Se faltasse um argumento para desmontar as teses separatistas que, vez por outra, ressurgem no Rio Grande do Sul, o caso da energia seria exemplar.
Neste campo vital, a dependência dos gaúchos é total: todo o petróleo, 98% do álcool e 60% da energia elétrica que o Estado precisa vem de fora de suas fronteiras. Na energia elétrica, é mais grave ainda a dependência: por ficar na extremidade de um sistema integrado, o RS é mais vulnerável.
Evidentemente, essa situação é resultado de um planejamento nacional, que relega ao passado as idéias de economia regional autônoma e, hoje, não se concebe que pudesse ser de outra forma.
É interessante, porém, examinar essa relação, porque ela revela algumas fragilidades.
Em 1995, por exemplo, a CEEE gastou R$ 362 milhões na compra de energia do sistema interligado, valor equivalente a 27% da receita líquida da companhia. Mantida essa proporção, pode-se calcular que em 2012 a conta se aproximou de R$ 1 bilhão.
Esses dados permitem estimar, que em 40 anos de existência do Sistema Integrado Nacional, o Rio Grande do Sul despendeu mais de 15 bilhões de reais.
Outro inconveniente da excessiva dependência é a ameaça de apagão, por conta de problemas climáticos. As secas frequentes que ocorrem na região da bacia do Iguaçu, onde se localizam as hidrelétricas de Salto Osório e Salto Santiago, são responsáveis pelos principais transtornos que o Estado enfrenta quanto ao fornecimento de energia.
As maiores deficiências, no entanto, decorrem de estrangulamentos na transmissão e distribuição. É uma situação que se tornou crônica ao longo de sucessivos governos. É onde estão concentrados os investimentos que o atual governo está fazendo com os 2,3 bilhões que recebeu de uma antiga pendência com o governo federal*.
“Atualmente o sistema de suprimento ao Rio Grande do Sul opera em cerca de 66% do tempo em nível de risco de corte de carga, quando da ocorrência de contingência simples nos circuitos de transmissão”, diz um relatório.
Além da evasão de recursos com a compra de energia, tem as perdas na transmissão a longas distâncias. “A Empresa de Pesquisa Energética sinaliza para o risco da dependência, assim como o Operador Nacional do Sistema”, diz uma nota técnica.
“Sucessivos estudos do Operador Nacional do Sistema apontam que, em situação hidrológica desfavorável, a perda de alguns circuitos de 230 kV pode resultar em cortes regionalizados particularmente na fronteira Oeste e Região Sul do Estado do Rio Grande do Sul”.
Quando o sistema foi integrado, apenas uma linha de 530 kv transportava energia até o Estado, alcançando a subestação de Gravataí. Hoje a energia chega ao Estado através de dois “linhões”. A segunda linha de 500 Kv entrou em funcionamento em 1987.
Não há previsão de novas linhas de transmissão para aumentar o intercâmbio com o Sistema Interligado Nacional, mas há a previsão de uma linha de 500 Kv para conexão com o sistema argentino na compra de energia que o Brasil fará deste país.
CARENCIA CRÔNICA
Para mover as suas indústrias e iluminar suas cidades, o Rio Grande do Sul consome por ano 16 mil MW de energia elétrica. A capacidade de geração instalada em seu território que chega a 6,5 mil MW*. O restante, mais de dois terços vem de fora, do Sistema Nacional Integrado. Além das perdas, pelo transporte a longa distância, essa dependência traz insegurança no abastecimento.
Não é só a dependência da energia gerada fora do Estado. Tornou-se crônica falta de investimentos, principalmente em linhas de transmissão, substações e rede de distribuição.
Em certo período, as baixas tarifas eram a causa da carência de investimentos. Em 1986 a lucratividade da CEEE era 5% deveria ser 12% para atender as necessidades de investimento. Isso dá ideia do déficit de invesimentos que foi se acumulando. Depois, as tarifas foram atualizadas, mas teve o terremoto da privatização e das causas trabalhistas. Agora voltaram a ter uma significativa redução. Qual é a situação tarifária hoje? (Revista JÁ Especial Energia – edições temáticas 2013)
Energia que vem de fora
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Comentários
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Olá Elmar! Gostaria de te parabenizar pelo artigo esclarecedor e te fazer uma solicitação. Tens como me informar qual a nota técnica da ONS e o relatório da EPE que citas no texto? Aguardo e agradeço. Abs. Manuela

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