As novas caras do Clube de Cultura

Matheus Chaparini
O primeiro show profissional do Nei Lisboa foi lá. De onde também saiu um dos primeiros filmes produzidos no Rio Grande do Sul, Vento Norte, de 1951, dirigido por Salomão Scliar. Em um dos aniversários, quem cantou foi Elis Regina. Os quadros nas paredes lembram peças de Caio Fernando Abreu. E tudo isso no coração do Bom Fim. É indiscutível: o Clube de Cultura tem história.
Todas estas glórias passadas inspiram a construção do presente do Clube. Desde o começo de 2016, um grupo de associados vem tocando uma série de atividades com cinema, música, literatura, debates ecológicos e outros. Não se pode dizer que é uma retomada, pois, como lembra Tânia Baumann, filha do famoso comandante, o Clube de Cultura nunca parou. “Nem na ditadura”, garante ela, que se criou no local, onde hoje realiza cursos de dança para crianças adolescentes. Podemos dizer então que é uma nova tomada de fôlego.
A outra filha de Hans Baumann, Carolina, é primeira-tesoureira do Clube, eleita para a gestão 2017/2018 em assembleia realizada em 3 dezembro. Apesar de ter uma relação antiga com o Clube, ela só se associou recentemente. A direção é formada por 6 pessoas: Mozart Dutra, presidente; Airan Milititsky, vice; Carla Menegaz, primeira secretária, Claus Farina, segunda secretária; Carolina Baumann, primeira tesoureira e Carlos Ribeiro, segundo tesoureiro. Há ainda um conselho deliberativo formado 15 integrantes e cinco suplentes e um conselho fiscal com três associados.

O historiador, em evento sobre a história do Clube de Cultura / Alan Foyd Gipsztejn
O historiador Airan Aguiar, em evento sobre a história do Clube de Cultura / Alan Floyd Gipsztejn

O Clube de Cultura foi criado em 1950, no mesmo local, no número 1853 da rua Ramiro Barcelos. Até 1957 o terreno tinha apenas uma casa, compartilhada com a sinagoga que atualmente fica na rua Henrique Dias. Só então veio a sede, e na sequência o edifício, que leva o mesmo nome. “Foi a primeira experiência do que a gente hoje chama de crowndounding”, define Mozart Dutra. O grupo era formado por judeus intelectuais, na maioria comunistas e anarquistas.
“O pessoal do Clube sempre foi revolucionário, mas sempre foi uma resistência não pela guerra, mas pela cultura, pela consciência, pela arte. Esse ideário segue”, define Carolina Baumann.
Ao longo de mais de meio século, o clube abrigou em sua sede diversas iniciativas culturais como a Coompor (Cooperativa dos Músicos de Porto Alegre), o Teatro Escola, de Zé Adão Barbosa, a Editora Deriva, o Ateneu Libertário Batalha da Várzea, Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino e até mesmo a redação deste jornal que o leitor tem agora diante de seus olhos.
Foram os espetáculos realizados pela Coompor que atrairam a atenção do hoje presidente Mozart Dutra, na década de 80. A pioneira iniciativa de uma cooperativa de compositores gerou a gravação de um disco – Coompor canta Lupi – e turnê pelo estado. Mozart se afastou temporariamente e voltou no início do anos 2000. Seus desafios para os próximos dois anos são consolidar e aumentar a agenda de atividades e atrair mais gente para o Clube. “A única maneira de a gente manter ativo o Clube é agregando mais pessoas, e fazendo com que elas se inteirem das atividades e participem da construção”, afirma.
Uma agenda maior para 2017
Ao longo deste ano, foram realizados diversos ciclos de eventos. As Jornadas Ecológicas foram um bom exemplo, trazendo de volta à pauta do Clube um tema antigo mas sempre atual. Na parte de cinema, a Guerra Civil Espanhola e as trilhas compostas pelo Pink Floyd para o cinema foram alguns dos motes. Recentemente foi inaugurada uma sala de leitura, que homenageia Hans Baumann.
as Jornadas Ecológicas foi uma das novidades de 2016 / Alan Foyd Gipsztejn
Evento de aniversário da sede do Clube, em novembro / Alan Folyd Gipsztejn

O “comandante” do Clube e outro comandante, o revolucionário cubano Fidel Castro, serão homenageados na festa de encerramento do ano, nesta sexta-feira, dia 16.
O grupo já trabalha na agenda para o ano que vem. Em janeiro, o projeto Outro Som, traz o cantor Esteban Hidalgo, apresentando milongas de Violeta Parra, Ataualpa Yupanqui e outros. O Festival do Livre Olhar, evento de cinema expandido, também passa pelo Clube em 2017. A professora de literatura Vera Haas prepara uma palestra sobre as leituras obrigatórias do vestibular menos conhecidas. Tania Baumann fará um curso de dança voltado para crianças e adolescentes. O grupo Acronon, traz o projeto Música, cinema e memória, compondo e executando ao vivo trilhas sonoras em cima de filmes mudos.
Não é cobrado ingresso para as atividades, mas é sugerida uma contribuição, geralmente em alimentos não perecíveis. Desta forma, em três meses, foram arrecadados mais de 100 kg de alimentos, doados para uma aldeia Mbya Guarani, localizada no município de Maquiné.
Além das reuniões de diretoria e do conselho, às segundas-feiras, às 19h30, acontecem os encontros para construir a programação.

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