Pampa ameaçado: Fórum Internacional avalia perdas de campos nativos

A porção brasileira do bioma Pampa corresponde a mais de 60% do território do Rio Grande do Su e é a que mais perdeu campos nativos. Foto: Divulgação.

O menor e mais ameaçado bioma brasileiro – o Pampa – é o tema do  Fórum Internacional de Meio Ambiente, nos dias 26 e 27 de março, em Porto Alegre.

Em sua 13ª edição, o fórum é organizado pela Associação Riograndense de Imprensa e faz parte da programação dos 90 anos da entidade.

“Bioma Pampa: Clima, conservação e atividades econômicas” reúne ambientalistas, produtores e agentes públicos. Local: Memorial da Assembleia Legislativa do RS.

Na abertura, os pesquisadores Jefferson Simões e Francisco Aquino falam das mudanças climáticas que estão criando novos desafios para o equilíbrio ambiental.

Dois jornalistas, o argentino Gustavo Veiga e o uruguaio Victor Bacchetta, fazem um balanço da situação em seus países.

O Pampa Sul-Americano perdeu 20% de sua vegetação campestre entre 1985 e 2022, segundo levantamento do MAPBiomas com base em imagens de satélite.  São 9,1 milhões de hectares de campos nativos.

O pampa se estende por todo o território uruguaio e parte do argentino, e a porção brasileira corresponde a 17,6 milhões de hectares e representa mais de 60% do Rio Grande do Sul.

A maior perda proporcional de vegetação campestre, ocorreu no Brasil, com 2,9 milhões de hectares – o equivalente a 58 vezes a área do município de Porto Alegre (RS).

Significa que em menos de quatro décadas, houve uma uma perda de 32% da área existente em 1985.

O principal fator dessa mudança é a expansão das áreas agrícolas para o plantio monoculturas – a soja e o eucalipto, cuja área ocupada no RS cresceu mais de 1.500%  em quatro décadas..

Em 1985, a área total ocupada pelos campos no RS era de 9,1 milhões de hectares e reduziu para 6,2 milhões de hectares em 2022.

Para o jornalista João Batista Santafé Aguiar, diretor do Departamento de Política Ambiental da ARI, o Pampa está sob ameaça, “seja pela expansão da agropecuária e silvicultura; pela expansão de projetos de mineração; pela remoção da cobertura vegetal nativa e degradação do solo; pela urbanização e infraestrutura, pois as rodovias fragmentam o habitat natural; e, é claro, pelas mudanças climáticas.”

Além das perdas ambientais, há também perdas econômicas pela expansão indiscriminada das monoculturas. Os produtores de uvas, azeite de oliva e mel, por exemplo, são diretamente prejudicados pelo uso maciço de herbicidas “que contém o composto 2,4-D, um dos componentes do agente laranja, usado como desfolhante na guerra do Vietnã e, lamentavelmente, nas nossas lavouras de soja”, como explica a jornalista Daniela Sallet, vice-diretora de Meio Ambiente da ARI.

Inscrições gratuitas: fima.org.br.

PROGRAMAÇÃO

26/3/2025 – quarta-feira

10H: “Clima: história e impacto das mudanças no Pampa”

13h30min — Atuação da URCAMP em prol do Pampa

  • Guilherme Collares, Pró-Reitor de Pesquisa, Extensão e Inovação da URCAMP – Centro Universitário da Região da Campanha / Fundação Átila Taborda

14h – Painel I – Panorama para a regularização ambiental no Pampa para os próximos anos

  • José Nunes — Mediador — Jornalista, Presidente da ARI
  • Domingos Velho Lopes — Diretor Vice-Presidente da FARSUL.
  •  — “Conquistas para o desenvolvimento sustentável do Bioma Pampa”
  • Patrícia Maldaner Cibils — Procuradora do Estado do RS — “Bioma Pampa e Reserva Legal”
  • Alexandre Krob — Coordenador Técnico do Instituto Curicaca — “As cicatrizes feitas no Pampa pela omissão pública com o Cadastro Ambiental Rural”
  • Rodrigo Dutra — Chefe da Divisão de Fiscalização Ambiental do IBAMA RS – “A importância do Programa de Regularização Ambiental para o RS”

15h30 – Painel II – O potencial da pecuária no Pampa: preservação e recuperação ambiental, geração de renda e produção de alimentos

  • Luiz Adolfo Lino de Souza — Mediador — Jornalista – Presidente do Conselho Deliberativo da ARI
  • Angela Escosteguy – Médica Veterinária — IBEM – Instituto do Bem-Estar “A importância da Pecuária no Pampa”
  • Valério Pillar – Professor da UFRGS / Rede Campos Sulinos – “Bioma Pampa: origens e ameaças à sua biodiversidade”
  • Miguel Guedes —Engenheiro Agrônomo / Fazenda São Miguel, Mostardas, RS — “Pecuária Regenerativa no Pampa: sistema intensivo a pasto com melhoramento do campo nativo

27/3/2025 – quinta-feira 

9h – Painel III  “Projetos e práticas que interferem na conservação do Pampa”

  • Luiza Chomenko – Mediação – Bióloga
  • Adriano Severo Figueiró – Professor da UFSM – “Projetos de (Des)Envolvimento para o Pampa Brasileiro: Ameaças e Resistências”. 
  • Marcos Borba – Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Sul — Bagé, RS — Agroecologia, Redes e Território: a pecuária familiar e a conservação do Pampa”
  • Marcia Colares – coordenadora do grupo UPP Camaquã – União Pela Preservação do Rio Camaquã. “Histórico da luta contra a mineração e panorama das ações na área ambiental no território”.
  • Vera Colares – presidente da Associação para Grandeza e União de Palmas -AGrUPa – “Pecuária familiar para preservação do Pampa.
  • Participação Especial do Cineasta Rogério Atama Rodrigues, da Atama Filmes, diretor do filme “Sobreviventes do Pampa“, comentando o lançamento da obra.

13h30min – Painel IV – “O Pampa nos meios de comunicação

  • João Batista Santafé Aguiar – Mediador – Jornalista – Diretor de Meio Ambiente da ARI e editor do AgirAzul.com
  • Sérgio Roberto Pereira da Silva – Jornalilsta – Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental UFRGS/CNPQ “Apontamentos sobre a cobertura midiática acerca do Bioma Pampa”. 
  • Gustavo Veiga – Jornalista (Argentina) – Página 12 – Buenos Aires –  “A cobertura ambiental na imprensa argentina “ 
  • Nilson Correa – Empresário e Jornalista – Editor do jornal Folha do Sul
  • Victor L. Bacchetta – Jornalista (Uruguai) – El Zumbido – Montevideo – “Extrativismo no Pampa e os meios de comunicação”.

15h30min– Painel V –  “Potencial Turístico e Comercial do Pampa

  • Magali Schmitt –  Mediadora – Jornalista – Diretora da ARI e assessora do Comitesinos
  • Ana Maria Moreira Marchesan – procuradora de Justiça / MPRS – “Patrimônio Cultural no Pampa
  • Renato Fernandes–  presidente  do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) – “O futuro da olivicultura no Brasil” 
  • Patricia de Freitas Ferreira – Comitê Gestor do Geoparque de Caçapava do Sul“Geoparque Caçapava: conhecer para valorizar e cuidar.”
  • Gabriela Hermann Potter – Produtora rural e empresária –  “Vinícola Guatambu: valorizando o Bioma Pampa por meio do Vinho, do Turismo e da Sustentabilidade

— Veja minibio dos palestrantes e painelistas

— Transmissão ao vivo pelo Canal da ARI no YouTube

Local: Memorial da Assembleia Legislativa do RS.