Água do Guaiba está suja: DMAE reduz vazão para 35 bairros

O DMAE decidiu reduzir a vazão da Estação de Tratamento de Água (ETA) São João, neste sábado, 5.

A restrição foi, causada “pelo excesso de turbidez do Guaíba”, segundo a assessoria de imprensa e pode “acarretar em baixa pressão e/ou falta d’água na área atendida pelo sistema”.

O manancial (Guaiba) apresenta alterações decorrentes da cheia nas últimas semanas. Por isso, o tratamento está levando mais tempo para ser concluído – reduzindo a capacidade da ETA,  de 2,3 mil para 1,6 mil litros por segundo.

O objetivo da redução de vazão é, justamente, manter a qualidade da água fornecida à população.

Área atendida pelo Sistema São João: Anchieta, Auxiliadora, Boa Vista, Chácara das Pedras, Costa e Silva, Cristo Redentor, Farrapos, Floresta, Higienópolis, Humaitá, Jardim Carvalho, Jardim Europa, Jardim Floresta, Jardim Lindoia, Jardim Itu, Jardim Sabará, Jardim Leopoldina, Jardim São Pedro, Mario Quintana, Morro Santana, Navegantes, Parque Santa Fé, Passo da Areia, Passo das Pedras, Rubem Berta, Santa Maria Goretti, Santa Rosa de Lima, São Geraldo, São João, São Sebastião, Sarandi, Três Figueiras, Vila Ipiranga e Vila Jardim.

(Imformações da Assessoria de Imprensa)

CPI da Garoa: voto divergente aponta Melo e mais cinco por “homicídio doloso”

A CPI da Câmara de Porto Alegre, que investigou o incêndio na Pousada Garoa, concluiu seus trabalhos na quinta-feira, 26/06.

Onze pessoas morreram e 15 ficaram feridas no incêndio que, em abril de 2024, destruiu o prédio de três andares na avenida Farrapos, na região central da cidade.

No local, funcionava uma das 23 unidades da rede de pousadas Garoa, contratada pela prefeitura de Porto Alegre para acolher pessoas em situação de vulnerabilidade.

No dia 26 de abril, quando completou um ano da tragédia, o G1 registrou:

“As investigações seguem em diferentes frentes: um inquérito da Polícia Civil, um processo na Justiça e uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Vereadores da capital. Atualmente, o prédio continua completamente destruído. A estrutura não foi utilizada e também não passou por nenhum tipo de reforma”.

As causas do fogo ainda não foram esclarecidas.

Onze pessoas morreram no incêndio da Pousada Garoa, em abril de 2024. Foto: Cesar Lopes /PMPA

A CPI foi instalada em fevereiro para esclarecer os muitos pontos ainda obscuros neste caso.

O relatório da CPI, aprovado nesta quinta por sete votos a quatro, aponta a falta de segurança e as instalações precárias do local e responsabiliza o proprietário, André Kologeski.

A prefeitura, porém,  fica isenta de qualquer responsabilidade pelo ocorrido, embora as investigações tenham apontado falhas na fiscalização por parte do município.

O resultado da CPI reflete a correlação de forças na Câmara de Porto Alegre, onde a base de apoio ao prefeito Sebastião Melo tem folgada maioria.

Com onze integrantes, a CPI tinha sete vereadores, inclusive o relator, da base governista e quatro da oposição, incluindo o presidente,  vereador Pedro Ruas (PSOL),  que elogiou o trabalho desenvolvido em quatro meses: “Eu nunca vi uma CPI ser tão célere e colaborativa como esta”, disse Ruas, que participou de outras 32 CPIs ao longo de seus sete mandatos na Câmara Municipal.

Votaram com o relator Marcos Felipi (Cidadania): Rafael Fleck (MDB), vice-presidente da CPI; Coronel Ustra (PL), Mauro Pinheiro (PP), Hamilton Sossmeier (PODE), Gilvani o Gringo (Republicanos), e Ramiro Rosário (Novo).

O presidente Pedro Ruas e os vereadores Alexandre Bublitz (PT), Giovani Culau e Coletivo (PCdoB) e Erick Dênil (PCdoB), votaram contra e apresentaram uma “declaração de voto divergente”.

“O nosso voto divergente, eu adianto pra vocês, é um voto forte, um voto pesado; é um voto que busca nas teorias do Direito Penal o enquadramento dos agentes públicos que atuaram nesta área”, disse Ruas.

O “voto divergente”, na verdade, consiste num relatório paralelo. Nele, os vereadores  apontam que houve “negligência ou omissão da administração pública — que deixou de cumprir seu dever de fiscalização contínua, sobretudo em relação à estrutura física, instalações elétricas, condições de segurança contra incêndio e lotação da pousada – criou-se um risco concreto e previsível, que culminou no sinistro”.

Com base nessa conclusão, o voto divergente conclui que houve  “homicídio doloso, com dolo eventual” e propõe a responsabilização penal para quatro pessoas físicas.

“Não houve fatalidade, houve omissão criminosa. Não houve ignorância, houve tolerância institucional ao risco. Desta forma, sustenta-se que o prefeito municipal deve ser criminalmente responsabilizado por homicídio doloso, na forma do dolo eventual, pelas mortes decorrentes do incêndio nos prédios da Avenida Farrapos, de números 295/305/309, das Pousadas Garoa”, diz o voto divergente.

O relatório divergente apresenta trechos do depoimento de Léo Voigt à CPI, os quais segundo os vereadores autores, o ex-secretário assume que se sentia o grande responsável pela política social de Porto Alegre, bem como manteve a linha adotada pelo governo anterior, e confirma que as “fiscalizações” às Pousadas Garoa eram avisadas previamente. “O senhor Léo Voigt – em nossa interpretação dos fatos e dos comportamentos – também cometeu homicídio doloso, na modalidade do dolo eventual”, afirmou Ruas.

Quanto ao ex-presidente da Fasc, Cristiano Roratto,  “Dificilmente haverá alguém mais diretamente envolvido, com esse contrato com as Pousadas Garoa, do que o senhor Cristiano Atelier Roratto. Ele era o presidente da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) na época da tragédia criminosa, o que significa enorme responsabilidade na contratação e fiscalização dos serviços”, pontuou o presidente da CPI.

O relatório aponta que Roratto foi indiciado pela Polícia Civil por incêndio culposo e denunciado pelo Ministério Público Estadual por homicídio doloso, e sugere que “o ex-presidente da Fasc deve ser apontado como autor de homicídio doloso, na modalidade do dolo eventual”.

Sobre o proprietário das Pousadas Garoa, André Kologeski, que se negou a prestar depoimento à CPI, o texto enfatiza que as tais pousadas não tinham a menor condição de abrigar pessoas, seja do ponto de vista higiênico, sanitário ou de segurança. “Na Polícia Civil, o senhor André Luís Kologeski da Silva foi indiciado por incêndio culposo, enquanto que no Ministério Público Estadual foi denunciado por homicídio doloso, na forma do dolo eventual. Aplica-se aqui a Teoria da Omissão Penalmente Relevante, com as consequências e enquadramentos legais já referidos, posto que nosso voto é no sentido de que o senhor André Luís Kologeski da Silva cometeu homicídio doloso, na modalidade do dolo eventual”, declarou Ruas.

Já a fiscal de serviços, Patrícia Mônaco, e a fiscal de contratos, Maristela Ribeiro de Medeiros, são apontadas no voto divergente com a reponsabilidade por “incêndio culposo e agravante individual”. O relatório observa que o maior problema – e, consequentemente, a maior omissão – que o poder público cometeu, no caso das Pousadas Garoa, foi a falta de fiscalização adequada, ou a ausência total de fiscalização. “Face à tragédia evitável, bem como por conta do comportamento de ambas (Patrícia e Maristela), nosso voto é no sentido de que cometeram o crime de causar incêndio, previsto no artigo 250, do Código Penal”, diz o texto, sendo para Patrícia Mônaco a agravante do artigo 258 do Código Penal do Brasil.

(Com informações da Assessoria de Imprensa da Câmara/Andressa de Bem e Canto)

Discussão sobre orçamento não inclui a dívida que engoliu quase R$ 2 trilhões em 2024

GERALDO HASSE
O confronto entre o governo e o Congresso sobre a aplicação de recursos orçamentários está viciado e restrito a debates em torno de questões periféricas e verbas menores – por exemplo, os R$ 50 bilhões pretendidos por deputados para emendas, uma merreca perto de outras verbas gigantescas votadas para o atendimento de carências populares e o suprimento de necessidades nacionais.

Do Orçamento de R$ 5,9 trilhões aprovado em março para o ano fiscal de 2025, destacam-se as seguintes rubricas:

-R$ 972 bilhões para a Previdência

-R$ 788 bilhões para pagamento dos servidores federais (valor estimado com base na despesa de R$ 262 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano)

-R$ 245 bilhões para a Saúde Pública

-R$ 226 bilhões para a Educação Pública

-R$ 158 bilhões para o Bolsa Família (ou, seja, para o combate à pobreza extrema na base da pirâmide social)

-R$ 133 bilhões para a Defesa

-R$ 133 bilhões para o Judiciário

-R$ 116 bilhões para a Segurança Pública

-R$ 113 bilhões para Benefícios de Prestação Continuada (que proporciona uma renda mensal a desvalidos)

-R$ 57 bilhões para o PAC (obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento)

-R$ 53 bilhões para o pagamento de precatórios judiciais

Numa soma por alto, já temos aí cerca de R$ 3 trilhões, mas os gastos federais não ficam só nisso. A União é obrigada a transferir para estados e municípios partes substanciais de suas receitas.

Há ainda as despesas extraordinárias decorrentes de emergências, como as enchentes. O presidente se vê obrigado a ajudar e, para tanto, precisa fazer mudanças na ordem dos fluxos financeiros.

A única coisa que ele não pode mudar – ou não quer fazer, ou teme fazê-lo – é mexer nos pagamentos de juros e amortizações da Dívida Pública Federal, que custa anualmente muito mais do que o país aplica em educação, saúde e segurança. É um valor extra-orçamento,  quase dois trilhões de reais em 2024.

Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida

E a Dívida não para de crescer. Está na casa dos R$ 10 trilhões, mais do que o nosso Produto Interno Bruto.

E qual a solução para tamanho descalabro? Baixar os juros, dizem alguns. De fato, a taxa Selic fixada pelo Banco Central está em 15% ao ano. Descontada a inflação de 5,5%, temos aí um juro real acima de 9%.

Quem tem capital disponível prefere aplicar antes em títulos da Dívida, nunca em investimentos produtivos, geradores de renda, empregos e tributos.

O Brasil é literalmente um dos maiores cassinos de jogos garantidos pelo governo.

Até alguns meses atrás, dizia-se que a culpa dos juros altos era do Roberto Campos Neto, geralmente citado como conchavado com os bancos, que operam com os títulos da Dívida.

Então Lula nomeou Gabriel Galípolo, certo de que o galo cantaria a musiquinha do PT, mas o cara continua atento à voz de comando do mercado financeiro.

Ele preside o BC, mas não decide sozinho. O comitê de política monetária é formado por oito outros especialistas em finanças.

Lula é tido como manietado pelo mercado financeiro, cujos gurus, como o economista Arminio Fraga, chegaram ao desplante de sugerir o congelamento do salário mínimo por seis anos, para que algumas rúbricas orçamentárias (previdência, por exemplo) não sigam aumentando junto com o crescimento da economia.

A falta de sensibilidade social dos financistas agride a maioria absoluta dos brasileiros.

Por que ninguém sugere ou banca uma medida drástica que onere os credores da Dívida? Num raciocínio simples, em vez de atingir os milhões de pessoas que ganham o mínimo, por que não reduzir os ganhos bilionários de investidores & especuladores?

É uma medida que pode ser tomada com diplomacia ou no tranco. Geralmente, quem dá um murro na mesa obtém descontos. Principalmente se tiver a habilidade de combinar antes com os russos ou os chineses, ou com ambos, para desfrutar de certa segurança na retaguarda.

É certo que não dá para ir levando o assunto em banho-maria. Não é de duvidar que Lula tenha crédito e habilidade para fazer o gesto histórico. Basta que tenha coragem.

Gráfico da Auditoria Cidadã da Dívida: Em 2024, o Brasil pagou R$ 1,997 trilhão de juros e amortizações da dívida pública, quase 43% do total de despesas da União.

 

 

CPI da Garoa: Relatório isenta prefeitura; Ruas diz que pode haver “voto divergente”

Encerrou seus trabalhos a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Porto Alegre que investigou o incêndio que matou 11 pessoas numa das unidades da rede Pousada Garoa, contratada da prefeitura para abrigar pessoas em situação de vulnerabilidade.

O relatório final foi apresentado nesta segunda-feira (23/06)  no Plenário Otávio Rocha.

O presidente da CPI, vereador Pedro Ruas (PSOL), explicou que o relatório será votado na quinta-feira (26), quando “será possível apresentar o voto divergente justificado, se houver”. Seria um “relatório paralelo”, com apontamentos diferentes do relator.

O relator da Comissão, vereador Marcos Felipi (Cidadania),  culpou o proprietário da pousada pela precariedade das instalações, mas isentou de responsabilidade a fiscalização da prefeitura.

A CPI foi instalada em 26 de fevereiro de 2025, emitiu 97 requisições documentais, ouviu 23 testemunhas, analisou laudos periciais do Instituto‑Geral de Perícias (IGP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/LabSeg).

“O responsável por comandar, do início ao fim, as investigações para elaboração do inquérito sobre o incêndio da Pousada Garoa, que vitimou 11 pessoas e deixou outras 15 feridas, o delegado da Polícia Civil, Daniel Ordahi, reforçou o seu entendimento de que o fogo no prédio não foi provocado por um terceiro”, relatou Felipi.

De acordo com o relatório, a CPI se ateve aos quatro objetivos contidos no seu plano de trabalho:

-apurar as circunstâncias do incêndio e identificar supostos responsáveis pela tragédia;

-verificar possíveis irregularidades no sistema de segurança da Pousada Garoa;

-identificar supostas falhas na fiscalização da Pousada Garoa e na execução do contrato;

-recomendar providências para evitar novas tragédias, incluindo medidas legislativas e administrativas.

O relator destacou os pontos convergentes e divergentes dos depoimentos das testemunhas que participaram das oitivas da Comissão. Segundo ele, divergência apenas quanto à origem exata do fogo (ato doloso X curto‑circuito).

Dentre os principais pontos convergentes, Felipi apontou que restou comprovado que a porta principal ficava fechada no intervalo entre 23 horas e 5 horas por questão de segurança, mas que era aberta pelo porteiro sempre que solicitado por algum morador para entrar ou sair dentro deste horário.

“Além disso, ficou evidenciado em diversos depoimentos que todos os moradores possuíam chaves de suas acomodações, os quais poderiam fechá-las por dentro ou por fora, portanto, totalmente descaracterizada a hipótese levantada de suposto cárcere privado”, afirmou.

Conforme o relatório, quanto à ausência de extintores, houve relatos de que existiam pelo menos um por andar, contudo, aparentou-se não só insuficiente quanto ineficiente, haja vista alguns testemunhos de que foi tentada a sua utilização, mas que não funcionou na hora do seu acionamento, possivelmente pela falta de pressão. “Outro ponto convergente foi no que diz respeito ao local de início do fogo, que começou na acomodação 32, num quarto desocupado, em um colchão, com chamas se propagando num ritmo acelerado”, disse o relator.

Homem que saiu antes não foi identificado

Feilpi sublinhou que diversos testemunhos deram conta do avistamento de um indivíduo de camiseta amarela, visivelmente perturbado, “dizendo que pegaria alguém”, tentando entrar pelos fundos da Pousada Garoa. “Ficou evidenciado nas imagens fornecidas pelo CEIC que o último indivíduo a sair da Pousada antes do fogo iniciar vestia camiseta clara e que não se tem notícia de ter sido identificado até o presente momento pelas autoridades; logo, não teria sido ouvido”, pontuou.

Conclusões

De acordo com o relatório, a partir dessas premissas reunidas na fase de instrução da CPI da Pousada Garoa, delinearam-se três linhas investigativas possíveis: dolo eventual; culpa consciente; e ausência de responsabilização penal, diante da existência de uma causa, ou concausa absolutamente independente – incêndio intencional – a qual, por si só, foi suficiente para produzir o resultado.

Conforme o relator, a terceira linha de investigação ganha destaque a partir de um fato novo trazido à CPI: o depoimento de uma testemunha que afirmou, de forma categórica, que um indivíduo ateou fogo intencionalmente em determinado quarto da pousada, o qual estava desocupado no momento do incêndio. Além disso, diz o relatório, foi constatado que a fiação elétrica do local era nova e que o colchão se encontrava afastado de qualquer ponto de ignição elétrica, o que fortalece a hipótese de incêndio intencional deliberado.

“Torna-se evidente que a possibilidade de o incêndio ter sido criminoso, em um primeiro momento, sem que se tenham mais elementos de prova, por sua natureza dolosa, autônoma e suficiente para causar o resultado é capaz de afastar a responsabilização penal do senhor Cristiano Roratto (presidente da Fasc na época do incêndio) e da senhora Patrícia Mônaco (fiscal de serviço)”, afirmou o relator.

Felipi também apontou que a conduta do proprietário da rede de Pousadas Garoa, André Kologeski, foi muito aquém do seu dever, uma vez que além dos sérios problemas de limpeza do local, a edificação possuía inúmeros problemas estruturais, como: quartos sem janelas, apenas uma escada em formato de caracol, uma única porta de entrada e saída, sem alvará e PPCI, extintores em número reduzido para o tamanho da edificação, bem como fora do prazo de vencimento.

“Dessa forma, diante da materialidade dos fatos e da comprovação das ações e omissões do proprietário, esta Comissão Parlamentar de Inquérito entende que há elementos suficientes para o enquadramento do senhor André Kologeski em responsabilidade civil e criminal, com possibilidade de configuração de dolo eventual, uma vez que ele assumiu conscientemente o risco, como de fato se concretizou”, declarou.

Encaminhamentos

O relatório final da CPI será encaminhado ao Ministério Público; Poder Judiciário – Vara do Juri; Controladoria‑Geral do Município (CGM); Procuradoria Geral do Município (PGM); Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS); para as providências cabíveis.

O relatório também sugere novas diligências, tais como o reconhecimento do indivíduo de camiseta clara, último a sair da Pousada Garoa antes do fogo tomar conta da edificação, a fim de que preste a sua versão dos fatos. Sugere-se que sejam ouvidos os cinco ex-moradores sobreviventes que assinaram o Boletim de Ocorrência nº 165460, que não foi analisado pela autoridade policial.

Consta ainda no relatório a sugestão de interrogar todos os envolvidos na mencionada discussão que ocorreu segundos antes de iniciar o incêndio, conforme depoimento prestado de forma restrita à CPI, especialmente do indivíduo apontado como possível autor do delito. Por fim, a averiguação de toda a documentação encaminhada pela fiscal de serviço e a fiscal de contrato.
(Com informações da Assessoria de Imprensa da CMPA)

Plano Diretor chega ao Conselho com 5 anos de atraso e mais facilidades para construção

Chegou ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental, nesta quarta-feira, 19,  o novo Plano Diretor de Porto Alegre – com atraso de cinco anos, regras mais brandas, facilidades no licenciamento e estímulos ao “adensamento qualificado”, ou seja, prédios mais altos.

Em nota à imprensa, o secretário Germano Bremm, do Planejamento, diz que as “propostas visam desburocratizar os processos, atrair investimentos, promover um desenvolvimento econômico, aumentar a resiliência urbana e garantir a reconstrução e o crescimento ordenado da cidade”.

“Estimular o uso mais eficiente do solo” é o mote geral.

Incentivar usos mistos nos bairros, misturando residências, comércio e serviços em diversas áreas, “com o objetivo direto de reduzir o tempo de deslocamento das pessoas nos trajetos diários, aproximando moradia e emprego, e fomentando centralidades locais”.

Regras “excessivamente restritivas do passado”, foram abrandadas, para atender à “capacidade construtiva” e promover o “adensamento qualificado em áreas estratégicas, como eixos de transporte e centralidades”. Isto é, prédios mais altos ao longo das grandes avenidas.

O novo plano prevê “instrumentos urbanísticos”, para incentivar os investimentos imobiliários, entre eles a Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC) que permite construir acima do permitido “em troca de contrapartidas financeiras ou em obras”.

Outro “instrumento”, a “Transferência do Direito de Construir (TDC)” visa incentivar a preservação de imóveis históricos, áreas ambientais e equipamentos públicos, ao permitir que o potencial construtivo não utilizado nesses locais seja transferido e aplicado em outros pontos da cidade”.

Instrumentos como o Parcelamento, Uso e Edificação Compulsórios, Consórcio Imobiliário e Concessão Urbanística completam o quadro, “fornecendo ao poder público e à iniciativa privada mecanismos para desbloquear o potencial de áreas subutilizadas e promover projetos de reestruturação urbana”.

Os processos de licenciamento urbanístico e edilício serão simplificados e priorizarão a tramitação digital e a responsabilização técnica. “Essa agilidade é vital para acelerar a aprovação de projetos, destravar o setor da construção civil e impulsionar a economia”, segundo a nota da prefeitura.

As mudanças mais importantes já foram aprovadas e estão em vigor no Centro e no 4° Distrito, onde os limites e as alturas permitidas foram alteradas.

“Compra Assistida” já entregou 3 mil casas no RS e pode ser modelo de programa nacional

O ministro Rui Costa, chefe da Casa Civil, anunciou em Porto Alegre que o governo Lula estuda replicar no âmbito federal o  Programa “Compra Assistida”.

O programa financia moradia popular e foi criado emergencialmente para assistir às familias gaúchas que perderam suas casas na enchente de maio de 2024.

Permite aquisição de imóveis de até R$ 200 mil.

O programa é financiado pela Caixa Econômica mas o candidato à casa própria é quem procura e escolhe o imóvel que quer adquirir. A Caixa dá assistência na avaliação e na tramitação financeira.

Três mil familias atingidas pela enchente no Rio Grande do Sul já receberam suas novas moradias e outras 800 estão em tramitação, segundo o ministro. “É um programa inédito, um sucesso, estamos avaliando para replicar em todo o país”.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Renato de Souza Correia, ouvido pela rádio Gaúcha, manifestou a desconfiança das grandes construtoras com o novo programa de moradia popular. O “Compra assistida” vai usar recursos da poupança, de juros mais baixos, vai absorver um dinheiro que hoje financia grandes projetos. Além disso, a “compra assistida” não financia a construção. O candidato escolhe um imóvel já construído.

O presidente da CBIC, no entanto, reconheceu a importância de programas que ataquem a questão da moradia. “A moradia é um direito constitucional de todo o cidadão brasileiro e temos no país um déficit habitacional de 6 a 7 milhões, um déficit crônico, que não diminuiu nos últimos 50 anos” .  Segundo ele,  o país teria que investir Rs 100 bilhões por ano, durante dez anos para zerar esse déficit.

 

 

 

Reitora Márcia Barbosa: “A universidade não pode parar”

Em entrevista ao JÁ, a reitora da UFRGS, Márcia Barbosa, comenta a crise financeira das universidades públicas federais e fala sobre seu projeto para mobilizar a sociedade em defesa da instituição.

A reitora também anunciou a busca de recursos para a criação do  Centro de Gestão de Risco Climático e Ambiental, no campus de Tramandaí. Mais uma razão para o orçamento da UFRGS não sofrer cortes.

Por Márcia Turcato

A reitora Márcia Babora tem muitos planos e não os tem sozinha, conta com uma equipe dedicada e o engajamento daqueles que a elegeram.

A principal pauta nesse momento é resgatar o orçamento da universidade para permitir que ela continue minimamente funcionando. E isso significa honrar as bolsas de estudo, pagar os serviços terceirizados e garantir  as refeições dos restaurantes terceirizados, os RU. Até sexta-feira, dia seis de junho, a UFRGS precisa receber R$ 22 milhões para não colapsar.

Em 139 anos de ensino superior público no Rio Grande do Sul, a física e pesquisadora Márcia Barbosa, é a segunda mulher a ser reitora.

No estado gaúcho, o ensino superior público iniciou com a criação da Escola de Engenharia em 1896, seguida pela Faculdade de Medicina, em 1898, que foram incorporadas à UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1934, ano da sua criação. Somente na virada do século a universidade teve uma reitora, foi Wrana Maria Panizzi, com mandado de 1996 e 2004. Ela era professora da Faculdade de Arquitetura.

As universidades federais vivem um dilema. A maioria sofreu corte de verba e assédio moral durante o governo de Jair Bolsonaro.

Com a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva, as universidades federais, como é o caso da UFRGS, imaginaram que teriam uma experiência mais respeitosa. Mas isso não aconteceu porque o Congresso Nacional tornou-se um obstáculo concreto.

Em março deste ano, os congressistas vetaram o orçamento das universidades federais e impuseram um corte que, para a UFRGS chegou à soma de R$ 8,5 milhões.

Na sequência, sob o tensionamento de corte nos gastos públicos, o Executivo estabeleceu um repasse de verbas em apenas três parcelas, a primeira em maio, a segunda entre junho e novembro e a última em dezembro, enquanto os compromissos da universidade são mensais. A manobra do Congresso fez com que o Executivo emitisse o Decreto n.° 12.488, dispondo sobre a programação orçamentária e financeira das universidades.

No caso da UFRGS, de acordo com o Portal da Transparência e antes da publicação do decreto, o orçamento previsto para 2025 era de R$ 2,40 bilhões, com aportes mensais.

“O Congresso obriga o governo a fazer o corte para depois oferecer migalhas via emenda parlamentar”, avalia a reitora. Pode até haver quem considere bom negociar individualmente a emenda parlamentar para colocar o recurso em uma iniciativa do seu interesse. “Mas isso não é política pública, isso não é um projeto de ensino”, argumenta Márcia Barbosa, que é membro das Academias Brasileira e Mundial de Ciências.

Após idas e vindas da reitora  e outros representantes de universidades ao MEC- Ministério da Educação, para negociar o cancelamento do repasse escalonado e a recomposição do orçamento, no dia 27 de maio o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que o governo federal fará a recomposição de R$ 400 milhões no orçamento de 2025 das universidades e institutos federais, além da  liberação de R$ 400 milhões que estavam retidos.

O ministro não explicou de qual rubrica o recurso será remanejado. Mas, o certo é que alguém sairá perdendo. Ao anunciar o recuo, o ministro Camilo Santana também atribuiu as dificuldades do atual contexto orçamentário ao aumento do número de matrículas e à crescente demanda por assistência estudantil. Mas não fez nenhuma crítica à ação dos parlamentares.

O recuo do governo foi resultado direto da pressão de estudantes e servidores das federais, além do alerta feito pelos docentes e reitores para os riscos do arrocho no orçamento das universidades. “Foi uma vitória principalmente do movimento de educação pública, da Andifes- Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, da UNE- União Nacional dos Estudantes, para que o governo voltasse e buscasse alternativas”, avalia Márcia Barbosa.

Para a reitora, de fato o  governo fez alguns anúncios importantes. “O mais urgente foi a retirada do limite mensal de 1/18 do orçamento, voltando para 1/12, a segunda questão foi a recomposição dos cortes efetuados pelo Congresso Nacional, que, no caso das universidades, representa aproximadamente R$ 250 milhões”.

No entanto, Márcia Barbosa destaca que o MEC está muito focado no ensino médio, com a bolsa Pé de Meia, e na campanha midiática para que os estudantes façam a inscrição  no ENEM- Exame Nacional do Ensino Médio. “Mas é a universidade que faz o sucesso do Brasil”, afirma a reitora.

Campanha em defesa da UFRGS

A realização de uma grande campanha de mobilização social para mostrar a importância da universidade na vida das pessoas e do país é o grande sonho da reitora Márcia Barbosa. “O governo deveria mostrar jovens graduados trabalhando nas suas áreas de formação e apoiando financeiramente suas famílias, além de gerar riqueza para o Brasil”.

“Precisamos de uma campanha que mostre isso, precisamos que a comunidade de 50 mil pessoas da UFRGS, mais uns 150 mil contando com seus familiares, percebam sua própria importância e o poder que têm com o voto. Os parlamentares também deveriam perceber o poder que temos”, diz a reitora. No Brasil, as universidades públicas são responsáveis por cerca de 30% das formações. E ela já escolheu um nome provocativo para a campanha; “A universidade é foda”.

“Algumas pessoas não gostaram quando eu sugeri esse nome em uma reunião interna, mas mantenho a proposta”, diz. E completa, “a universidade não sabe se comunicar, temos de mostrar a riqueza que existe aqui. O primeiro passo dessa estratégia será dado em breve, com a ampliação das atividades de extensão, para trazer a comunidade para dentro do espaço universitário.

Enchente e inovação

Um ano após a enchente, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) viajaram para a Holanda em busca de soluções tecnológicas para impedir novas inundações, desconsiderando os recursos já existentes na comunidade acadêmica, como o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS.

“Os gestores são imediatistas, querem contratar uma solução pronta, sem debate público, sem troca de ideias, sem ouvir a comunidade, mas a UFRGS já teve uma audiência com o prefeito e ofereceu sua expertise”, esclarece a reitora, “mas ainda não fomos convidados a fazer parte da Sala de Situação*”.

A universidade está desenvolvendo um projeto para trabalhar com professores da educação básica para integrar temas como mudanças climáticas e meio ambiente em todas as disciplinas, e não apenas como uma matéria isolada. A ideia é formar crianças e jovens para, com eles, desenhar um novo modo de viver.

Além disso, a universidade conta hoje com projetos como o Observatório das Consequências Jurídicas das Enchentes e Inundações (OCJE), que realiza estudos técnicos especializados e consultorias para entidades públicas e privadas sobre temas jurídicos ligados aos efeitos sociais das cheias porque existe um componente de racismo ambiental na catástrofe climática.

“O que isso significa?”, pergunta a própria reitora, e responde: “significa que se você já vive em uma área de risco, será mais impactado. Você será o último a voltar para casa. Mesmo que receba dinheiro para reconstruir, terá menos condições”. Muitas vezes, na reconstrução, tudo é feito igual ao que era antes, o que perpetua a fragilidade das pessoas e das estruturas.

A UFRGS lançou nesta quinta-feira, 5 de junho, um Protocolo para Eventos Meteorológicos. Ele estabelece procedimentos a partir do alerta emitido pela Defesa Civil, passando pelo Comitê Climático, para definir  níveis de como a universidade irá atuar. O nível verde indica atividades mantidas, o amarelo permite que a UFRGS fique aberta mas flexibiliza algumas atividades e o vermelho determina que todas as atividades da universidade sejam suspensas. A estratégia será construída para todo o estado a partir dos diversos campus da UFRGS (centro, vale, saúde, esefid e litoral), usando dados meteorológicos.

Para fortalecer sua capacidade de monitorar eventos climáticos, a UFRGS já apresentou um projeto à Finep- Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com custo estimado de R$ 10 milhões, para a construção do Centro de Gestão de Risco Climático e Ambiental, que será abrigado no Ceclimar-  Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos, no campus da UFRGS em Tramandaí.

*A sala de situação é um espaço, físico ou virtual, que serve como centro de comando para monitorar, analisar e responder a eventos críticos e inesperados em tempo real. É utilizada em diversas áreas, como saúde, segurança pública, defesa civil e gestão de crise, para reunir equipes multidisciplinares e auxiliar na tomada de decisões.

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Emenda parlamentar não é política pública

A reitora Márcia Barbosa, que já foi secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), na entrevista ao JÁ também comentou sobre os convênios financiados via emenda parlamentar individual do MCTI no período de 2010 a 2019. Trata-se de um estudo da reitora, em fase de revisão para publicação em revista científica. O estudo mapeou os convênios firmados e analisou as destinações dos recursos enviados para regiões mais desenvolvidas, como o Sudeste, que possui maior maturidade tecnológica.

Apesar de reconhecer que as emendas são instrumentos importantes, a reitora salienta que elas não são políticas públicas, políticas de Estado. A avaliação e o monitoramento constante da implementação das políticas públicas são fundamentais no processo decisório institucional, porque produzem informações para o aprimoramento das ações governamentais.

A emenda parlamentar, entretanto, é um instrumento que permite aos deputados e senadores realizarem alterações no orçamento anual. As emendas individuais impositivas apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual (PLOA) podem destinar recursos a órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consórcio público, organização da sociedade civil ou serviço social autônomo. Elas são chamadas impositivas porque a União é obrigada a executá-las quando aprovadas.

A reitora revela que “um ponto relevante a ser destacado é que as emendas parlamentares individuais utilizadas para financiar os projetos na área de ciência, tecnologia e inovação são destinadas a projetos de baixo nível de prontidão tecnológica e que não se observa o progresso dos projetos apoiados”. Esse é o risco do orçamento da União ser compartilhado por um Congresso que não está alinhado às políticas de Estado.

Emergências e UTIs superlotadas configuram “situação de guerra” em Porto Alegre

Os hospitais de Porto Alegre vivem o que a secretária da Saúde, Arita Bergman, definiu como “situação de guerra”, com emergências e UTIs superlotadas, pacientes em macas pelos corredores e até no chão, como se podia ver nesta segunda-feira no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

O colapso da rede hospitalar da região metropolitana tem como causa principal a  falta de investimentos ao longo dos últimos anos e foi agravado pela enchente do ano passado que atingiu hospitais em várias cidades.

O aumento exponencial de doenças respiratórias com a chegada do inverno completou o quadro de colapso na saúde pública na capital do Estado.

Quase cinco mil internações foram registradas pela Secretaria de Saúde este ano, com 66 mortes já contabilizadas.

Para agravar o quadro, já dramático, uma guerra política se acirra entre os governos estadual e federal com a proximidade das eleições e 2026.

Nesta terça-feira, em reunião de emergência com prefeitos e representantes do setor de saúde, o presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barichello, apresentou proposta de usar o dinheiro do Fundo de Reconstrução do Rio Grande.  O fundo tem recursos do governo federal no total de R$ 1,5 bilhão e é gerido pelo governo Estadual. Um grupo de trabalho com representantes dos prefeitos da região metropolitana e dos setores de saúde  está detalhado a proposta.

Uma nova reunião nesta quarta-feira vai definir a proposta.
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Secretária da Saúde alerta para o baixo indice de vacinação contra gripe em crianças e idosos

Na reunião com os prefeitos da Região Metropolitana de Porto Alegre, na sexta-feira 23/05, a Secretária  da  Saúde do RS,  Arita Bergman fez um apelo para que os municípios intensifiquem a vacinação contra a gripe.

A secretária disse que até o momento, apenas 35% dos grupos prioritários se vacinaram no Rio Grande do Sul.

A situação é mais crítica entre crianças, com apenas 21,4% de cobertura, e idosos, com 39,7%.

Apesar da campanha ter sido ampliada para toda a população acima de seis meses de idade, a prioridade segue sendo para os grupos de maior risco.

“Se as pessoas não se vacinarem, não haverá leitos suficientes. É fundamental que cada um faça sua parte”, alertou Arita.

Em 2025, foram notificados no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep Gripe), 318 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por influenza, sendo que 26 deles evoluíram para óbito. O principal vírus identificado foi o da influenza A, subtipo H1N1.

Embora o período de maior circulação do vírus seja o inverno, em meados de abril já foi verificado um aumento no número de casos e de óbitos. Foram notificados 66 casos de SRAG por influenza, e seis deles evoluíram para óbito.

Estratégia de vacinação no RS

O público-alvo da estratégia de vacinação contra gripe no Rio Grande do Sul, iniciada em abril, supera 5,3 milhões de pessoas.

Elas fazem parte dos grupos prioritários selecionados pelo Ministério da Saúde para serem imunizados, seja por estarem mais expostos, seja por causa dos riscos de agravamento da doença.

A estimativa é que 5.324.874 pessoas pertençam aos grupos prioritários, cuja distribuição é a seguinte:

  • Crianças a partir de 6 meses e menores de 6 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias): 830.039
  • Gestantes (em qualquer período gestacional): 90.731
  • Idosos (a partir de 60 anos): 2.314.385
  • Trabalhadores da saúde: 453.057
  • Puérperas (até 45 dias após o parto): 14.915
  • Professores dos ensinos básico e superior: 153.385
  • Povos indígenas: 41.091
  • Pessoas em situação de rua: 4.128
  • Profissionais das forças de segurança e de salvamento: 28.178
  • Profissionais das Forças Armadas: 38.899
  • Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade): 665.072
  • Pessoas com deficiência permanente: 464.668
  • Caminhoneiros: 128.564
  • Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso): 29.034
  • Trabalhadores portuários: 4.051
  • Trabalhadores dos Correios: 5.347
  • Funcionários do sistema de privação de liberdade: 6.745
  • População privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos): 34.948

A meta é vacinar 90% das gestantes, das crianças e dos idosos. Esse índice, contudo, ficou abaixo do esperado nos últimos anos: 79,3% em 2021; 65,2% em 2022; 56,4% em 2023; e 52,3% em 2024.

Para os demais grupos que serão vacinados na estratégia especial, não é estipulada uma meta, uma vez que o número de pessoas aptas a receberem o imunizante é apenas uma estimativa.

Uma das novidades a partir deste ano é a inclusão da vacina da gripe no Calendário Nacional de Vacinação para crianças a partir de 6 meses e menores de 6 anos, gestantes e idosos (a partir de 60 anos), tornando permanente a proteção para esses públicos, ou seja, a vacinação fica disponível ao longo de todo o ano a partir da chegada das doses.

Proteção

A vacinação é considerada a melhor estratégia de prevenção contra a influenza e possui capacidade de promover imunidade durante o período de maior circulação dos vírus, reduzindo o agravamento da doença, as internações e o número de óbitos.

A influenza causa uma infecção aguda que afeta o sistema respiratório. Ele possui uma elevada transmissibilidade, distribuição global e tendência de fácil disseminação em epidemias sazonais, podendo levar, inclusive, a uma situação de pandemia. Os casos de influenza variam de quadros leves a graves e podem levar ao óbito.

A vacina contra influenza é produzida no Brasil pelo instituto Butantan. Os imunizantes das campanhas atuais são trivalentes e protegem contra os vírus da influenza A (de dois subtipos, H1N1 e H3N2) e da influenza B, que são os de maior importância epidemiológica, de acordo com a própria Organização Mundial da Saúde.

Situação epidemiológica no RS

São contabilizados para registro epidemiológico os casos de hospitalizações por síndromes respiratórias agudas graves (SRAG), caracterizadas por quadros de síndromes gripais, dispneia (desconforto respiratório) e/ou sinais de gravidade, como baixa saturação de oxigênio no sangue. Quando identificado um caso com essas características no momento da internação, é feita a coleta de amostras (secreção nasal) para a realização de exame.

Entre os vírus que podem ser detectados estão o da influenza, a da covid-19 e o sincicial respiratório (VSR). Para melhorar a visualização das notificações desses tipos de hospitalizações, a SES, por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), dispõe desde 2023 de um painel aberto para consulta e acompanhamento. As notificações podem ser filtradas por local (Estado, cidades, coordenaria regional), tempo (datas do início dos sintomas), evolução (internado, recuperado ou óbito) e perfil das pessoas (faixa etária, sexo e raça).

Se for considerada a série histórica iniciada após a pandemia de H1N1 ocorrida em 2009, os casos de influenza tem aumentado nos últimos anos. O maior número deles foi registrado em 2024. 

(Com informações da Secretaria da Saúde do  RS)

Gripe aviária: Secretaria desativa barreiras sanitárias mas mantém vigilância na região

A Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul  desativou três das sete barreiras sanitárias instaladas contra a  gripe aviária.

Um foco da doença detectado numa granja em Montenegro levou à suspensão das exportações de franco do Brasil para mais de 100 países.  Sete barreiras sanitárias foram instaladas na região.

Na sexta-feira, 23, os técnicos deram por concluída a primeira etapa de vistorias nas propriedades rurais, em um raio de dez quilômetros a partir do foco em Montenegro. Não houve registro de novos casos.

A vigilância, porém, permanece. Funcionando 24 horas, ficarão instaladas as duas barreiras de desinfecção em um raio de três quilômetros nas estradas vicinais, além da estrutura na RS-124.

A barreira de bloqueio ao foco também segue posicionada. Até o momento, 2.805 veículos já foram abordados e desinfetados.

Na quinta-feira (22/5), a equipe do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal manteve as atividades de educação sanitária nos municípios da região.

Houve ações em 32 escolas municipais e estaduais, além de reuniões com gestores de escolas e agentes de saúde e agentes de endemias.

Sobre a gripe aviária

A influenza aviária, ou gripe aviária, é uma doença viral que afeta principalmente aves, mas que também pode infectar mamíferos, inclusive o ser humano. A transmissão ocorre pelo contato com aves doentes e por meio da água e de materiais contaminados.

O Serviço Veterinário Oficial do Rio Grande do Sul reforça que o consumo de carne de aves e ovos armazenados em casa ou adquiridos em pontos de venda é seguro, já que a doença não é transmitida por meio do consumo. Assim, não há qualquer restrição nesse sentido.

Todas as suspeitas da doença – sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves – devem ser notificadas imediatamente à Seapi, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.

Balanço até quinta-feira (22/5)

Sete barreiras sanitárias
Área de foco (três quilômetros): um bloqueio e duas barreiras sanitárias
Área de vigilância (dez quilômetros): quatro barreiras sanitárias
2.805 veículos abordados e desinfetados (acumulado)
Propriedades visitadas

540 propriedades e uma granja
Área de foco (três quilômetros): 30 propriedades de subsistência (conclusão do segundo ciclo)
Área de vigilância (dez quilômetros): 510 propriedades de subsistência e uma granja de recria de aves (encerramento do primeiro ciclo)
Equipes envolvidas

Servidores da Secretaria da Agricultura: 85, entre fiscais estaduais agropecuários, técnicos agrícolas e outros
Servidores do Ministério: cinco
Servidores da Prefeitura de Montenegro: cinco
Servidores da Brigada Militar: 50
Servidores do Corpo de Bombeiros: cinco

(Com informações da Assessoria de Imprensa)