A Sulgás, uma das estatais na lista das privatizações, vai ter um de seus melhoras anos em 2018.
O consumo de gás natural, do qual ela é a única fornecedora no Rio Grande do Sul, cresceu 14% no Estado em relação a 2017.
A expansão foi puxada pelo aumento das vendas de GNV (gás para veículos), que cresceram 30%, mas também o mercado industrial se mostrou ativo: dez novos contratos para fornecimento de gás a indústrias de médio e pequeno porte foram assinados este ano.
Os outros dois segmentos do mercado da Sulgás são: o consumo residencial e a cogeração, que é o gás fornecido para geração de energia.Tiveram crescimentos menores.
A demanda pelo gás veicular decorre do preço da gasolina, que torna vantajosa a conversão de carros, caminhões e ônibus para o uso de gás.
Em parceria com o Sulpetro, o sindicato dos varejistas, a Sulgás começou a treinar revendedores de combustíveis para operações com o gás natural.
A primeira palestra foi realizada nesta terça-feira (20), na sede do sindicato, em Porto Alegre.
Durante o evento, que reuniu proprietários de postos de combustíveis, o diretor-presidente da Sulgás, Rafael Pezzella, destacou os resultados positivos do setor. O consumo de gás veicular bateu recorde em outubro, chegando a 285 mil m³/dia.
Só entre agosto e setembro, foram mais de duas mil adaptações para o uso de GNV, ampliando a frota para mais de 71 mil veículos rodando com esse combustível no Rio Grande do Sul.
“Com esses números, outros seis postos poderiam abrir para a venda de GNV. Mas o desafio, agora, é fazer com que as adaptações continuem acontecendo e que consigamos colocar mais opções de abastecimento em locais estratégicos”, acrescentou Pezzella. Atualmente, são 85 postos revendendo GNV no Estado.
Em sua apresentação, o coordenador de Marketing da Sulgás, Guilherme Cabral, adiantou que a Companhia planeja ações para estimular o consumo de GNV.
“Em 2019, realizaremos ações promocionais nas revendas que contam com GNV. Também desenvolveremos um aplicativo para os motoristas identificarem os postos que vendem o produto, onde estão localizadas as empresas instaladoras e quais são os preços do combustível”, adiantou Cabral.
O próximo evento está agendado para a quarta-feira (28), das 13h30 às 17h, na Sede do Sulpetro, em Porto Alegre. O encontro será dirigido para gerentes e funcionários dos postos de combustíveis. Informações e inscrições: (51) 3930-3800 ou pelo WhatsApp (51) 99798-0973.
A procura pelo serviço de instalação de kits de GNV também aumentou. Oficinas especializadas no serviço relatam que houve um incremento de pedidos de orçamento em cerca de 300%. A fila de espera que era de duas semanas, passou para dois meses.
Tendência que também pode ser comprovada pelo número de acessos ao simulador de economia no site da Sulgás. A média de acessos era de 463 usuários únicos por mês e, em maio, esse número saltou para 894.
(Com informações da Assessoria de Imprensa)
“A mulher vive muitos preconceitos em vários espaços, na vida profissional, na vida social. Mas no meio político a gente sofre muito. É um espaço onde os homens acham que a gente não tem capacidade de administrar uma cidade.”
O desabafo é da educadora Tânia Portugal, prefeita de São Sebastião do Passé (BA) entre 2005 e 2012.
Segundo a ex-prefeita, filiada ao PCdoB, na falta do que falar sobre competência técnica e profissional, as pessoas começam a desqualificar na parte pessoal. “Você é chamada de descarada, é chamada de sapatona. Se a mulher é muito aberta, comunicativa é descarada. Se é mais retraída é sapatona. É um negócio louco, que homem nenhum vive.”
Pedagoga com mestrado em Educação, Tânia é a personificação do que foi apurado pelo Instituto Alziras na pesquisa Perfil das Prefeitas no Brasil.
Segundo o levantamento, 71% têm ensino superior, enquanto entre os prefeitos esse índice é de 50%; 42% delas têm ainda pós-graduação e experiência.
Mesmo assim, as mulheres, que são 51% da população, governam apenas 11% das 5.570 cidades brasileiras, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Estão à frente de cidades pequenas e com Produto Interno Bruto (PIB) baixo.
No poder, os principais desafios apontados pelas prefeitas são assédio ou violência política, indicados por 53% das pesquisadas.
“Ninguém chama um homem, como chamaram a presidenta Dilma, de vaca. Sempre tentam desqualificar a mulher. Isso a gente sofre. Não sofri agressão física, mas essa violência sutil a gente sofre bastante. E de tabela a família sofre conosco”, relata a ex-prefeita de 53 anos, nascida em São Sebastião do Passé.
O estudo, lançado na terça-feira (13), no Rio de Janeiro, ouviu 45% das 649 prefeitas do Brasil, entre maio e julho deste ano e contou com apoio da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Associação Brasileira de Municípios (ABM) e financiamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e MRS Logística.
“Compreender as experiências das mulheres na política municipal é extremamente importante porque a prefeitura é porta de entrada e base da construção de parte significativa das carreiras políticas”, diz Michelle Ferreti, uma das fundadoras do Instituto Alziras, organização que tem o objetivo de desenvolver ferramentas para contribuir para o aumento da participação das mulheres na política.

- Daniela, prefeita de Monteiro Lobato (SP): ‘A mulher, fora do ambiente doméstico, sempre foi vista como intrusa’
“Você vai sofrendo os preconceitos, mas ao mesmo tempo vai se firmando e se afirmando nesse espaço. Ouvi piadinhas, desqualificação. Mas o se firmar e se afirmar constantemente a gente vai mostrando o trabalho, ações que a gente desenvolve”, diz Tânia Portugal. Foi assim que ela garantiu sua reeleição em 2008. “Já tem dois mandatos que saí. Ando nas ruas e a população diz ‘eu era feliz e não sabia’.”
A ex-prefeita foi responsável, por exemplo, por levar a São Sebastião a Farmácia Popular, programa do governo federal que garantia aos cidadãos medicamentos de uso contínuo até 90% mais baratos.
desafios
O levantamento do Instituto Alziras revela que 70% das prefeitas em exercício no país haviam ocupado cargos públicos anteriormente, quase um terço havia sido vereadora. E essa atuação abre espaço para a entrada de outras mulheres na política: 55% das entrevistadas possuem um secretariado composto por pelo menos 40% de mulheres.
“Quando uma mulher ocupa um cargo político, ela cria condições subjetivas e também objetivas para que outras também possam ocupar esse espaço”, diz Michelle Ferreti.
Governar uma cidade com até 50 mil habitantes é uma realidade para 91% das prefeitas eleitas em 2016 que, somadas, governam apenas 7% da população do país. Enquanto a média de PIB per capita dos municípios governados por prefeitas é de R$ 17,8 mil, aqueles que governados por homens têm média de R$ 19,7 mil.
Daniela de Cássia Santos Brito (PSB) é outra mandatária cuja trajetória e realidade confirmam os dados da pesquisa.
Desde 2012 à frente da administração de Monteiro Lobato, cidade de pouco mais de 4 mil habitantes na região de Campos do Jordão (SP), ingressou na Prefeitura Municipal no ano 2002. Antes, foi secretária de gabinete e responsável pela Secretaria de Cultura e Turismo do município.
Formada em Pedagogia e pós-graduada em Gestão de Políticas Sociais pela FMU, atuou por três anos, entre 2008 e 2011, como técnica regional do Fundo Social de Solidariedade do Governo do Estado de São Paulo, no gerenciamento de regiões do Vale do Paraíba e Campinas.
Em 138 anos desde a emancipação política de Monteiro Lobato, é a primeira mulher a liderar o governo lobatense.
Apesar de todo o preparo e do reconhecimento popular que a premiou com a reeleição em 2016, Daniela também enxerga várias barreiras para a atuação da mulher na vida pública.
“Uma delas é o conservadorismo dos partidos políticos. A figura feminina ainda não está completamente inserida nos processos democráticos”, avalia, dando como exemplo a diferença de investimentos nas campanhas de candidatos homens e candidatas mulheres. “Isso revela um cenário que impossibilita a concorrência de ‘igual para igual’ na ocupação dos cargos de prefeitas, vereadoras, deputadas, governadoras e até mesmo a presidência.”
O preconceito de gênero, para Daniela, é uma forma de violência. “A mulher fora do ambiente doméstico sempre foi vista como intrusa. Ultrapassar esses preconceitos e marcar territórios é vencer um dia de cada vez e ser a inspiração para outras mulheres que passam ou já passaram por situações constrangedoras na vida política.”
Apesar de tudo, 55% das pesquisadas pelo Instituto Alziras dizem ter interesse em prosseguir na carreira política. “Precisamos mapear as dificuldades enfrentadas pelas prefeitas para podermos traçar estratégias e criar ferramentas que contribuam para o aumento da participação feminina na política brasileira”, afirma Michelle.
prefeitas negras sofrem mais
As mulheres negras representam 27% da população, mas governam apenas 3% das cidades brasileiras. Entre as 298 prefeitas ouvidas pela pesquisa, 36% se declararam pretas ou pardas. A maioria delas está à frente de cidades do Nordeste.
Participam há menos tempo do cenário político: 74% está em seu primeiro mandato, enquanto entre as brancas essa porcentagem é de 56% .
Por outro lado, pretas e pardas têm mais experiência na gestão pública: 75% já ocuparam cargos não eletivos ou de confiança no governo. Entre as brancas, o índice é de 68%.
As negras também herdam menos capital político da família: 44% das prefeitas pretas ou pardas não possuem qualquer familiar eleito. Mas essa é uma realidade para 33% das brancas.
- Principais conclusões da pesquisa
Elas são preparadas para o cargo:
• 70% já ocuparam cargos públicos não eletivos ou de confiança, principalmente em áreas como assistência social (27%), educação (20%) e saúde (20%).
• 66% das prefeitas ocuparam cargos de confiança no poder executivo, sendo que 23% delas comandaram Secretarias de Governo.
• um terço das prefeitas já foi eleita para outros cargos: 29% das prefeitas já foram vereadoras e 14 % foram vice-prefeitas.
• 71% das prefeitas têm ensino superior (enquanto apenas 50% dos prefeitos tem ensino superior).
• 42% das prefeitas têm pós graduação.
São batalhadoras:
• as prefeitas estão nos municípios menores e mais pobres. Receita tributária per capita média dos municípios governados por mulheres: R$ 199,04. Por prefeitos: R$ 245,08.
• as prefeitas precisam de mais recursos para se eleger: de R$ 7,10, ante R$ 6,15 para os prefeitos.
Dificuldades:
• 53% – reconhecem que já sofreram assédio ou violência política
• 48% – falta de recursos para a campanha
• 22% – falta de apoio do partido ou base aliada
• 24% – falta de espaço na mídia
Pretas e pardas (conforme denominação do IBGE):
• 45% são pretas e pardas, a maioria no Nordeste
• 74% está em seu primeiro mandato. Entre as brancas, a porcentagem é de 56%
• 75% de mulheres pretas e pardas já haviam ocupado cargos de confiança. Entre as brancas, o índice é de 68%.
• 44% não possuem qualquer familiar eleito. Entre as brancas, a porcentagem é 33%
Não são fantoche de marido:
• apenas 36% das prefeitas possuem marido que já foi eleito para algum cargo na política. Em 21% dos casos, ele foi prefeito (o que, não pode ser considerado demérito, já que ter familiares na política é comum para mulheres e homens eleitos na política brasileira)







