Neste sábado (23), a partir das 19h, a Avenida Sepúlveda, no Centro, será novamente ocupada por militantes que buscam uma nova discussão sobre o futuro do Cais Mauá de Porto Alegre. Os cidadãos temem que a área seja desfigurada com a construção de três torres, um shopping center e estacionamentos para mais de 4 mil carros conforme projeto do consórcio que deve revitalizar a área.
“A oposição ao projeto atual decorre da total liberdade do Estado, de arbitrar sobre os bens públicos a bel prazer, muitas vezes por interesses alheios aos da população, como essa tal “revitalização” que nada mais é do que especulação imobiliária sobre o patrimônio histórico e cultural mais valioso da capital dos gaúchos”, critica o sociólogo João Volino Corrêa, um dos porta-vozes do coletivo.
O consórcio Cais Mauá do Brasil promete investir cerca de R$ 600 milhões na área – R$ 120 milhões para restaurar os armazéns tombados pelo patrimônio histórico. O grupo também protocolou na prefeitura contrapartidas na ordem de R$ 36 milhões para o entorno.
Durante o ato-festivo – como os militantes costumam chamar as reuniões que vem ocorrendo frequentemente no local, onde se combinam discussão pública e música ao vivo – será feito um chamado para a criação da Fundação Cais Mauá, convocando todas as entidades que já sinalizaram apoio à causa. Este passo surgiu da necessidade do Coletivo Cais Mauá de Todos se organizar formalmente como uma instituição cívica voluntária.
Será um novo passo para o movimento, que no mais recente encontro público apresentou um projeto alternativo que prioriza pedestres e ciclistas e oferece um conjunto de ações culturais no espaço, que passa agora por estudos de viabilidade econômica.
O evento terá a participação, via Skype, da ativista e Doutora em Direito Público Liana Cirne Lins, professora da Universidade Federal de Pernambuco, que vai falar sobre a situação do Ocupe Estelita, do Recife, e dar apoio ao movimento portoalegrense.
Além disso, Marcelo Branco, ativista de Software Livre, vai abordar a cidadania conectada e as revoluções em curso no mundo todo e Jorge Luís Stocker, vice-presidente da Defender, vai falar sobre patrimônio arquitetônico e paisagístico. A importância histórica da área portuária será abordada pelo jornalista, escritor e pesquisador Eduardo Bueno, o Peninha, enquanto o sociólogo João Volino Correa fará um breve relato sobre as ações do grupo Cais Mauá de Todos.
Dentre as atrações musicais, estão Eduardo Pitta, The Jalmas, Tonho Crocco, Tribo Brasil e Yanto Laitano. Após os shows, Rafa Ferretti (Pulp) e Maurício Cunha (Fiesta Latina) vão comandar o som. Pelo Facebook, quase três mil pessoas já confirmaram presença no evento.
PROGRAMAÇÃO
19h30 – Linha do tempo das atividades envolvendo o Cais Mauá, por João Volino
19h50 – Jorge Luís Stocker e o patrimônio arquitetônico e urbanístico
20h – Skype com Liana Cirne Lins, do Ocupe Estelita, direto do Recife
20h15 – Marcelo Branco e a revolução conectada
20h30 – Eduardo Bueno e o contexto histórico da área
Apresentação de artistas convidados, seguida de baile aberto
O ato festivo tem o apoio dos grupos Minha Porto Alegre, Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS), Sindicato dos Engenheiros (SENGE/RS), Defesa Civil do Patrimônio Histórico (Defender), Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Poa em Movimento, StudioClio, Rádio Elétrica, Estúdio Gorila, Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS), Defesa Pública da Alegria, Ocupa Cais Mauá, Porto Alegre Ativa, Associação Comunitária do Centro Histórico de Porto Alegre, Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, Editora Libretos, Bar Ocidente, Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus), Chega de Demolir Porto Alegre e Fast Food Cultural.