“Sob a miséria do povo não se constrói a paz social”
(João Belchior Marques Goulart)
A semana que passou foi marcada por homenagens à memória de meu avô João Goulart em praticamente todo o Rio Grande do Sul.
Peço permissão ao leitor para, ao menos neste texto, referir-me ao Presidente João Goulart apenas como meu avô. Em São Borja, na Fronteira Oeste, na Capital e em muitas cidades, seu sacrifício em prol da pátria foi saudado com reverência.
Sem dúvida, um herói da República, a quem, gradativamente, o Brasil reforça o reconhecimento ao seu legado político reformista.
Jango foi um injustiçado. Um líder de vanguarda. Um fazendeiro próspero de São Borja, que teve a coragem de contrariar os interesses econômicos de sua própria classe ao propor uma reforma agrária capitalista em nosso país. Mas ele foi além. Seu projeto de nação, amparado nas reformas estruturais e institucionais do Estado brasileiro, visava uma mudança profunda na concepção de interesse público.
Meu avô sonhou que, para lograr um desenvolvimento soberano em nosso país, com reais chances de ser considerado “primeiro mundo”, uma consciência coletiva deveria ser aplicada na prática.
Por isso transcendeu ao discurso e ousou comprometer-se publicamente com as conhecidas reformas de base, no maior comício registrado na história nacional, em 13 de março de 1964.
Sonhou com a efetiva justiça social, contrariando interesses das elites dominantes que mandam até hoje no Brasil. Morreu pela pátria, na solidão do exílio, no dia 6 de dezembro de 1976. Não é pouca sorte lutar e morrer pela pátria, em busca da realização de um sonho libertário.
Passados 33 anos do assassinato de meu avô no exílio – ele começou a morrer lentamente quando foi forçado a deixar sua terra natal – saudamos a sua luta.
Esse é o nosso compromisso. O legado de meu avô não será em vão. Podem ter silenciado sua voz, através de sua morte programada por uma conspiração dos serviços secretos do Brasil, Uruguai, Argentina e Estados Unidos, mas jamais calarão o sentimento transmitido de geração para geração.
Sua lição transforma-se em caminho a ser seguido, neste momento tão singular da perda de valores éticos e morais que atravessa o nosso país.
Momento de tantos exemplos negativos para as novas gerações, descrentes dos políticos e sem esperanças, que não conheceram o passado dos que, como meu avô, tombaram no caminho da liberdade, democracia e justiça social.
Por tudo isso reafirmamos nosso pacto de continuar lutando por um país que ofereça oportunidades iguais a todos os brasileiros. Continuamos a escutar a voz de Jango!
Jamais esqueceremos as palavras pronunciadas por meu avô, no comício do dia 13 de março de 1964: “… quero dizer que me sinto reconfortado e retemperado para enfrentar a luta que tanto maior será contra nós quanto mais perto estivermos do cumprimento de nosso dever.”
Jango Vive!
Christopher Goulart
Presidente da Associação Memorial João Goulart
Jango Vive, esta no DNA de seus descendentes este espírito de luta, de perfeicionismo, se doar ou negar sua própria felicidade em favor do outro, “Coração maior que o próprio corpo”, assim, me disse um senhor que conviveu com ele.
Ficou muito feliz quando lhe disse que sou parente e antes de lhe falar ele notou isso nos traços que identificam os Goulart , sempre quiz me aproximar mais, vivo rastreando a história de Jango, que me enche de orgulho. Não sei a que ramo da família pertenço, mas quero participar mais desta história, quem sabe na política ou cultura? Tive o privilégio de te conhecer quando vieste mostrar um vídeo da história de Jango na Biblioteca Municipal de Uruguaiana, fiquei impressionada porque ele com 17 anos era a cópia perfeita de meu pai, te mostrei a identidade e tu me dissestes então és minha parente, porque todos Goulart do RS são do mesmo ramo.
A data de 13 de março de 1964 não foi apenas a do maior discurso registrado na história nacional, foi uma mudança de paradigmas assustadora para a época, quem era esse homem, que ousava ir contra a “ordem estabelecida” ,queria promover as reformas que trariam a liberdade, desenvolvimento e justiça social?
Provavelmente o povo jamais iria querer outro presidente, que não fosse ele, por isso o interceptaram. Viva Jango, seu espírito de luta, seu car´ter, sua palavra, Viva.
A data de 13 de março de 1964 não foi apenas a do maior discurso registrado na história nacional, foi uma mudança de paradigmas assustadora para a época, quem era esse homem, que ousava ir contra a “ordem estabelecida” ,queria promover as reformas que trariam a liberdade, desenvolvimento e justiça social?
Provavelmente o povo jamais iria querer outro presidente, que não fosse ele, por isso o interceptaram. Viva Jango, seu espírito de luta, seu carater, sua palavra, Jango Viva.