Cais Mauá protocola contrapartidas de R$ 36 mi na Prefeitura

Naira Hofmeister
A empresa Cais Mauá do Brasil S.A protocolou, na quinta-feira (23), o rol contendo 17 obras de contrapartidas para a cidade que serão financiadas em troca da autorização para o empreendimento que pretende desenvolver no antigo porto da Capital.
O documento, entregue ao Gabinete de Desenvolvimento e Assuntos Especiais (Gades), chefiado pelo secretário Edemar Tutikian, lista cada uma das intervenções acordadas com a Prefeitura Municipal, cujo custo total estimado é de R$ 36,3 milhões.
Apenas três órgãos da administração de Porto Alegre foram contemplados com contrapartidas: a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam) e o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP).
A empresa investirá ainda R$ 120 milhões na restauração do conjunto de 11 armazéns tombados pelo município, e deverá ainda construir as novas sedes da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) e o quartel-general dos Bombeiros, que atualmente ocupam áreas do cais.
Obras viárias focam pedestres e transporte público
Entre os oito itens determinados como contrapartidas ao empreendimento pela EPTC, três focam a locomoção de pedestres, duas pretendem melhorar o serviço de transporte público na área e uma é para ampliar a mobilidade em bicicletas. As outras duas medidas propostas priorizam o acesso em veículo.
Entre as novidades para quem caminha na região, estão a inclusão de uma passagem de pedestres que ligará a praça Brigadeiro Sampaio – que junto com a Júlio Mesquita forma o Parque do Gasômetro – ao shopping center que ocupará a porção do terreno que faz limite com a antiga usina.
O projeto original previa que essa ligação entre as duas áreas seria uma imensa esplanada gramada, que ficaria sobre a avenida Presidente João Goulart, que seria enterrada nas proximidades do Gasômetro.
Segundo estes desenhos, divulgados pela prefeitura em 2011, o centro comercial também teria altura reduzida, para permitir a formação da área de lazer sobre seu teto. Em 2009, entretanto, a Câmara de Vereadores liberou a construção de até 36 metros no local – o equivalente a um edifício de 12 andares.

Projeto original previa grande esplanada no Gasômetro | Divulgação/JÁ
Projeto original previa grande esplanada verde próxima ao Gasômetro | Divulgação/JÁ

A reforma da passagem subterrânea para transeuntes, entre a estação Mercado do Trensurb e o cais, também está incluída no rol de contrapartidas, assim como a instalação de novos semáforos com botoeira em quatro cruzamentos no entorno do empreendimento.
Para contemplar os ciclistas, a Prefeitura exigiu do empreendedor a construção de 8,7 quilômetros de ciclovias – sendo 1,2 quilômetros na avenida Mauá. O investimento em ciclovias será de R$ 4,2 milhões.
As paradas de ônibus e táxis da avenida Mauá deverão ser transferidas para o lado esquerdo da via, que ganhará sinalização renovada ao longo de toda a sua extensão.
Rebaixamento da Ramiro é obra mais cara
O prolongamento da avenida Ramiro Barcelos entre a Voluntários da Pátria e a avenida da Legalidade e da Democracia é a obra mais cara entre as compensações previstas pelo empreendedor: custará R$ 24,3 milhões, se somado às adequações na Voluntários também previstas no documento, cujo valor é inferior a R$ 200 mil.
O trecho será executado como uma passagem subterrânea e dará acesso ao empreendimento nas proximidades da rodoviária, onde deverão ficar as três torres projetadas pela Cais Mauá do Brasil S.A.
Reparos e manutenção no muro e comportas está incluído
A parte da lista de contrapartidas de competência do DEP inclui cuidados com o sistema de proteção às cheias de Porto Alegre. Há previsão de que a empresa execute reparos ao muro da Mauá, construído nos anos 70 para evitar catástrofes como a enchente de 1941, recupere duas casas de bombas e garanta a manutenção do sistema de fechamento de comportas durante os 25 anos que durarem a concessão.
O projeto de proteção inclui ainda a realização de simulações de fechamento e treinamentos anuais para as equipes do DEP em casos de emergência.
Por fim, a Cais Mauá do Brasil deverá ainda adquirir um equipamento para monitorar o nível do Guaíba, que será doado à SPH.
Para a Smam, está previsto um repasse de R$ 2,3 milhões a título de compensações ambientais, o plantio de 817 mudas de árvores nativas, projeto de educação ambiental e campanhas de uso consciente da água.

3 comentários em “Cais Mauá protocola contrapartidas de R$ 36 mi na Prefeitura”

  1. O que eu gostaria de saber é se haverá algum local nesse projeto para a gente colocar os pés na água
    nesses arredores. Será que para fazer isso teremos que viajar atá Ipanema ? Olhem para o Uruguai….
    Construções…..concreto…..comércio….túneis….passarelas…..estacionamentos ….etc…a gente acha em qualquer lugar mas…….água de rio……pelo que vejo será através de binóculo…pela janela de uma torre de concreto ! Sou engenheiro civil….. Não sou suspeito para falar…. Tenho 81 anos. Espero ainda estar vivo para contemplar o resultado de todos esses projetos. De qualquer modo desejo sucessoa todos…

  2. Entendo a necessidade de viabilidade financeira de uma obra desse porte, mas para que construir mais um shopping? Temos um monte deles espalhados pela cidade! Aí, com um desses instalados do lado do Gasômetro, a prefeitura não vai poder reclamar de um eventual fracasso da revitalização do comércio do centro, com a consequente marginalização, abandono, violência etc.

  3. Muito bom !! Temos que evoluir . Depois que foi construído o Shopping Bourbon Wallig na Assis Brasil melhorou muito o fluxo de pessoas e uma nova via foi construída para a circulação dos automóveis. Aos poucos a Assis Brasil vai revitalizando-se com novos prédios e mais modernos.

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