Degelo nas montanhas mais altas do planeta, o sinal visível das mudanças climáticas

MARCIA TURCATO

Cadê o gelo que estava aqui?

É a pergunta que o montanhista Pedro Hauck, de 42 anos, faz a cada vez que lidera uma expedição ao Aconcágua, a maior montanha  do hemisfério sul, com 6.961 metros de altitude, na Cordilheira dos Andes.

O degelo é a consequência mais visível das mudanças climáticas nos pontos mais elevados da terra.

Nesta entrevista, Hauck fala sobre as alterações que tem percebido em 26 anos de escaladas. Paulista de Itatiba, ele é geógrafo formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), pós graduado na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e guia de expedições de montanhismo, além de sócio da loja Alta Montanha e da agência Soul Outdoor, que organiza viagens de montanhismo.

Ele já escalou mais de 170 montanhas acima de 5 mil metros de altitude e a mais recente expedição foi ao Aconcágua, alcançando o seu cume, no período de 18 de janeiro a 04 de fevereiro deste ano.

Nas suas fotos é visível o degelo nas montanhas. Que leitura você faz sobre esse fenômeno?

-Eu sou uma testemunha das mudanças climáticas globais. Em 2002, na minha primeira experiência no Aconcágua, a montanha era totalmente diferente de hoje. Em fevereiro, que é uma época em que o derretimento do gelo está mais avançado, mesmo assim eu escalava em gelo, isso na Plaza de Mulas, que é onde fica o acampamento base, a 4.300 metros de altitude. Atualmente, e eu acabei de voltar de lá, na Plaza de Mulas, não tem nada de gelo. Zero gelo. Já escalei montanhas nos Andes cuja rota era pelo gelo, o gelo derreteu, como na montanha Rincon, com 5.590 metros de altitude. Era uma rota por uma canaleta de gelo e agora a escalada é em rocha pura. É muito perigoso, porque essas rochas estão soltas, elas estavam estáveis por conta do gelo, que funciona como cimento. As mudanças climáticas não são apenas alterações na temperatura. O clima é muito mais do que temperatura, o clima é precipitação, é vento, é irradiação. Todos esses elementos mudaram e aqui nos Andes uma coisa que mudou muito é a precipitação, tem nevado cada vez menos, sem falar na temperatura que subiu muito. A média de temperatura no inverno nos Andes oscilava entre 14 graus centígrados negativos e zero. As rotas técnicas, com gelo, estão desaparecendo, assim como todos os glaciares, agora estão surgindo as rochas soltas. As estações de esqui estão fechando porque não há mais gelo. A estação de esqui de Chacaltaya, na Bolívia, perto de La Paz, que era a estação de esqui mais alta do mundo, a 5.421 metros de altitude, fechou em 2009. Acabou o gelo por completo e a estação foi abandonada. Um amigo boliviano me disse que antigamente, a van do Clube Boliviano de Montanhismo passava na casa dos associados e eles iam para o cerro Chacaltaya e passavam o fim de semana esquiando no gelo. Com o fim da neve no cerro, acabou o Clube Boliviano, a estação de esqui, os empregos e a geração de renda oriunda dessas atividades. Eu ministro um curso de alta montanha na Bolívia há algum tempo. São aulas práticas de técnica de escalada em gelo. Há três anos eu levava o grupo até 4.900 metros de altitude para praticarmos a escalada em gelo. Não tem mais gelo nessa altitude. Agora nós precisamos subir até 5.300 metros para encontrar gelo e praticar a técnica. Abaixo dessa altitude é tudo rocha exposta ao Sol e às variações climáticas. Recentemente, a estação de esqui Vallecitos, no cerro Cordon del Plata, a cerca de 5 mil metros de altitude, na Argentina, foi totalmente abandonada, não tem mais gelo. A estação de esqui de Penitentes, 4.350 metros de altitude, ao lado da Rota 7, que vai de Mendoza, na Argentina, a Santiago, no Chile, está parcialmente abandonada desde 2016 porque não é em todos os invernos que há neve suficiente para a prática do esporte. Por conta do degelo, lugares que tinham abundância de água, agora não têm mais e as pessoas acabam abandonando suas terras e o estilo de vida e migram para as cidades. Em agosto de 2023, a região dos Andes, no pé da cordilheira, registrou temperatura de 38,9 graus centígrados.  E foi em agosto, mês de inverno.

Qual tua estratégia nas expedições para diminuir o impacto ao meio ambiente?

Nas minhas expedições faço de tudo pra zerar o impacto, não deixamos nada e ainda recolhemos o que é encontrado de lixo no caminho. Muitos dos locais que frequentamos são unidades de conservação e têm suas regras de controle e, por isso mesmo, não encontramos muitos resíduos. Tem ainda uma questão importante, que são as fezes, sempre levamos banheiros, não é químico, e as pessoas fazem suas necessidades dentro de um saquinho, e a gente traz de volta. As expedições ao monte Roraima, no Brasil, também adotam essa prática. Lá na montanha acaba não ficando nada. Deveria haver uma estrutura local para transformar o resíduo biológico em algum tipo de nutriente. É necessário pensar em soluções para essa questão. A gente vê que nesses destinos de montanhismo existe cada vez mais uma consciência ambiental, mas ainda falta organização.

Teu interesse pelo montanhismo, como surgiu?

A inspiração chegou aos poucos. Meu padrasto, Ernst Mossembock, é austríaco, ele viajou muito pelo mundo, eram viagens de aventura, não de montanhismo. Quando eu via as fotos dessas viagens eu achava muito legal. Minha mãe, Solange Vicentini, quando era jovem, fez uma viagem pela Bolívia, chegando até Machu Picchu, no Peru. As fotos dessas viagens também me impressionaram bastante. A primeira vez que vi montanhas foi viajando com eles, nas férias escolares,  fomos para a Argentina, quando conheci montanhas nevadas pela primeira vez e sonhei em fazer escaladas. Com 18 anos, junto com um amigo, fiz algumas viagens de carona pela Argentina e algumas escaladas em alta montanha, mesmo sem muito conhecimento, na base da aventura. Portanto, estou nessa vida há 26 anos e eu amo o que faço.

Nessas quase três décadas de montanhismo, quais foram os momentos mais difíceis?

A expedição mais difícil que realizei foi a primeira, aos 18 anos de idade, que durou seis meses, porque eu tinha pouca experiência. Fui de carona até Ushuaia, na Argentina, e a primeira montanha de altitude que escalei foi o Cerro Plata, em Mendoza,com 5.968 metros de altitude, considerada uma montanha-escola para quem deseja chegar ao cume do Aconcágua. Como eu não tinha dinheiro, dependia muito da ajuda dos outros, e cheguei a dormir na rua quando montei a barraca em um terreno de área urbana, e também ocupei uma casa abandonada. Uma das expedições mais difíceis que fiz foi a escalada do Aconcágua – 6.961 metros de altitude- sem o uso de mulas para carregar os equipamentos. A escalada demora, em média, uns 14 dias -depende muito das condições climáticas- e são quase 40 km para chegar na base da montanha caminhando, é uma aproximação demorada, e eu carregava uma mochila com mais de 40 kg, encarei tempestades terríveis e, além disso, a comida acabou antes que eu alcançasse o cume. Precisei pegar comida que havia sido descartada por outros montanhistas no caminho. Emagreci 8 kg nessa jornada. A montanha não foi a mais difícil, difícil mesmo foram as condições. Eu tenho 1m73 e peso 70 kg. A mochila cargueira que costumo levar nas expedições tem mais de 30kg. Sem dúvida, a prática do montanhismo exige muito preparo físico e uma lombar bem fortalecida. Recentemente estive no Paquistão, uma montanha de 8 mil metros, a Gasherbrum II – 8.035 metros de altitude. É uma escalada perigosa e muito técnica. Quando eu estava perto do cume o tempo virou e tivemos de descer e quando voltamos ao acampamento a tempestade estava muito forte e soterrou toda a nossa estrutura de escalada, como as cordas fixas, elas sumiram na neve e tivemos de procurar o material. A rota foi coberta por muita neve e ficou difícil encontrar o caminho. Nesses meus 26 anos de montanhismo, eu já realizei mais de 170 ascensões a montanhas de grande altitude. Enfrentei vários tipos de dificuldades nesse tempo, inclusive políticas, em países que passavam por crises de governo, mas no fim tudo dava certo.

ACONCÁGUA:

153 já perderam a vida tentando chegar ao cume

O Aconcágua, na Cordilheira dos Andes, com altitude 6.961 metros, localizado na província de Mendoza, Argentina, é o ponto mais alto do hemisfério sul e do Ocidente.

A montanha e seus arredores fazem parte do Parque Provincial Aconcágua, que abriga uma série de importantes geleiras.

O maior glaciar é o Ventisquero Horcones Inferior, com cerca de 10 km de comprimento, que desce a partir da face sul da montanha, com aproximadamente 3.600 metros de altitude, perto do acampamento Confluência. Dois outros grandes sistemas de geleira são o Ventisquero de las Vacas Sur e Glaciar Este/Ventisquero Relinchos, com cerca de 5 km de comprimento. A face mais conhecida é a do nordeste, chamada de  Glaciar dos Polacos, uma rota desbravada por montanhistas da Polônia em 9 de março de 1934. No entanto, a primeira tentativa de chegar ao cume do Aconcágua foi em 1883, por um grupo liderado pelo geólogo alemão Paul Gussfeldt. A rota que ele fez é agora um itinerário bastante  usado. A pessoa mais jovem a chegar ao cume do Aconcágua foi Tyler Armstrong, da Califórnia, Estados Unidos. Ele tinha nove anos de idade quando alcançou o cume em 24 de dezembro de 2013.  A pessoa mais velha a escalar foi Scott Lewis, que alcançou o cume em 26 de novembro de 2007, aos 87 anos de idade.

Desde a primeira morte de montanhista registrada no Aconcágua, do austríaco Juan Stepanek em 1926, 153 pessoas perderam a vida tentando alcançar o cume.

 

 

 

 

Editora JÁ faz vaquinha para publicar biografia de Leonel Brizola

A Editora JÁ, de Porto Alegre, está recorrendo ao uma “vaquinha virtual”, através do Catarse, uma plataforma de financiamento coletivo, para publicar o livro “No Fio da História: A vida de Leonel Brizola”, do jornalista Cleber Dioni Tentardini.

O livro resulta de um trabalho de, pelo menos, duas décadas de pesquisas, entrevistas e reportagens e cobre desde a infância pobre num sub distrito do interior gaúcho até a morte num apartamento da avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, aos 82 anos.

“Me envolvi com o tema em 2004, quando fui à região onde Brizola nasceu e se criou, para uma edição especial do Jornal JÁ sobre a morte dele”, diz o autor.

Desde então, à margem das tarefas imediatas, ele foi construindo o livro, que considera uma obra coletiva, porque recebeu contribuições de vários colegas e pesquisadores, em diferentes etapas do trabalho. Nos últimos seis meses, ele se concentrou em consolidar e ordenar o material reunido e dar um texto final ao livro.

“É um trabalho jornalístico, para ser uma base factual consistente, que permita entender melhor a trajetória desse personagem fascinante que é o Brizola”, diz o editor Elmar Bones.

Em destaque, a primeira eleição em Porto Alegre, o governo no Rio Grande do Sul, as encampações, a primeira reforma agrária, a vitória da Legalidade (sua maior façanha) e as derrotas clamorosas para Ildo Meneghetti (…) e para o golpe militar em 1964. A fuga para o exilio, a luta contra a ditadura, os anos de ostracismo e a volta para o Brasil. As diretas JÁ, a criação do PDT e o desastre de 1989, quando o trabalhismo dividido foi derrotado por Fernando Collor. A volta por cima, as eleições no Rio, os dois governos estaduais, os planos para o futuro… e a morte de surpresa.

Um capítulo final reflete sobre a  importância e o legado de lutas e princípios que Leonel de Moura Brizola deixou ao longo de meio século na vida política do Brasil.

Razões não faltam para se falar de Brizola

Neste ano de 2024, no 22 de janeiro, Leonel Brizola completaria 102 anos. Em 31 de março, terão decorridos 60 anos do golpe militar, que baniu os líderes da oposição e implantou uma ditadura.

Em 17 de junho, completam-se 45 anos da Carta de Lisboa, um marco na história do Trabalhismo, e que criou as bases para fundação do PDT.

E, em 21 de junho, terão passados 20 anos da morte do líder político, único a governar dois estados brasileiros – Rio Grande do Sul (1959-63) e, duas vezes consecutivas, o Rio de Janeiro (1983-87 e 1991-94).

Matéria sobre APA do Banhado Grande ganha Prêmio Sintergs de Jornalismo

Matéria sobre a Área de Preservação Ambiental do Banhado Grande ganhou o 3º lugar no 2º Prêmio Sintergs de Jornalismo. A entrega das premiações ocorreu na quinta-feira, 14 de dezembro.

Travessia de Viamão (3) – Temos que conciliar uso com preservação, diz gestora de UC integra uma série com cinco reportagens, do jornalista Cleber Dioni Tentardini, publicada no jornal JÁ, entre os dias 11 e 15 de julho de 2023. É uma viagem à capital das águas, considerada pulmão da região metropolitana de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, com mais de 500 km² de áreas protegidas. As matérias abordam os desafios e iniciativas de instituições públicas e ambientalistas para conciliar atividades econômicas com preservação. Mostra pesquisas e práticas ecológicas que criam zonas de amortecimento com produção orgânica no entorno das reservas ambientais. E explora os banhados, lagoas, nascentes, aquíferos, parques, morros, florestas, campos, dunas, que abrigam espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção.

Ao todo, foram agraciados jornalistas e estudantes de onze veículos. Os vencedores do concurso foram revelados em evento realizado nesta quinta-feira (14/12), na sede do sindicato.

“Os premiados desta noite são exemplos de jornalismo de qualidade, de jornalismo que faz a diferença, de jornalismo que transforma a realidade. São profissionais que merecem o nosso respeito, a nossa admiração e o nosso aplauso”, disse Valdir Bandeira Fiorentin, diretor de Comunicação do Sintergs, durante a cerimônia. O dirigente falou sobre a sensação de dever cumprido do atual mandato e desejou sucesso para a gestão que assume o sindicato em janeiro.

Diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors), Viviane Finkielsztejn, agradeceu a oportunidade de participar da entrega do 2º Prêmio Sintergs e ressaltou que, assim como os servidores públicos, a categoria vem sofrendo assédio e agressões. “Nos últimos quatro anos, fomos atacados moral e fisicamente, mas não podemos nos abater. Em tempos de fake news, nosso trabalho se torna cada vez mais importante. Nosso ofício é informar com qualidade”, disse a sindicalista.

Vencedores 2º Prêmio Sintergs de Jornalismo:

Categoria On-line

1º lugar | Silvia Franz Marcuzzo
Agência Pública
Governo do Rio Grande do Sul engavetou planos para lidar com mudanças climáticas

2º lugar | Luís Eduardo Tebaldi Gomes
Sul21
Em 8 anos de congelamento salarial, incentivos fiscais aumentaram 71,6% no RS

Cleber com as jornalistas Bruna Suptitz e Silvia Marcuzzo, que ficou em 1º lugar. Foto Giovanni Tentardini

3º lugar | Cleber Dioni Tentardini
Jornal JÁ
Travessia de Viamão (3): “Temos que conciliar uso com preservação”, diz gestora da APA do Banhado Grande

 

 

 

Categoria Impresso

1º lugar | Paulo Egídio
Zero Hora
Vidas sob o acúmulo dos consignados

2º lugar | Mauren Xavier, Karina Reif e Simone Schmidt
Correio do Povo – caderno + Domingo
Impacto no serviço público

3º lugar | Carlos Rollsing Braga
Zero Hora
O que defendem os críticos da reforma do IPE Saúde

Categoria Fotografia

1º lugar | Jorge Leão
Brasil de Fato RS
Olhar do abandono

2º lugar | Alencar Fabrício da Rosa
Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul
Voo à liberdade

3º lugar | Jonathan Heckler
GZH
Corpo de Bombeiros controla incêndio no litoral

Categoria Eletrônico

1º lugar | Cid Martins e Kathlyn Moreira
Rádio Gaúcha
Crimes Ambientais – O Preço da Multa Não Paga

2º lugar | Eduardo Matos
Rádio Gaúcha
Saúde em risco: desarticulado esquema de venda de próteses ortopédicas vencidas

3º lugar | Cristine Ribeiro Gallisa
RBS TV
Assembleia do RS aprova aumento salarial para governador e deputados

Categoria Estudante

1º lugar | Flávia Simões
Revista Sextante, da UFRGS
Profissão: encontrar respostas

2º lugar | Leticia Menezes Pasuch
Correio do Povo – Caderno de Sábado
Perfil: Mônica tem a atenção para a sétima arte no Estado

Pecuária é principal causa do desmatamento na Amazônia, diz estudo lançado na Cop28

Um mapeamento inédito do MapBiomas Amazônia, divulgado nesta sexta-feira (8) na 28ª Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP 28), em Dubai, mostra que a pecuária foi o principal vetor de derrubada de vegetação na América do Sul, no período de 1985 a 2022.

O mapeamento levou em consideração 844 milhões de hectares ou 47% da área da América do Sul. Incluiu o bioma amazônico no Brasil, na Colômbia e na Venezuela, a bacia amazônica no Equador, Peru e na Bolívia, as principais bacias hidrográficas que alimentam o bioma (Amazonas e Araguaia-Tocantins) e todo o território continental da Guiana, Guiana Francesa e Suriname, que não pertence à bacia do rio Amazonas, mas está coberto por floresta similar.

O levantamento mostra que dos 86 milhões de hectares de vegetação natural eliminados do território analisado, 84 milhões foram convertidos em áreas agropecuárias e de silvicultura, com destaque para pastagem, que ocupou 66,5 milhões de hectares da área devastada entre 1985 e 2022 – ou 77% da área transformada.

As áreas para a agricultura, por sua vez, ocuparam 19,4 milhões de hectares.

Os dados mostram ainda que, ao todo, o uso da terra pelo homem no território amazônico em 1985 correspondia a 51 milhões de hectares, ou 6% do bioma. Em 2022,  esse número passou a 136 milhões de hectares, ou 16% do total.  A eliminação da vegetação, segundo o estudo, atingiu prioritariamente a floresta: apenas 6 milhões de hectares suprimidos no período eram de formações não florestais.

“Embora o levantamento mostre que 81,4% da Amazônia ainda estejam cobertos por vegetação natural, apenas 73,4% são florestas – percentual que já está dentro da faixa estabelecida pela ciência como limite para que a Amazônia se mantenha ou se recupere, evitando o processo de savanização na região”, diz o texto do mapeamento.

As atividades de mineração na floresta também cresceram acentuadamente, de acordo com o levantamento: 1.367% entre 1985 e 2022, atingindo meio milhão de hectares.

(Com Agência Brasil)

Energia solar: grandes usinas atingem 11 gigawatts, com investimentos de 500 bilhões em dez anos

O Brasil ultrapassou a marca de 11 gigawatts (GW) de potência operacional nas grandes usinas solares, de acordo com o mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

Segundo a entidade, desde 2012, o segmento já trouxe mais de R$ 49,1 bilhões em novos investimentos e mais de 330,1 mil empregos acumulados, além de proporcionar cerca de R$ 17,2 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

Atualmente, as usinas solares de grande porte operam em todos os estados brasileiros, com liderança, em termos de potência instalada, da região Nordeste, com 55,57% de representatividade, seguida pelo Sudeste, com 42,99%, Sul, com 0,54%, Norte, com 0,51% e Centro-Oeste (mais DF), com 0,39%.
“O crescimento da energia solar fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e amplia a competitividade dos setores produtivos brasileiros, fatores cada vez mais importantes para a economia nacional e para o cumprimento dos compromissos ambientais assumidos pelo País”, diz Rodrigo Sauaia, da Absolar.

Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da entidade, avalia que “o crescimento acelerado da energia solar é tendência mundial e colabora para o processo de descarbonização das economias. “O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta, o que abre uma enorme possibilidade para a produção do hidrogênio verde (H2V) mais barato do mundo e o desenvolvimento de novas tecnologias sinérgicas, como o armazenamento de energia e os veículos elétricos”, diz.

“Segundo estudo da consultoria Mckinsey, o Brasil poderá ter uma nova matriz elétrica inteira até 2040 destinada à produção do H2V. Para tanto, o País deverá receber cerca de R$ 1 trilhão em investimentos no período, como geração de eletricidade, linhas de transmissão, unidades fabris do combustível e estruturas associadas, incluindo terminais portuários, dutos e armazenagem”, acrescenta Koloszuk.

 

Campanha coleta eletroeletrônicos e eletrodomésticos para reciclagem

ABREE e Prefeitura de Canoas se unem em evento de coleta de eletroeletrônicos e eletrodomésticos pós-consumo para reciclagem

Campanha será realizada no dia 25 de novembro e tem como missão a destinação ambientalmente correta dos equipamentos em fase final de vida útil

                                  

No dia 25 de novembro, a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE), em parceria com a Prefeitura de Canoas (RS), promove uma campanha para arrecadar eletroeletrônicos e eletrodomésticos para reciclagem. O objetivo desta iniciativa é conscientizar a comunidade local acerca da relevância de um descarte correto desses equipamentos. Para tanto, será disponibilizado um ponto de recebimento no formato “drive-thru” na Aurora, entre a Avenida Farroupilha e a Rua Noruega, com funcionamento das 10h às 17h.

Para participar da campanha, é imprescindível que os residentes de Canoas separem todos os itens que serão encaminhados para reciclagem, abrangendo desde fones de ouvido até geladeiras danificadas ou sem utilidade em suas residências. Finalmente, basta conduzi-los até o local da ação.

“Na busca por um futuro mais sustentável, cada ação desempenha um papel fundamental. Uma das maneiras mais impactantes de contribuir para um planeta saudável e próspero é adotar a cultura do descarte correto. Ao fazer isso, não apenas protegemos o meio ambiente, mas também preservamos recursos preciosos. Por esse motivo, a ABREE investe consideravelmente na educação ambiental, dada toda a melhoria potencial que isso traz para sociedade”, explica Helen Brito, gerente de Relações Institucionais da ABREE.  

“O município de Canoas sempre foi pioneiro na questão de reciclagem de resíduos, principalmente devido a sua parceria com as cooperativas locais. Até 2022 eram quatro cooperativas contratadas para realizar toda a coleta seletiva e, a partir daquele ano, a gente abriu para mais quatro, chegando então em oito cooperativas fazendo toda a reciclagem e a coleta seletiva do município. Entre elas está a CooperTec, que é uma cooperativa focada nos resíduos eletrônicos, sendo de grande importância para a coleta deste tipo de resíduo. Neste ano, pretendemos atingir a meta de mais de 300 toneladas de resíduos coletados e, com essa ação em parceria com a ABREE, acreditamos que será possível”, destaca o secretário de Meio Ambiente de Canoas, Bernardo Caron.

“O descarte correto dos resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos pela população é de extrema importância, pois esses produtos são altamente contaminantes ao solo e também saúde humana.  A realização da campanha é uma oportunidade de a população Canoense fazer o descarte desses equipamentos corretamente. Muitos de nós possuímos aparelhos eletroeletrônicos sem utilidade ocupando espaço em nossas residências; desapegar-se deles não apenas liberará espaço, mas também contribuirá para a reintegração desses dispositivos por meio do processo de logística reversaressalta Crispim Soares, Presidente da Coopertec.

Os moradores de Canoas têm a oportunidade de realizar o descarte correto durante todo o ano, utilizando os pontos de recebimento da ABREE. A associação disponibiliza mais de 4 mil pontos de recebimento em todo o país, estando presente em quase 1,3 mil municípios. Em Canoas, a entidade conta com 10 pontos de recebimento.

A ABREE tem realizado campanhas semelhantes desde a implantação de Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o Decreto Federal nº 10.240/2020. De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a reciclagem desses resíduos pode evitar a perda de US$ 1,7 bilhão em matérias-primas que contidas nesses equipamentos, como televisores, notebooks, entre outros.

No site da associação, é possível encontrar os pontos de recebimento mais próximos, realizando uma busca por meio do CEP residencial. A ABREE também disponibiliza uma lista completa de quais produtos podem ser descartados, tais como: batedeira, ferro elétrico, fones de ouvido, liquidificador, máquina de costura, micro-ondas, purificador de água, televisão, entre outros. Para saber mais informações e encontrar o ponto de recebimento mais próximo, acesse o site oficial da ABREE: https://abree.org.br/pontos-de-recebimento

SERVIÇO

CAMPANHA DE ARRECADAÇÃO DE ELETROELETRÔNICOS E ELETRODOMÉSTICOS EM CANOAS (RS)             

Data: 25/11
Horário: 10h às 17h
Local: Aurora – entre a Avenida Farroupilha e a Rua Noruega

Exemplos de equipamentos pós-consumo que podem ser descartados:

  • Celulares
  • Fones de ouvidos
  • Geladeiras
  • Máquinas de lavar
  • Ares-condicionados
  • Televisores
  • Secadores
  • Batedeiras
  • Fogões
  • Micro-ondas
  • Ferramentas
  • Equipamentos de informática
  • Rádios
  • Videogames e consoles
  • Entre outros

Sobre a ABREE:

Fundada em 2011, a ABREE – Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos – é uma entidade gestora sem fins lucrativos, que define e organiza o gerenciamento da implementação do sistema coletivo de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, promovendo economia de grande escala. Com 56 associados que representam 180 marcas, a ABREE é responsável pelo gerenciamento através da contratação, fiscalização e auditoria dos serviços prestados por terceiros, além de contribuir com informações para todos os envolvidos da cadeia, responsáveis pela viabilização da logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos no país. Para mais informações, acesse http://abree.org.br/

 

Reportagem sobre Jardim Botânico é premiada pelo Tribunal de Justiça

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul divulgou no final da tarde desta terça-feira (21), os vencedores do Prêmio Themis de Jornalismo 2023.

A reportagem Justiça proíbe “contratos ou acordos” que alterem a destinação do Jardim Botânico, assinada por Cleber Dioni Tentardini, publicada no jornal JÁ, no dia 1º de agosto de 2023, ficou em 3º lugar na categoria Cotidiano da Justiça.

No total, 42 trabalhos foram inscritos. A avaliação foi realizada por comissões constituídas para cada uma das categorias e compostas por um jornalista do TJRS, um representante da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), um representante da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (AGERT), um representante do Sindicato dos Jornalistas do RS (SINDJORS) e um magistrado com atuação na área temática. Na categoria Imagem, a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do RS (ARFOC-RS) integra a comissão no lugar da AGERT.

A Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira, em seu pronunciamento, afirmou que “o Prêmio Themis já demonstrou que é uma das iniciativas capazes de aproximar ainda mais o judiciário da sociedade”. Ela parafraseou o escritor Rui Barbosa, afirmando que “a imprensa é a vista da Nação, pois através dela é que a população acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam ou roubam, mede o que lhe cerceiam ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça”.  A Presidente disse ainda esperar que “o Judiciário captado pelas lentes da imprensa, possa cada vez mais ser verdadeiramente conhecido e acessado pela população”.

Vencedores do Prêmio Themis 2023

UNIVERSITÁRIA:

1º lugar – Paulo Henrique Lima Albano – Universidade do Vale do Rio dos Sinos

2º lugar – Paula Colpo Appolinario – Universidade Federal de Santa Maria

COTIDIANO DA JUSTIÇA:

1º lugar – Cristine Ribeiro Gallisa – RBS TV

2º lugar – Isabella Smith Sander – GZH / Zero Hora

3º lugar – Cleber Dioni Tentardini – Jornal JÁ

IMAGEM:

1º e 2º lugares – Mauro Adornes Schaefer – Correio do Povo (A categoria, conforme o regulamento,  permite a inscrição de até dois trabalhos por um mesmo profissional)

3º lugar – Renan Adriam de Mattos – Tribuna do Norte

INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA JUDICIÁRIA:

1º lugar – Cristine Ribeiro Gallisa – RBS TV

2º lugar – Débora Regina Ertel – Jornal NH

3° lugar – Tales Giovani Armiliato – Tua Rádio São Francisco

CATEGORIA ESPECIAL – 150 ANOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RS:

1º lugar – Geórgia Pelissaro dos Santos –  Jornal Vós

2º lugar – Cid Martins – Rádio Gaúcha e GZH

3º lugar – Letícia Dias Fagundes – Instituto Mulheres Jornalistas

Homenagem

No final do evento, foi realizada homenagem especial ao ex-Presidente do Conselho de Comunicação Social do TJ, Desembargador Túlio de Oliveira Martins, que comandou o CCS por mais uma década, entre 2010 e 2020. O magistrado, que é formado em jornalismo, lembrou que foi convidado em 2010 pelo ex-Presidente, Desembargador Aposentado Leo Lima. “A partir da aceitação do convite, destaquei que a ideia era ocupar os espaços existentes na mídia e não deixar que nenhum jornalista ficasse sem resposta das suas questões encaminhadas à então Assessoria de Imprensa do TJ. Auxiliamos bastante também os magistrados que gostariam de falar, mas pediam um apoio em determinadas questões”, disse ele. O homenageado  destacou a importância da criação da DICOM, na administração presidida pelo Desembargador Voltaire de Lima Moraes, direção  que tem todo o apoio e respaldo da atual gestão liderada pela Desembargadora Iris Helena. “Agradeço muito por esta generosa homenagem e gostaria de dividi-la com os jornalistas que atuaram comigo no Conselho de Comunicação Social, que atualmente está muito bem presidido pelo Desembargador Vinicius”, afirmou o magistrado.

​Jornal JÁ está entre os vencedores do 25º Prêmio MPRS de Jornalismo

Reportagem, assinada por Cleber Dioni Tentardini, ganhou o segundo lugar na categoria Proteção ao Patrimônio. Trata da atuação do Ministério Público Estadual junto à Justiça para que obrigue o Estado a preservar o patrimônio ambiental e cultural do Jardim Botânico de Porto Alegre e do Museu de Ciências Naturais.

A cerimônia foi realizada na segunda-feira, 6, uma iniciativa da Procuradoria-Geral de Justiça em parceria com a Associação do Ministério Público (AMP), Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), com apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (SINDJORS) e da Associação Riograndense de Imprensa (ARI).

Em seu discurso, o procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, destacou que “há 25 anos, o Ministério Público celebra o bom jornalismo que dá voz ao trabalho da instituição junto aos gaúchos”. Saltz disse ainda que esta parceria fortalece o relacionamento do MP com a sociedade. “Esse reconhecimento do trabalho destes profissionais que hoje recebem esta homenagem é também a consolidação da atuação transparente que nossa instituição busca ter e a reforça justamente com o trabalho de vocês”, afirmou o procurador-geral.

PARCERIA COM UNESCO

Saltz finalizou o seu discurso anunciando a parceria que o Ministério Público do Rio Grande do Sul e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) firmarão nos próximos dias para criar no Estado um observatório para acompanhamento e monitoramento, pelo MPRS, de todos os tipos de violência que acontecem contra jornalistas. “Essa parceria fará com que tenhamos material e pessoas para que nos próximos 25 anos continuarem participando desse evento e levando a toda a sociedade gaúcha e brasileira aquela informação legítima e verdadeira que ela tanto merece. Portanto, parabéns a todos as senhoras e senhores agraciados e vida longa ao nosso prêmio e viva a liberdade de imprensa”, finalizou Saltz.

​Confira os vencedores

SUSTENTABILIDADE

1º lugar: Ermilo Drews Neto (Jornal NH), que mostra em reportagem que, por meio de leis de incentivo e de fundo do MP, comunidades de diferentes cidades gaúchas buscam a recuperação de patrimônios culturais para manter preservada sua própria história.

2º lugar: Geórgia Santos (Vós), com a reportagem “O conto do bioma invisível”, que mostra porque o Pampa é o bioma menos preservado – e menos protegido – do Brasil.

PROTEÇÃO

1º lugar: Leticia Mendes (Grupo RBS), com Ronaldo Bernardi, Luan Ott e Laise Jergensen, com reportagem que mostra que das 107 vítimas de feminicídio em 2022 no Rio Grande do Sul, 21 delas tinham medida protetiva contra o agressor.

2º lugar: Bruna Viesseri (Grupo RBS), com Lucas Abati, com série de reportagens sobre a atuação do MPRS para condenar novamente Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, depois da anulação do júri.

DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO

1º lugar: Eduardo Matos (Grupo RBS) sobre a operação do MPRS que desarticulou um esquema que colocava a saúde das pessoas risco, por meio da venda de próteses vencidas.

Com a promotora de Justiça, Josiane Camejo

2º lugar: Cleber Dioni Tentardini (Jornal JÁ), com reportagem sobre decisão parcialmente procedente do pedido do MPRS, em ação civil pública, para que obrigue o Estado a preservar o patrimônio ambiental e cultural do Jardim Botânico de Porto Alegre e do Museu de Ciências Naturais.

SAÚDE E EDUCAÇÃO

1º lugar: Ermilo Drews Neto (Jornal NH), com reportagem sobre a relevância da Operação Leite Compensado para o consumidor e para a saúde pública, e como a atuação do MPRS serviu para tornar a cadeia leiteira mais confiável e segura no Estado.

2º lugar: Adriana Irion (Zero Hora/GZH), com Carlos Rollsing, com série de reportagens com foco no desperdício de dinheiro na Educação, mostrando que materiais escolares foram comprados às pressas e não entregues aos alunos.

SEGURANÇA PÚBLICA

1º lugar: Vítor Rosa (Grupo RBS), com Lucas Abati, detalha em reportagem as acusações contra o advogado reconhecido por atuações em júris de grande repercussão, como o Caso Kiss.

2º lugar: Humberto Trezzi (Zero Hora), com Alberi Neto, William Mansque, Tiago Boff. A série de reportagens mostra como cartéis colombianos investem no Sul do Brasil, por meio da venda de jogos de azar ilegais na Região Metropolitana até agiotagem.

CATEGORIA ESPECIAL: FOTOGRAFIA

1º lugar: Mauro Schaefer (Correio do Povo), com fotografia publicada em reportagem sobre a anulação do júri do caso Kiss.

Finalista: Jorge Leão (Brasil de Fato RS), com fotografia em reportagem sobre ação que possibilitou a isenção de pagamento de água no Vale do Taquari para os atingidos pelas enchentes.

Após decisão judicial, governo vai rever edital de concessão do Jardim Botânico

Cleber Dioni Tentardini

A Secretaria de Parcerias e Concessões do Governo do Estado adiou por tempo indeterminado a publicação de edital de concessão do Jardim Botânico de Porto Alegre à iniciativa privada.

A abertura da concorrência estava prevista para este mês de outubro, mas a decisão da Justiça em acolher parcialmente a Ação Civil Pública, da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, provavelmente provocou a revisão do edital.

“Está sendo revisado em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura”, diz a assessoria da pasta.

 

Justiça proibe “contratos ou acordos” que alterem a destinação do Jardim Botânico

Na decisão, o magistrado proíbe a rescisão de acordos ou contratos que impliquem as atividades de educação ambiental, preservação dos acervos ou pesquisa científica do do Jardim Botânico de Porto Alegre (JBPOA) e do Museu de Ciências Naturais do Rio Grande do Sul (MCN)., e impede o desmembramento ou fracionamento da matrícula do imóvel do Botânico.

Fraudes no mel são comuns e difíceis de identificar

Em live pilotada pelo agrônomo Aquila Schneider, que trabalha na Epagri dos Campos de Cima da Serra catarinense, a professora Ana Carolina Costa, do Departamento de Ciências e Tecnologia de Alimentos da UFSC, deu a uma centena de participantes virtuais uma excelente aula sobre as formas mais comuns de adulteração da qualidade do mel de abelhas, o terceiro produto natural mais fraudado no mundo (os maiores seriam azeites e vinhos).

“Um terço do mel consumido no mundo é falso ou adulterado”, disse ela, na abertura do encontro virtual que se prolongou  por mais de 60 minutos na quinta-feira à noite.

Em levantamento feito em março passado em Santa Catarina, detectaram-se irregularidades em cerca de metade das amostras analisadas.

As fraudes se tornaram mais importantes porque a partir da pandemia do coronavirus-19, o consumo de mel aumentou e o Brasil se tornou o quinto maior exportador do produto, com 36 mil toneladas embarcadas em 2022, volume que correspondente a mais da metade da produção nacional (o Brasil é o 11º do ranking liderado pela China).

Algumas partidas de mel brasileiro foram
devolvidas por conter fipronil, ingrediente de venenos usados na agricultura e proibidos na maior parte dos países; outras, por carregar antibióticos.
Apesar das dificuldades de controlar uma produção extremamente pulverizada dos campos e matos aos pontos de venda, passando ainda pelos entrepostos de processamento de mel, Ana Costa afirmou que as maiores
fraudes visam alterar os teores de glicose e sacarose do produto.

Os fraudadores adicionam diretamente açúcares e/ou xaropes à base de milho ou amido de mandioca, além de outros polissacarídeos. Mas não só isso: eles clonam selos e adulteram rótulos, nos quais registram endereços
falsos e indicam fontes apícolas irreais (as principais são eucalipto, flores do campo, laranjeira, melato da bracatinga, silvestre e uva do japão, “invasora” disseminada pela fauna na mata atlântica).

Tudo isso sem falar do enorme volume de méis vendidos em garrafas ou recipientes plásticos sem rótulo e sem procedência definida, geralmente atribuídas pelos vendedores a “um sitiante conhecido – de confiança”.
Todas essas manipulações poderiam redundar em punições legais, se fossem registradas e denunciadas junto a órgãos técnicos responsáveis como a Cidasc, Epagri, Emater, Federação das Associações Apícolas e
prefeituras, além do Ministério da Agricultura.

Ainda que desconfie da existência de maracutaias na produção e na venda de mel, a maioria dos consumidores não se mobiliza para denunciar as violações da qualidade
desse extraordinário produto natural feito pelos pequenos animais alados a partir do néctar e do pólen das flores.

A múltipla variedade das fontes apícolas parece ter gerado nos consumidores a convicção de que a
síntese feita pelas abelhas é naturalmente diferenciada. Na verdade, as mudanças de consistência, cheiro e sabor – entre outras qualidades — resultam de intervenções humanas voltadas para a obtenção de “ganho
econômico”, conforme a expressão da professora Ana.
Nem tudo que dizem ser mel é mel. Se é mel de verdade, não é preciso rotular como “mel puro”. Por mais rica que seja uma florada visitada pelas abelhas no esplendor de uma temporada de muito sol, o mel pode ficar devendo qualidade se for colhido antes de ficar maduro; ou se, nas
casas de mel, a filtração não for feita adequadamente; ou, ainda, se o mel for aquecido acima de 45 graus C por um tempo prolongado (mais de duas horas, citou a professora da UFSC). Nesse caso, pode acontecer uma
inversão da sacarose contida no mel. Segundo a professora, não é fácil detectar as fraudes porque os métodos de análise disponíveis são superados constantemente pelos picaretas que atuam na cadeia produtiva do mel.

A legislação referente à qualidade do mel vai completar 23 anos no próximo mês. Entrando em detalhes técnicos, a palestrante explicou que o método mais prático de detectar adulteração de um mel é mediante o uso de carbono 3 e carbono 4.

São testes químicos de custo elevado. O carbono 3 está presente em 85% das plantas mais procuradas pelas abelhas. O teste com Carbono 3 consiste em misturar
iguais quantidades de mel e água em um recipiente ao qual se adicionam duas gotas de tintura de iodo a 2%. “Se contém amido, o mel muda de cor, fica mais escuro”, esclareceu a mestra.
A dúvida mais óbvia — sobre a cristalização do mel — foi respondida no final da live pelo agrônomo Aquila Schneider, com mais de 20 anos em contato cotidiano com apicultores: “Sob baixa temperatura, todo mel
cristaliza”.
Geraldo Hasse

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