Os percalços que o projeto Pontal do Estaleiro vem enfrentando desde sua aprovação estão reabilitando, entre os moradores mais antigos da região, a lenda da “maldição do Pontal”
A crendice tem base nos fatos: há 200 anos fracassam projetos privados para a área, uma das mais bonitas da Orla do Guaíba, a cinco quilômetros do centro de Porto Alegre.
Desde 1888, quando Francisco Luiz de Melo requereu a posse do local, várias tentativas foram feitas. O próprio Melo teria desistido do terreno, que retornou à propriedade do Estado do Rio Grande do Sul e depois foi transferido à prefeitura, que o concedeu ao Estaleiro Só.
O estaleiro tornou-se uma grande empresa, mas teve um fim melancólico. Antes de falir, a família Só ainda tentou realizar ali um empreendimento imobiliário. Chegou a ter um projeto pronto, mas não obteve licença.
Depois o terreno passou por cinco leilões. Foi comprado uma vez, o comprador fez um projeto, mas inexplicavelmente desistiu. Nisso, já fazem quinze anos que o estaleiro faliu e a área continua a abandonada,
Agora, o “Pontal do Estaleiro”, duas vezes aprovado pela Câmara, não está livre de se inviabilizar, dada a sucessão de erros e mal entendidos que cercam o projeto e a resistência crescente do movimento comunitário.
Extraído da Edição Especial do jornal JÁ