O cartunismo de Moa, premiado no exterior, é destaque no Sarau dos 18 anos da ALICE

Higino Barros
Dentro das celebrações dos 18 anos da ALICE ( Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação), uma tem sabor especial para a entidade e para o cenário do cartum gaúcho. O desenho do cartaz do Sarau Comemorativo, que assinala a data, é feito por Moa, artista de reconhecimento internacional e recém premiado no 35º Aydin Dogan International Cartoon Competition. O evento realizado na Turquia, no final de novembro, é o principal salão de cartum do mundo. Seus prêmios em dinheiro são muito atraentes e acima de tudo receber qualquer galardão nele representa para o premiado entrar no concorrido clube de grandes cartunistas mundiais.
É a quarta vez que Moa Guterres, 56 anos, é distinguido no salão promovido em Istambul. Os brasileiros têm uma forte tradição na competição que premia o primeiro lugar com 8 mil dólares, o segundo lugar com 5 mil dólares e o terceiro com 3 mil dólares. O restante das dez menções honrosas recebe 500 dólares, além de participação nos quatro dias do evento, como convidados da organização. O salão recebe cerca de três mil inscritos e a participação do público atinge cinco mil pessoas, de todas as partes do mundo.
Os principais concorrentes da representação brasileira tem sido os iranianos, segundo Moa. “Cada lugar traz para o cartum uma particularidade desses país. Os do Leste Europeu têm um humor pesado, no desenho e no conteúdo. É sempre um humor com crítica, tem sempre alto teor crítico”.
O salão turco é uma espécie do Oscar do cartunismo mundial, nenhum evento semelhante é tão intenso, promove tanta interação entre os participantes e nele, cada vez mais, aumenta a participação feminina. “Como a cidade é uma espécie de Riviera turca, sua prefeitura é muito rica e tem uma tradição multicultural, isso se reflete no salão, que é promovido por uma Faculdade de Arte”observa Moa.

Cartum premiado na Turquia

Mais patifaria
Moa é representante do que ele define como o humor latino, “com mais safadeza, mais patifaria”, explica, emendando. “O humor da Europa em geral é mais sóbrio”.
Ele começou a desenhar em 1986, quando cursava comunicação na PUC de Porto Alegre e logo decidiu que era isso que queria para sua vida. O humor crítico, em geral, exercido por cartunistas já tinha passado por seu período de apogeu, em publicações impressas e começava uma fase de transição em outra plataforma, agora a digital.
“De lá para cá, o cenário se transformou demais, tornando-se um pouco confuso. Para uma geração acostumada com veículos impressos, tornou-se mais difícil. Mas como em todas as mudanças, há gente que é bem sucedida na área. Seja qual for, no entanto, o suporte do desenho fazer cartun continua e sempre será, para quem pratica, o chamado prazer solitário”, define Moa.
Apesar de reconhecimento no exterior, Moa chama a atenção das dificuldades e precariedades de trabalho para os cartunistas brasileiros. A maioria exerce o cartunismo por hobby e tem outra atividade profissional. A redução das publicações impressas, em todos os níveis, podou ainda mais, nos últimos anos, um mercado que estava cada vez mais diminuto.
Dessa vez, foi premiado em Istambul, junto com Moa, Silvano Mello. Dos cartunistas gaúchos ganharam em anos anteriores, Ronaldo Cunha Dias, Rafael Corrêa, duas vezes consecutivas, Vila Nova e Rodrigo Rosa, duas vezes.

 

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