No Dia Mundial da Anistia, nesta terça-feira, 4, foi descerrada mais uma placa do Projeto Marcas da Memória, que identifica pontos estratégicos que deram suporte ao movimento repressivo da ditadura militar (1964-1985) em Porto Alegre.
A 9ª placa foi instalada na calçada em frente ao Presídio Feminino Madre Pelletier, na avenida Teresópolis, 2.727.
O Projeto Marcas da Memória, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, afaz parceria com as prefeituras para a instalação das placas. A intenção é formar assinalar locais que tenham servido como prisões ou centros de detenção, de tortura e de desaparecimento de pessoas, tornando público que ali aconteceram graves violações aos direitos humanos.
“Mais de 70% da atual população brasileira não era nascida em 1964, ano do golpe. É claro que a ditadura no Brasil foi muito dura mesmo, ela foi terrível, ela amedrontou as pessoas, e as pessoas não falavam sobre esses acontecimentos. Na família não se falava, por medo, depois na escola não se fala, na universidade menos ainda. Nós temos aqui uma população imensa no Brasil que desconhece o que aconteceu durante os anos de chumbo”, ressaltou o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos no Estado, advogado Jair Krischke.
Em dezembro, será instalada a 10ª placa em Porto Alegre, no Cais do Porto. A intenção, explica Krischke, é apontar todos os espaços que foram centros de detenção e tortura, assim como incentivar atividades culturais que propiciem o conhecimento e a reconstrução da memória histórica desse período, principalmente entre aqueles que não viveram o momento opressor.
O prefeito José Fortunati, que acompanhou o descerramento da placa, destacou a importância do resgate da memória para que a opressão não se repita em nossa sociedade.”É importante resgatarmos essa memória, não com espírito de vingança, mas apenas para que a gente perceba a gravidade de uma ditadura, que não respeita as diferenças de opiniões, que caça a liberdade de imprensa, que caça a liberdade de organização. O que nós desejamos com isso é resgatar a história para que assim as pessoas defendam o Estado Democrático de Direito”, enfatizou Fortunati.
Sobre o Madre Pelletier – A identificação da Penitenciária Feminina Madre Pelletier como espaço onde houve tortura na época da ditadura militar brasileira foi um dos atos mais emocionantes registrados pelo Comitê Carlos de Ré – Da Verdade e da Justiça. Essa identificação foi feita em novembro de 2012. Na ocasião, depois de 40 anos, vítimas da ditadura voltaram ao local de tortura. Diante das celas, as ex-presas lembraram como era dormir e viver na escuridão. Na época da ditadura, as presas eram encaminhadas para o presídio depois de um período de tortura, que poderia durar meses, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Chegavam fragilizadas, física e emocionalmente.
1 – Praça Raul Pilla, local do antigo Quartel da Polícia do Exército;
2 – Calçada em frente ao Colégio Paulo da Gama, local que serviu como Presídio Militar Especial;
3 – Calçada em frente ao Palácio da Polícia, onde presos políticos foram torturados durante o regime militar e, no segundo andar, houve tortura e homicídios nas salas onde funcionaram o Departamento de Ordem Política e Social (Dops/RS);
4 – Rua Santo Antônio, 600, onde funcionou o chamado Dopinho, primeiro centro clandestino de detenção do Cone Sul;
5 – Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), onde foram detidos mais de 300 presos políticos durante o período da ditadura;
6 – Avenida Bento Gonçalves, em frente ao número 4.592, onde existiu um local da prática de tortura no período de exceção. No local, havia o quartel do 18º Regimento de Infantaria (18 RI) e a conhecida “cela do boi preto”;
7 – Calçada em frente ao Presídio Central, local que foi espaço para prisões arbitrárias e torturas de presos políticos;
8 – Calçada em frente ao Cais da Vila Assunção, local onde eram aportados os barcos que conduziram mais de uma centena de presos políticos à Ilha Presídio.
9 – Presídio Feminino Madre Pelletier.