O apicultor José Adair de Souza, que trabalha na estação experimental da UFRGS em Eldorado do Sul, é o novo presidente da Cooperativa dos Apicultores do Sul (Coapisul) para o biênio 2019/2020. Braço direito do professor Aroni Sattler, diretor do Departamento de Apicultura da Faculdade de Agronomia de Porto Alegre, Adair foi eleito por unanimidade dos votos dos 10 associados presentes — em terceira chamada — na manhã do sábado, dia 19 de janeiro. Com isso, a sede da Coapisul, que estava em Arroio dos Ratos, volta para a sede rural da UFRGS, no Km 146 da BR-290.
Fundada em 2005 por uma assembléia de 44 apicultores, a cooperativa tem atualmente 88 associados, número incomum em um segmento em que a maioria das associações apícolas municipais ou regionais – cerca de 90 no Rio Grande do Sul – possui de 20 a 40 filiados, sendo tocadas por uma minoria de abnegados. “Na verdade, apenas meia dúzia se dedica pra valer”, diz o veterano Ciro Deretti, presidente da Coapisul nas duas últimas gestões, de 2015 a 2018.
Militar aposentado, Deretti mexe com as abelhas melíferas desde os anos 1960. Explorou a apicultura até mesmo quando serviu ao Exército na Amazônia. Passado dos 80 anos e sem condições físicas de tocar o ofício apícola, ele vive o drama de muitos apicultores que ficam velhos sem ter um descendente ou parente apto a manter seu apiário. Por falta de sucessor familiar, está disposto a vender sua centena de colmeias e, também, o sítio de quatro hectares que possui no Cerro do Roque, no município de Minas do Leão, na zona carbonífera. “Gostaria de passar adiante o pacote completo – enxames, caixas e o sítio – para alguém comprometido com a atividade apícola”diz ele, salientando que não venderia “para um aventureiro”. Com milhares de eucaliptos adultos, “o sítio tem potencial para produzir 10 toneladas de mel por ano”, afirma Deretti.

José Adair de Souza, o novo presidente da Coapisul, mora e trabalha na estação experimental de Eldorado do Sul desde que, há mais de 15 anos, foi convidado pelo professor Aroni a deixar o campus da Agronomia na capital, onde trabalhava. À medida que se firmou como auxiliar de pesquisas do professor, ganhou confiança para produzir mel a partir de um enxame ganho de presente. Atualmente, possui mais de 300 colmeias, que maneja em parceria com amigos da vizinhança da estação experimental, onde se sente literalmente em casa. Uma das coisas que lhe dá segurança como presidente da Coapisul é ter o professor Aroni como tesoureiro.
Na estação experimental de Eldorado do Sul, onde a apicultura ganhou alento a partir de 2010 graças a um convênio com o setor florestal da Celulose Riograndense, foram instalados em anos recentes alguns equipamentos para processamento do mel produzido nos eucaliptais vizinhos por parceiros da indústria de celulose de Guaíba. Uma casa-de-mel foi instalada no prédio cedido pelo departamento de suinocultura da UFRGS, que extinguiu o chiqueiro ali existente. Faltam ainda equipamentos e instalações suficientes para se obter a autorização do Ministério da Agricultura para envasar ali mesmo o alimento-remédio feito pelas abelhas a partir das flores. Por isso, a produção apícola da região carbonífera, cuja fonte principal são os eucaliptos, é embalada em entrepostos de municípios próximos como Ivoti, Novo Hamburgo e Viamão.