Depois de ter sido cancelada por falta de apoio em 2005, o mês outubro vai marcar a primeira edição do Festival Jazz às Pampas, produto da dedicação apaixonada do pesquisador e jornalista Guinter
Kleemann. “Jazz é um vício do qual a gente nunca se livra”, brinca.
Apesar do conhecimento de Guinter – que possui uma das mais importantes discografias do gênero, com mais de 1000 discos de jazz – conseguir apoio financeiro para o projeto não foi fácil.
Tanto que o cachê camarada dos músicos será pago pela única empresa que se interessou pelo Festival. “Aconteceu mais de uma vez de o encarregado do marketing achar que jazz era uma dança”, revela a produtora Ivana Dalle Molle.
Mesmo com um caráter independente, o festival nasce importante. Vai acontecer no Theatro
São Pedro (nos dias 21, 22 e 23 de outubro) e reunirá mais de 70 músicos locais, cujas influências
conferem uma sonoridade própria ao estilo.
Bairrista assumido – “moro na República do Piratini” – o curador do festival observa que a música regional e platina influencia muito os compositores gaúchos, abrindo espaço para os “derivados do jazz”. “Quem for ao teatro esperando um cover dos americanos, vai se decepcionar”, alerta Guinter.
Ele também lembra o parentesco entre o estilo de Nova Orleans e a bossa-nova. “O mestre Tom Jobim
é o melhor exemplo de jazz latino”, elogia Guinter.
Mas não deixa de citar que as influências tupiniquins também chegaram ao hemisfério de cima. “John Coltrane gravou Bahia”, complementa. O principal objetivo do Jazz às Pampas é resgatar o circuito local
do gênero, que hoje está restrito ao Bar Odeon, na Andrade Neves, e – mais recentemente – à Casa dos Bancários, na Ladeira. “É tanta gente boa aqui que tem bandas sobrando na programação”, comemora Guinter.
Saudosista, o curador lembra que “houve um tempo em que existiam muitas casas de jazz em Porto Alegre”. Ele credita a decadência do gênero na capital à chegada das canções modernas, nas quais a
letra é mais importante que a harmonia. “O jazz é muito mais instrumental, ainda que existam alguns cantores”.
Outro fator determinante foi a eletrificação da música, característica que o festival também
vai enfatizar nos shows, que serão acústicos. “A amplificação deixa o som chapado”, critica Guinter.
A primeira edição vai homenagear a legendária Ivone Pacheco, considerada “a dama do jazz na Capital”.
Há 26 anos, ela criou um clube secreto que reúne músicos no porão da sua casa: o Take Five. É
Ivone quem abre a primeira noite de espetáculos, com Ricardo Arenhaldt e Luciano Kersting.
Serviço:
O quê: Festival Jazz às Pampas.
Quando:
Noite de Abertura: Terça 21/10:
* Ivone Pacheco, Luciano e Ramiro Kersting
* Caixa Preta com participação especial de Andréa Cavalheiro (Hard Working Band)
* Camerata Brasileira – participação especial Plauto Cruz
*Dionara Schneider Plauto Cruz e convidados
* Adão Pinheiro e quarteto
Segunda Noite: Quarta 22/10:
* Barlavento Quarteto de Saxofones e convidados
* Sexteto Blazz com participação especial de Solon Fishbone,
* Trezegraus – Cordas + Percussão- James Liberato, Tiago Colombo, Ana Paula Freire, Luis Jakka
* Tonda Y Su Combo – participação especial de Jorginho do Trumpete, Rochinha e Cláudio Sander
Terceira Noite:Quinta 23/10
* Trio de Janeiro – lançamento do 3º CD Scenário Urbano,
* Quartchêto – participação especial Arthur de Faria,
* Geraldo Flach , Marcelo Corsetti – Xquinas,
* Porto Alegre Orquestra de Espetáculos – (Big Band Maestro Garoto)
Onde: Theatro São Pedro.
Horário: 20 horas.
Quanto: Os ingressos variam
entre R$25,00 (platéia) e R$10,00
(galerias). Com desconto de 50%
para o Clube do Assinante ZH.
Circuito jazzista está restrito
O saxofonista gaúcho Claudio Sander é uma atração do festival bairrista que acontece em outubro
Música americana de bombacha e gaita ponto
Muito boa a reportagem…
Dá prá se ter uma idéia exata do conceito do festival além de sermos informados sobre as atrações….
continuem assim, precisamos cada vez mais deste tipo de informação.
Parabéns!