No próximo sábado (18) o Coletivo Cais Mauá de Todos, formado por porto-alegrenses descontentes com a concessão do antigo porto da Capital à iniciativa privada, apresentará um projeto de intervenção arquitetônica e urbanística alternativo ao proposto pelo consórcio vencedor da licitação.
Em uma coletiva de imprensa, marcada para as 19h na avenida Sepúlveda – que desemboca diante do pórtico central do cais – o grupo ainda esclarecerá denúncias de irregularidades que identificaram no processo e que já foram encaminhadas à Defensoria Pública, que por sua vez solicitou explicações ao empreendedor e à Prefeitura Municipal.
Após a coletiva, o ato seguirá em ritmo festivo como em ocasiões anteriores. Entre as atrações, shows gratuitos de Nei Lisboa, Ian Ramil, Sopro Cósmico, Novo Circo, Cia De Dança, Bibiana Petek e Conjunto Bluegrass Porto-Alegrense.
Objetivo é abrir debate
A intenção dos ativistas com o ato festivo e a coletiva de imprensa é provocar um debate público sobre o projeto previsto para a área, que ainda é pouco conhecido da população – em uma reunião na Câmara Municipal de Porto Alegre ocorrida ontem (14), o superintendente de Portos e Hidrovias, cuja sede fica dentro do espaço em discussão admitiu a desinformação.
“Não sou contra nem a favor do projeto, pois não o conheço suficientemente e estou procurando me inteirar. O que me preocupa é tomar uma decisão precipitada de qualquer natureza. Esse projeto é um desafio de todos nós”, declarou, segundo o registro da equipe de imprensa do Legislativo.
Os organizadores do ato consideram a reflexão da população sobre a obra e suas consequências “imprescindível” e sugerem realizá-la “a partir de um modelo de desenvolvimento que tenha como princípios norteadores a manutenção da paisagem cultural como bem coletivo, assim como a revitalização e a requalificação de áreas degradadas”.
No site do consórcio vencedor da licitação, há uma ilustração da área atual com textos que sugerem intervenções como a construção de torres comerciais e hotéis, centro de eventos, estacionamentos para 4.340 vagas e um shopping center ao lado da Usina do Gasômetro.
O empreendedor também se compromete a restaurar 11 armazéns tomados pelo município – um será demolido, o A7 – a instituir 10 praças ao longo do cais e a manter aberta a vista para o Guaíba.
O grupo critica ainda a falta de transparência no processo e afirma que o planejamento urbano precisa levar em conta “novos modelos de gestão da parceria público privada que contemplem os interesses da coletividade, o usufruto do bem público, o direito de ir e vir e não apenas os planos de negócios impostos pelo setor privado”.
Na coletiva de imprensa estarão a jornalista Katia Suman, a advogada Jacqueline Custódio, o sociólogo João Volino Corrêa e a arquiteta e urbanista Helena Cavalheiro, autora do projeto “Manifesto Cais Mauá”.
O presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil no EStado (IAB-RS), Tiago Holzmann também fará sua análise.
Além do IAB/RS, fazem parte do coletivo o sindicatos, entidades ambientalistas e de defesa do patriômio histórico, grupos de mobilização urbana, associações comunitárias e empreendimentos culturais como o StudioClio, a Rádio Elétrica, a Editora Libretos e o Bar Ocidente.