À espera do leilão

Banido dos leilões, em que o governo garante a compra antecipada da energia de futuras usinas, o carvão era o patinho feio da matriz energica do Rio Grande do Sul, berço de 90% das jazidas nacionais.
De volta aos leilões desde abril, o antigo vilão assume ares de herói. Afinal, foram as velhas usinas de Candiota e Charqueadas, mais o gás importado vindo de Baia Blanca, que evitaram os apagões no Estado no último verão. Fora isso, investimentos de bilhões podem ser viabilizados já no próximo leilão.
Há três projetos de usinas a carvão aptos a participar do próximo leilão de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já marcado para 29 de agosto. Se arranjarem compradores para sua energia, devem entrar em operação em 2018. São estes:
I – MPX Seival, do grupo de Eike Batista, associado à O.EN alemã, com capacidade de 600 MW, que possui projeto básico e dispõe de licença ambiental de instalação, em Candiota.
II – MPX Sul, do grupo de Eike Batista, também em Candiota, com capacidade de 727 MW, que possui projeto básico e dispõe de licença prévia de instalação. Somado ao anterior, exige investimentos de cerca de R$ 8 bilhões
III – CTSul, projeto de usina de 650 MW, tem licença prévia da Fepam para explorar jazidas em Cachoeira do Sul e pleiteia licença de instalação para projeto desenvolvido por empresa estatal chinesa (ver matéria à parte)
Com possibilidade de disputar o leilão de 2014 para entregar a energia a partir de 2019, alinham-se os seguintes projetos:
A – UTE Pampa, em Candiota, com capacidade de 340 MW, projeto da Tractebel em parceria com a CRM, que forneceria o carvão
B – Fase D da CGTEE em Candiota, 350 MW
C – UTE em Jaguarão do grupo Bertin, de São Paulo, com capacidade de 1200 MW, conforme protocolo que não foi levado adiante mas pode ser retomado.
PERGUNTAS NO AR
A viabilidade na exploração intensiva do carvão de Candiota para fins energéticos está associada aos projetos de Eike Batista, o megainvestidor cuja credibilidade entrou em baixa diante da indefinição de seus negócios em setores estratégicos – do petróleo à logística naval, passando pela mineração e a produção de energia elétrica.
Os dois projetos da sua MPX, já com licença ambiental preliminar, exigem R$ 8 bilhões de investimento, para implantar duas usinas a carvão em Candiota.
A empresa de energia elétrica, que tem usinas a gás e carvão importado, é a que apresenta a melhor situação do grupo. Já responde por quase 10% da energia térmica gerada no país.
A retaguarda tecnológica e financeira do grupo alemão O.EN, que recentemente ampliou sua participação e agora tem 34,5% da MPX, dá consistência ao negócio. Mas dúvidas permanecem, apesar das manifestações de representantes do grupo que já negociam com o governo do Estado condições para o empreendimento. A própria situação da O.EN na Alemanha não é de estabilidade, com sérias perdas na Bolsa. (Revista JÁ Edição Especial Energia)

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