História da tropicalização da soja

“Alimento de pobre”
A esse elenco de inovações tecnológicas deve-se somar o progresso feito na área alimentícia. Na década de 1990 começaram a cair as barreiras socioculturais colocadas nas décadas anteriores contra o uso da soja na alimentação dos brasileiros, que desenvolveram o preconceito segundo o qual a leguminosa chinesa nunca seria mais do que uma merenda insossa para escolares pobres ou suplemento para trabalhadores subnutridos.
O Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas, nascido do IAC na década de 1960, esmerou-se no esforço para viabilizar subprodutos do grão. Teve sucesso técnico, mas comercial não. Uma das vanguardas da pesquisa da soja transferiu-se para a Universidade Federal de Viçosa, que tenta levar ao extremo o modelo de pesquisa financiada diretamente pela indústria.
Subsidiado pela Nestlé, o professor Maurílio Moreira (1952) anunciou em meados da década de 1990 ter chegado a uma variedade de soja “sem sabor”, isto é, isenta do gosto provocado pela oxidação do ácido linolênico.
Como as conquistas genéticas obtidas em determinada área não têm o mesmo efeito em outras regiões, cada centro de pesquisa precisa percorrer o mesmo caminho do pesquisador pioneiro para chegar aos mesmos resultados – os quais serão válidos apenas numa localidade ou região.
Em Londrina, no final do século XX, a direção da Embrapa encarregou três pesquisadores – Mercedes Carrão-Panizzi, José Marcos Mandarino e José Renato Bordignon – de aprofundar os estudos sobre a soja como alimento e remédio. A tendência era aproximar-se da corrente ultramoderna de pesquisadores que em outros países investigava o poder medicinal da soja.
A rica composição química da Glycine max a coloca como instrumento fundamental na prevenção de alguns males contemporâneos como o câncer de mama, a hipertensão arterial e o excesso de colesterol no sangue. Por isso, entre outras coisas, continua praticamente sem limites o horizonte da investigação sobre a soja.

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