Se o tempo ajudar, haverá ato ao ar livre na próxima semana para marcar a entrega das três primeiras obras de artes do parque da Redenção, restauradas com patrocínio privado.
Ao todo, serão recuperadas, entre monumentos, estátuas e bustos, 12 obras do parque, danificadas ou roubadas. O projeto marca os 65 anos do Sinduscon e tem a coordenação da arquiteta e restauradora Verônica Di Benedetti.
Três esculturas (dois bustos e um rosto), que homenageiam médicos, todas roubadas, formam o primeiro conjunto já concluído.
As tres réplicas em resina isoftálica serão recolocadas na lateral do parque junto à avenida João Pessoa.
A primeira a ir para o lugar foi a cabeça (herma) do médico Heitor Annes Dias(1884/1943), nascido em Cruz Alta, catedrádico da Faculdade de Medicina, que trabalhou também no Rio e alcançou reconhecimento internacional como clínico.
É uma réplica em resina da cabeça esculpida em bronze, reproduzida pelo artista plástico Luiz Henrique Mayer. Ex- aluno de Vasco Prado, Mayer é o responsável pela reprodução das esculturas em resina plástica.
Algumas, como o busto do criador da homeopatia,Samuel Hahnemann, ele teve que recriar porque não encontrou nenhuma referência da obra que foi roubada e fundida. Era um busto de Hannemann jovem, feito pelo escultor Arjonas,
Mayer fez uma pesquisa, mas as melhores referências que encontrou foi de um Hahnemann já idoso. Então, a partir delas fez uma “releitura”, envelhecendo o busto.
A cabeça de Annes Dias foi relativamente fácil de recuperar.
Havia uma réplica dela que foi encontrada no pátio da Faculdade de Medicina, a partir dela foi feito um molde para a cópia em resina.
Semelhante foi o caso do busto do médico Licinio Cardoso.
Quando foi instalado no parque o busto em homenagem a ele, a prefeitura de Lavras do Sul, sua terra, encomendou uma réplica, para instalar na cidade. Agora, ela serviu de modelo para a reprodução.
A limpeza do Monumento ao Expedicionário é a ultima etapa do projeto, prevista para o final de novembro.
A assessoria de imprensa do Sinduscon distribuiu a seguinte nota sobre o evento marcado para terça-feira, dia 11:
Sinduscon/RS entrega primeira fase das obras de restauro do projeto cultural que marca os 65 anos da entidade
Até o final do ano, todos os monumentos previstos no programa serão entregues à cidade totalmente restaurados. No próximo dia 11 de novembro, às 11h, o Sinduscon/RS fará a entrega dos monumentos restaurados do eixo da Av. João Pessoa, que fazem parte do projeto cultural em homenagem aos 65 anos da Entidade.Ao total, 12 obras instaladas no Parque Farroupilha integram o projeto.
“É um prestação de contas do trabalho que vem sendo realizado pelo Sinduscon à sociedade”, diz o coordenador do projeto e vice-presidente da Entidade, Zalmir Chwartzmann.
O encontro com as autoridades está marcado em frente ao monumento “Os Lusíadas”, na Av. João Pessoa.Na terça-feira, serão entregues as obras “Os Lusíadas”, “Busto de Annes Dias”, “Busto de Licínio Cardoso” e “Busto Samuel Hahnemann”.
Para evitar que os furtos se repitam, geralmente com o objetivo de venda a peso do metal, o escultor Luiz Henrique Mayer utiliza técnica de modelagem em resina com carga de pó de bronze, obtendo efeito muito semelhante ao original, mas sem valor comercial em relação ao material empregado.
“Iniciei este tipo de trabalho nos anos de 1997, durante minha formação. Trabalhando ao lado do escultor Vasco Prado tivemos a necessidade de elaborar um catálogo com suas obras em bronze. Devido ao custo altíssimo que seria para fazermos todas as peças em bronze, tivemos, então, a ideia de reproduzirmos as obras com material mais em conta”, lembra ele.
Na época, eles usaram cera em lugar de resina e, após, pátina em bronze. “Funcionou muito bem para o momento, então ao longo do tempo, fui buscando informações e outros materiais para utilizar, culminando no resultado apresentado nos respectivos monumentos restaurados no parque Farroupilha”, explica ele sobre as técnicas utilizadas no projeto do Sinduscon.
Na obra “Os Lusíadas”, de 1972, o restauro consiste em placa em bronze com suporte de concreto armado.
Homenagem do quarto centenário do poema épico de Luis de Camões, as intervenções neste monumento foram: limpeza, estabilização da oxidação existente nas ferragens que se encontravam expostas, reintegração em argamassa de cimento das partes em que houve perda na estrutura de concreto, fixação da placa de bronze que estava solta devido a tentativas de roubo e pintura da base de concreto na cor concreto.
No “Busto de Annes Dias”, de 1949, as intervenções foram: limpeza e desinfestação de sujidades como biofilme (manchas criadas por microorganismos), depósitos superficiais e manchas decorrentes da oxidação dos elementos em bronze. Reprodução baseada em réplica dos originais e modelagem artística dos elementos decorativos e aplicação de protetivo anti pichação. Reprodução dos dizeres originais em alto relevo, em placas de granito.
“Descobri, através de registros, que durante a instalação do busto a Annes Dias em Porto Alegre foi solicitado que fosse feito uma réplica para ser fixada na faculdade de medicina da UFRGS. Consegui autorização da direção da universidade para fazer o molde em borracha de silicone com capa de gesso, misturado com fibra de vidro. Seguindo os mesmos passos dos bustos anteriores, foi feita a réplica em resina”, detalha Luiz Henrique sobre a técnica utilizada.
Ele diz ainda que, quanto aos elementos decorativos do monumento, sobrou da coroa de louros em bronze apenas uma ponta que foi fixada na atual. Já a lamparina foi novamente modelada em argila e elaborada uma forma de silicone. “Após, verti resina com carga em pó de bronze”. Como referências, ele seguiu registros fotográficos retirados do livro do Dr. Genaro Laitano e Dr. Nicolau Laitano “Memorial em bronze e granito aos médicos em nossa cidade”.
Na obra “Busto Samuel Hahnemann”, de 1943, as interferências foram: limpeza, rejuntamento e complementação da base em argamassa de cimento. Confecção de placa de concreto pra fechamento superior substituindo elemento roubado. Reprodução dos dizeres originais em alto relevo, em placas de granito. Confecção de busto do homenageado numa releitura 2014 do monumento e aplicação de protetivo anti-pichação.
“Neste monumento, procurei imagens que servisse de referências, iniciando por modelagens em argila do busto, seguindo medidas dos registros. Após, fiz uma forma em gesso, em que foram dados os últimos detalhes e acabamentos. A escrita foi copiada do nome do homenageado em sua base.
Após esta etapa, foi feito uma nova forma, agora em silicone com capa de fibra de vidro e resina. A partir dessa forma, foi feita a réplica em resina isoftálica e pó de bronze, seguindo uma mistura de 5 partes de resina e uma de bronze em pó (pó muito fino elaborado com laser chega e ser mais fino que talco). A espessura da camada desta escultura atinge uns 5cm.
Depois foi colocada uma manta de fibra de vidro para dar estrutura e para não ficar oca. Toda a parte interna foi preenchida com poliuretano proporcionando rigidez e leveza”, explica Mayer sobre a técnica utilizada na reprodução. “Fiz a modelagem em argila do novo busto por não haver qualquer réplica do antigo monumento, nem tampouco algum com as mesmas medidas”, complementa.
No monumento “Busto de Licínio Cardoso”, de 1952, as intervenções foram: limpeza, desinfestação de biofilme e remoção das pichações, aplicação de protetivo anti pichação.
“Através de registros, descobri que quando foi feito o monumento em Porto Alegre também foi colocado uma réplica do mesmo na cidade natal deste importante médico, Lavras do Sul. Então me dirigi até a cidade e, durante três dias, elaborei um molde de silicone com capa de gesso do busto, executado e assinado pelo escultor Arjonas.
Este silicone foi espatulado por todo o busto formando uma camada de borracha. Depois, fiz uma capa em gesso misturado com fibra de vidro, proporcionando rigidez e leveza à capa. A partir disso, fiz a réplica seguindo os mesmos procedimentos do Busto Hahnemann”, conta Mayer.
Resgate do Patrimônio histórico
As ações de resgate do patrimônio histórico, que contam com o patrocínio do NEX Gruop e da Cyrela Goldsztein, são coordenadas pela arquiteta e restauradora Verônica Di Benedetti.
Elas se propõem a resgatar 12 monumentos instalados no Parque Farroupilha. “O parque possui vasto acervo escultórico, contando com mais de 30 peças escultóricas ao ar livre. Peças dos mais variados autores, estilos e épocas, contando através deste acervo a história da sociedade porto-alegrense, seus valores, seus avanços tecnológicos, modismos e cenas da história mundial”, destaca Verônica.
Para este primeiro projeto, resultado da parceria entre o Sinduscon-RS e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre foram selecionados 12 monumentos. São eles: Cabeça de Chopin, Cabeça de Chopin, Monumento a Carlos Gomes,Homenagem a Beethoven, Busto de Annes Dias, Busto de Licínio Cardoso, Busto de Samuel Hahnemann, Os Lusíadas, Homenagem aos Mortos em Combate ao Comunismo, Coluna Brasileira, Obelisco da Comunidade Sírio-libanesa, Obelisco da Comunidade Israelita e Monumento ao Expedicionário. Os critérios para sua seleção foram localização dentro do espaço do Parque, visibilidade junto a comunidade, material constituinte (predominantemente rochas) e representatividade dentro do seu estilo e época.
Esculturas voltam ao parque
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