Guru que emplacou dois ministros no governo Bolsonaro defende ataque à mídia

“Como já expliquei várias vezes, ou o governo ataca a mídia corrupta desde já e sem complacência, ou a mídia corrupta vai fazer dele gato e sapato, mentindo como louca todos os dias”.
Este foi o recado postado por Olavo de Carvalho no Twitter, sábado.
Considerado guru intelectual da família Bolsonaro, Carvalho tem dois ministros de sua lavra no governo do presidente eleito.
O que ele  chama de “mídia corrupta” é Folha de São Paulo, Estadão, Globo e toda a rede de afiliadas e subsidiárias que são a parte principal do sistema de mídia empresarial no Brasil.
Os alvos do recado de Olavo de Carvalho, no entanto, trataram de minimizar a ameaça.
Apesar da total atenção que todos devotam às manifestações dos novos circulos de poder, nenhum, dos veículos alvos da ameaça deu repercussão ao conselho do guru  bolsonarista.
Nenhum deles tinha qualquer registro do fato em seus sites neste domingo, onde pretensamente estariam registrados os assuntos mais relevantes do fim de semana.
No entanto, a ameaça é real e é grave. Não só pelo crédito do autor junto aos novos governantes, mas também por não ser um fato isolado.
O mal estar entre o presidente eleito e a imprensa vem desde a eleição, quando Bolsonaro afrontou a Globo, numa entrevista coletiva na Globo News, lembrando o apoio que a empresa deu à ditadura, que hoje critica.
Depois, uma reportagem da Folha de São Paulo revelou um esquema ilegal de propaganda pela internet, financiado por grandes empresários, a favor do candidato  Bolsonaro.
A denúncia deu origem a uma investigação, ainda sem resultados conclusivos.
Bolsonaro reagiu agressivamente chamando a folha de “central de fake news” e sugerindo um boicote ao jornal.
Na semana passada, a cobertura das movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão feitas pelo ex-assessor do deputado Flávio Bolsonaro e a cobrança de esclarecimentos, deram motivo a novas investidas.
Pelo Twitter, na sexta-feira,  Bolsonaro anunciou que vai cortar a verba oficial para a imprensa.
Afirmou que a Caixa Econômica Federal teria gasto R$ 2,5 bilhões em publicidade em 2018, valor que considerou absurdo.
A direção da Caixa desmentiu-o, informando que o valor realmente gasto no ano é pouco mais de R$ 500 milhões, cinco vezes menor, portanto.
Mas a ameaça vai além: “Assim como já estamos fazendo em diversos setores, iremos rever todos esses contratos, bem como os do BNDES, Banco do Brasil, SECOM e outros”, afirmou Bolsonaro no Twitter.
Ao mesmo tempo em que ameaça os que não se alinham, Bolsonaro vai sedimentando sua aproximação com Record, Bandeirantes, SBT e Jovem Pan, integralmente alinhados com ele. Na sexta-feira, almoçou com Sílvio Santos, em encontro fora da agenda. 
No sábado veio o recado de Olavo de Carvalho.
Embora a Globo, por exemplo, dê sinais de que busca um alinhamennto, como sempre fez, a tendência é de acirramento.
O futuro chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) do governo, Floriano Amorim, atual assessor parlamentar de Eduardo Bolsonaro, é, nas redes sociais, um crítico contundente da imprensa e dos jornalistas. 
 
 
 

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