Além de crescer menos do que os demais Estados, o Rio Grande do Sul está perdendo população por conta de um movimento migratório que se acelerou nos últimos anos.
A cada ano é maior a diferença entre os que se fixam no Estado e os que saem para outras regiões ou mesmo para o exterior.
No ano passado, por exemplo, a população gaúcha diminuiu 0,12%, o que signfica uma perda de 13.686 habitantes.
O fenômeno não é novo, mas veio à tona agora com a divulgação na segunda feira de uma pesquisa do Departamento de Economia e Estatística.
No mesmo período, Santa Catarina aumentou a sua população em 0,41%, mais de 10 mil habitantes, graças às atração de novos moradores, de outros Estados, do Rio Grande do Sul, principalmente.
O Estado catarinense é justamente o que atrai mais gaúchos, segundo o estudo divulgado. Depois, estão Paraná, Mato Grosso, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
De acordo com o pesquisador Pedro Zuanazzi, responsável pelo estudo, os dados são mais preocupantes porque a maioria dos gaúchos que deixa o Rio Grande do Sul está no início da vida produtiva, entre 20 e 25 anos.
Os idosos que saem, são aposentados com renda, que estão se mudando preferencialmente para Santa Catarina.
Nos últimos oito anos, o Rio Grande do Sul ainda foi o que mais perdeu participação no conjunto da população do país.
Passou de 5,6% da população brasileira em 2010 para 5,4% no ano passado, o que representa 347 mil pessoas. Por isso, o ritmo de envelhecimento está acelerado. Em 2035, 20% da população gaúcha terá mais de 65 anos.
A equação é perversa: com a menor taxa de crescimento populacional e a maior expectativa de vida do país, Rio Grande do Sul vê o percentual de idosos aumentar, ao mesmo tempo em que diminui o número de pessoas que integram o grupo em idade potencialmente ativa (15 a 64 anos).
“O Rio Grande não tem se mostrado atrativo para reter pessoas, especialmente os mais jovens, muito menos para cativar gente de fora. O Estado precisará ´importar´ pessoas”, prevê a secretária Leany Lemos.

Na nota que elaborou, Zuanazzi observa que o processo de envelhecimento da população gaúcha (20% da população terá mais de 65 anos em 2035, por conta das baixas taxas de fecundidade e da maior expectativa de vida) é similar aos estados vizinhos. 
Destinos
Considerando o critério de migração que confronta local de residência e local de nascimento, ou seja, que engloba as trocas migratórias das últimas décadas, Santa Catarina lidera o ranking dos destinos dos gaúchos que decidem morar acima do rio Mampituba: entre saídas e chegadas, o saldo é negativo em mais de 280 mil pessoas.
Em seguida estão Paraná (saldo migratório de -177 mil), do Mato Grosso (-90 mil), de São Paulo (-37 mil) e Mato Grosso do Sul (-33 mil), que fecham a lista dos cinco principais destinos de gaúchos que emigram.
O estudo também avalia que os municípios da Fronteira Oeste e Noroeste têm as maiores perdas populacionais dos últimos anos, em parte migrando para outros Estados, em parte devido à migração interna em favor de cidades próximas a Porto Alegre, Caxias do Sul, Lajeado e Litoral Norte. Das dez cidades que mais tiveram variação proporcional de suas populações (2010-2017), seis estão localizadas próximas às praias.
Na avaliação do pesquisador, esse fator tem impacto direto não apenas no crescimento do PIB do RS, “mas no longo prazo dificultará ainda mais compromissos obrigatórios, que não reduzem seus valores conjuntamente com a redução populacional, como é o caso da Previdência e da dívida pública”.
Haveria a necessidade, segundo ele, de um salto em termos de produtividade por trabalhador para compensar estes reflexos.
Na visão da secretária Leany, o RS tem um grande desafio, após superar as questões fiscais, tornar-se capaz de atrair novos investimentos, reduzir a burocracia estatal e estimular a inovação. “Precisamos, acima de tudo, atrair jovens de outros Estados e manter aqui nossos talentos”, acrescentou.