Lula vem a Porto Alegre, comprova sua popularidade e defende o Software Livre
Por Daniela de Bem e Paula Bianca Bianchi
Com a câmera na mão dona Marisa gritava: “Lula, Lula!”. Apesar de morar em Brasília, essa foi a primeira vez que ela conseguiu ver de perto o presidente que junto com outros 50 milhões de brasileiros ajudou a eleger. E não só viu como cheirou, beijou, abraçou e bateu foto.
Em sua breve passagem por Porto Alegre na tarde desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi da Vila Bom Jesus aos corredores da PUCRS e ainda teve tempo de inaugurar a nova gráfica da RBS, sem deixar, é claro, de arrancar suspiros da população.
Na Vila Bom Jesus, onde anunciou a criação do programa Território da Paz, uma série de 27 ações que tem como objetivo reforçar a segurança nas comunidades da Lomba do Pinheiro, Bom Jesus, Restinga e Cruzeiro, o presidente foi recebido como um rock-star com a direito a palco montado no meio do melhor campinho de futebol do bairro.
Os moradores disputavam lugar a tapa para enxergar melhor o presidente, que era seguido por um séquito de seguranças e políticos, entre eles, a ministra Dilma Rousseff, o ministro Tarso Genro, o ex-governador Olívo Dutra e o prefeito José Fogaça. Após um breve discurso em que lembrou a importância de melhorar a relação da polícia com as comunidades carentes, Lula foi para a PUC onde outra multidão o aguardava.
A segurança extensiva que baixou na faculdade, que recebeu essa semana o 10º Fórum Internacional de Software Livre – FISL para os íntimos –, tornava uma tarefa quase impossível ouvir o presidente, tanto para a imprensa quanto para os participantes do evento.
Um grupo de jornalistas de Santa Maria conversava resignado frente às portas do auditório. As credenciais de imprensa fornecidas pelo pessoal da FISL não foram suficientes para convencer a polícia federal a deixá-los ver a palestra. Faltava a tal da autorização presidencial. Outro grupo de participantes do Fórum aguardava ansioso na fila. Vai que sobrasse uma vaguinha na sala de duzentos lugares reservada para a fala do presidente.
Aqueles que não tinham paciência pra esperar e, mais que ouvir, queriam ver o presidente, se acotovelavam ao redor do cordão de isolamento branco que serpenteava da porta da PUC à porta do auditório, especialmente para Lula passar. Foi só o presidente colocar a cara na porta para a multidão sacar um sem fim de máquinas fotográficas e telefones celulares.
Paciente, Lula parava e cumprimentava o pessoal a cada dois passos e meio. Depois até brincou, “aquele corredor polonês valeu por quatro discursos”. Para os ministros sobrava um que outro aperto de mão.
Nessa hora dona Marisa – mais uma entre tantas Marisas, não a 1ª dama -, não se conteve, . Era tudo ou nada. E pra funcionária do MEC, negra e baixinha, que envergava uma camisa da CUT, um tanto deslocada entre aquele bando de aficcionados por computadores, o presidente era tudo.
Ela desviou uns dois seguranças, não prendeu o grito e com lágrimas nos olhos conseguiu o que queria. Uma foto com Lula.
Presidente diz que Lei Azeredo é censura
Depois da maratona, o presidente conseguiu finalmente entrar no auditório onde a platéia seleta aguardava. Aqui o tema deixou de ser a segurança das comunidades para entrar na segurança da internet.
Primeiro falou o coordenador do FISL, Marcelo Branco. “A internet livre está sofrendo um ataque internacional”, defendeu. “Um deputado pirateou uma lei francesa e apresentou no congresso”, afirmou, se referindo ao projeto de lei conhecido como Lei Azeredo que está na Câmara e, se aprovado, institui a quebra de privacidade sem mandado judicial.
Depois foi a vez da ministra da Casa Civil se dirigir ao microfone enquanto a platéia gritava em coro: “Dilma, Dilma!”. “Voltamos a observar aqui nessa minha Porto Alegre, nessa Porto Alegre do Fórum Social Mundial, que outro mundo é possível”, discursou. Ela lembrou a importância do software livre para o País e as inúmeras ações em que o governo utiliza essa tecnologia.
A ministra aproveitou para expor dados sobre o papel do brasileiro na internet, e destacou as iniciativas de uso de software livre no governo federal. “A utilização do software livre trouxe uma economia de 370 milhões de reais aos cofres públicos”, disse. Foram citados programas como o “Computador para todos”, a implantação de telecentros e o Ginga, um projeto nacional para a TV digital reconhecido internacionalmente.
Mas foi a fala de Lula que fez o auditório parar. Improvisando de começo, ele disse que Dilma falou pelo governo e arrancou risos da platéia ao cumprimentar um bebê. “Quero cumprimentar aquela criancinha que está ali no colo e não sabe direito porque está aqui. Um dia ela vai saber.”
O presidente defendeu o uso do software livre e disse que no Brasil “prevaleceu a idéia da liberdade e o tempero brasileiro”. Segundo ele, usar software pago é ficar “comprando e comendo a tecnologia dos outros”.
Lula falou ainda do polêmico projeto de Lei Azeredo, que classificou como censura – “Essa lei que tá aqui não vem pra coibir os abusos na internet, ela vem para fazer censura!” – e aproveitou para comentar o termo “mais sexy do governo”: a inclusão digital.
“Nós tiramos a população do século XVIII para o século XX com o programa Luz para Todos. Agora é hora de colocarmos eles no século XXI e pensar um programa que permita computadores para todos”, afirmou.
Crônica de uma visita presidencial
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Comentários
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Sempre que vejo o Presidente Lula, fazendo, apresentando projetos ou, no mínimo dizendo que está pensando em fazer coisas tão ansiadas pelo nosso povo, coisas tão simples, necessárias, óbvio, me pergunto: por que seus antecessores sequer falaram em fazer?
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Triste da nação que precisa de heróis, não iremos tirar os méritos do presidente lula, mas calma gente, ele não está fazendo mais que o papel dele, que os antecessores nem fizeram… enfim, vamos parar com esta cultura de idolatrar as pessoas, de idolatrar os políticos.

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