Helen Lopes
Depois de quatro horas de reunião a portas fechadas, os representantes da concessionária Univias, do Governo do Estado, da Prefeitura de Viamão, da Associação Comercial e Industrial de Viamão (Acivi) e da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Delegados (Agergs) não chegaram a nenhum acordo sobre o impasse do pedágio da RS-040. Deliberaram apenas sobre um estudo de contrato de concessão, que deve ser realizado em 60 dias pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Na quinta-feira (16/02), haverá outra reunião conjunta para prosseguir as negociações.
No encontro, realizado nesta terça-feira (14/02), na sede do Daer, ficou acertado que as partes envolvidas irão encaminhar documentos e dados, juntamente com a análise que será realizada pelo poder concedente para viabilizar saídas. A polêmica voltou à tona em dezembro do ano passado, quando a Univias retomou, por decisão judicial, a cobrança da tarifa aos moradores da cidade. A praça de pedágio está localiza na RS- 40, entre o centro de Viamão e a localidade de Águas Claras. A comunidade reivindica isenção total para veículos emplacados no município ou transferência da praça para a divisa com Capivari do Sul.
O diretor-presidente da Univias, Marcos Picarelli, lembrou que a concessionária não pretende conceder isenção total aos moradores que tenham veículos porque haveria grande prejuízo financeiro. “A empresa não suportaria a perda de receita”, disse. O presidente reclama de uma perda de aproximadamente R$ 6 milhões durante os dois anos de isenção aos moradores. “Vamos requerer que esse valor seja transferido para o reequilíbrio contratual e, futuramente, pode ocorrer aumento de tarifas”.
Em tom de pedido de trégua, o secretário estadual de Transportes, Alexandre Postal, argumentou que precisa dos 60 dias para ter o levantamento de dados completo. Reiterou que a Univias terá os direitos contratuais garantidos. “A concessionária já ganhou algumas questões na Justiça. Vamos respeitar e cumprir os contratos”, declarou o titular.
O prefeito de Viamão, Alex Sander Boscaini, propôs que durante esse período de tratativas, os viamonenses que se sentem prejudicados tenham acesso ao cartão de bonificação, disponível para os moradores de Águas Claras. A proposta não foi aceita pela concessionária. Em contrapartida, a empresa sugeriu que um cartão para usuário freqüente seja implantado nesses dois meses. “O usuário paga 15 dias e nos outros 15 dias tem a gratuidade”, exemplificou o presidente da Univias.
Porta fechada com antecedência
Às 17h30min, a reunião nem bem tinha começado quando a secretária da Direção Geral do Daer anunciou aos recepcionistas do prédio: “Ninguém mais sobe para a Direção”. A preocupação pode ter sido motivada pela concentração de pessoas em frente ao prédio. A porta principal foi fechada com corrente e cadeado.
Enquanto os representantes conversavam no nono andar, cerca de 30 pessoas estendiam faixas de “Não ao Pedágio” na escada do Daer e, quando a sinaleira na Borges de Medeiros fechava, levavam faixas para a pista. O estudante Max Ribeiro tinha a expectativa de um acordo entre as partes. Ele, como os demais, desistiu às 19 horas. Foram para casa sem respostas.
Manifestação pode ocorrer no domingo
O prefeito afirmou que pelas informações que detêm até o momento, as manifestações continuam no próximo final de semana. Mas ele não soube precisar se será na sexta ou no domingo. Um dos líderes do movimento contra o pedágio, o corretor de imóveis conhecido como Passarinho, disse que não divulgará a data do protesto para evitar que a Brigada bloqueie com antecedência a via. Outra fonte, porém, afirmou que o ato será no domingo a pedido do comércio da cidade.
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