Que vergonha!

A autoestima brasileira foi parar no fundo do poço, onde a economia está de plantão

GERALDO HASSE

Liderados pelo chefe do Executivo, secundados pelos chefes do Congresso e com o Judiciário deixando rolar, os poderes da república estão demolindo descarada e impunemente antigas conquistas populares e técnicas nas áreas ambiental, cultural, previdenciária, social, trabalhista e outras mais.

Todos os bacanas das cúpulas que deveriam zelar pela qualidade de vida da maior parte da população praticam tais maldades na maior caradura enquanto dão entrevistas ou respostas cínicas sobre a recuperação da economia.

No governo, o troféu de maior cara-de-pau está entre os superministros Paulo Guedes, da Economia, e Sérgio Moro, da Justiça, ambos operando como se tivessem sido previamente programados por forças externas: Moro, pelo moralismo dominante; Guedes, pelo Mercado autossuficiente. São dois “donos-da-verdade” que precisam ser oportunamente confrontados e desmascarados. Bom seria se isso acontecesse até o 1º de maio.

Do jeito que estão sendo armadas as “reformas”, já se sabe quem serão os beneficiados (uma minoria de abonados), ficando o mico para os que se situam na base da economia. Sendo as coisas repartidas de forma desigual, como costumam fazer governos assim conservadores, tão cedo a economia não sairá do buraco.

As necessidades das maiorias estão sendo vilipendiadas. É uma avalanche inacreditável de projetos e práticas antidemocráticos, na contramão do que se convencionou ser o interesse público.

Por contrariar a Constituição, as medidas tomadas no contrafluxo dos governos petistas devem ser contestadas pelos organismos da sociedade civil, a começar pela ABI, a Fenaj, OAB, CUT e outras centrais sindicais. Fazem falta a voz da Igreja Católica, o pronunciamento da universidade, o protesto dos artistas e dos estudantes.

O silêncio popular começa a se confundir com acomodação e omissão.

Se não houver reação ao desmanche, os poderosos do momento cometerão livremente o crime de lesa-pátria configurado em medidas como a entrega do pré-sal às petroleiras estrangeiras, a venda de estatais que logo estarão agindo como a Vale, cuja ação deletéria na mineração ameaça as populações vizinhas e o meio ambiente.

O governo federal está claramente a favor dos crimes ambientais. Não é só por pregar a licença fácil para obras predatórias. É também por facilitar a livre atuação da indústria de agrotóxicos que envenenam abelhas, alimentos, pessoas e os recursos hídricos na superfície e no subsolo.

Já a curto prazo, o laissez faire oficial vai se refletir na queda das exportações brasileiras de carnes, grãos e frutas. Até o mel, que rende quase R$ 100 milhões de dólares por ano ao Brasil, está em vias de ser recusado internacionalmente por conter resíduos de venenos agrícolas. Teremos nós brasileiros que consumir as recusas e as sobras de outros países.

LEMBRETE DE OCASIÃO

“O reajuste das aposentadorias e pensões pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – 3,43% no ano passado – não preserva o poder de compra dos aposentados, o que fere o Artigo 201, parágrafo 4º da Constituição.”
Carla Oliveira, consultora jurídica da Associação Brasileira de Aposentados e Pensionistas

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