cheguem a encontrar, nos primeiros levantamentos, nenhum cadáver.
    Dessas evidências, no entanto, resulta a obrigação legal da abertura de um inquérito criminal. Há uma moça desaparecida num espaço específico, há o odor deletério de um corpo, possivelmente humano, em decomposição. Isso só pode encaminhar, repito, ao inquérito criminal, até mesmo para que todos os elementos sejam tecnicamente montados, organizados numa agilização que deverá conduzir ao esclarecimento do episódio na área policial e ao seu correto encaminhamento ao poder Judiciário, tenha sido um assassinato, um suicídio, uma farsa ou a sempre suspeitável morte súbita. Quando diante das evidências, a abertura desse inquérito não for providenciada, estabelece-se, na melhor da hipóteses, a prevaricação culposa das autoridades envolvidas. Sigam-me.
    Sindicância
    As revelações do ex-ouvidor da Segurança Pública do RS, Adão Paiani, sobre a possível espionagem ilegal do sistema de escuta da pasta da Segurança – o Guardião –, parcialmente confirmadas, parcialmente desmentidas, parcialmente investigadas, parcialmente divulgadas, tem, no seu âmago, a notícia da autoria de um crime. Um inquérito criminal já deveria estar no centro deste episódio, sem direito a nenhuma procrastinação.
    No entanto, com todas as pompas burocráticas, ontem, o palácio Piratini determinou a simples abertura de uma sindicância administrativa que será presidida pelo chefe adjunto Casa Civil, o procurador de Justiça aposentado Francisco de Assis Cardoso Luçardo, e integrada pelo procurador do estado Rodrigo Krieger Martins e pelo agente fiscal do estado Antônio da Silva Alves. Um inquérito que está timidamente tramitando na Polícia Civil terá maior força que a sindicância do Piratini? Daqui da minha torre, vejo muitas colheres numa panela só.
    Aniversariante
    No Mercado Público, um dos locais mais tradicionais da Porto Alegre aniversariante, tem na Pampa Vigilância um de trabalho da pior qualidade que, evidentemente, não está sendo fiscalizado pela Smic. As queixas mais dolorosas são dos próprios profissionais daquela empresa que tem primado pela desorganização e até pela desobediência de normas determinadas pela Polícia Federal. Circulo por lá e voltarei ao tema.
    Invisibilidade
    É difícil de entender a estratégia do policiamento ostensivo na área metropolitana. Em Petrópolis, nas ruas paralelas à avenida Protásio Alves, os moradores estão, constantemente, submetidos a seqüestros relâmpagos e o patrulhamento da Brigada Militar continua com a tática invisibilidade.